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EPIFANIA DO SENHOR
06 de janeiro de 2013
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“Vimos a sua estrela no oriente e
viemos adorá-lo”
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Leituras:
Isaías 60, 1-6;
Salmo 72 (71), 1-2.7-8.10-13 (R/cf. 11);
Carta de São Paulo aos
Éfesios 3, 2-3a.5-6;
Mateus 2, 1-12.
COR LITÚRGICA: BRANCA OU DOURADA
No grande contexto
do Natal, a solenidade da Festa da Epifania representa a celebração da
manifestação da Salvação para toda a humanidade. Com a encarnação do Verbo está
aberto o processo da redenção que tem na Páscoa de Jesus Cristo, seu ponto
culminante. Epifania é manifestação da Salvação do Mistério, escondido nos
séculos, em Deus e que, uma vez manifestado em Cristo, promove no ser humano um
profundo sentimento de admiração, de surpresa e, até mesmo, de espanto.
1. Situando-nos
Na dinâmica das festas natalinas,
no tempo do Natal, celebramos hoje a festa da “Epifania”, palavra de origem grega,
que significa “manifestação”. A festa da Epifania retoma o Natal de Jesus,
celebrando a sua humanidade manifestada a todos os povos. Traz consigo a
mística da universalidade da salvação.
Os reis querem presentear ao Rei
Menino com seus tesouros (tributos). Isso indica que os pagãos são atraídos
pela luz de Jesus, o Senhor dos senhores. Aponta para nós, hoje, que é preciso
percorrer o itinerário da fé: a busca dos sinais de Deus e deixar-se guiar pela
estrela que conduz às “periferias” onde pessoas vivem na precariedade da saúde
pública, da escola, da moradia e do desemprego, entre outras necessidades, e lá
“abrir os tesouros” da nossa solidariedade (epifania) da paz, da benção, da
salvação que é dada a todos, em nome e por causa de Jesus, o Senhor de nossas
vidas e de nossa história.
Lá, na periferia, longe do palácio
real, “os magos viram o menino com Maria, sua mãe, e, prostrando-se, o
adoraram. Em seguida, abriram seus cofres e ofereceram-lhe presentes: ouro,
incenso e mirra” que indicam, respectivamente, a sua realeza, divindade e
incorruptibilidade (cf. Mt 2,11).
2.
Recordando a Palavra
Mateus, no evangelho de hoje, narra
a chegada dos reis do Oriente a Jerusalém para adorar o Messias, à luz das
promessas das Escrituras. A profecia de Miquéias 5, 1-4a anunciava o nascimento
de Jesus num pequeno povoado de Belém.
Essa cidade, do humilde pastor
Davi, aparece em contraste com a poderosa Jerusalém de Herodes. Cristo será o
verdadeiro “pastor do povo”, a luz que ilumina os povos no caminho da salvação.
Ele realizará seu reinado como Servo obediente ao projeto do Pai, através da
doação total da vida.
Os magos são sábios que vêm do
Oriente como representantes dos gentios, em toda a sua diversidade racial,
acolhendo a salvação universal de Deus, manifestada em Jesus Cristo. Chegam a
Jerusalém, atraídos pela luz do Senhor, perguntando pelo rei dos judeus
recém-nascido.
Essa notícia causa alarme em
Herodes, o Grande, e em toda a cidade de Jerusalém ligada ao poder. Herodes
temia Cristo como ameaça ao seu poder político, pois conhecia as esperanças
messiânicas do povo.
O Filho de Deus, o Messias, se
manifesta numa criança pobre e frágil. Os magos, atentos aos sinais de Deus,
seguiram a estrela que levava ao Salvador, motivo de imensa alegria. “Ao entrar
a casa, viram o menino com Maria, sua mãe. Ajoelharam-se diante dele e o
adoraram” (21).
Eles ofereceram presentes a Jesus:
“ouro, incenso e mirra”, recordando a profecia de Isaías sobre os povos que
virão ao templo para louvar com oferenda. A tradição posterior reconheceu no ouro
a realeza de Cristo, como rei; no incenso sua divindade; e na mirra, sua
humanidade, seu sofrimento redentor.
O gesto dos reis simboliza os que
aderem a Cristo, doando-se no serviço ao Reino, ofertando seus dons, suas
vidas. Eles voltam às suas regiões por outro caminho, transformados pelo
encontro com Jesus, a verdadeira luz, o caminho para o Pai.
Seu caminho de fé e de esperança
prefigura a missão evangelizadora dos discípulos e das discípulas de Jesus (28,
19-20). A estrela da fé é essencial para encontrar o Senhor, através das
Escrituras e dos acontecimentos cotidianos.
A primeira leitura, que pertence ao
terceiro Isaías (caps. 56-66), fortalece a esperança e a identidade do povo, na
reconstrução das ruínas do país após o exílio babilônico. A “terra estava na
escuridão e o povo mergulhado nas trevas”, desanimado, sem muitas perspectivas.
Mas a presença do Senhor ilumina a “levantar e a resplandecer”. A palavra
profética renova o compromisso de fidelidade à aliança com Deus, que leva a
celebrar a salvação com alegria.
“Os povos caminham à tua luz e os
reis ao clarão de tua aurora” (60,3). A salvação de Deus se estende a todos os
povos, impelindo-os a trilhar o caminho da justiça. Iluminada pela presença do
Senhor, Jerusalém torna-se lugar de paz e convergência da caminhada das nações.
Os exilados voltam para cooperar na reconstrução da cidade e do templo,
trazendo ouro e incenso, proclamando os louvores do Senhor pela libertação.
O salmo 72 (72) está centrado na
figura do rei cuja missão é prover e zelar pela justiça e pela paz,
proporcionando bem estar, saúde, integridade a todos os povos. Na tradição
cristã, Jesus é o verdadeiro Rei que realiza plenamente as promessas
messiânicas, cumprindo a vontade do Pai. Assim, nossa oração se expressa com confiança:
“Que o adorem todo os reis da terra, e o sirvam todas as nações”.
A segunda leitura, da carta aos Efésios,
realça que o plano salvífico universal de Deus, realizado em Jesus Cristo, foi
comunicado aos apóstolos e aos profetas pela ação do Espírito. Com a vida,
morte e ressurreição, Cristo proporcionou a participação plena de gentios e
judeus no mesmo corpo.
Assim, também, “os gentios são
admitidos à mesma herança, são membros do mesmo corpo associados à mesma
promessa em Jesus Cristo” (3,6). Todos foram chamados a compartilhar da mesma
herança da salvação, a fazer parte do mesmo corpo em Cristo pela fé, formando
um só povo.
3.
Atualizando a Palavra
A festa da Epifania celebra a
manifestação de Jesus Cristo, luz e salvação de Deus, a todos os povos e
nações. Jesus é o verdadeiro Messias, o rei justo, o libertador, esperado por
todas as pessoas comprometidas em construir o Reino da justiça.
Os sábios do Oriente representam os
que se deixam guiar pela Luz, pelo projeto de Deus a serviço da vida plena.
Eles experimentam uma grande alegria ao encontrar Jesus, o rei dos judeus, e o
adoram, oferecendo-lhes os seus presentes.
As promessas das Escrituras acerca
do Messias são compreendidas à luz da fé na ressurreição. Quem se deixa iluminar
pela sabedoria de Deus, acolhe e reconhece Jesus como o Messias prometido, o
portador da salvação a toda a humanidade.
A ambição e o poder, como os de
Herodes, leva a rejeitar a presença do Salvador desde o seu nascimento. A
atitude dos reis, que chegam de longe para adorar o Menino, contrasta com a dos
chefes de Jerusalém que tramam sua morte (cf. 2,13-18).
O episódio dos reis acentua o
acolhimento de Jesus e sua mensagem pelos gentios e prefigura a missão
universal dos discípulos de evangelizar “todas as nações” (Mt 28,19-20). É um
apelo bem atual para a nossa realidade. Por isso, a Jornada Mundial da
Juventude que acontecerá de 23 a 28 de julho, na cidade do Rio de Janeiro,
refletirá o tema: “Ide e fazei discípulos entre todas as nações” (Mt 28,19).
O itinerário percorrido pelos magos
propõe o caminho para encontrar Jesus. Ao descobrir os sinais (a estrela), eles
se colocam no caminho, perguntam aos que conhecem as Escrituras, procuram até
encontrá-lo e o adoram, aderindo a ele com a fé e a vida.
O encontro com o Senhor transforma
a nossa vida. Sua presença e palavra nos iluminam e nos convidam a levantar,
comprometendo-nos a construir um caminho novo de libertação. Em Cristo nos
tornamos discípulos e discípulas, participantes da mesma herança, do mesmo
corpo, da mesma promessa e salvação. A “Epifania” do Senhor nos proporciona
viver a comunhão e a fraternidade com todos os povos do universo.
4.
Ligando a Palavra com a ação eucarística
Na ação eucarística demos graças ao
Pai porque, em Jesus, entendemos que somos convocados à fraternidade universal,
ao diálogo ecumênico e ao anúncio da salvação a todos, sem limite de cultura,
tempo, ou lugar.
Vamos participar da ceia
eucarística, apresentando ao Pai a nossa oferenda: ”Olhai, ó Pai, com bondade
as oferendas da vossa Igreja, que não mais vos apresenta ouro, incenso e mirra,
mas o próprio Jesus Cristo imolado e recebido em comunhão nos dons que o
simbolizam” (cf. Oração sobre as oferendas). Os dons oferecidos pelos fiéis,
pão e vinho, são transformados em Cristo, dom do Pai, salvador de todo o mundo.
Ele é um rei diferente. Um rei que
é cheio de misericórdia pelos pequenos e pobres, pelos doentes e pecadores;
colocou-se sempre ao lado dos perseguidos e marginalizados. Ele, com a vida e a
palavra, anunciou o rosto amoroso do Pai e teve um grande cuidado por todos os
filhos e filhas (cf. Oração eucarística para diversas circunstâncias IV).
Guiados sempre e por toda a parte
pela luz celeste nós, no hoje da nossa história, acolhemos com fé e vivemos com
amor o mistério celebrado (cf. Oração depois da comunhão). Ele se torna vida em
nossas vidas.
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