10ª Semana do Tempo Comum - 2ª Semana do Saltério
Solenidade: SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS
Prefácio Próprio - Ofício solene próprio
Glória e Creio
Cor: Branco - Ano Litúrgico “B” - São
Marcos
Primeira
Leitura: Profecia de Oséias 11,1.3-4.8c-9
Assim diz o Senhor: “Quando Israel era criança, eu já o
amava, e desde o Egito chamei meu filho. Ensinei Efraim a dar os primeiros
passos, tomei-o em meus braços, mas eles não reconheceram que eu cuidava deles.
Eu os atraía com laços de humanidade, com laços de amor; era para eles como
quem leva uma criança ao colo, e rebaixava-me a dar-lhes de comer.
Meu coração comove-se no íntimo e arde de compaixão. Não
darei largas à minha ira, não voltarei a destruir Efraim, eu sou Deus, e não
homem; o santo no meio de vós, e não me servirei do terror”. -
Palavra do Senhor.
Meditação: Oséias compara a relação
entre Deus e Israel como a relação que existe entre pai e filho. Embora não
compreendido. Deus permanece fiel e, no seu amor, continua sempre de braços
abertos para receber o filho de volta. Oséias, profeta do amor, canta a
fidelidade do amor de Deus para com os homens e sua capacidade de perdão.
Também quando lhe sobe aos lábios palavras ameaçadoras de pai irritado, são
elas de súbito mitigadas por acentos repassados de comoção, que convidam ao
retorno, que anunciam a total destruição das culpas passadas. Há quem diga que,
de calcar a mão sobre a bondade e misericórdia de Deus, corre-se o risco de
debilitar a mensagem cristã e tornar vazia a própria vida cristã , a tal ponto
é sempre possível o perdão... Mas nossa própria experiência humana nos diz que
não pode ser assim. Um perdão forte, generoso, que procura redimir, muitas
vezes vence a ofensa; trará o filho ao pai, o esposo à esposa. Ainda, porém,
que nunca se dê isso entre os homens (o que não é verdade), dá-se entre Deus e
nós. Amor exige amor. E amor fiel. (Missal Cotidiano)
Salmo:
Is
12,2-3.4bcd.5-6 (R.3) Com alegria bebereis do manancial da salvação.
Eis o Deus, meu Salvador, eu confio e nada temo; o Senhor é
minha força, meu louvor e salvação. Com alegria bebereis no manancial da
salvação.
e direis naquele dia: 'Dai louvores ao Senhor, invocai seu
santo nome, anunciai suas maravilhas, entre os povos proclamai que seu nome é o
mais sublime.
Louvai cantando ao nosso Deus, que fez prodígios e portentos, publicai
em toda a terra suas grandes maravilhas! Exultai cantando alegres, habitantes
de Sião, porque é grande em vosso meio o Deus
Santo de Israel!'
Segunda
Leitura: Carta de São Paulo aos Efésios 3,8-12.14-19
Irmãos, eu, que sou o último de todos os santos, recebi esta
graça de anunciar aos pagãos a insondável riqueza de Cristo e de mostrar a
todos como Deus realiza o mistério escondido nele, o criador do universo. Assim,
doravante, as autoridades e poderes nos céus conhecem, graças à Igreja, a
multiforme sabedoria de Deus, de acordo com o desígnio eterno que ele executou
em Jesus Cristo, nosso Senhor.
Em Cristo nós temos, pela fé nele, a liberdade de nos
aproximarmos de Deus com toda a confiança. É por isso que dobro os joelhos
diante do Pai, de quem toda e qualquer família recebe seu nome, no céu e sobre
a terra. Que ele vos conceda, segundo a riqueza da sua glória, serdes
robustecidos, por seu Espírito, quanto ao homem interior; que ele faça habitar,
pela fé, Cristo em vossos corações, e que estejais enraizados e fundados no amor.
Tereis assim a capacidade de compreender, com todos os
santos, qual a largura, o comprimento, a altura, a profundidade, e de conhecer
o amor de Cristo, que ultrapassa todo conhecimento, a fim de que sejais
cumulados até receber toda a plenitude de Deus. - Palavra do Senhor.
Meditação: O mistério é o centro do
anúncio de Paulo, e está inseparavelmente ligado à sua vocação de missionário
entre os pagãos. Esse mistério é o projeto de Deus, que se realizou em Jesus
Cristo e que manifesta toda a sua grandeza na Igreja, mediante o ministério de
Paulo: os pagãos são chamados a pertencer ao povo de Deus. O Apóstolo quer que
os cristãos conheçam profundamente a Deus e experimentem todas as dimensões do
amor de Cristo por nós, para que o próprio Cristo possa habitar no coração de
cada um. E isso acontecerá se os cristãos viverem autêntica vida comunitária
que tenha o amor como raiz e alicerce. A realidade nova trazida por Cristo vai
além de todo conhecimento e só pode ser experimentada na vivência do amor.
Paulo se sente quase esmagado pela responsabilidade da missão a ele confiada e,
caindo de joelhos, eleva a Deus uma estupenda oração de invocação e
agradecimento. Esta brota da meditação do grandioso plano de Deus, que quer a
salvação de todos os homens, reconciliados pelo sangue de Jesus. Reza para que
os fiéis de Éfeso possam compreender esse 'mistério de amor e inserir-se em seu
plano salvífico. É este um aspecto fundamental que qualifica a nossa prece:
reconhecer que a salvação vem de Deus, agradecer-lhe este dom gratuito, pedir
perdão pela infidelidade e pouca correspondência, esforçar-nos na vida em
realizar este seu desígnio de salvação universal. (Missal Cotidiano)
Evangelho de Jesus Cristo segundo João 19,31-37
Era o dia da preparação para a Páscoa. Os judeus queriam
evitar que os corpos ficassem na cruz durante o sábado, porque aquele sábado
era dia de festa solene. Então pediram a Pilatos que mandasse quebrar as pernas
aos crucificados e os tirasse da cruz.
Os soldados foram e quebraram as pernas de um e depois do
outro que foram crucificados com Jesus. Ao se aproximarem de Jesus, e vendo que
já estava morto, não lhe quebraram as pernas; mas um soldado abriu-lhe o lado
com uma lança, e logo saiu sangue e água.
Aquele que viu, dá testemunho e
seu testemunho é verdadeiro; e ele sabe que fala a verdade, para que vós também
acrediteis. Isso aconteceu para que se cumprisse a Escritura, que diz: “Não
quebrarão nenhum de seus ossos”. E outra Escritura ainda diz: Olharão para
aquele que transpassaram”. - Palavra da Salvação.
Meditação: A
morte de cruz foi, na vida de Jesus, a expressão consumada de seu amor pela
humanidade pecadora e de sua fidelidade ao Pai. Ela resumiu seu projeto de
serviço ao Reino de Deus e comprovou que sua vida estava totalmente centrada no
Pai. A cena do coração de Jesus, transpassado pela lança com o consequente
jorrar de água e sangue, foi carregada de simbolismo sacramental. Do coração de
Jesus, brotava a água do Batismo, que purificaria o cristão do pecado e refaria
seu relacionamento com Deus. Pelo Batismo, o cristão se converteria ao amor e
ao perdão, redescobriria a importância da comunhão fraterna e passaria a fazer
parte do povo novo, salvo por Jesus. O sangue jorrado do coração de Jesus
simbolizava a Eucaristia, em que sua paixão e morte seriam revividas como
memorial, recordando, sem cessar, a presença de seu sacrifício redentor, na
história humana. O coração transpassado não correspondeu à pura constatação de
que Jesus, realmente, tinha chegado ao fim. Pelo contrário, a abundância de
água e sangue apontavam para a inauguração de tempos novos. Do coração aberto
nasceria a Igreja, cuja missão seria levar adiante a obra redentora de Jesus e
manter viva sua memória na consciência da humanidade, mediante um testemunho de
vida modelado em Jesus. Seu coração seria um apelo aos cristãos para viverem o
amor e manifestarem sua fidelidade ao Pai, até o extremo. Senhor Jesus, que a
água e o sangue, jorrados de teu coração transpassado, revigorem o amor e a
fidelidade que estão no meu coração.
O
golpe de lança do centurião romano rasga o peito de Jesus, já morto na cruz. O
ferro da lança passa entre as costelas, transpassa a pleura, fere o coração. O
resto de sangue e de linfa ali depositados escorre visivelmente: sangue e água.
A tradição da Igreja viu nas duas substâncias os sinais sacramentais da
Eucaristia e do Batismo, vistos como um dom pascal que Jesus Cristo confiava à
Igreja. Não é por acaso que a Liturgia escolhe este Evangelho para a festa do
Sagrado Coração de Jesus. Ao celebrar o coração do Crucificado, recordamos ao
mundo o mistério da Encarnação do Verbo, que assumiu plenamente nossa natureza:
um corpo com músculos, ossos e órgãos, mas também a sensibilidade, os
sentimentos, as angústias próprias dos humanos. A devoção ao Sagrado Coração
serve de vacina contra um tipo de cristianismo aéreo, abstrato, angelical,
predisposto a ignorar o realismo da natureza humana, tão incômoda aos gnósticos
quanto s chagas do Ressuscitado... Em sua Encíclica “Haurietis Aquas”
[15/05/1956], sob o culto do Sagrado Coração de Jesus, o Papa Pio XII escreveu:
“Nada proíbe que adoremos o coração sacratíssimo de Jesus Cristo, enquanto é
participante, símbolo natural e sumamente expressivo daquele amor inexaurível
em que ainda hoje o divino Redentor arde para com os homens. Mesmo quando já
não está submetido às perturbações desta vida mortal, ainda então ele vive,
palpita, e está unido de modo indissolúvel com a Pessoa do Verbo divino, e,
nela e por ela, com a sua divina vontade.” Para Pio XII, o coração do Salvador
“reflete a imagem da divina pessoa do Verbo divino”. Não apenas um símbolo, mas
“como que um compêndio de todo o mistério da nossa redenção”. Não é preciso ser
teólogo para compreender este profundo mistério. O povo simples se alegra e se
comove diante desta evidência: nosso Deus se fez humano como nós. Nosso Deus
tem um coração. Seu amor por nós não é algo abstrato, mas é um amor encarnado,
uma torrente que corre de seu lado aberto.
Nenhum comentário:
Postar um comentário