10º Domingo Comum B
"Quem faz a vontade de Deus, esse é meu irmão, minha irmã e
minha mãe"
Primeira
Leitura: Livro do Gênesis 3,9-15
O texto procura explicar a
origem do mal. O centro dessa questão é a pretensão de ser como Deus, usurpando
o lugar de Deus verdadeiro para tornar-se autossuficiente. Isto é, um falso
deus. A autossuficiência é a mãe de todos os males, que são apenas consequência
dela. Deus é o Senhor absoluto, e seu projeto é vida e liberdade para todos, no
clima de fraternidade e partilha. Quando o homem se torna autossuficiente, se
rebela contra o projeto de Deus e faz o seu próprio projeto: liberdade e vida
só para si mesmo. O homem sonha possuir liberdade e vida plenas; porém, na sua autossuficiência
ele produz o contrário: escravidão e morte. O autor, apresentando a visão
crítica da realidade, afirma que a situação em que o projeto do homem e a
humanidade inteira se encontram é uma situação de castigo. “O castigado é
responsável pelo castigo: não poderá jamais liberar-se dele fingindo ignorar
sua parte de responsabilidade nos males que sofre. Por outro lado, a situação
de castigo nunca é normal e definitiva, mas provisória e passageira. A
anormalidade permanecerá, enquanto o castigo não for cumprido e a culpa expiada.
O bem do culpado, a ser obtido depois de ultimado o castigo, pode ser atingido
unicamente através da aceitação ativa e responsável do próprio castigo. Na raiz
do castigo está a culpa do castigado, que provoca uma ruptura de relações entre
pessoas, relações que precisam ser restabelecidas. Dizendo que os males que
sofremos são um castigo de Deus, a Bíblia estabelece a relação do homem com
Deus como ponto fundamental para a harmonia de todo o resto. Não é possível
restabelecer a ordem perturbada da vida sem levar em conta o lugar que Deus
deve ocupar na vida dos homens”. E o primeiro passo foi o próprio Deus quem
deu.
Salmo:
129(130),1-2.3-4ab.4c-6.7-8
(R. 7) No Senhor toda graça e redenção!
Segunda
Leitura: Segunda Carta de São Paulo aos Coríntios 4,13-18-5,1
A vida de Paulo parece
frustração e fracasso diante do êxito que os novos mestres da doutrina
conseguem. O prestígio fácil, porém, não é sinal de Evangelho autêntico. Este provoca
sempre conflitos e perseguições, fazendo que a testemunha participe do caminho
de Jesus em direção à morte e à ressurreição. E um primeiro aspecto dessa
ressurreição já se manifesta no testemunho vivo da comunidade, que foi gerada
pelo testemunho do apóstolo, cuja fraqueza humana se torna instrumento da força
de Deus. Para quem não tem fé, a morte é o fim de tudo. Mas para quem está
comprometido na fé e segue a Jesus, a morte é passagem para a dimensão
definitiva da vida. Nosso corpo mortal se desgasta e desfaz na vida terrestre;
mas, através da ressurreição, Deus leva o nosso ser à vida plena. Paulo emprega
uma imagem muito familiar no Oriente: quando continuam a caminhada, os nômades
do deserto desmonta a tenda do acampamento porque o deserto não é sua morada
estável. O mesmo acontece conosco: este mundo é o lugar onde vivemos e
construímos a nossa história, cujo fim é a comunhão e participação na própria
vida divina. (Missal Cotidiano)
Evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos 3,20-35
Existe
um tipo de pecado para o qual não haverá perdão. É o pecado contra o Espírito
Santo. Em que consiste a gravidade deste pecado que o torna imperdoável? Jesus,
desde o seu batismo, foi apresentado como o Filho de Deus, a quem se devia dar
ouvido. Ele foi constituído mediador da salvação divina oferecida a toda
humanidade. Suas palavras e ações, porém, tinham como princípio dinamizador o
Espírito Santo, poder de Deus atuando nele, manifestado já por ocasião do
batismo. Portanto, a atitude de seus parentes, que o acusavam de louco ao verem
as multidões acorrem a ele, e a interpretação dos mestres da Lei, para quem ele
agia pelo poder de Belzebu, chocava-se com a realidade da ação divina em Jesus.
Pois significava negar que o Espírito Santo agia através de Jesus e atribuir ao
demônio o que pertencia ao Espírito de Deus. Eis uma autêntica blasfêmia! As
acusações contundentes levantadas contra Jesus manifestam um fechamento à ação
do Espírito. Assim como Jesus agia pela força do Espírito, do mesmo modo só
quem se deixasse iluminar pelo Espírito poderia percebê-la. Quem se fechava ao
Espírito, tornava-se incapaz de discernir a manifestação da misericórdia de
Deus, em Jesus. Fechar-se para Jesus, portanto, significa fechar-se para Deus
e, por conseguinte, tornar-se indigno de perdão.
É
interessante, quando nossas ações não condizem com os parâmetros
pré-estabelecidos a primeira iniciativa das pessoas é acreditar que somos
arruaceiros ou estamos agindo de forma impensada. Veja o exemplo de alguns
parentes de Jesus, tudo bem que poderiam estar apenas zelando por sua
integridade, já que devido suas ações estava correndo risco de represália por
parte das autoridades. Por outro lado, ficava difícil acreditar que aquele
rapaz que eles viram crescer e que conheciam sua origem, pudesse ser o Messias.
Agora se observarmos os escribas que são os interpretes da lei, aqueles que
tinham a autoridade de dizer o que se deve ou não fazer, aqueles que subjugavam
o povo através de severas imposições, não podiam permitir o avanço do
ensinamento de Jesus já que contradizia e comprometia todo o sistema vigente. Concluímos
que o pecado dos parentes de Jesus não se tratava de um pecado contra o
Espírito Santo, já o dos escribas sim, tendo em vista que deliberadamente
estavam barrando a ação libertadora de Deus, impossibilitando o acesso ao
Reino, tanto deles como dos outros. É preciso comprometer-se com o Reino de
Deus para tomar parte na Sua família. A fé tem de ser nosso porto seguro, não
devemos semear a duvida, pois com certeza iremos colher insegurança que será
uma pedra de tropeço em nossa caminhada rumo à santidade. Aqueles que
verdadeiramente estão unidos a Cristo não se atrasam.
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