José Munos implora a seus hóspedes que lhe vendam o ícone que o transtornou e emocionou. Impossível, dizem eles, pois foi a primeira peça pintada neste local. Ela é considerada como a padroeira do ateliê.
Durante o ofício divino noturno, cantou-se "l´Axion estin": "É verdadeiramente justo glorificar-vos, ó Mãe de Deus, que sois bem-aventurada para sempre, isenta de todo pecado e Mãe de nosso Deus."
José Munos se prostrou, rezando demoradamente à Virgem Maria, sentindo, enfim, que a paz retornara ao seu coração. Ao surgir da aurora, o jovem desce até a margem, onde um barco o aguarda. De repente, ouve uma voz a chamar-lhe.
Alguém, pressuroso, corre ao seu alcance: trata-se do superior que lhe traz o ícone desejado, devidamente embrulhado. Durante a noite este religioso havia recebido uma ordem interior: "Este ícone será um sinal para o Ocidente." Ele não quis saber de dinheiro. Oferecia graciosamente aquela dádiva a José Munos e a graça na qual ela se constituía.
José Munos retorna a Iviron e obtém permissão para colocar o ícone em contato com o seu modelo... Religião popular, universo da carne, onde reina a magia do amor. As pessoas veneram um ícone beijando-o. Colocando, por um instante, a fronte sobre a efígie, colocamos uma cópia em relação com o seu modelo: jogo de transparência, de translucidez.
Olivier Clément
France catholique de 30 de maio de 1986
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