4ª Semana do Advento - 4ª Semana do Saltério
Prefácio do Advento II - Ofício Dominical do Advento
Creio - Cor: Roxo - Ano “C” Lucas
Antífona: Is 45,8 - Céus, deixai cair o orvalho, nuvens, chovei o justo;
abra-se a terra, e brote o Salvador!.
Oração do Dia: Derramai, ó Deus, a vossa graça em
nossos corações para que, conhecendo pela mensagem do anjo a encarnação do
vosso Filho, cheguemos, por sua paixão e cruz, à glória da ressurreição. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do
Espírito Santo. Amém!
Primeira Leitura: Profecia de Miquéias 5,1-4a
Assim diz o Senhor:
'Tu, Belém de Éfrata, pequenina entre os mil povoados de Judá, de ti há de sair
aquele que dominará em Israel; sua origem vem de tempos remotos, desde os dias
da eternidade. Deus deixará seu povo ao abandono, até o tempo em que a mãe der
a luz; e o resto de seus irmãos se voltará para os filhos de Israel. Ele não
recuará, apascentará com a força do Senhor e com a majestade do nome do Senhor
seu Deus; os homens viverão em paz, pois ele agora estenderá o poder até os
confins da terra, e ele mesmo será a paz". - Palavra do Senhor.
Comentário: A dinastia tem de resgatar
seus humildes começos; não Sião, mas Belém, chamada também de Éfrata (1Sm
17,12; Sl 132,6). A “origem antiga” pode remontar à genealogia do final de
Rute. Quando Mateus aplica este versículo ao Messias, muda ou lê “não és a
menor” (Mt 2,6), sem contradizer o que implica o original. A tradição cristã,
prolongando a sugestão de Mateus, leu neste versículo a origem eterna do
Messias. A restauração anunciada tem um momento previsto, que o profeta só pode
propor num enigma. Suas duas peças se referem ao crescimento do povo por dois
fatores: porque as mulheres voltam a dar à luz, porque os desterrados volta a
reunir-se com seus irmãos (cf. Is 7,14; 9,5 e 10,21s). Aquela que dá à luz é
qualquer mulher judia, e também a capital personificada como matrona. Os que
voltam podem ser os israelitas do reino do Norte ou os judeus depois de um
desterro previsto. “Mãe” e “irmãos” imprimem a esta profecia um tom familiar. Os
falsos profetas rejeitam a visão humilde de Miquéias, aplicando o esquema de Is
14,24-27. Os pastores serão capitães, a vitória será obtida pelas armas e a
Assíria será submetida à vassalagem, mesmo que encarne o legendário Nemrod,
caçador e guerreiro. (Gn 10,8-12) (Comentário Bíblico - Edições Loyola)
Salmo: 79(80),2ac.3b.15-16.18-19
Iluminai a vossa face sobre nós, convertei-nos para que sejamos salvos!
Ó Pastor de Israel, prestai ouvidos. Vós
que sobre os querubins vos assentais, aparecei cheio de glória e esplendor! Despertai
vosso poder, ó nosso Deus e vinde logo nos trazer a salvação!
Voltai-vos para nós, Deus do universo!
Olhai dos altos céus e observai. Visitai a vossa vinha e protegei-a! Foi a
vossa mão direita que a plantou; protegei-a, e ao rebento que firmastes!
Pousai a mão por sobre o vosso
protegido, o filho do homem que escolhestes para vós! E nunca mais vos
deixaremos, Senhor Deus! Dai-nos vida, e louvaremos vosso nome!
Segunda Leitura: Carta aos Hebreus 10,5-10
Irmãos: ao entrar
no mundo, Cristo afirma: "Tu não quiseste vitima nem oferenda, mas
formaste-me um corpo. Não foram do teu agrado holocaustos nem sacrifícios pelo
pecado. Por isso eu disse: Eis que eu venho. No livro está escrito a meu respeito:
Eu vim, ó Deus, para fazer a tua vontade". Depois de dizer: Tu não
quiseste nem te agradaram vítimas, oferendas, holocaustos, sacrifícios pelo
pecado" - coisas oferecidas segundo a Lei - ele acrescenta: "Eu vim
para fazer a tua vontade". Com isso, suprime o primeiro sacrifício, para
estabelecer o segundo. E graças a esta vontade que somos santificados pela
oferenda do corpo de Jesus Cristo, realizada uma vez por todas. - Palavra do Senhor.
Comentário: A imagem que fazem dos
sacerdotes levíticos e de seus sacrifícios é triste, mas precisamos nos lembrar
de que Hebreus não está fazendo uma declaração antijudaica. A superioridade do
sacrifício de Cristo e, consequentemente, do próprio cristianismo não está
sendo estabelecida à custa dos contemporâneos judeus do autor. Ele não fala de
práticas judaicas atuais nem recentes, mas só o antigo ritual da tenda
israelita descrito no Pentateuco. É a palavra de Deus na Bíblia que indica as
limitações deste ritual e, ao mesmo tempo, aponta em direção ao significado de
sua palavra falada no Filho. Os repetidos sacrifícios pelo pecado são
ineficazes precisamente porque têm de se repetir. Mas o v. 4 apresenta uma
ideia nova, a de que os sacrifícios de animais não eliminam os pecados. A prova
está na citação do Sl 40, 7-8 (na tradução grega), onde , como quase sempre
acontece, entende-se que o orador é Cristo. Ali é afirmado que Deus rejeita s
sacrifícios de animais. Portanto, o
outro interpreta o salmo como substituição da lei, a antiga aliança, pelo
sacrifício do corpo de Cristo, que foi a vontade de Deus para seu Filho. (Comentário
Bíblico, vol 3, pg. 315, Edições Loyola)
Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas 1,39-45
Naqueles dias, Maria partiu para
a região montanhosa, dirigindo-se, apressadamente, a uma cidade da Judéia. Entrou
na casa de Zacarias e cumprimentou Isabel. Quando Isabel ouviu a saudação de
Maria, a criança pulou no seu ventre e Isabel ficou cheia do Espírito Santo. Com
um grande grito exclamou: "Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o
fruto do teu ventre". Como posso merecer que a mãe do meu Senhor me venha visitar? Logo que a tua saudação chegou aos meus ouvidos, a
criança pulou de alegria no meu ventre. "Bem aventurada aquela que
acreditou, porque será cumprido, o que o Senhor lhe prometeu". - Palavra da Salvação.
Comentários:
A
visita de Maria a Isabel revelou traços importantes da personalidade da mãe do
Messias Jesus. Ao levantar-se e ir às pressas até a Judéia, para servir a uma
parenta necessitada de sua ajuda, Maria demonstrou sua disponibilidade para
servir, sem interpor nenhum obstáculo: viagem longa, caminho perigoso, sua
gravidez. Muito menos, julgou que a condição de mãe do Messias a colocava numa
situação de superioridade. Com toda simplicidade, ela se pôs a caminho, para
servir. A saudação de Isabel sublinhou o quanto Maria era querida por Deus. Era
uma mulher abençoada e trazia, no ventre, um ser igualmente abençoado. Por
conseguinte, portadora e penhor de bênçãos. Donde a alegria de João Batista,
ainda no ventre materno, quando do encontro com a mãe de Jesus. Esta era
bem-aventurada, sobretudo por ser mulher de fé, capaz de acreditar no
cumprimento de tudo o que lhe fora dito da parte do Senhor. As palavras de
Isabel foram inspiradas. Explicitaram, perfeitamente bem, o que se passava com
Maria. Talvez, a própria mãe de Jesus não compreendesse as reais dimensões de
sua relação com Deus. Sua simplicidade a impedia de se ter em grande conta. Sua
condição de mãe do Senhor não mudou a ideia que fazia de si mesma. A servidora
de Deus estava ali para servir à parenta necessitada. Uma coisa implicava a
outra.
São
Lucas registra que a simples aproximação de Maria, já portadora do Filho de
Deus em seu ventre sagrado, foi suficiente para que João Batista, ainda em sua
vida pré-natal, reagisse com alegria. Estamos diante de uma verdade que parece
esquecida: a experiência cristã é fonte de profunda alegria. Ao relatar a
descoberta de Deus e sua conversão ao cristianismo, o escritor inglês C. S.
Lewis intitulou seu livro “Surprised by Joy”, (surpreendido pela alegria). No
livro dos Atos dos Apóstolos, logo após Pentecostes, São Lucas registra:
“Partiam o pão nas casas e tomavam a comida com alegria e singeleza.” (At
4,46.) Anotou também o efeito da pregação de Filipe em Samaria: “Por este
motivo, naquela cidade reinava grande alegria.” (At 8,8.) Ora, pode ser que nossas
reuniões, celebrações, e mesmo o “clima” geral de nossa vida como cristãos não
estejam irradiando a mesma alegria. De fora, o pagão pode ter a impressão de
que somos um povo triste, sem ânimo e vibração. E assim, afastamos as pessoas
de Jesus, que tinha intenção completamente diferente: “A vossa tristeza há de
se transformar em alegria”. (Jo 16,20b.) “E o vosso coração se alegrará e
ninguém vos tirará a vossa alegria”. (Jo 16,22.) “Pedi e recebereis, para que a
vossa alegria seja completa.” (Jo 16,24.) É clássico o refrão: “Um santo triste
é um triste santo.” Na verdade, quem conviveu com pessoas santas, sabe que elas
são alegres, irradiantes, mesmo que sua alegria não lembre a alacridade das
maritacas, mas seja antes uma espécie de letícia, a alegria serena, mas
profunda, de quem vive mergulhado na paz de Deus, mesmo entalado em um mundo de
problemas. Na verdade, a alegria é fruto do Espírito Santo (cf. Gl 5,22), ao
lado da paz, da paciência e da brandura. Quem se volta para Deus e busca seu
perdão, vê-se livre de sentimentos negativos que já pareciam constituir na
pessoa uma segunda natureza. Ao contrário, a vida vivida “na carne” leva à
tristeza, à depressão e a impulsos de autodestruição, como obscura colheita do
pecado. Marthe Robin, a fundadora dos “Foyer de Charité”, mesmo imobilizada em
um pequeno divã por mais de 50 anos, alimentada exclusivamente por uma comunhão
semanal, notabilizou-se por uma alegria infantil que contagiava a todos que
faziam contato com ela. Mais ainda: Marthe assumia em sua oração a tristeza e
as cruzes de seus visitantes, que saíam dali libertos e transfigurados. Que
tipo de cristão queremos ser?
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