"Abraçar uma causa”
Mat 5,13-16
Uma das expressões mais calorosas de afeto é o abraço.
Não é apenas demonstração de afeto, mas também de adesão. Tanto que se usa a expressão "Abraçar uma causa", significando adesão e defesa da mesma.
Logicamente, se alguém lança uma idéia e muitos a abraçam como própria, a pessoa sente-se abraçada pessoalmente. Sente-se apoiada, compreendida.
Podemos encarar a vontade de Deus como um abraço dado a Ele pessoalmente. Um abraço forte e afetuoso.
Uma demonstração de nosso amor, confirmando a nossa adesão aos seus planos.
É necessária uma mística, que é um encadeamento de paixão; uma experiência mais interna e mais intensa que nos leva às mais profundas motivações. Mística é transcender a realidade; é colocar enamoramento na vivência de uma causa, de um projeto, de uma vocação, de um ideal. É ser totalmente envolvido por um projeto!
Quando falamos de Mística, nos reportamos ao modo original como uma pessoa quer vivenviar sua espiritualidade, Francisco de Assis viveu: um rebelde com causa! Não satisfeito com a sociedade da época, não satisfeito com a qualidade de vida burguesa de sua família, não satisfeito com a ausência do Evangelho de certas experiências eclesiológicas, não conformado com a sua juventude ambiciosa, guerreira e seduzida pelo status de possuir títulos nobres, castelos e terras, resolveu mudar de lugar, mudar de mentalidade, mudar o rumo de sua vida.
Era uma pessoa de sucesso, mas não realizada. Para ser uma pessoa realizada não quis arriscar a sua vida por pouca coisa, mas optou pela causa das causas: Viver neste mundo no modo de Jesus Cristo! Ser igual a Ele e encarnar os valores do Evangelho para que a sua vida tivesse uma medida necessária.
Ao abraçar a causa do Reino de Deus pregado por Jesus Cristo, Francisco encantou-se com a maior prioridade do Reino: os Pobres! Ser pobre não é estar dentro de uma categoria econômica excludente, que diz que você nada possui.
Para Francisco, o ser pobre significa a coragem de repartir. O pouco que tenho eu dou!
A identidade do pobre é a fraternidade, isto é, todos são meus irmãos e irmãs, todos são por demais importantes, todos são capazes, todos têm direito aos melhores frutos da terra. Assim Francisco aprendeu com o seu Mestre Jesus: ser pobre no meio dos pobres, cuidar incondicionalmente de toda humana criatura.
Francisco abraçou a causa dos pobres porque sabia que viver o Evangelho não é apenas professar uma doutrina, mas fazer valer um projeto de transformação: o serviço por amor, o voluntariado por amor, a capacidade de perdoar, a sensibilidade pelos fracos, a atmosfera de alegria e paz, a generosidade saindo pelos poros... Para Francisco, o Evangelho não era uma lei rigorosa, mas a vontade amorosa de um Deus que queria que o amor fosse amado.
Aprendeu a cuidar da ferida da lepra aprendeu também a tirar vermes da estrada e ver luz mais brilhante no sol, na lua, nas estrelas, na criação!
Com minha benção
Pe.Emílio Carlos+
Nenhum comentário:
Postar um comentário