2º
DOMINGO DO ADVENTO -
06 de dezembro de 2015
|
“A
salvação é oferta da ação misericordiosa de Deus para todas as nações”
|
Leituras: Baruc 5, 1-9;
Salmo 126 (125),
1-2ab.2cd-3.4-5.6 (R/3);
Carta de São Paulo aos Filipenses 1, 4-6.8-11;
Lucas 3,
1-6. (O precursor)
COR
LITÚRGICA: ROXA
Nesta páscoa semanal de Jesus somos
chamados pela voz de João Batista a endireitarmos os caminhos para a vinda do
Senhor. É preciso reconhecer que andamos, ainda, por estradas tortuosas de
injustiça, corrupção e brutal violência que paralisam e consomem nossas
energias. Somos motivados a nos deixar guiar pelo Senhor e contemplar a sua
salvação.
1. Situando-nos
O segundo domingo de Advento se apresenta com um forte apelo à
conversão, à renovação de vida, de transformação de tudo o que dificulta a
chegada do Senhor em nosso coração e à nossa comunidade de fé. Uma convocação
que vem do deserto de nossa realidade, pela voz de João Batista: “Preparai os
caminhos do Senhor”!
Uma sincera e cotidiana conversão ao projeto de Deus se impõe no
Advento. Pois andamos por estradas tortuosas de injustiça, corrupção
institucionalizadas e brutal violência que amortecem e consomem nossas
energias.
O Advento comporta mobilização por parte das pessoas em dupla
direção: o Senhor vem nos visitar e precisamos ir ao seu encontro para
acolhê-lo. Em segundo lugar, preparar-se para a chegada do Senhor, supõe ir ao
encontro dos irmãos e das irmãs de caminhada com ações concretas em favor de
quem mais precisa de nós.
O Senhor vem para salvar e alegrar as nações. Vem dar novo rumo
aos nossos passos no caminho que é Ele mesmo e nos ajudar a fazer de nossa
terra, uma “Casa Comum”.
“O Ano Santo abrir-se-á no dia 08 de dezembro de 2015,
solenidade da Imaculada Conceição. Esta festa litúrgica indica o modo de agir
de Deus desde os primórdios da nossa história. Depois do pecado de Adão e Eva,
Deus não quis deixar a humanidade sozinha e à mercê do mal. Por isso, pensou e
quis Maria santa e imaculada no amor (cf. Ef 1,4), para que se tornasse a Mãe
do Redentor do homem” (Miseridordiae Vultus, n.3).
2. Recordando a Palavra
Joao Batista, o precursor do Filho de Deus, entra em cena. Ele é
identificado, como filho do sacerdote Zacarias. O evangelista Lucas, para falar
da missão do Filho de Deus, começa falando do seu precursor Joao Batista que se
apresenta vindo do deserto, passando pela bacia do Jordão, pregando um Batismo
de arrependimento e de perdão. Ele é a voz que clama no deserto: “Preparai os
caminhos do Senhor!”
O Precursor é enquadrado num tempo histórico e com suas
personagens bem definidas. Lucas sugere, assim, que esta aventura do Deus que
vem ao encontro dos seres humanos para lhes revelar que o projeto de salvação e
de felicidade não é uma lenda, mas é uma história concreta, com acontecimentos
concretos, que podem ser ligados a um determinado momento histórico e a uma
terra concreta.
Joao Batista proclama um batismo de conversão. Sugere uma
mudança radical (metanoia) na forma
de pensar e de agir. Para acolher o Messias que está para chegar, necessária se
faz a conversão que se traduza numa reorganização da vida, das prioridades e
dos valores. O Messias encontra acolhida nos corações e nas comunidades
autenticamente convertidas (*Evangelho).
Baruc apoia-se no Evangelho segundo Isaías para uma pregação de
esperança. Mudar a veste simboliza o começo da libertação. Deus comunica sua
justiça a Jerusalém e sua glória será a glória do Eterno. Deus vai mudar-lhe o
nome – “Paz-da-Justiça, Glória-da-Piedade”. Deus mesmo “ordenou que se abaixassem
todos os altos montes e as cólicas eternas, e se enchessem os vales, para
aplainar a terra, a fim de que Israel caminhe com segurança”. Ele é muito
misericordioso e cheio de justiça! Sua bondade é maior que todas as crises e
tragédias humanas.
O Salmo 125 (126) é ação de graças que brota da memória da
libertação do exílio. “”Maravilhas fez conosco o Senhor, exultemos de
alegria!”. A intensa alegria foi germinada qual semente lançada na terra. O
Senhor revela seu amor misericordioso de modo que até quem não tem fé pode
reconhece-lo.
A Carta aos Filipenses começa com um hino de ação de graças
entremeado com súplica, num tom afetuoso e cordial expressando os sentimentos
do apóstolo. Alegria, carinho, saudade e confiança estão presentes no relacionamento
de Paulo com a comunidade. Ele reza para que a comunidade cresça no amor, à luz
do conhecimento, da sensibilidade e do discernimento nas escolhas, para que no
dia da vinda do Senhor, seja encontrada pura, limpa e carregadas com os frutos
da justiça.
3. Atualizando a Palavra
Neste domingo, acendemos a segunda vela da Coroa do Advento,
como sinal da conversão que estamos vivenciando.
Na missão de precursor do Messias, figura central do Advento,
João nos convida a endireitar a vida em fidelidade ao projeto de Deus. Por sua
coragem, sua pobreza radical, pela vida contemplativa e pela experiência de
Deus no deserto, João Batista nos chama à conversão para que toda a humanidade
“veja a salvação de Deus”.
Preparar o caminho do Senhor é apelo urgente a uma conversão que
elimine o egoísmo, que destrua os mecanismos de injustiça e de opressão, que desamarre
as correntes que aprisionam os seres humanos ao mal e ao pecado. Preparar o
caminho do Senhor significa dar novo rumo à vida, de forma que Deus e os seus valores
ocupem o primeiro lugar no coração e nas nossas prioridades, escolhas e ações.
Conversão não é feita de belas intenções e palavras. Ela passa
pelo estilo diferente de viver, pelas decisões concretas. Consiste em
“endireitar” hábitos, atitudes, ações, sentimentos e pensamentos. Aplainar as
incoerências entre o pensar, o falar e o agir; o jeito de ser e viver e as
exigências evangélicas do amor solidário, da justiça e da fé amadurecida e
concreta. Conversão não é apenas um assunto particular entre “eu e Deus”.
Convertemo-nos a Deus, às outras pessoas e à “Casa Comum de toda humanidade” (a
criação toda).
É dentro de nossa realidade concreta que Deus nos chama a viver
seu projeto, a “vestir o manto da justiça e da misericórdia”, a deixar as
marcas de nossa passagem, respondendo ao apelo do Espírito.
Sua palavra hoje questiona a nossa vida pessoal, critica o jeito
da sociedade se organizar, exige que se trabalhe pela justiça, pelo direito de
todos, preparando a chegada do Reino de Deus. “Os misericordiosos não têm
motivo de temer o julgamento, quando o Senhor vier revestido de sua glória” (Tg
2,13).
4. Ligando a Palavra com a ação
litúrgica
Nesta celebração, o Senhor vem ao nosso encontro. Sua vinda
transforma o hoje em Dia do Senhor. Ele está no meio de nós, “agora e em todos
os tempos” presente em cada pessoa humana, como rezamos no prefácio II deste
tempo.
Continuamos a ser instruídos pela sabedoria do Verbo, a Palavra
do Pai que nos abre para a conversão e nos faz participantes da plenitude de
sua vida.
Já na oração do dia, suplicamos ao Pai, que nada nos impeça de
correr ao encontro do Filho e Ele nos ajude a participar de sua vida.
Participando da ação eucarística renovamos a opção por Cristo,
que escolheu a estrada estreita do amor e da justiça; assumimos a tarefa de
aplainar as veredas acidentadas para que toda a pessoa veja a salvação de Deus.
Pela ação amorosa do Espírito, nos tornamos com Cristo pão para
os irmãos, isto é, doando a vida para fazer crescer entre nós, o sorriso e a
esperança, o amor e a justiça.
**********************************************
Nenhum comentário:
Postar um comentário