O SIM que mudou a história da humanidade
O SIM de Maria dito ao Arcanjo Gabriel foi determinante para
dar início à História da nossa Salvação…
Santo Agostinho disse
que: “Adão,
sendo homem, quis tornar-se Deus e perdeu-se. Cristo, sendo Deus, quis fazer-se
homem para a salvação do homem. Por seu orgulho o homem caiu tão baixo que só
podia ser levantado pelo abaixar-se de Deus”.
O pecado original nos fez perder a filiação divina; a
humanidade foi expulsa do paraíso; e só poderia se reconciliar com Deus se
houvesse a salvação por meio de Deus mesmo.
Mas, para que o Filho de Deus pudesse se tornar também
homem, e nosso Salvador, sem deixar de ser Deus, era preciso que fosse
concebido por uma mulher. Desde a queda de Adão e Eva Deus já tinha prometido
que a salvação da humanidade viria por meio de uma Mulher, já que o demônio
seduziu a primeira mulher para injetar seu veneno na sua descendência. Deus
disse à Serpente maligna: “Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua
descendência e a dela. Esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar”
(Gen 3,15). Esta Mulher prometida no Protoevangelho era Maria.
Este projeto de Deus para a nossa salvação se realizou como São Paulo explicou: “Mas quando veio a plenitude dos tempos, Deus enviou seu
Filho, que nasceu de uma mulher e nasceu submetido a uma lei, a fim de remir os
que estavam sob a lei, para que recebêssemos a sua adoção. A prova de que sois
filhos é que Deus enviou aos vossos corações o Espírito de seu Filho, que
clama: Aba, Pai!” (Gal 4,4). Por meio da Virgem Maria veio o
Salvador, que nos reconciliou com Deus por Sua morte e ressurreição. Nele nos
tornamos novamente filhos de Deus por adoção, pelo Batismo, e Deus enviou o
Espirito Santo aos nossos corações.
Diz o nosso Catecismo que: “A Anunciação a Maria inaugura a
“plenitude dos tempos” (Gl 4,4), isto é, o cumprimento das promessas e das
preparações. Maria é convidada a conceber aquele em quem habitará
“corporalmente a plenitude da divindade” (Cl 2,9).
Deus anunciou muitas vezes pela boca dos seus profetas como
isso aconteceria. O Salvador viria da tribo de Davi, filho de Jessé: “Um renovo
sairá do tronco de Jessé, e um rebento brotará de suas raízes ”(Is 11,1). “O
próprio Senhor vos dará um sinal: uma Virgem conceberá e dará à luz um Filho, e
o chamará Deus Conosco” (Is 7,14). “O povo que andava nas trevas viu uma grande
luz; sobre aqueles que habitavam uma região tenebrosa resplandeceu uma Luz… um
Menino nos nasceu, um filho nos foi dado, a soberania repousa sobre os seus
ombros, e ele se chama: Conselheiro Admirável, Deus Forte, Príncipe da Paz” (Is
9,1-7). Quando Ele vier e estabelecer Seu Reino entre nós, haverá paz e bem
estar:
“Então o lobo será hospede do cordeiro, a pantera se deitará
ao pé do cabrito, o touro e o leão comerão juntos, e um menino pequeno os
conduzirá; a vaca e o urso se fraternizarão, suas crias repousarão juntas, e o
leão comerá palha com o boi. A criança de peito brincará junto à toca da
víbora, e o menino desmamado meterá a mão na caverna da serpente. Não se fará
mal nem dano em todo o meu Santo Monte.” (Is 11,1-9). Virá Aquele que “ilumina
todo homem que vem a este mundo” (João 1,9).
Ele será o Messias, o esperado pelas nações, “o mais belo
dos filhos dos homens”. Sem a sua luz o homem vive nas trevas; “permanece para
si mesmo um desconhecido, um enigma indecifrável, um mistério insondável”,
como disse São
João Paulo II; sem Ele ninguém sabe quem é, e não sabe para onde
vai.
Mas para que tudo isso acontecesse, Deus tinha de escolher
uma Mulher, a melhor Mulher, e escolheu. A tradição judaica diz que todas as
mulheres judias acalentavam o sonho de ser a Mãe do Messias, menos a pequena
Maria, escondida na pequenina e desprezada Nazaré. Mas Deus precisava da mulher
mais humilde para esta missão, porque a primeira mulher foi soberba, pecou
porque “quis ser como Deus”. Santo Irineu de Lião (†200) disse que pela obediência
de Maria foi desatado o nó da desobediência de Eva. E Jesus pela radical
humilhação anulou a soberba de Adão.
A Igreja nos ensina que: “Deus enviou Seu Filho” (Gl 4,4),
mas, para “formar-lhe um corpo” quis a livre cooperação de uma criatura. Por
isso, desde toda a eternidade, Deus escolheu, para ser a Mãe de Seu Filho, uma
filha de Israel, uma jovem judia de Nazaré na Galileia, “uma virgem desposada
com um varão chamado José, da casa de Davi, e o nome da virgem era Maria” (Lc
1,26-27): “Quis o Pai das misericórdias que a Encarnação fosse precedida pela
aceitação daquela que era predestinada a ser Mãe de seu Filho, para que, assim
como uma mulher contribuiu para a morte, uma mulher também contribuísse para a
vida”. (Cat. n. 488; LG, 56).
O SIM de Maria dito ao Arcanjo Gabriel foi determinante para
dar início à História da Salvação. “Eis aqui a escrava do Senhor, faça-se em mim segundo a
Tua palavra” (Lc 1,38). Não colocou qualquer obstáculo e nem a menor
exigência ao plano e à vontade de Deus. Então Nela o Verbo se fez carne e
habitou entre nós. Foi inaugurada a História da nossa salvação. Deus se fez
homem no sei da Virgem preparada por Deus, concebida sem pecado original,
virgem como Eva, mas Imaculada. Deus a escolheu por ser a mais humilde de todas
as mulheres. Ela canta em seu Magnificat: “Ele olhou para a humildade de Sua
serva”.
O Espírito Santo foi enviado para santificar o seio da
Virgem Maria e fecundá-la divinamente, ele que é “o Senhor que da a Vida”, fazendo
com que ela concebesse o Filho Eterno do Pai em uma humanidade proveniente da
sua. Quando ela foi servir a Sua prima Santa Isabel, logo foi saudada por
Isabel, cheia do Espírito Santo, como “a Mãe do meu Senhor”.
Santo Agostinho exclama:
“És Maria, a
beleza e o esplendor da terra, és para sempre o protótipo da santa Igreja. Por
uma mulher, a morte, por outra mulher a vida: por ti, Mãe de Deus. Eva foi a
causadora do pecado; Maria, causadora do merecimento. Aquela feriu, esta curou.
Maria é mais bem-aventurada recebendo a fé de Cristo do que concebendo a carne
de Cristo. Maria permaneceu Virgem concebendo seu Filho, Virgem ao dá-lo a luz,
Virgem ao carregá-lo, Virgem ao alimentá-lo do seu seio, Virgem sempre. Jesus
tomou carne da carne de Maria. Na Eucaristia Maria perpetua e estende a sua
Divina Maternidade”.
O SIM de Maria fez dela a Mãe do Senhor, a Mãe da Igreja e a
Mãe de cada irmão de Jesus resgatado pelo Seu Sangue. Diz ainda Santo Agostinho:
“Maria é
chamada nossa Mãe porque cooperou com sua caridade para que, nós, fiéis,
nascêssemos para a vida da graça, como membros da nossa cabeça, Jesus Cristo”.
São Tomás de
Aquino disse que: “Maria
pronunciou o seu “fiat” (faça-se) em representação de toda a natureza humana”.
“Por ser Mãe de Deus, Maria, tem uma dignidade quase infinita”. Em
nome de cada um de nós Nossa Senhora disse Sim a Deus, e a salvação chegou até
nós. Por isso Deus fez dela a medianeira de todas as graças.
São Francisco de Sales, o grande doutor
inspirador de Dom Bosco disse que: “As crianças, vendo o lobo, correm logo para os braços do
pai ou da mãe, pois ali se sentem seguras. Assim devemos fazer: recorrer
imediatamente a Jesus e a Maria”.
“Recorre a Maria! Sem a menor dúvida eu digo, certamente o
Filho atenderá sua Mãe. Tal é a vontade de Deus, que quis que tenhamos tudo por
Maria”, disse o doutor São Bernardo. Ele garante que “Maria recebeu
de Deus uma dupla plenitude de graça. A primeira foi o Verbo eterno feito homem
em suas puríssimas entranhas. A segunda é a plenitude das graças que, por
intermédio desta divina Mãe, recebemos de Deus. Deus depositou em Maria a
plenitude de todo o bem”. Por isso, o grande doutor dizia:
“O servo de Maria não pode perecer. Se se
levantam os ventos das tentações, se cais nos escolhos dos grandes sofrimentos,
olha para a Estrela, chama por Maria! Se as iras, ou a avareza, ou os prazeres
carnais se abaterem sobre a tua barca, olha para Maria. Se, perturbado pelas
barbaridades dos teus crimes, se amedrontado pelo horror do julgamento, começas
a ser sorvido em abismos de tristeza e desespero, olha para a Estrela, chama
por Maria. Nos perigos, nas angústias, nas dúvidas, pensa em Maria, invoca
Maria. Que ela não se afaste dos teus lábios, não se afaste de teu coração.
Maria é a onipotência suplicante”.
Texto: Prof. Felipe Aquino
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