CONFIANÇA
Desafio do ser humano.
Confiança é o bem maior que pode
se instalar no ser de um homem.
Confiar é, portanto, o maior
desafio do ser humano.
A natureza animal desconfia,
examina, observa quando se trata de encontrar outro ente, seja caça, seja
predador. No entanto, em relação ao ciclo natural das coisas que no nível do
puro instinto animal corresponderia à fé para os humanos, todas as criaturas
parecem andar descansadas. Elas se estudam no chão, no plano dos
enfrentamentos, mas carregam em si a confiança da vida não consciente quando se
trata de simplesmente existir.
Nós, humanos, todavia, nos
tornamos seres plenos de desconfiança. A inteligência pode se tornar em
armadilha, e a sabedoria em astúcia, de modo que ser inteligente e sábio
permite ver que a antítese de tais virtudes pode ser laço e armadilha.
Nossa desconfiança é fruto de
nossa “inteligência possessa da certeza” que o conhecimento do bem é também
conhecimento do mal.
No fruto da Árvore do
Conhecimento do Bem e do Mal só há dúvida e desconfiança! Essa é a única
certeza que dela provém!
Impor confiança:
Confiança, portanto, é algo que
para existir num homem precisa se impor contra todos os seus instintos de
inteligência-caída, e programada para desconfiar.
No homem até o instinto da vida
se tornou desconfiança!
Além do quê, para os humanos,
confia-se apenas como entrega na impotência, pois, se ainda se crê que nosso
próprio braço pode mover alguma coisa, será ele que usaremos, visto que os
humanos parecem pensar em confiança apenas como o recurso a ser buscado quando
nenhum poder humano se faz disponível.
Confiança assim não é confiança,
mas apenas resignação de natureza psicológica.
A verdadeira confiança é um
estado da fé, quando se transforma em entendimento espiritual, o que torna a
confiança não apenas em algo como um ato, mas sim como a realidade de um estado
permanente, no qual os atos em si são feitos da matéria prima da própria confiança.
Mas como e por que alguém
confiaria no invisível?
Ora, a questão é que todas as
coisas que são, são como são.
Portanto, sem confiança e fé,
nada muda na Terra, posto que somente a fé projeta o que é bom, mesmo que ainda
não exista como fato concreto.
Somente a confiança muda o mundo
que nos cerca; mas para que isto aconteça, ela antes tem que ter mudado o mundo
interior do homem que diz experimentá-la.
Na falta de confiança, todavia,
subsiste apenas a desconfiança da sobrevivência, e que é infinitamente mais
aflita que a luta de uma fera pela vida, posto que nossa inteligência caída nos
remete sempre para as piores conclusões da inteligência inclinada para o mal,
pois que o mal existe em nós; daí ele ser projetado como imagem de nosso
interior sobre o mundo, e como todos fazem assim, nos defendemos uns dos
outros, e nos matamos em desconfiança.
Somente a fé que permanece
confiante é que carrega consigo as certezas de coisas que se esperam e a firme
convicção de fatos que se não vêem.
Confiança total:
Confiança, portanto, não se
entrega pela metade, nem nos provê com suas bênçãos se a entrega a ela não for
total. E o “total” nesse caso é apenas aquilo que se transforma em descanso. De tal modo
que a confiança é medida pelo descanso que a alma experimente enquanto confia.
Confiança deve ser o estado do
ser pacificado com Deus. Por outro lado, ninguém é pacificado em Deus se não se
entregar em confiança ao amor e à fidelidade de Deus.
Confiança é fruto de alguém saber
que nada pode separá-lo do amor de Deus!
Quem assim crê, assim vive, Nele.
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