(Pascal)
Quantas vezes você já se percebeu estressado devido às diferentes adversidades que fazem parte de seu cotidiano, cansado de assistir na televisão incontáveis e terríveis cenas de violência e desumanidade, sentindo uma necessidade premente de se refugiar em seu quarto, deitar-se, desconectar-se do mundo real e concreto que lhe rodeia e relaxar profundamente?
Com certeza, com muita freqüência, mesmo porque, o mundo material em que hoje vivemos muito nos oprime e nos sufoca, obrigando-nos a estarmos rodeados de inúmeras pessoas e, ao mesmo tempo fazendo com que tenhamos a sensação constante de que estamos sempre solitários. Pois bem, saiba então que, estar só consigo mesmo, buscar o silêncio interior, pode se tornar algo muito importante tanto para a saúde física quanto para a mental e ser nosso maior aliado para que façamos uma suave viagem para dentro de nós mesmos, em perfeita e correta sintonia com a freqüência das ondas cerebrais e o universo dos sentimentos e emoções.
Necessitamos aprender a meditar e a viver em silêncio, a nos desligar desse mundo acústico que, convenhamos, especialmente em centros urbanizados, não nos abandona em momento algum. Estudos e pesquisas vêm comprovando a importância que tem para nosso bem-estar o exercício da reflexão, da meditação, da busca da perfeita ritmia da respiração, sendo também esse "calar a boca" extremamente necessário para a melhoria dos relacionamentos interpessoais.
Quando nos recolhemos ao silêncio mais profundo, repensamos sobre as palavras que proferimos e atitudes que tivemos em situações de enfrentamento que envolviam polêmicas e contrariedades.
E é através dessa reflexão que aprendemos que quando nos calamos é que verdadeiramente ouvimos o outro, considerando-se que, pelo fato de estarmos a sós, escutamos a nós mesmos e, assim, passamos a entender melhor nossas reações e, conseqüentemente, as daqueles com os quais compartilhamos nossas vidas.
Outro ponto positivo do silêncio interior é que ele nos oferece a oportunidade de termos uma melhor qualidade de vida, pela possibilidade de redefinição de parâmetros e paradigmas já contaminados e reavaliação dos valores adotados como referenciais para nossa existência e, dessa forma, podermos identificar e vivenciar reais dimensões de beleza, felicidade e amor, tendo a coragem suficiente para efetuarmos as mudanças necessárias para que conquistemos a paz que tanto procuramos. Já dizia Goethe: o melhor é o silêncio profundo, no qual vivo contra o mundo, cresço, ganho e conquisto o que não pode me ser arrebatado por espada ou fogo. É bom lembrar também que o silêncio interior pode ser o maior antídoto contra o crescente e alarmante volume de consumo de antidepressivos (só no Brasil, nos últimos anos, aumentou 42%), utilizados para o tratamento de diferentes tipos de síndromes psíquicas que aí estão, destruindo não só a vida das pessoas, mas desestruturando famílias inteiras e obrigando-nos a ser, cada um de nós, parte de uma atípica sociedade paranóica.
Há que se ressaltar ainda que, como bem escreve o filósofo Josef Pieper, o silêncio faz com que o homem se abra para a verdade até o fundo de sua alma, para o entendimento e para toda espécie de compreensão, transformando-se, pois, em um poderoso instrumento para a autorização do bom uso da palavra, como fonte de expressão e de tolerância. Sendo assim, é elemento básico para o desenvolvimento dos princípios de alteridade, atributo essencial para que venha a ocorrer a libertação de todos os fatores que nos oprimem e que nos tiram a inocência e a alegria de viver.
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