As Virgens Consagradas
Esta constitui a primeira forma de vida feminina especialmente consagrada. Sua Origem data dos tempos apostólicos, onde inúmeras jovens ofertavam-se inteiramente ao Senhor na consagração voluntária e perpétua de sua virgindade.
Através das virgens consagradas o Espirito de Deus testemunha no interior da Igreja Primitiva, o início de um novo tempo, do tempo do Reino dos Céus. Pelo testemunho daquelas mulheres que se consagravam incondicionalmente a Deus, percebia-se que nascia a partir de Cristo, uma nova mentalidade, a mentalidade do Reino de Deus, o voltar-se para as coisas do alto. Tal mentalidade era diferente daquela do judaísmo, fundada na terra e na posteridade.
As virgens consagradas constituem uma imagem escatológica especial da Esposa celeste e da vida futura, quando finalmente, a Igreja viverá em plenitude o seu amor por Cristo Esposo.
O Eremitismo
No Séc. III a vida consagrada tomou a forma eremítica. Esta foi a primeira forma de vida consagrada masculina. Alguns historiadores encontram em data anterior a vida eremítica, uma certa forma de vida organizada, formada pelos ascetas cristãos e denominada "monacato urbano".
A vida eremítica teve expressões de grande generosidade: os eremitas retiravam-se para o deserto, viviam na solidão e no silêncio, na oração e na penitência, não deixando de lado o trabalho manual e a direção espiritual, muitas vezes feita através de cartas que são verdadeiros tratados de teologia ascética e mística.
Além de uma autêntica vida de oração e penitência, oferecida em favor de Igreja, os eremitas ou "padres d deserto" contribuíram em muito com a teologia e filosofia, através de Escritos, que ainda hoje enriqueceram a doutrina cristã. A vida eremítica era ainda forte grito profético no interior da Igreja, quando esta, após os tempos de perseguição se unia às forças e poderes do Império.
Santo Antão (251-356 d.C) é considerado o patriarca da vida eremítica". Filho de família rica, ouviu o apelo do Senhor proclamado na igreja através da leitura da Sagrada Escritura, e resolveu deixar tudo, retirando-se para o deserto do Egito. Sua vida, escrita por Santo Atanásio, no século IV, exerceu grande influência sobre as gerações posteriores.
Os homens e mulheres eremitas, testemunham através da separação interior e exterior do mundo o caráter provisório do tempo presente, e pelo jejum e pela penitência atestam que o homem não vive sé de pão, mas da Palavra de Deus. Uma vida Assim "no deserto" é convite aos indivíduos e á própria comunidade eclesial para nunca perderem de vista a vocação suprema, que é estar sempre com o Senhor.
O Cenobitismo ou Monaquismo Organizado
Inicialmente devemos afirmar que a origem do monacato organizado permanece em discreta penumbra. Segundo a maioria dos historiados eclesiais, o cenobitismo tem como berço o eremitismo. Aos poucos a vida eremítica foi cedendo lugar à vida cenobitica (comunitária). O cenobitismo ou monaquismo organizado apresentava suas vantagens: a vida comunitária, com ocasiões freqüentes de se praticar a caridade; a presença de um superior (abade), que governava e controlava a comunidade, suas atitudes e comportamentos; a Regra, que regulamentava a vida dos monges na oração, no trabalho, no vestuário, na alimentação, no estudo.
A vida e a espiritualidade cenobita era muito semelhante da eremita (oração, ascese, trabalho manual, direção espiritual), porém, alguns fatores faziam a diferença: a vida comunitária, o abade, a regra e a dedicação aos estudos.
Vale destacar que a "comunidade" para os cenobitas não é simples meio de serviço da perfeição evangélica, mas pertence ao projeto mesmo do "seguimento de Cristo".
São Pacômio (346 d.C) foi o primeiro organizador da vida cenobítica (koinonia). O primeiro mosteiro data de 320 e foi fundado por São Pacômio em Tabenisi, a 575 Km ao sul da moderna cidade do Cairo. O oriente foi o berço do monaquismo, que se difundiu pelos lugares retirados do Egito, da Palestina, da Síria....
São Basílico Magno, foi o grande legislador do monaquismo oriental, dando a este uma ampla motivação teológica. Escreveu duas regras cenobícas, que ficaram famosas na história da espiritualidade. Louvava os mosteiros como lugar em que se pode exercer a caridade fraterna mais que no deserto, e como depositários da plenitude dos carismas do Espírito Santo (comunhão de dons).
Martinho de Tours (+397 d.C) é o primeiro monge documentado no Ocidente. Filho de um soldado romano aos quinze anos já seguia à profissão do pai, mas sua verdadeira vocação sobreviveu à sua vida militar. Aos dezoito anos abandonou a milícia, recebeu o batismo e seguiu Santo Hilário de Poitiers, seu mestre. Após um breve noviciado na vida eremítica, fundou alguns moteiros. Discípulos se reuniram em torno dele e, nas cavernas das margens do rio Loira, desenvolveu-se a primeira col6onia monástica da Igreja do Ocidente. Mas em 375 foi eleito bispo de Tours, e tornou-se o grande evangelizador do centro da França Tinha sido como se disse um soldado sem querer, monge por escolha e bispo por dever. Seu mosteiro progrediu tanto que seus monges eram procurados para exercer o cargo de bispos.
São Bento é conhecido como "patriarca do monges ocidentais". Nasceu por volta de 480 em Núrsia (Itália), de nobre família rural romana. Começou em Roma seus estudos de artes literárias, mas não satisfeito com essa vida , logo retirou-se para os montes Sabinos (Subiaco) onde levou vida eremítica por três anos. Foi precisamente neste período que o demônio travou com ele as mais rude batalhas, obrigando-o por vezes a rolar sobre os espinhos para submeter a carne e guardar a santa castidade.
Sua fama começou a espalhar-se. Os monges de um pequeno mosteiro vizinho (Vicovaro) vieram procurá-lo na sua caverna, para que aceitasse dirigi-los, mas logo vieram a rejeitá-lo, exasperados com os esforços que o jovem abade fazia os reconduzir à disciplina. Bento voltou à sua gruta, e muitas almas se reuniram em torno dele. Fez aí uma experiência de vida semi-eremítica. Na plenitude de sua maturidade humana e monástica, perseguido por inveja, Bento viu mais uma vez, por detrás dos fatos, uma indicação da Providência: abandonou Subiaco e foi procurar fora dali um lugar onde sua obra pudesse lançar raízes. Com um grupo de jovens entre os quais Plácido e Mauro, emigrou para Nápoles, escolhendo sua morada no sopé do Monte Cassino, onde edificou seu primeiro mosteiro (berço da ordem beneditina), fechado dos quatro lados, como uma fortaleza e aberto à luz do alto como uma grande vasilha que recebe do céu a benéfica seiva para depois despejá-la no mundo. Até sua morte Bento fundou doze mosteiros. Em monte Cassino escreveu sua regra, valendo-se da tradição monástica oriental e ocidental e adaptando-a às condições de vida de época. A regra beneditina tornou-se famosa na Igreja por sua psicologia e linguagem jurídica segura. O triunfo da regra beneditina se deu em 817 quando todos os mosteiros do Ocidente adotaram a Regra de São Bento como norma única. De fato, até o século XI os monges do ocidente identificavam-se com os monges beneditinos.
É grande e relevante a contribuição do monaquismo, não só na vida da Igreja, mas na história, de modo especial no início do novo mundo (após a queda do Império Romano). Foram em grande parte os monges que evangelizaram os anglo-saxãos e outros povos germânicos (Inglaterra, Bélgica, Holanda, Norte da Alemanha, etc.); ensinaram aos povos bárbaros que vivam nos arredores dos mosteiros, os princípios de cultura; transmitiram às crianças e aos adolescentes os conhecimentos científicos e a formação cristã através das escolas monasteriais, que prepararam o nascimentos das universidades. Foram também eles, os copistas, que salvaram da ruína os tesouros da cultura romana, que através dos seus códigos e obras de arte, passaram para as gerações vindouras. Se quiséssemos sublinhar a parte ativa que os mosteiros tomaram no movimento literário, seria necessário escrever um compêndio de toda a história literária da Idade Média. Quer se trate de teologia, exegese, quer de história, poesia, matemáticas, gramáticas, quer ainda de filologia, a maioria dos pertencentes aos séculos VIII ao XII são recrutados entre os monges.
A história é uma parcela que os monges praticamente se reservam. Basta um lance de olhos aos trabalhos modernos relativos às fontes históricas para convencer-se disso. Em resumo, não seria descabido afirmar que toda a alta Idade Média lhes pertence: seria mais cômodo nomear os autores não monges. A teologia dos quatro primeiros séculos da Idade Média terá meta muito precisa: investigar e assentar solidamente a tradição católica, cujo sentido os monges possuem tão enviscerado. Por isso, esforça-se-ão para tornar mais inteligível a leitura da Escritura e dos principais Padres da Igreja. Este esforço teológico tem o mérito inegável de ter fixado a tradição católica sobre um bloco importante de pontos doutrinais. Um monge, Santo Anselmo, foi quem abriu a porta a novas correntes, inaugurando nova época. Ele é o primeiro filósofo que faz teologia. Foi no claustro de um mosteiro que foi impresso o primeiro livro no mundo (mosteiro de Santa Escolástica, Subiaco, Itália). Foram, ainda, os monges que muitas vezes estiveram à frente das fileiras da Igreja no combate as heresias; que contribuíram fortemente com a liturgia, especialmente através da música sacra (o canto gregoriano tem como pai São Gregório Magno, a quem se deve a mais completa biografia de São Bento. Vale lembrar que antes de ser papa ele foi monge) e que deram à Igreja inúmeros santos.
As Ordens Mendicantes
Quando a Igreja atingiu o ápice do poder temporal, na Idade Média, Deus quis suscitar no início do século XIII as ordens mendicantes. Nasceu no Papa Inocêncio III, o projeto de suscitar uma nova forma de pregação, mais próxima do povo e mais bem preparada na defesa da fé.
Sonhou com homens de muita fé, inspirados no ideal evangélico, desprendido dos bens deste mundo, capazes de dirigir-se aos humildes com as mãos abertas para lhes dizer outra vez palavras de amor e de verdade. E a Providência iria responder a esse apelo, porque no momento em que Inocêncio escrevia a sua bula profética, começavam a surgir no núcleo mais vivo da comunidade cristã aqueles a quem caberia levedar mais uma vez a massa cristã numa encruzilhada decisiva da história: as Ordens mendicantes. O aparecimento destas Ordens foi o acontecimento mais notável da vida íntima da Igreja da época. O imensa êxito que os mendicantes alcançaram prova que eles corresponderam às expectativas do tempo.
As vocações afluiram torrencialmente:
Vários métodos de organização dos mendicantes foram imitados pelas antigas ordens, e o exemplo dos mendicantes arrastou para as Universidades, Ordens antigas, como os beneditinos de Cluncy e os cistercienses.
O clero secular tornou-se mais fiel às suas obrigações sacerdotais, e toda a vida, monástica, estimulada pelo surto das Ordes Franciscana e Dominicana, enriqueceu-se na primeira metade do século XIII com uma verdadeira floração de novas congregações.
O ideal de pobreza que abraçaram exerceu enorme influência na sociedade e na Igreja pondo freio ao desenvolvimento desmedido da civilização materialista, e a Igreja do Século XIII foi por eles admoestada a não se preocupar com questões temporais a ponto de esquecer a sua missão divina.
A sua ação teve também resultados no domínio da concórdia especialmente quando no ano 1233 os dominicanos e os franciscanos se espalharam por toda a parte num esforço extraordinário, que foi assinalado por espetaculares reconciliações entre famílias, clãs e até entre cidade. Deste movimento resultaram "associações de paz", confundidas muitas vezes com as duas Ordens terceiras, por meio das quais elas mantinham a sua ação a sociedade.
Desenvolveram grande abertura para os leigos e pessoas casadas, proporcionado-lhes vida regular de oração, penitência e caridade, através das ordens terceiras.
Não foram poucos os confessores e conselheiros dos reis e de suas famílias. Os seus conventos não se situavam nas regiões clunicense nem nos pântanos solitários de Cister, mas nas cidades, e se tornaram centros de vida intelectual, espiritual e até política.
Foi também a eles que a Igreja recorreu quando teve de defender-se contra as heresias. Serão também os Mendicantes que veremos liderar um grande movimento missionário que se lançará entre os infiéis, procurando ganha-los para Cristo pelo amor.
Há ainda um último ponto em que a ação dos Mendicantes se mostrou decisiva: na ordem intelectual. Num momento em que se produzia uma grande fermentação dos espíritos, elas encontravam-se especialmente preparadas para assumir e orientar as curiosidades dos seus contemporâneos. Assim, em última análise, as ordens mendicantes dera à "reforma" do século XIII uma eficaz originalidade. O retorno ao Evangelho, que eles pregavam foi a sua característica em todos os domínios, tanto canônico, como na vida social e mesmo nas formas de devoção. Graças a eles, as indispensáveis transformações não se realizaram fora da Igreja, nem contra ela, as no seu seio.
Praticamente todo os Papas do século XIII manifestavam a maior simpatia pelas ordem mendicantes, que constituíram uma milícia devotada ao Papa, uma organização de propaganda maravilhosamente ativa em difundir o seu pensamento, e um corpo de diplomata para as missões difíceis ou perigosas.
Não foi apenas no plano da reforma moral e nas suas lutas temporais que os Mendicantes ajudaram. Eles foram também os instrumentos de uma nova concepção da Igreja e do seu papel, mais universalista, mais adaptado a uma sociedade ampliada: a igreja das missões.
As Ordens Religiosas Contra - Reformistas
Após reforma protestante, onde a Igreja e o Papa foram profundamente atacados. Deus suscitou as chamadas ordens contra - reformista, caracterizadas por uma humilde e incondicional obediência ao Papa e fortalecimento da formação do clero, Santo Inácio) e as carmelitas reformadas ( oração em favor da Igreja e busca da perfeição cristã, Santa Tereza).
As Congregações Religiosas
Floresceram ao longo dos séculos muitas outras expressões de vida religiosa, nas quais inúmeras pessoas, renunciando ao mundo, se consagraram a Deus, através do profissão pública dos conselhos evangélicos segundo um carisma específico e numa forma estável de vida comum, para um serviço apostólico pluriforme ao Povo de Deus. Temos assim, as Congregações Religiosas masculinas e femininas, e geral, dedicadas à atividade apostólica e missionária e às múltiplas obras que a caridade cristã suscitou.
É um testemunho esplêndido e variado, onde se reflete s multiplicidade dos dons dispensados por Deus aos fundadores e fundadoras que, abertos à ação do Espirito Santo, souberam interpretar os sinais os tempos e responder de forma esclarecida, às exigências que iam aparecendo.
Podemos citar as irmãs da caridade de São Vicente de Paulo (obra de caridade), Irmãos Maristas e Irmãs Dorotéias (educação), Irmãs Paulinas (comunicação), Salesianos (educação da juventude), Mercedários (penitenciárias) Franciscanas Hospitaleiras (doentes), Missionários do Sagrado Coração (missão), etc.
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