11º Domingo do Tempo Comum - Ano
C
O dom gratuito do perdão gera amor e vida nova.
A liturgia deste domingo
apresenta-nos um Deus de bondade e de misericórdia, que detesta o
pecado, mas ama o pecador; por isso, Ele multiplica “a fundo perdido” a oferta
da salvação. Da descoberta de um Deus assim, brota o amor e a vontade de
vivermos uma vida nova, integrados na sua família.
A primeira leitura apresenta-nos,
através
da história do pecador David, um Deus que não pactua com o pecado; mas
que também não abandona esse pecador que reconhece a sua falta e aceita o dom
da misericórdia.
Na segunda leitura, Paulo
garante-nos que a salvação é um dom gratuito que Deus oferece não uma
conquista humana. Para ter acesso a esse dom, não é fundamental cumprir ritos e
viver na observância escrupulosa das leis; mas é preciso aderir a Jesus e
identificar-se com o Cristo do amor e da entrega: é isso que conduz à vida
plena.
O Evangelho coloca diante dos
nossos olhos a figura de uma “mulher da cidade que era pecadora” e que
vem chorar aos pés de Jesus. Lucas dá a entender que o amor da mulher resulta
de haver experimentado a misericórdia de Deus. O dom gratuito do perdão gera
amor e vida nova. Deus sabe isso; é por isso que age assim.
LEITURA I – 2 Sm 12,7-10.13
O “Livro de Samuel” (dividido em
duas partes) é um livro que nos apresenta os primórdios da monarquia, em Israel. Não é,
contudo, um livro escrito por políticos, por historiadores ou por sociólogos; é
um livro escrito por teólogos, empenhados em fazer catequese e em ler a
história passada à luz da fé. Não lhes interessa demasiado que a sua
perspectiva seja uma leitura rigidamente objetiva dos acontecimentos;
interessa-lhes, sobretudo, que a sua leitura ajude os crentes a tirar
conclusões acerca de Deus e da forma de Deus atuar.
O texto que hoje nos é proposto faz
parte de um conjunto de tradições sobre o reinado de David (cf. 2 Sam 7-20).
Depois de descrever o pecado de David (que cometeu adultério com Betsabé e
mandou que o marido desta – Urias, soldado do exército de David – fosse
colocado num lugar arriscado, no combate contra os amonitas, a fim de que
corresse riscos e morresse – cf. 2 Sm 11,1-27), o autor deuteronomista
apresenta – pela voz do profeta Natã – a reação de Deus diante do pecado do
rei. Estamos em Jerusalém – nesta altura, capital do Israel unificado – nos
primeiros anos do séc. X a.C.
Deus poderá pactuar com esta
atitude egoísta e prepotente do rei? De forma nenhuma. Pela boca do profeta
Natã, o autor deuteronomista anuncia que Deus não fica indiferente diante da
injustiça cometida e que pede contas ao agressor. Daí os castigos anunciados
contra David e a sua casa.
O autor deuteronomista escreve
muitos anos depois destes acontecimentos. Ele conhecia uma série de desgraças
que, entretanto, se tinham abatido sobre a família de David (morte violenta de
três filhos de David: Amon – cf. 2 Sm 13,23-39; Absalão – cf. 2 Sm 18,9-15; e
Adonias – cf. 1 Re 2,24-25). Naturalmente, não foram castigos de Deus, mas
acontecimentos históricos normais, típicos de uma época violenta, em que a luta
pelo poder terminava, tantas vezes, em tragédias pessoais e familiares; mas
esses acontecimentos foram lidos pelo teólogo como sinais claros de que Jahwéh
não estava disposto a pactuar com as injustiças e as arbitrariedades cometidas
pelo rei. A mensagem do nosso “catequista” é evidente: Deus não deixa passar em
claro a atitude daqueles que se aproveitam do poder para fins egoístas e
desfazem a vida dos irmãos.
A última palavra do texto é, no
entanto, de esperança. Confrontado com o seu crime, David reconhece, com
humildade, o seu comportamento errado e pede perdão; e Deus acaba por perdoar a
sua falta. Desta forma, o deuteronomista resume a lógica de Deus, que condena o
pecado, mas que não abandona o pecador. Assim, o nosso catequista está a enviar
uma mensagem aos homens do seu tempo: apesar das nossas falhas, a misericórdia
de Deus não nos abandona e dá-nos sempre a hipótese de recomeçar.
ATUALIZAÇÃO
Considerar, na reflexão, as
seguintes linhas:
• A reflexão fundamental que este
texto nos apresenta é à volta da “lógica” de Deus: Ele não pactua com o pecado,
mas manifesta uma misericórdia infinita para com o pecador. É esta a nossa
“lógica” quando alguém nos magoa ou ofende?
• O exercício do poder é, tantas
vezes, uma forma de “levar a água ao seu moinho”. O nosso tempo é fértil em
figuras que, para proteger os seus interesses pessoais ou os interesses dos
seus partidos e ideologias, arrastam populações inteiras por caminhos de morte
e de sofrimento. Que sentido é que isto faz? Nós cristãos, filhos de um Deus que
não suporta o egoísmo e a injustiça, podemos pactuar com estas situações?
Podemos, tranquilamente, votar naqueles que cometem injustiças gritantes?
• A atitude de David, ao
reconhecer humildemente a sua falta, é uma atitude que nos questiona pela sua
sinceridade, honestidade e coerência. Contrasta violentamente com a
irresponsabilidade dos “assassinos do volante”, que nunca têm culpa de nada;
contrasta violentamente com a irresponsabilidade dos cinzentos gestores das
sociedades anônimas, que provocam catástrofes ambientais e não têm culpa;
contrasta violentamente com a irresponsabilidade dos governantes que deixam
ruir pontes e morrer pessoas, mas nunca têm qualquer culpa… O exemplo de David
convida-nos a assumir, com coerência, as nossas responsabilidades e a ter
vontade de remediar as nossas ações erradas; convida-nos, também, ao
arrependimento e à conversão – condições essenciais para que o “pecado”
desapareça das nossas vidas.
SALMO RESPONSORIAL – Salmo 31 (32)
Refrão: Perdoai, Senhor,
minha culpa e meu pecado.
Feliz daquele a quem foi perdoada
a culpa
e absolvido o pecado.
Feliz o homem a quem o Senhor não
acusa de iniquidade
e em cujo espírito não há engano.
Confessei-vos o meu pecado
e não escondi a minha culpa.
Disse: Vou confessar ao Senhor a
minha falta
e logo me perdoastes a culpa do
pecado.
Vós sois o meu refúgio,
defendei-me dos perigos,
fazei que à minha volta só haja
hinos de vitória.
Alegrai-vos, justos, e
regozijai-vos no Senhor,
exultai vós todos os que sois retos
de coração.
LEITURA II – Gal 2,16.19-21
As comunidades cristãs da Galácia
(centro da Ásia Menor) conheceram, pelos anos 56/57, um ambiente de alguma
instabilidade. A culpa era de certos pregadores cristãos de origem judaica que,
chegados à zona, procuravam impor aos gálatas a prática da Lei de Moisés (cf.
Gal 3,2; 4,21; 5,4) e, em particular, a circuncisão (cf. Gal 2,3-4; 5,2; 6,12).
São, ainda, esses “judaizantes” que, nas primeiras décadas do cristianismo, tanta
confusão trouxeram às comunidades cristãs de origem pagã.
Paulo não está disposto a pactuar
com estas exigências. Para ele, esta questão não é secundária, mas algo que
toca no essencial da fé: se as obras da Lei são fundamentais, é porque Cristo,
por si só, não pode salvar. Isto será verdadeiro? Quanto a esta questão, Paulo
tem ideias claras: Cristo basta; a Lei de Moisés não é importante para a
salvação.
É neste ambiente que Paulo
escreve aos gálatas. Diz-lhes que os ritos judaizantes apenas os prenderão numa
escravatura da qual Cristo já os tinha libertado. O tom geral da carta é firme
e veemente: era o essencial da fé que estava em causa.
Depois de analisar a situação
(cf. Gal 1,6-10), de dizer que tem um mandato de Cristo para anunciar o
Evangelho aos pagãos (cf. Gal 1,11-24) e de se defender da acusação de pregar
um evangelho próprio, diferente do pregado pelos outros apóstolos (cf. Gal
2,1-10), Paulo vai anunciar o “seu” Evangelho (que é o Evangelho da Igreja, o
mesmo que é anunciado pelos outros apóstolos): não é a Lei e as obras que
salvam, mas a fé.
Neste texto que nos é proposto,
Paulo apresenta uma espécie de síntese daquilo que ele considera o autêntico
Evangelho.
Na primeira parte (vers. 16),
Paulo sustenta que a salvação vem, única e exclusivamente, por Cristo. É por
Cristo que somos “justificados” e não pelas obras da Lei. “Justificação” é,
aqui, sinônimo de “salvação”. Significa que a “justiça de Deus” (que não é a
estrita aplicação das leis, como no tribunal, mas é a fidelidade de Deus aos
compromissos que Ele assumiu para com o seu Povo, no sentido de salvá-lo)
derrama gratuitamente sobre o homem o amor e a misericórdia, mesmo quando o
homem pecador não merece. Ora, Deus “salva” o homem pecador, não por ele
cumprir a Lei de Moisés, mas por crer em Jesus (“crer” significa aderir a Ele,
segui-l’O).
Na segunda parte (vers. 19-21), a
reflexão de Paulo gira à volta da ação de Cristo e da ação da Lei, no sentido
de “salvar” o homem. A Lei salva? Não. Ao crucificar Jesus, a Lei demonstrou
que não gerava vida, mas morte; desqualificou-se, assim, e demonstrou a sua
falência no sentido de conduzir à vida plena o homem que estava sob a sua
jurisdição. Depois de ser responsável pela morte de Cristo, a Lei não terá
qualquer legitimidade para se impor e já não será vista por ninguém como
geradora de vida.
Cristo, por seu lado, com a sua
vida e, sobretudo, com a sua morte (provocada pela Lei) mostrou a todos a
falência da Lei e libertou os homens de um regime que apenas criava escravatura
e morte.
Quanto a si, Paulo identifica-se
plenamente com Cristo. Sendo um com Cristo, Paulo também foi crucificado pela
Lei e descobriu, com Cristo, que a Lei não gerava vida, mas morte. Assim, ele
aprendeu que só Cristo dá vida e que só Cristo liberta. É na identificação com
esse Cristo do amor e da entrega total (“que me amou e Se entregou por mim”) e
não na Lei, que Paulo descobre a vida plena, a vida do Homem Novo.
Conclusão: a Lei gera morte; só
Cristo salva. Esta é a convicção profunda que Paulo procura passar aos gálatas.
ATUALIZAÇÃO
A reflexão pode fazer-se à volta
dos seguintes elementos:
• O texto põe em relevo, em
primeiro lugar, a atitude de Deus para com o homem. O nosso Deus não é o Deus
que aplica rigorosamente as leis (nesse caso o homem pecador não teria acesso à
salvação), mas é o Deus que, de forma gratuita, “justifica” o homem. O acesso à
vida em plenitude não é uma conquista humana, mas um dom gratuito, que brota da
bondade de Deus. De Deus não podemos exigir nada, mesmo que nos tenhamos
“portado bem” e cumprido as regras: de Deus, podemos apenas esperar a graça da
salvação como dom gratuito e incondicional. Isto retira-nos qualquer
legitimidade para assumir atitudes de arrogância e auto-suficiência, quer em
relação a Deus, quer em relação aos nossos irmãos.
• É preciso ter consciência de
que “Cristo basta”. Muitas vezes a nossa caminhada religiosa alicerça-se em
aspectos folclóricos, que são absolutizados e considerados essenciais.
Inventamos comportamentos “religiosamente corretos” e procuramos impô-los,
discutimos leis, magoamos as pessoas por causa de preceitos legais,
marginalizamos e catalogamos por causa dos princípios de um código legal e
esquecemos que Cristo é o único essencial. A comunidade cristã deixa de ser
verdadeiramente a comunidade dos que aderem a Cristo. Que sentido é que isto
faz, à luz da catequese de Paulo?
• Paulo chama, ainda, a atenção
para a nossa identificação com Cristo. O cristão é aquele que se identifica com
Cristo no seu amor e na sua entrega e que, nesse caminho, encontra a verdadeira
vida, a vida em plenitude. É esse o caminho que eu procuro seguir? A minha vida
desenrola-se de tal forma que eu posso dizer – como Paulo – “já não sou eu que
vivo, é Cristo que vive em mim”? A vida de Cristo circula em mim e aparece, aos
olhos dos meus irmãos, nos meus gestos, nas minhas palavras, no meu amor?
ALELUIA – 1 Jo 4,10b
Aleluia. Aleluia.
Deus amou-nos e enviou o seu
Filho
como vítima de expiação pelos
nossos pecados.
EVANGELHO – Lc 7,36 – 8,3
O texto situa-nos na primeira
parte do Evangelho segundo Lucas. Convém recordar que esta primeira parte se
desenrola na Galileia, sobretudo à volta do Lago de Tiberíades. Durante essa
fase, Jesus aparece a concretizar o seu programa: trazer aos homens – sobretudo
aos pobres e marginalizados – a liberdade e a salvação de Deus. Toda esta
primeira parte é, aliás, dominada pelo anúncio programático da sinagoga de
Nazaré, onde Jesus define a sua missão como “anunciar a Boa Nova aos pobres,
proclamar a libertação aos cativos e mandar em liberdade os oprimidos” (cf. Lc
4,16-30). Este episódio põe em evidência um tema caro a Lucas: a misericórdia
de Jesus frente àqueles que necessitam de libertação. O episódio anterior
terminou com uma descrição de Jesus como amigo dos pecadores (cf. Lc 7,34);
agora, este princípio vai ser ilustrado com um facto real.
O episódio situa-nos no ambiente
de um banquete, em casa de um fariseu chamado Simão (o “banquete” é, neste
contexto, o espaço da familiaridade, da irmandade, onde os laços entre as
pessoas se estabelecem e se consolidam). Lucas é o único evangelista que mostra
os fariseus tão próximos de Jesus que até aceitam sentar-se à mesa com Ele (cf.
Lc 11,37;14,1) e preveni-l’O em relação à ameaça de Herodes (cf. Lc 13,31).
Lucas está, no que diz respeito a esta questão, bem mais perto da realidade
histórica do que Marcos e, sobretudo, do que Mateus (que, influenciado pelas polêmicas
da Igreja primitiva com os fariseus, apresenta sistematicamente os fariseus
como adversários de Jesus).
A perspectiva fundamental deste
episódio tem a ver com a definição da atitude de Jesus (e, portanto, de Deus)
para com os pecadores.
A personagem central é a mulher a
quem Lucas apresenta como “uma mulher da cidade que era pecadora”. Não há
qualquer indicação acerca de anteriores contactos entre Jesus e esta mulher,
embora possamos supor que a mulher já se tinha encontrado com Jesus e tinha
percebido n’Ele uma atitude diferente dos mestres da época, sempre preocupados
em evitar os pecadores notórios e em condená-los.
A ação da mulher (o choro, as
lágrimas derramadas sobre os pés de Jesus, o enxugar os pés com os cabelos, o
beijar os pés e ungi-los com perfume) é descrita como uma resposta de gratidão,
como consequência do perdão recebido (vers. 47). A parábola que Jesus conta, a
este propósito (vers. 41-42), parece significar, não que o perdão resulta do
muito amor manifestado pela mulher, mas que o muito amor da mulher é o
resultado da atitude de misericórdia de Jesus: o amor manifestado pela mulher
nasce de um coração agradecido de alguém que não se sentiu excluído nem marginalizado,
mas que, nos gestos de Jesus, tomou consciência da bondade e da misericórdia de
Deus.
A outra figura central deste
episódio é Simão, o fariseu. Ele representa aqueles zelosos defensores da Lei
que evitavam qualquer contacto com os pecadores e que achavam que o próprio
Deus não podia acolher nem deixar-Se tocar pelos transgressores notórios da Lei
e da moral. Jesus procura fazê-lo entender que só a lógica de Deus – uma lógica
de amor e de misericórdia – pode gerar o amor e, portanto, a conversão e a vida
nova. Jesus empenha-se em mostrar a Simão que não é marginalizando e segregando
que se pode obter uma nova atitude do pecador; mas que é amando e acolhendo que
se pode transformar os corações e despertar neles o amor: essa é a perspectiva
de Deus. O perdão não se dá a troco de amor, mas dá-se, simplesmente, sem
esperar nada em troca. A
reacção de Jesus não é um caso isolado, mas resulta da missão de que Ele se
sente investido por Deus – atitude que Ele procurará manifestar em tantas
situações semelhantes: dizer aos proscritos, aos moralmente fracassados, que
Deus não os condena nem marginaliza, mas vem ao seu encontro para os libertar,
para dar-lhes dignidade, para os convocar para o banquete escatológico do
Reino. É esta atitude de Deus que gera o amor e a vontade de começar vida nova,
inserida na lógica do Reino.
O texto que nos é proposto
termina com uma referência ao grupo que acompanha Jesus: os Doze e algumas
mulheres. O fato de o “mestre” Se fazer acompanhar por mulheres (Lucas é o
único evangelista que refere a incorporação de mulheres no grupo itinerante dos
discípulos) era algo insólito, numa sociedade em que a mulher desempenhava um
papel social e religioso marginal. No entanto, manifesta a lógica de Deus que
não exclui ninguém, mas integra todos – sem exceção – na comunidade do Reino.
As mulheres – grupo com um estatuto de subalternidade, cujos direitos sociais e
religiosos eram limitados pela organização social da época – também são
integradas nessa comunidade de irmãos que é a comunidade do Reino: Deus não
exclui nem marginaliza ninguém, mas a todos chama a fazer parte da sua família.
ATUALIZAÇÃO
Considerar, na reflexão, as
seguintes questões:
• Em primeiro lugar, o nosso
texto põe em relevo a atitude de Deus, que ama sempre (mesmo antes da conversão
e do arrependimento) e que não Se sente conspurcado por ser tocado pelos
pecadores e pelos marginais. É o Deus da bondade e da misericórdia, que ama
todos como filhos e que a todos convida a integrar a sua família. É esse Deus
que temos de propor aos nossos irmãos e que, de forma especial, temos de
apresentar àqueles que a sociedade trata como marginais.
• A figura de Simão, o fariseu,
representa aqueles que, instalados nas suas certezas e numa prática religiosa
feita de ritos e obrigações bem definidos e rigorosamente cumpridos, se acham
em regra com Deus e com os outros. Consideram-se no direito de exigir de Deus a
salvação e desprezam aqueles que não cumprem escrupulosamente as regras e que
não têm comportamentos social e religiosamente corretos. É possível que nenhum
de nós se identifique totalmente com esta figura; mas, não teremos, de quando
em quando, “tiques” de orgulho e de auto-suficiência que nos levam a
considerar-nos mais ou menos “perfeitos” e a desprezar aqueles que nos parecem pecadores,
imperfeitos, marginais?
• A exclusão e a marginalização
não geram vida nova; só o amor e a misericórdia interpelam o coração e provocam
uma resposta de amor. Frequentemente fala-se, entre nós, no agravamento das
penas previstas para quem infringe as regras sociais, como se estivesse aí a
solução mágica para a mudança de comportamentos… A lógica de Deus garante-nos
que só o amor e a misericórdia conduzem à vida nova.
• Na linha do que a Palavra de
Deus nos propõe hoje, como tratar esses excluídos, que todos os dias batem à
porta da “fortaleza Europa” à procura de condições mínimas para viver com
dignidade? E os moralmente fracassados, que testemunho de amor e de
misericórdia encontram nas nossas comunidades?
• Ultimamente, fala-se muito do
papel e do estatuto das mulheres na comunidade cristã. Este texto diz-nos que,
ao contrário do que era costume na época, as mulheres faziam parte do grupo de
Jesus. Que significa isso: que elas devem ter acesso aos ministérios na
comunidade cristã? Seja qual for a resposta, o que é importante é que não
façamos disto uma luta pelo poder, ou uma reivindicação de direitos, mas uma
questão de amor e de serviço.
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