«Pelos frutos, pois, os conhecereis»
Minhas irmãs: como é fácil reconhecer entre vós aquelas que têm
verdadeiro amor ao próximo e aquelas que o têm num grau inferior! Se
compreendêsseis bem a importância desta virtude, não teríeis outra
preocupação. Quando vejo pessoas muito ocupadas em examinar o seu
recolhimento e tão imersas em si mesmas quando o praticam que nem ousam
mexer-se para não desviar o pensamento, com medo de perderem um pouco do
gosto e da devoção que aí encontram, penso que compreendem muito mal o
caminho que conduz à união. Imaginam que a perfeição consiste nessa
maneira de fazer as coisas.
Não, minhas irmãs, não. O Senhor quer obras. Quer, por exemplo, que
se virdes uma doente a quem podeis aliviar, deixeis de lado as vossas
devoções para lhe dar assistência, e que lhe testemunheis compaixão, que o
seu sofrimento seja o vosso, e que, se necessário, jejueis para que ela tenha
o alimento necessário.
E tudo isto não tanto por amor dela, mas porque é
essa a vontade do nosso Mestre. Eis a verdadeira união com a sua vontade.
Santa Teresa de Ávila (1515-1582), carmelita descalça, doutora da Igreja
O castelo interior, 5ª morada, 3, 10-11
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