Maria é Mãe, assim como Deus é
Pai
A Maternidade Virginal de Maria
aparece como a mais alta revelação das possibilidades oferecidas à humanidade
pela graça divina, assim como a Paternidade de Deus é a revelação suprema da
divindade.
Que Deus seja o Pai, de fato,
como nos revela o Evangelho, não é apenas uma expressão de seu relacionamento
com suas criaturas, no que eles têm de mais generoso. É uma expressão que
deriva do fato de que a generosidade que Ele nos testemunhou é apenas um reflexo
e uma derivação da generosidade ilimitada, próprios de sua vida transcendente.
Desde toda a eternidade, em sua natureza mais íntima, Deus é Pai. Isso
significa que ele é Amor, Amor não somente criativo, mas doado, que se dá a si
mesmo e o dom de si mesmo é a sua vida.
Maria é a criatura que realiza de
modo mais perfeito a imagem divina, mantendo-se no plano da criatura, porque
ela é Mãe, como Deus é Pai (...)
Assim como a Paternidade é
própria de Deus, assim a Maternidade aparece como sendo própria da criatura.
(...)
Todavia, Deus é Pai no sentido da
perfeição transcendente, na medida em que não precisa da colaboração de mãe
alguma para gerar, e não precisa, tão pouco, de qualquer matéria para criar...
Maria, ao contrário, leva ao
máximo, o caráter, próprio à criatura, de total dependência de Deus. Sua
Maternidade expressa esta verdade; não somente ela recebe o dom de gerar, mas
recebe o dom de gerar um Filho pré-existente e ele próprio, totalmente
transcendente. No entanto, o caráter virginal de sua Maternidade lhe vale esta
perfeição insólita de comunicar a seu Filho, não somente como à metade da
humanidade, que Ele tornará sua, mas, igualmente, da humanidade inteira.
Assim, como Deus é Pai em um
sentido absoluto, Maria é Mãe numa plenitude que não é acessível a qualquer
outra mulher. Filho único do único Pai Celestial através da sua divindade,
Jesus é o Filho de sua única Mãe terrena por meio de sua humanidade.
Louis Bouyer
O Trono de Sabedoria: ensaio
sobre o significado da devoção mariana
Paris, 1957, pp.146-148 (citado
em Étienne Catta, Sedes Sapientiae, em:. Maria – estudos sobre a Virgem Maria –
sob a direção de Hubert du Manoir, SJ - Volume VI, 1961, pp 836-837)
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