Como seus amores são belos,minha irmã, noiva minha. Seus amores são melhores do que o vinho, e mais fino que os outros aromas é o odor dos teus perfumes. Por isso Eu quero consumir meus dias, no seu amor! ══════ ღೋ♡✿♡ღೋ═══════

Ani Ledodi Vedodi Li


Mais do que qualquer outro motivo, esta é a razão pela qual quero fazer deste blog um caminho para amarmos mais a Deus, por isso seu nome: “Ani Ledodi Vedodi Li”

Para você entrar em nossos artigos click nas imagens nas laterais e encontrarás os lincks dos artigos postados.

Deus o Abençõe !

E que possas crescer com nossas postagens.

É algo louvável esconder o segredo dos Reis; mas há glória em publicar as obras de Deus!

A Igreja não tem pressa, porque ela possui a Eternidade. E se todas as outras instituições morrem nesta Terra, a Santa Igreja continua no Céu.

Não existem nem tempos nem lugares sem escolhas.

E eu sei quanto resisto a escolher-te.

"Quando sacralizamos alguém essa pessoa permanece viva para sempre!"

Sacralize cada instante de tua vida amando o Amado e no Amado os amados de Deus !


Pe.Emílio Carlos

sábado, 30 de junho de 2012



 “  Uma só palavra basta ”
  Mateus 8, 5-17 


Neste Evangelho Jesus nos ensina que a fé é a mola mestra da nossa vida espiritual, por isso ela é também a alavanca da nossa conversão. 
A fé e a humildade eram elementos decisivos para os prodígios que Jesus concretizava. Em nenhum momento Ele deixava de curar aqueles que dele se aproximavam cheios de fé e confiança no Seu poder. Ele libertava e curava principalmente no meio dos pagãos, aqueles que eram mais necessitados e sentiam-se impotentes diante de Deus. 
Pelo contrário, aqueles que já se consideravam participantes do reino duvidavam de que Jesus fosse o próprio Rei, por isso, não conseguiam reconhecer os milagres que Ele operava. 
O oficial romano  não frequentava o mesmo grupo de Jesus, não pertencia ao povo judeu, no entanto,  se achava indigno, por isso, também necessitado ao passo que os judeus que andavam sempre em torno de Jesus ouvindo os Seus ensinamentos  não tinham o comportamento condizente com o que Jesus lhes ensinava. Por conseguinte, não levavam a sério o que lhes era proposto e não tinham fé nas palavras de Jesus apesar de testemunharem muitos prodígios que Ele realizava. 
A observação que Jesus fez sobre a fé daquele homem pagão faz com que cada um de nós que nos dizemos cristãos (ãs) e, mais ainda, comprometidos (as) com a Igreja, que pertencemos a uma comunidade cristã e temos acesso à Palavra de Deus, façamos um exame de consciência sobre os critérios da vida que estamos levando. “Muitos virão do Oriente e do Ocidente e se sentarão à mesa no reino dos céus…enquanto os herdeiros do reino serão jogados para fora, nas trevas, onde haverá choro e ranger de dentes”. 
Podemos estar vivendo uma utopia afirmando que somos seguidores de Cristo, mas somente de fachada, sem na realidade, ter consciência de que seguir Jesus é viver conforme o que Ele ensina dando testemunho ao mundo que apesar das nossas faltas temos fé na Sua misericórdia, e que, mesmo sendo indignos, nós acreditamos que Ele vem em nosso auxilio para curar a nossa paralisia. A nossa fé é o parâmetro para que Jesus venha em nosso auxílio.  
O oficial romano não pediu a Jesus para ir à sua casa, mas apenas, a Sua Palavra! Uma só Palavra de Jesus basta para aquele que pede com fé e reconhece a sua própria limitação e o poder de Deus. Hoje Jesus diz também para nós: “E seja feito como tu creste”. 
Ele tomou sobre si as nossas dores e carregou as nossas enfermidades, portanto aquele que está deitado, desalentado, levante-se porque Jesus Cristo venceu o mundo. Mesmo acamado (a) como a sogra de Pedro ou desenganado (a) e sem esperança, um simples toque de Jesus bastará para que tenhamos uma nova vida.  
Quantos não se acham muito importantes e nem têm necessidade de procurar Jesus, mas a nós, que estamos seguindo o Seu caminho Ele quer atender ao pedido. 
Portanto, não percamos tempo, Ele tem autoridade para realizar em nós tudo de que estejamos precisando: FAÇA AGORA O SEU PEDIDO, HUMILDEMENTE!.  

  • - Você crê na Palavra de Deus? 
  • – Você vive conforme essa Palavra?   
  • – Você tem fé que Jesus pode curá-lo (a)?  
  • – Você reconhece a sua limitação  diante de Deus? 
  • – Você se considera herdeiro do reino? 
  • – Você está precisando de cura? 
  • – Peça a Jesus com fé!


“O  Senhor ouvirá a nossa súplica

 Lamentações 2,2.10-14.18-19

Jeremias contempla a miséria do povo que ficou em Jerusalém, durante o exílio na Babilônia e retrata a sua situação de penúria, aflição e desalento. 
Reconhecendo suas faltas o povo abaixava a cabeça e implorava a misericórdia do Senhor.  Nós também, muitas vezes,  estamos como a cidade de Judá: os nossos “campos” estão minguando, a nossa capacidade de produzir e servir a Deus e aos irmãos está se esgotando e não conseguimos nos deter em nada nem tampouco realizar nenhum trabalho útil. 
Temos o coração desalentado, porque antes, não tivemos uma visão correta da realidade e fomos levados a formar imagens falsas e insensatas. 
Em outras ocasiões, para não contrariar a nossa vontade ou mesmo para não entrar em confronto com alguém, nós nos submetemos a coisas que não são agradáveis a Deus e assim invertemos os papéis e trocamos o Criador pela criatura.  
Como consequência disso, vimos desfilar diante de nós as misérias e, por isso, nos afligimos, sofremos e nos lamentamos. 
Precisamos deixar correr uma torrente de lágrimas de dia e de noite, assim, o Senhor irá nos curar e restaurar. 
Assim, o profeta diz a cada um de nós, pessoalmente: “Levanta-te, chora na calada da noite, no início das vigílias, derrama o teu coração como água, diante do Senhor.”  
Este é o conselho do profeta para nós na hora em que estamos em situações humilhantes:  
levantar-se, significa ter coragem e esperança; 
chorar significa reconhecer a impotência , o pecado, enfim,  
derramar o coração é entregar-se e esperar por Aquele único que pode nos perdoar e dar alento. Ergamos, pois, as nossas mãos para Ele e deixemos que Ele nos restaure e nos liberte das utopias, dos nossos desvios, acomodações. 
Diante do clamor da nossa súplica de arrependimento o Senhor irá nos restabelecer na terra que Ele nos deu e cuidar da Sua plantação em nós. 
Assim poderemos, novamente, alimentar as “crianças” pelas ruas da cidade.  

  • – Como está a plantação do seu coração?
  •  – Você tem alimentado falsas esperanças? 
  • – Você tem medo de entrar em confronto com você mesmo (a) e com outros? 
  • – Você ainda tem entusiasmo diante dos desafios da sua vida? 
  • - Você já experimentou humilhar-se diante do Senhor, reconhecendo de coração o seu pecado?
«A menor de todas as sementes torna-se a maior de todas as plantas da horta»
Mc 4, 26-34

A pregação de Jesus, ao apresentar o mistério do reino de Deus, e, depois, a pregação continuada na Igreja, é comparada a uma sementeira. O seu desenvolvimento é lento, mas constante e vigoroso, porque é forte a vitalidade da semente, que é a Palavra de Deus. É essa a vitalidade que a faz germinar, crescer, chegar à hora da colheita. A humildade dos começos não é obstáculo à grandeza que o reino de Deus há-de atingir na hora da ceifa.

O SENHOR É O GRANDE REI DE TODA A TERRA

                                                               Salmo 46

“O Senhor é o grande rei de toda a terra”.
É Ele quem sustenta o universo, a Sua presença envolve o céu e a terra.
Não estamos sós! 
A nossa herança é a glória do Senhor que domina toda a terra.
Ao toque da trombeta o Senhor subiu aos céus, no entanto, continua habitando no meio dos nossos louvores.
E a Ele prestamos culto entre louvores e cânticos de  júbilo.
Aclamemos, pois o Senhor Deus com alegria!

Com a minha benção
Pe. Emílio Carlos +
S. Mateus 8,5-17.
                            
«Senhor, o meu servo jaz em casa paralítico, sofrendo horrivelmente.»
 
Naquele tempo, ao entrar Jesus em Cafarnaúm, aproximou-se dele um centurião, suplicando nestes termos:«Senhor, o meu servo jaz em casa paralítico, sofrendo horrivelmente.»
Disse-lhe Jesus: «Eu irei curá-lo.»
Respondeu-lhe o centurião: «Senhor, eu não sou digno de que entres debaixo do meu tecto; mas diz uma só palavra e o meu servo será curado.
Porque eu, que não passo de um subordinado, tenho soldados às minhas ordens e digo a um: 'Vai’, e ele vai; a outro: 'Vem’, e ele vem; e ao meu servo: 'Faz isto’, e ele faz.»
Jesus, ao ouvi-lo, admirou-se e disse aos que o seguiam: «Em verdade vos digo: Não encontrei ninguém em Israel com tão grande fé!
Digo-vos que, do Oriente e do Ocidente, muitos virão sentar-se à mesa do banquete com Abraão, Isaac e Jacob, no Reino do Céu,
ao passo que os filhos do Reino serão lançados nas trevas exteriores, onde haverá choro e ranger de dentes.»
Disse, então, Jesus ao centurião: «Vai, que tudo se faça conforme a tua fé.» Naquela mesma hora, o servo ficou curado.
Entrando em casa de Pedro, Jesus viu que a sogra dele jazia no leito com febre.
Tocou-lhe na mão, e a febre deixou-a. E ela, levantando-se, pôs-se a servi-lo.
Ao entardecer, apresentaram-lhe muitos possessos; e Ele, com a sua palavra, expulsou os espíritos e curou todos os que estavam doentes,para que se cumprisse o que foi dito pelo profeta Isaías: Ele tomou as nossas enfermidades e carregou as nossas dores.

Comentário :


 

«Muitos virão do Oriente e do Ocidente sentar-se à mesa do banquete no Reino do Céu»

A Igreja é católica: a palavra «católica» significa «universal» no sentido de «segundo a totalidade» ou «segundo a integralidade» «A Igreja é católica em duplo sentido: é católica porque nela Cristo está presente. 'Onde está Cristo Jesus, está a Igreja católica'.» (Santo Inácio de Antioquia); nela subsiste a plenitude do Corpo de Cristo unido à sua Cabeça (Ef 1,22-23). [...] Neste sentido fundamental, a Igreja era católica no dia de Pentecostes e sê-lo-á sempre, até o dia da Parusia.


Ela é católica porque é enviada em missão por Cristo à universalidade do género humano (Mt 28,19). «Todos os homens são chamados a pertencer ao novo Povo de Deus. Por isso este Povo, permanecendo uno e único, deve estender-se a todo o mundo e por todos os tempos, para que se cumpra o desígnio da vontade de Deus, que no início formou uma natureza humana e finalmente decretou congregar os Seus filhos que estavam dispersos». (Vaticano II, LG 13). [...]


Cada igreja particular é católica. [...] Essas Igrejas particulares «são formadas à imagem da Igreja universal; é nelas e a partir delas que existe a Igreja católica una e única» (LG 23). As Igrejas particulares são plenamente católicas pela comunhão com uma delas: a Igreja de Roma, «que preside à caridade» (Santo Inácio de Antioquia). «Pois com esta Igreja, em razão da sua origem mais excelente, deve necessariamente concordar cada Igreja, isto é, os fiéis de toda a parte» (Santo Ireneu). [...] A rica variedade de disciplinas eclesiásticas, de ritos litúrgicos, de patrimónios teológicos e espirituais próprios das Igrejas locais «mostra mais luminosamente a catolicidade da Igreja indivisa, devido à sua convergência na unidade» (LG 23). 


Catecismo da Igreja Católica

§§ 830-835




sexta-feira, 29 de junho de 2012

13º DOMINGO DO TEMPO COMUM – ANO B
01 DE JULHO DE 2012
SOLENIDADE DE SÃO PEDRO E SÃO PAULO, APÓSTOLOS




“Eu me orgulho por causa de Javé: que os pobres ouçam e fiquem alegres” 
(Sl 33,3)

Leituras:  Atos dos Apóstolos 12, 1-11; 
                 Salmo 33 (34); 
                 II Carta de São Paulo a Timóteo 4, 6-8.17-18; 
                Mateus 16, 13-19 (“Tu és Pedro”).

COR LITÚRGICA: VERMELHO

Hoje celebramos a festa de São Pedro e São Paulo, apóstolos que tiveram papel muito importante na formação da Igreja e na definição da missão que Ela tem no mundo. Eles são para nós exemplo de força, coragem e determinação no que diz respeito ao anúncio do Evangelho. Que eles continuem nos ensinando e nos ajudando a conhecer quem é Jesus e o que Ele tem para nos oferecer. Hoje, também, rezamos especialmente pelo Papa Bento XVI. Sua missão é zelar para que a Igreja permaneça unida, fiel a Jesus Cristo e a seu projeto, realizando com humildade e coragem uma ação evangelizadora, cada vez mais inculturada, profética e aberta a todos.

1. Situando-nos brevemente

Celebramos a Páscoa do Cordeiro na vida e na ação evangelizadora de Pedro e Paulo. Apóstolos, fundadores da Igreja, amigos e testemunhas de Jesus. Agradecemos sua fé e empenho missionário. E celebramos o Senhor que os escolheu e os enviou para serem seus principais parceiros no grande mutirão em favor da vida, assumido na Páscoa e dinamizado pelo dom do Espírito Santo.

Esta é uma celebração antiqüíssima. Existia antes da festa do Natal. Ela ajuda a nos achegarmos à fonte da vida cristã, ou seja, à Palavra de Deus e à Eucaristia que eles viveram intensamente e que nós estamos para celebrar.

Diferentes no temperamento e na formação religiosa, exercendo atividades diversas e em campos distintos, chegaram várias vezes, a desentender-se. Mas o amor a Cristo, a paixão pelo seu projeto, a força da fidelidade e a coragem do testemunho os uniram na vida e no martírio, acontecido em Roma sob o imperador Nero (54-68 dC). Pedro foi crucificado e Paulo, decapitado.

Ao celebrar a Páscoa dos dois grandes apóstolos, a Igreja lembra que em todas as comunidades estão presentes os fundamentos da missão evangelizadora: a vida eclesial, com sua dinâmica de comunhão e participação, e sua ação transformadora no mundo.

Hoje, rezamos especialmente pelo Papa Bento XVI, Bispo de Roma, cidade onde se deu o martírio de Pedro e Paulo. A missão do Papa é zelar para que a Igreja permaneça unida, fiel a Jesus Cristo e ao seu projeto, realize com humildade e coragem o anúncio do Evangelho, cada vez mais inculturado, profético e aberto a todos.

2. Recordando a Palavra

Jesus e os discípulos estão em Cesareia de Filipe, cidade construída junto às nascentes do rio Jordão, região periférica, habitada por pagãos. Longe de Jerusalém, o centro do poder político, econômico e ideológico, os discípulos são estimulados a dar uma resposta sobre quem é Jesus.

Circulava uma imagem distorcida de Jesus, exatamente por causa de sua humanidade. Ele se apresenta com a expressão semita “Filho do Homem”, título que o situa no chão da vida de todos os mortais: Ele é carne e osso como qualquer um de nós. Alguns identificam essa expressão com a palavra de Ezequiel: o homem que sou, o humano (cf. Ez 2,3). Vendo Jesus tão humano, as pessoas têm dificuldades de aceitar sua messianidade.

Jesus interpela os discípulos que tinham visto sua luta para implantar a justiça do Reino: “Para vocês, quem sou eu?”. Pedro responde que ele é o Messias, o Filho de Deus vivo. Neste sentido, Jesus é a realização das expectativas messiânicas, o portador da justiça que cria sociedade e história novas.

Ao confessar que Jesus é o Messias, Filho de Deus, Pedro é elogiado e recebe a responsabilidade de confirmar os irmãos na fé: “Feliz és tu, porque recebeste uma revelação especial de Deus Pai!”.

Simão, filho de Jonas, passa a ser Pedro – no grego, pétros, palavra que designa uma pedra ou pedregulho que se pode pegar e lançar, pétra representa uma rocha onde se assenta qualquer edifício. Jesus é o fundamento do edifício da comunidade que vem em seguimento à comunidade sagrada, qahalYhwh ou qahal Yisrael  (cf. Dt 23,3; !Rs 8,22). Simão terá uma missão especial na nova comunidade por sua adesão a Cristo, não como pétra, mas como pétros na Mão do Senhor, aquele capaz de lançar-se e construir comunidade.

A primeira leitura mostra a comunidade solidária a Pedro, quando da perseguição sofrida por ele. Com a morte decretada para o dia seguinte, ele tem a oração da comunidade como apoio. Uma forma de resistência da comunidade perseguida era a oração fervorosa que subia constantemente a Deus, e a confiança de que Ele não abandona os que lhe são fiéis.

Com Pedro acontece, segundo Lucas, o mesmo que ocorreu com Jesus. Tudo é ação de Deus. Há, inclusive, coincidência de datas: referência à festa dos Pães sem fermento (cf. Lc 22,1). Assim como o Pai libertou Jesus da morte, o anjo do Senhor liberta Pedro da prisão.

O aparato repressivo de Herodes era grande: Pedro dormia amarrado com duas correntes, acompanhado de dois soldados, dezesseis soldados o vigiavam e havia sentinelas a postos. Deus intervém, rompe as grades e liberta Pedro. Este fato pode ser chamado de Páscoa de Pedro.

Ajuda-nos ainda a refletir, o Salmo 33(34). Jesus dá a este Salmo um sentido novo e insuportável. O nome de “Jesus” significa “Javé salva”. Resume, assim, tudo o que fez em favor dos pobres, perseguidos e injustiçados que clamam. Ele acampou ao redor dos que o temem.

Na segunda leitura, encontramos Paulo preso em Roma, acorrentado, próximo à morte violenta. Nesta situação, Paulo escreve a Timóteo para animá-lo na missão. Faz uma revisão de vida, olha para o passado e para o futuro e reconhece que tudo é graça de Deus.

É um “atleta” que cumpriu sua missão com garra e coragem, e agora merece a coroa da justiça. Chegou o momento de dar o grande testemunho. O sangue derramado, considera-o como sacrifício de valor expiatório: “Já fui oferecido em libação”. A libação de vinho, água ou óleo era, nos sacrifícios judaicos, derramada sobre a vítima (cf., Ex 29,40; Nm 28,7).

Mesmo abandonado por alguns companheiros, Paulo louva ao Senhor e dá testemunho alegre de uma vida inteira dedicada à evangelização e ao cultivo da fé dos irmãos. A Paixão de Paulo é prolongamento da Paixão de Jesus.

O apóstolo Paulo não tem mais esperança de viver, embora sua sentença tenha sido retardada por um tempo. Sua esperança se fundamenta não numa salvação momentânea, mas na intervenção definitiva de Deus, que o levará salvo para o seu Reino.

3. Atualizando a Palavra

No testemunho de Pedro e Paulo, temos duas dimensões diferentes e complementares da missão, como seguidores de Jesus. Apesar de divergirem em pontos de vista e na visão do mundo, o amor de Cristo e a força do testemunho os uniram na vida e no martírio.

Neles, quer na vida, quer no martírio, prolongam-se a vida, paixão, morte e ressurreição de Cristo. Conheceram e experimentaram Jesus de formas diferentes, mas o único e idêntico o testemunho que, corajosos, deram dele.

Por isso, são figuras típicas da vida cristã, com suas fraquezas e forças. As contínuas prisões de Pedro fazem-nos prolongar a paixão de Jesus. Não só aceita um Messias que dá a vida, mas morre por Ele e com Ele. Convertido, Paulo se torna propagador do Evangelho de Cristo, sofrendo como Ele sofreu, encarando a morte como Jesus a encarou.

A comunidade, alicerçada no testemunho de Pedro e Paulo, nasce do reconhecimento de quem é Jesus. Esse reconhecimento não é fruto de especulação ou de teorias, e sim de vivência do seu projeto que passa pela rejeição, crucifixão, morte e ressurreição.

Quando o testemunho cristão é pleno, o próprio Jesus age na comunidade, permitindo-lhe “ligar e desligar”. O poder que Jesus possui, as chaves do Reino, é entregue a nós, seus seguidores. A comunidade não é dona, apenas administra esse poder pelo testemunho e pelo serviço em favor da vida. Organiza-se como continuadora do projeto de Deus, a partir da prática do mestre, promove a vida e rejeita tudo o que provoca a morte.

Jesus de Nazaré é para nós o mártir supremo, a testemunha fiel. Os mártires da caminhada resistiram ao poder da morte e ao aparato repressor. “A memória subversiva de tantos mártires será o alimento forte da nossa espiritualidade, da vitalidade de nossas comunidades, da dinâmica do movimento popular”.

“Vidas pela vida, vidas pelo Reino! Todas as nossas vidas, como as suas vidas, como a vida dele, o mártir Jesus!”.

4. Ligando a Palavra e a Eucaristia

Animados pelo testemunho de Pedro e Paulo, vamos ao encontro do Senhor que dá razão e sentido à nossa vida. Acolhendo sua Palavra, renovamos nossa adesão a Cristo e ao seu projeto.

Professamos com alegria nossa fé na Igreja uma, santa, católica, apostólica, aberta à comunhão universal e visceralmente missionária e proclamadora da vida digna para todos.

Participando da Eucaristia, somos identificados com Cristo e confirmados no seu caminho, para sermos disponíveis aos nossos irmãos e irmãs, até a morte, como marcas da identidade cristã.

Supliquemos para que o Papa e todos os pastores sejam pétros nas mãos do Senhor, fiéis ao Evangelho na condução da Igreja como servidora da vida, como sinal e instrumento da comunhão entre todos os povos.




SOLENIDADE DE S. PEDRO E S. PAULO- ANO B
Quem é Jesus? O que é que “os homens” dizem de Jesus?

Na Solenidade dos apóstolos S. Pedro e S. Paulo, a liturgia convida-nos a refletir sobre estas duas figuras e a considerar o seu exemplo de fidelidade a Jesus Cristo e de testemunho do projeto libertador de Deus.

O Evangelho convida os discípulos a aderirem a Jesus e a acolherem-n’O como “o Messias, Filho de Deus”. Dessa adesão, nasce a Igreja – a comunidade dos discípulos de Jesus, convocada e organizada à volta de Pedro. A missão da Igreja é dar testemunho da proposta de salvação que Jesus veio trazer. À Igreja e a Pedro é confiado o poder das chaves – isto é, de interpretar as palavras de Jesus, de adaptar os ensinamentos de Jesus aos desafios do mundo e de acolher na comunidade todos aqueles que aderem à proposta de salvação que Jesus oferece.

A primeira leitura mostra como Deus cauciona o testemunho dos discípulos e como cuida deles quando o mundo os rejeita. Na ação de Deus em favor de Pedro – o apóstolo que é protagonista, na história que este texto dos Atos hoje nos apresenta – Lucas mostra a solicitude de Deus pela sua Igreja e pelos discípulos que testemunham no mundo a Boa Nova da salvação.

A segunda leitura apresenta-se como o “testamento” de Paulo. Numa espécie de “balanço final” da vida do apóstolo, o autor deste texto recorda a resposta generosa de Paulo ao chamamento que Jesus lhe fez e o seu compromisso total com o Evangelho. É um texto comovente e questionante, que convida os crentes de todas as épocas e lugares a percorrer o caminho cristão com entusiasmo, com entrega, com ânimo – a exemplo de Paulo.

LEITURA I – At 12,1-11


O texto que nos é hoje proposto encerra praticamente a primeira parte do Livro dos Atos dos Apóstolos (a história da expansão do cristianismo dentro das fronteiras palestinas – cf. At 1-12). Lucas narra, neste texto, uma nova perseguição à Igreja de Jesus.
Esta perseguição é obra de Herodes Agripa I, neto do famoso Herodes, o Grande. O imperador Calígula deu-lhe, por volta do ano 37, os antigos territórios de Filipe (Itureia, Traconítide, Bataneia, Gaulanítide e Auranítide); mais tarde (ano 40), confiou-lhe ainda os antigos territórios de Herodes Antipas (Galileia e Pereia). Depois do assassínio de Calígula, Herodes Agripa prestou vários serviços ao imperador Cláudio, o qual lhe ofereceu o governo da Samaria e da Judeia (ano 41). Assim, Herodes Agripa I reinou praticamente sobre toda a Palestina entre os anos 41 e 44. Morreu subitamente no ano 44, durante uma cerimônia pública.
Herodes Agripa I preocupou-se bastante em não se incompatibilizar com os líderes judaicos. Por isso, foi muito cuidadoso em observar as prescrições da Lei de Moisés (embora essa preocupação tenha sido mais por política do que por convicção: fora do território judaico, Herodes Agripa I vivia à maneira helênica). Foi, provavelmente, com o mesmo objetivo que ele tentou suprimir a “seita cristã”, mandando executar Tiago e prendendo Pedro.
Este Tiago de que se fala no nosso texto é o filho de Zebedeu, irmão de João. Tiago era, com toda a certeza, um pregador ativo do Evangelho de Jesus e um membro importante da comunidade cristã de Jerusalém. Com esta morte violenta, Tiago “bebeu do mesmo cálice”, conforme lhe foi anunciado pelo próprio Jesus (cf. Mc 10,38). Estamos no ano 42.
Esta perseguição atingiu também outros membros da comunidade cristã de Jerusalém. O próprio Pedro foi preso, neste contexto, embora tenha sido, posteriormente, libertado. Os dados avançados por Lucas – no texto que nos é hoje proposto – sobre a prodigiosa libertação de Pedro não devem ser rigorosamente históricos; mas devem ser, sobretudo, uma catequese sobre a forma como Deus cuida da sua Igreja e dos discípulos que dão testemunho da salvação.

No Livro dos Atos dos Apóstolos, Lucas procura mostrar como o plano salvador de Deus para os homens continua a cumprir-se, mesmo depois da partida de Jesus para junto do Pai. Os discípulos de Jesus são agora, no meio do mundo, as testemunhas desse projeto de libertação que Deus ofereceu aos homens através de Jesus Cristo.
Como é que o mundo acolhe o testemunho dos discípulos? Deus deixa as testemunhas do seu projeto de salvação entregues à sua sorte, à mercê da perseguição e da incompreensão do mundo? O texto que nos é proposto como primeira leitura procura responder a estas questões.
1. Os elementos históricos avançados por Lucas sobre a morte de Tiago e a prisão de Pedro, no contexto da perseguição contra a Igreja durante o reinado de Herodes Agripa I (vers. 1-4), mostram como o testemunho do projeto libertador de Deus no mundo gera sempre confronto com as forças da opressão e da morte. Trata-se de uma realidade que não deve deixar os discípulos surpreendidos, pois o próprio Jesus teve que percorrer o caminho da cruz (a indicação de que Pedro foi preso no dia dos Ázimos e, portanto, muito próximo do dia de Páscoa, pode sugerir uma correspondência com a Páscoa de Jesus: o caminho que Pedro está a seguir é o mesmo caminho do Mestre). Por outro lado, a oposição do mundo não pode nem deve calar o testemunho que os discípulos são chamados a dar.
2. Enquanto Pedro estava na prisão, a Igreja orava por ele (vers. 5). A indicação mostra uma comunidade cristã unida, em que os crentes estão próximos e solidários, apesar da distância e das grades da prisão. Por outro lado, o fato de a libertação de Pedro acontecer enquanto a Igreja “orava instantemente a Deus por ele” mostra como Deus escuta a oração da comunidade.
3. A maravilhosa história da libertação de Pedro (vers. 6-11) mostra a presença efetiva de Deus na caminhada da sua Igreja e a solicitude com que Deus cuida daqueles que dão testemunho do seu projeto de salvação no meio dos homens. O relato está construído com elementos maravilhosos e prodigiosos que não são, certamente, de caráter histórico (o aparecimento do “anjo do Senhor”, a luz que iluminou a cela da cadeia, a passagem pelos guardas sem que nenhum deles se tivesse apercebido da fuga do prisioneiro, a abertura milagrosa da porta da prisão); mas pretendem sublinhar a presença de Deus e apor no testemunho dos apóstolos o “selo de garantia” de Deus. Não há dúvida: Deus está com os apóstolos e, diante da oposição do mundo, garante a autenticidade da proposta apresentada por eles.

ATUALIZAÇÃO

• Como cenário de fundo da nossa primeira leitura, está o fato de a comunidade cristã (aqui representada por Pedro) ser uma comunidade que tem como missão dar testemunho do projeto libertador de Deus no meio dos homens. A Igreja que nasce de Jesus não é uma comunidade fechada em si própria, ou que vive apenas de olhos postos no céu à espera que Deus, de forma mágica, renove o mundo; mas é uma comunidade comprometida com a transformação do mundo, que testemunha – com palavras e com gestos concretos – os valores de Jesus, do Evangelho e do mundo novo.

• O nosso texto mostra que o anúncio da proposta de salvação que Deus faz aos homens gera sempre oposição. Essa oposição vem, especialmente, daqueles que querem perpetuar os mecanismos de exploração, de injustiça, de morte; mas também pode vir de quem está comodamente instalado na escravidão e não tem a coragem de questionar as cadeias que o prendem… Em qualquer caso, a oposição traduz-se sempre em atitudes de incompreensão, de desrespeito, ou mesmo de perseguição declarada. Uma Igreja que procura ser fiel ao mandato de Jesus e testemunhar a libertação de Deus ver-se-á sempre confrontada com esta realidade. Todos nós, discípulos de Jesus, chamados a testemunhar a vida de Deus na sociedade, no nosso local de trabalho, na nossa família, conhecemos a oposição, as calúnias, os sarcasmos, a dificuldade em que levem a sério o nosso testemunho... Tal fato não deve preocupar-nos demasiado: é a reação lógica do mundo quando se sente questionado pelos valores de Jesus. Para nós, o que é importante é afirmar, com sinceridade e verticalidade, os valores em que acreditamos.

• A história de Pedro que hoje nos é proposta garante-nos que, nos momentos de perseguição e de oposição, o nosso Deus não nos abandona. Ele será sempre uma presença reconfortante e libertadora ao nosso lado, dando-nos a coragem para continuarmos a nossa missão e para darmos testemunho dos valores do Reino. O cristão não tem medo porque sabe que Deus está com ele e que, por isso, nenhum mal lhe acontecerá.

• A nossa história sugere também a importância da união e da solidariedade da comunidade, sobretudo para com os irmãos que estão longe ou que estão em situações dramáticas de sofrimento. A oração é uma forma de manifestar essa solidariedade e a comunhão que deve unir todos os irmãos, membros da mesma família de fé.


SALMO RESPONSORIAL – Salmo 33 (34)

Refrão: O Senhor libertou-me de todos os meus temores.

A toda a hora bendirei o Senhor,
o Seu louvor está sempre na minha boca.
A minha alma gloria-se no Senhor;
ouçam e alegrem-se os humildes.

Enaltecei comigo ao Senhor,
e exaltemos juntos o Seu nome.
Procurei o Senhor, e Ele atendeu-me;
libertou-me de todos os meus temores.

Voltai-vos para Ele e ficareis radiantes:
vossos rostos não se hão-de cobrir de vergonha.
Este pobre clamou, o Senhor o ouviu,
salvou-o de todas as angústias.

O anjo do Senhor protege os que O temem
e defende-os dos perigos.
Provai e vede como o Senhor é bom;
feliz o homem que n’Ele se refugia.


LEITURA II – 2 Timóteo 4,6-8.17-18


O Timóteo destinatário desta carta é um cristão nascido em Listra (Ásia Menor), de pai grego e de mãe judeo-cristã. A partir de certa altura, tornou-se um companheiro inseparável de Paulo; foi a ele que Paulo confiou importantes missões e a quem encarregou da responsabilidade pastoral das Igrejas da Ásia Menor. Segundo a tradição, foi o primeiro bispo da comunidade cristã de Éfeso.
É muito duvidoso que seja Paulo o autor desta carta: a linguagem, o estilo e mesmo a doutrina apresentam diferenças consideráveis em relação a outras cartas paulinas; além disso, o contexto eclesial em que esta carta nos situa é mais do final do séc. I ou princípios do séc. II do que da época de Paulo (o grande problema destas cartas já não é o anunciar o Evangelho, mas o “conservar a fé”, frente aos falsos mestres que se infiltram nas comunidades e que ensinam falsas doutrinas).
De qualquer forma, quem escreve a carta refere-se à vida de Paulo como uma vida integralmente preenchida pelo amor a Jesus Cristo e ao seu Evangelho. Estamos numa época em que as comunidades cristãs se debatiam com as perseguições organizadas, a falta de entusiasmo dos crentes e as falsas doutrinas… Ao recordar, desta forma, o exemplo de Paulo, o autor desta carta pretende convidar os crentes em geral (e os animadores das comunidades, em particular) a redescobrirem o entusiasmo por Jesus e pelo testemunho da Boa Nova libertadora que Jesus veio propor aos homens.

O autor da carta apresenta-se na pele de Paulo, prisioneiro em Roma; e, nessa pele, faz um balanço final da sua vida e da sua entrega ao serviço do Evangelho.
A vida de Paulo foi, desde o seu encontro com Cristo ressuscitado na estrada de Damasco, uma resposta generosa ao chamamento e um compromisso total com o Evangelho. Por Cristo e pelo Evangelho, Paulo lutou, sofreu, gastou e desgastou a sua vida num dom total, para que a salvação de Deus chegasse a todos os povos da terra. No final, ele sente-se como um atleta que lutou até ao fim para vencer e está satisfeito com a sua prestação. Resta-lhe receber essa coroa de glória, reservada aos atletas vencedores (e que Paulo sabe não estar reservada apenas a ele, mas também a todos aqueles que lutam com o mesmo denodo e o mesmo entusiasmo pela causa do “Reino”).
Para definir a sua vida como dom total a Deus e aos irmãos, Paulo utiliza aqui uma imagem bem sugestiva: a imagem da vítima imolada em sacrifício. Paulo fez da sua vida um dom total, ao serviço do Evangelho; a sua entrega foi um sacrifício cultual a Deus. Agora, para que o sacrifício seja total, só resta coroar a sua entrega com o dom do seu sangue… A referência à oferta “em libação” faz referência aos sacrifícios em que se vertia o vinho sobre o altar, imediatamente antes de ser imolada a vítima sacrifical.
Há duas maneiras de dar a vida por Cristo: uma é gastá-la dia a dia na tarefa de levar a libertação que Cristo veio propor a todos os povos da terra; outra é derramar, de uma vez, o sangue por causa da fé e do testemunho de Cristo… Paulo conheceu as duas modalidades; imitar Paulo é um desafio que o autor da carta a Timóteo faz aos discípulos do seu tempo e de todos os tempos.
Na segunda parte do nosso texto (vers. 16-18), o autor desta carta põe na boca de Paulo o lamento desiludido de um homem cansado que, apesar de ter oferecido a sua vida como dom aos irmãos se sente, no final, votado ao abandono e à solidão… Mas, apesar de tudo, Paulo tem consciência de que Deus esteve a seu lado ao longo da sua caminhada, lhe deu a força de enfrentar as dificuldades, o livrou de todo o mal e lhe dará, no final da caminhada, a vida definitiva. Daí o louvor com que Paulo termina: “glória a Ele por todo o sempre. Amém”. É esta a atitude que o autor da carta pede aos seus irmãos: apesar do desânimo, do sofrimento, da tribulação, descubram a presença de Deus, confiem na sua força, mantenham-se fiéis ao Evangelho: assim recebereis, sem dúvida, a salvação definitiva que Deus reserva a quem combateu o bom combate da fé.

ATUALIZAÇÃO

• Paulo foi uma das figuras que marcou, de forma decisiva, a história do cristianismo. Ao olharmos para o seu exemplo, impressiona-nos como o encontro com Cristo marcou a sua vida de forma tão decisiva; espanta-nos como ele se identificou totalmente com Cristo; interpela-nos a forma entusiasmada e convicta como ele anunciou o Evangelho em todo o mundo antigo, sem nunca vacilar perante as dificuldades, os perigos, a tortura, a prisão, a morte; questiona-nos a forma como ele quis viver ao jeito de Cristo, num dom total aos irmãos, ao serviço da libertação de todos os homens. Paulo é, verdadeiramente, um modelo e um testemunho que deve interpelar, desafiar e inspirar cada crente.

• O caminho que Paulo percorreu continua a não ser um caminho fácil. Hoje, como ontem, descobrir Jesus e viver de forma coerente o compromisso cristão implica percorrer um caminho de renúncia a valores a que os homens dos nossos dias dão uma importância fundamental; implica ser incompreendido e, algumas vezes, maltratado; implica ser olhado com desconfiança e, algumas vezes, com comiseração… Contudo, à luz do testemunho de Paulo, o caminho cristão vivido com radicalidade é um caminho que vale a pena, pois conduz à vida plena. Concordo? É este o caminho que eu me esforço por percorrer?

• Convém ter sempre presente esse dado fundamental que deu sentido às apostas de Paulo: aquele que escolhe Cristo não está só, ainda que tenha sido abandonado e traído por amigos e conhecidos; o Senhor está a seu lado, dá-lhe força, anima-o e livra-o de todo o mal. Animados por esta certeza, temos medo de quê?


ALELUIA – Mt 16,18

Aleluia. Aleluia.

Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja
a as portas do inferno não prevalecerão contra ela.


EVANGELHO – Mateus 16,13-19

O Evangelho deste domingo situa-nos no Norte da Galileia, perto das nascentes do rio Jordão, em Cesareia de Filipe (na zona da atual Bânias). A cidade tinha sido construída por Herodes Filipe (filho de Herodes o Grande) no ano 2 ou 3 a.C., em honra do imperador Augusto.
O episódio que nos é proposto ocupa um lugar central no Evangelho de Mateus. Aparece num momento de viragem, quando começa a perfilar-se no horizonte de Jesus um destino de cruz. Depois do êxito inicial do seu ministério, Jesus experimenta a oposição dos líderes e um certo desinteresse por parte do Povo. A sua proposta do Reino não é acolhida senão por um pequeno grupo – o grupo dos discípulos.
É, então, que Jesus dirige aos discípulos uma série de perguntas sobre Si próprio. Não se trata, tanto, de medir a sua quota de popularidade; trata-se, sobretudo, de tornar as coisas mais claras para os discípulos e confirmá-los na sua opção de seguir Jesus e de apostar no Reino.
O relato de Mateus é um pouco diferente do relato do mesmo episódio feito por outros evangelistas (nomeadamente Marcos – cf. Mc 8,27-30). Mateus remodelou e ampliou o texto de Marcos, acrescentando a afirmação de que Jesus é o Filho de Deus e a missão confiada a Pedro.

O nosso texto pode dividir-se em duas partes. A primeira, de caráter mais cristológico, centra-se em Jesus e na definição da sua identidade. A segunda, de caráter mais eclesiológico, centra-se na Igreja, que Jesus convoca à volta de Pedro.
Na primeira parte (vers. 13-16), Jesus interroga duplamente os discípulos: acerca do que as pessoas dizem d’Ele e acerca do que os próprios discípulos pensam.
A opinião dos “homens” vê Jesus em continuidade com o passado (“João Baptista”, “Elias”, “Jeremias” ou “algum dos profetas”). Não captam a condição única de Jesus, a sua novidade, a sua originalidade. Reconhecem, apenas, que Jesus é um homem convocado por Deus e enviado ao mundo com uma missão – como os profetas do Antigo Testamento… Mas não vão além disso. Na perspectiva dos “homens”, Jesus é, apenas, um homem bom, justo, generoso, que escutou os apelos de Deus e que Se esforçou por ser um sinal vivo de Deus, como tantos outros homens antes d’Ele (vers. 13-14). É muito, mas não é o suficiente: significa que os “homens” não entenderam a novidade do Messias, nem a profundidade do mistério de Jesus.
A opinião dos discípulos acerca de Jesus vai muito além da opinião comum. Pedro, porta-voz da comunidade dos discípulos, resume o sentir da comunidade do Reino na expressão: “Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo” (vers. 16). Nestes dois títulos, resume-se a fé da Igreja de Mateus e a catequese aí feita sobre Jesus. Dizer que Jesus é “o Cristo” (Messias) significa dizer que Ele é esse libertador que Israel esperava, enviado por Deus para libertar o seu Povo e para lhe oferecer a salvação definitiva. No entanto, para os membros da comunidade do Reino, Jesus não é apenas o Messias: é também o “Filho de Deus”. No Antigo Testamento, a expressão “Filho de Deus” é aplicada aos anjos (cf. Dt 32,8; Sal 29,1; 89,7; Job 1,6), ao Povo eleito (cf. Ex 4,22; Os 11,1; Jer 3,19), aos vários membros do Povo de Deus (cf. Dt 14,1-2; Is 1,2; 30,1.9; Jer 3,14), ao rei (cf. 2 Sm 7,14) e ao Messias/rei da linhagem de David (cf. Sal 2,7; 89,27). Designa a condição de alguém que tem uma relação particular com Deus, a quem Deus elegeu e a quem Deus confiou uma missão. Definir Jesus como o “Filho de Deus” significa, não só que Ele recebe vida de Deus, mas que vive em total comunhão com Deus, que desenvolve com Deus uma relação de profunda intimidade e que Deus Lhe confiou uma missão única para a salvação dos homens; significa reconhecer a profunda unidade e intimidade entre Jesus e o Pai e que Jesus conhece e realiza os projetos do Pai no meio dos homens. Os discípulos são convidados a entender dessa forma o mistério de Jesus.
Na segunda parte (vers. 17-19), temos a resposta de Jesus à confissão de fé da comunidade dos discípulos, apresentada pela voz de Pedro. Jesus começa por felicitar Pedro (isto é, a comunidade) pela clareza da fé que o anima. No entanto, essa fé não é mérito de Pedro, mas um dom de Deus (“não foram a carne e o sangue que to revelaram, mas sim o meu Pai que está nos céus” – vers. 17). Pedro (os discípulos) pertence a essa categoria dos “pobres”, dos “simples”, abertos à novidade de Deus, que têm um coração disponível para acolher os dons e as propostas de Deus (esses “pobres” e “simples” estão em contraposição com os líderes – fariseus, doutores da Lei, escribas – instalados nas suas certezas, seguranças e preconceitos, incapazes de abrir o coração aos desafios de Deus).
O que é que significa Jesus dizer a Pedro que ele é “a rocha” (o nome “Pedro” é a tradução grega do hebraico “Kephâ” – “rocha”) sobre a qual a Igreja de Jesus vai ser construída? As palavras de Jesus têm de ser vistas no contexto da confissão de fé precedente. Mateus está, portanto, a afirmar que a base firme e inamovível, sobre a qual vai assentar a Ekklesia de Jesus é a fé que Pedro e a comunidade dos discípulos professam: a fé em Jesus como o Messias, Filho de Deus vivo.
Para que seja possível a Pedro testemunhar que Jesus é o Messias Filho de Deus e edificar a comunidade do Reino, Jesus promete-lhe “as chaves do Reino dos céus” e o poder de “ligar e desligar”. Aquele que detém as chaves, no mundo bíblico, é o “administrador do palácio”… Ora o “administrador do palácio”, entre outras coisas, administrava os bens do soberano, fixava o horário da abertura e do fechamento das portas do palácio e definia quais os visitantes a introduzir junto do soberano… Por outro lado, a expressão “atar e desatar” designava, entre os judeus da época, o poder para interpretar a Lei com autoridade, para declarar o que era ou não permitido, para excluir ou reintroduzir alguém na comunidade do Povo de Deus. Assim, Jesus nomeia Pedro para “administrador” e supervisor da Igreja, com autoridade para interpretar as palavras de Jesus, para adaptar os ensinamentos de Jesus a novas necessidades e situações, e para acolher ou não novos membros na comunidade dos discípulos do Reino (atenção: todos são chamados por Deus a integrar a comunidade do Reino; mas aqueles que não estão dispostos a aderir às propostas de Jesus não podem aí ser admitidos).
Trata-se, aqui, de confiar a um homem (Pedro) um primado, um papel de liderança absoluta (o poder das chaves, o poder de ligar e desligar) da comunidade dos discípulos? Ou Pedro é, aqui, um discípulo que dá voz a todos aqueles que acreditam em Jesus e que representa a comunidade dos discípulos? É difícil, a partir deste texto, fazer afirmações concludentes e definitivas. O poder de “ligar e desligar”, por exemplo, aparece noutro contexto, confiado à totalidade da comunidade e não a Pedro em exclusivo (cf. Mt 18,18). Provavelmente, o mais correcto é ver em Pedro o protótipo do discípulo; nele, está representada essa comunidade que se reúne em volta de Jesus e que proclama a sua fé em Jesus como o “Messias” e o “Filho de Deus”. É a essa comunidade, representada por Pedro, que Jesus confia as chaves do Reino e o poder de acolher ou excluir. Isso não invalida que Pedro fosse uma figura de referência para os primeiros cristãos e que desempenhasse um papel de primeiro plano na animação da Igreja nascente, sobretudo nas comunidades da Síria (as comunidades a que o Evangelho de Mateus se destina).

ATUALIZAÇÃO

• Quem é Jesus? O que é que “os homens” dizem de Jesus? Muitos dos nossos conterrâneos vêem em Jesus um homem bom, generoso, atento aos sofrimentos dos outros, que sonhou com um mundo diferente; outros vêem em Jesus um admirável “mestre” de moral, que tinha uma proposta de vida “interessante”, mas que não conseguiu impor os seus valores; alguns vêem em Jesus um admirável condutor de massas, que acendeu a esperança nos corações das multidões carentes e órfãs, mas que passou de moda quando as multidões deixaram de se interessar pelo fenômeno; outros, ainda, vêem em Jesus um revolucionário, ingênuo e inconsequente, preocupado em construir uma sociedade mais justa e mais livre, que procurou promover os pobres e os marginais e que foi eliminado pelos poderosos, preocupados em manter o “statu quo”. Estas visões apresentam Jesus como “um homem” – embora “um homem” excepcional, que marcou a história e deixou uma recordação imorredoura. Jesus foi, apenas, um “homem” que deixou a sua pegada na história, como tantos outros que a história absorveu e digeriu?

• Para os discípulos, Jesus foi bem mais do que “um homem”. Ele foi e é “o Messias, o Filho de Deus vivo”. Definir Jesus dessa forma significa reconhecer em Jesus o Deus que o Pai enviou ao mundo com uma proposta de salvação e de vida plena, destinada a todos os homens. A proposta que Ele apresentou não é, apenas, uma proposta de “um homem” bom, generoso, clarividente, que podemos admirar de longe e aceitar ou não; mas é uma proposta de Deus, destinada a tornar cada homem ou cada mulher uma pessoa nova, capaz de caminhar ao encontro de Deus e de chegar à vida plena da felicidade sem fim. A diferença entre o “homem bom” e o “Messias, Filho de Deus”, é a diferença entre alguém a quem admiramos e que é igual a nós, e alguém que nos transforma, que nos renova e que nos encaminha para a vida eterna e verdadeira.

• “E vós, quem dizeis que Eu sou?” É uma pergunta que deve, de forma constante, ecoar nos nossos ouvidos e no nosso coração. Responder a esta questão não significa papaguear lições de catequese ou tratados de teologia, mas sim interrogar o nosso coração e tentar perceber qual é o lugar que Cristo ocupa na nossa existência… Responder a esta questão obriga-nos a pensar no significado que Cristo tem na nossa vida, na atenção que damos às suas propostas, na importância que os seus valores assumem nas nossas opções, no esforço que fazemos ou que não fazemos para O seguir… Quem é Cristo para mim?

• É sobre a fé dos discípulos (isto é, sobre a sua adesão ao Cristo libertador e salvador, que veio do Pai ao encontro dos homens com uma proposta de vida eterna e verdadeira) que se constrói a Igreja de Jesus. O que é a Igreja? O nosso texto responde de forma clara: é a comunidade dos discípulos que reconhecem Jesus como “o Messias, o Filho de Deus”. Que lugar ocupa Jesus na nossa experiência de caminhada em Igreja? Porque é que estamos na Igreja: é por causa de Jesus Cristo, ou é por outras causas (tradição, inércia, promoção pessoal…)?

• A Igreja de Jesus não existe, no entanto, para ficar a olhar para o céu, numa contemplação estéril e inconsequente do “Messias, Filho de Deus”; mas existe para O testemunhar e para levar a cada homem e a cada mulher a proposta de salvação que Cristo veio oferecer. Temos consciência desta dimensão “profética” e missionária da Igreja? Os homens e as mulheres com quem contatamos no dia a dia – em casa, no emprego, na escola, na rua, no prédio, nos acontecimentos sociais – recebem de nós este anúncio e este convite a integrar a comunidade da salvação?

• A comunidade dos discípulos é uma comunidade organizada e estruturada, onde existem pessoas que presidem e que desempenham o serviço da autoridade. Essa autoridade não é, no entanto, absoluta; mas é uma autoridade que deve, constantemente, ser amor e serviço. Sobretudo, é uma autoridade que deve procurar discernir, em cada momento, as propostas de Cristo e a interpelação que Ele lança aos discípulos e a todos os homens.
Estes mártires deram testemunho do que viram.

O dia de hoje é para nós dia sagrado, porque nele celebramos o martírio dos apóstolos São Pedro e São Paulo. Não falamos de mártires desconhecidos. A sua voz ressoou por toda a terra e a sua palavra até aos confins do mundo. 
Estes mártires deram testemunho do que tinham visto: seguiram a justiça, proclamaram a verdade, morreram pela verdade.
São Pedro é o primeiro dos Apóstolos, ardentemente apaixonado por Cristo, aquele que mereceu ouvir estas palavras: E Eu te digo que tu és Pedro. Antes dissera ele: Tu és Cristo, o Filho de Deus vivo. E Cristo respondeu-lhe: E Eu te digo que tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja. Sobre esta pedra edificarei Eu a mesma fé de que tu dás testemunho. Sobre a mesma afirmação que tu fizeste: Tu és Cristo, o Filho de Deus vivo, edificarei Eu a minha Igreja. 
Porque tu és Pedro. «Pedro» vem de «pedra»; não é «pedra» que vem de «Pedro». «Pedro» vem de «pedra», como «cristão» vem de «Cristo».
O Senhor Jesus, antes da sua paixão, escolheu, como sabeis, os discípulos a quem chamou Apóstolos. Entre estes, só Pedro mereceu representar em toda a parte a personalidade da Igreja inteira. Porque sozinho representava a Igreja inteira, mereceu ouvir estas palavras: Dar-te-ei as chaves do reino dos Céus. Na verdade, quem recebeu estas chaves não foi um único homem, mas a Igreja única. 
Assim se manifesta a superioridade de Pedro, porque ele representava a universalidade e unidade da Igreja, quando lhe foi dito: Dar-te-ei. Era-lhe atribuído nominalmente o que a todos foi dado. Com efeito, para que saibais que a Igreja recebeu as chaves do reino dos Céus, ouvi o que o Senhor diz noutro lugar a todos os seus Apóstolos: Recebei o Espírito Santo. 
E logo a seguir: Àqueles a quem perdoardes os pecados ser-lhes-ão perdoados; àqueles a quem os retiverdes ser-lhes-ão retidos.
No mesmo sentido, também depois da ressurreição, o Senhor confiou a Pedro o cuidado de apascentar as suas ovelhas. 
Na verdade, não foi só ele, entre os discípulos, que recebeu a missão de apascentar as ovelhas do Senhor. Mas, referindo-se Cristo a um só, quis insistir na unidade da Igreja. E dirigiu-se a Pedro, de preferência aos outros, porque entre os Apóstolos, Pedro é o primeiro.
Não estejas triste, ó Apóstolo. Responde uma vez, responde outra vez, responde pela terceira vez. Vença por três vezes a tua profissão de amor, já que três vezes o temor venceu a tua presunção. Tens de soltar por três vezes o que por três vezes ligaste. Solta por amor o que ligaste pelo temor. E assim, uma vez e outra vez e pela terceira vez, o Senhor confiou a Pedro as suas ovelhas.
Num só dia celebramos o martírio dos dois Apóstolos. 
Na realidade, os dois eram como um só; embora tenham sido martirizados em dias diferentes, deram o mesmo testemunho. 
Pedro foi à frente; seguiu-o Paulo. 
Celebramos a festa deste dia para nós consagrado com o sangue dos dois Apóstolos. 
Amemos e imitemos a sua fé e a sua vida, os seus trabalhos e sofrimentos, o testemunho que deram e a doutrina que pregaram.

Dos sermões de Santo Agostinho, bispo
(Sermão 295, 1-2.4.7-8: PL 38, 1348-1352) (Sec. V)




A PALAVRA DE DEUS É VERDADE

Nada é mais consistente do que a Verdade.
Ela prevalece sobre todas as outras coisas.
Por mais que seja negada, por mais que seja deturpada, ela se faz presente em nossa vida.
Ela tranquiliza o coração do justo e aterroriza o coração do errante.
A Palavra de Deus pode até não ser aceita, mas ninguém a pode negar.
Se quisermos estar sempre na Verdade, estejamos sempre com A Palavra.
"Através da Palavra, Jesus se revela e desvenda para nós os mistérios da Trindade". (Chiara Lubich)

 Com a minha benção
Pe. Emílio Carlos +


A cura da nossa lepra” 
Mateus 8, 1-4

Hoje também Jesus continua estendendo a mão para nos tocar e curar as nossas impurezas purificando a nossa alma dos males que nos afetam. 
Hoje também, como aquele leproso nós podemos nos dirigir a ele e pedir que cure a nossa lepra “Senhor, se queres, tu tens poder de me purificar”.  
Ele está sempre atento às nossas necessidades e, com certeza, conhece todas as nossas carências,  tem um plano para realizar na nossa vida e na hora devida atenderá às nossas reivindicações. A vontade de Deus para nós é sempre o bem e a felicidade e, com efeito, sempre irá querer para nós tudo o que nos fará felizes. 
A lepra representa o pecado que nos desarmoniza com Deus, conosco e também com o nosso próximo. Deus nos perdoa de acordo com o nosso coração, mas é preciso que demos o testemunho indo cumprir o que Jesus mandou: “ mas vai mostrar-te ao sacerdote….” 
Em primeiro lugar o Senhor nos deseja purificar e extirpar de nós a raiz do nosso pecado. Na medida em que  nos humilhamos e pedimos confiantes  a cura do nosso coração Deus também vai realizando em nós uma obra de purificação. 
O ir ao sacerdote é uma forma de expressar humildade e obediência à palavra do Senhor confessando as nossas faltas e reconhecendo o nosso estado de pecador. 
  • – O que você entende por: vai mostrar-te ao sacerdote? 
  • – Para você o que significa a confissão dos pecados? 
  • - Você acha que precisa humilhar-se diante de Deus e dos homens para conseguir alguma coisa?


 “Que se prenda a minha língua ao céu da boca, se de ti, Jerusalém, eu me esquecer!”
 Salmo – 136

O salmo retrata a lamentação do povo de Israel que sentia na carne o tempo que perdera  e, agora, voltava  o seu coração para o Senhor e para a terra que lhe havia sido tirada.
Assim, em terra estrangeira o povo lamentava:   “ junto aos rios da Babilônia nos sentávamos chorando com saudades de Sião.”
Será que isto também acontece conosco? Quantas vezes temos tudo nas mãos, e não damos o devido valor ao que possuímos.
Só quando perdemos é que temos a consciência de que tudo que antes nós não valorizávamos é o que hoje tem realmente valor para nós.
Todavia todas as coisas que nos acontecem, têm um sentido diante do plano do Senhor. Deus espera pela nossa oração, pelo nosso pedido.
Ele sabe que precisamos de humildade para caminhar   e ser  como Ele, perfeitos e santos.


 “Tempo de cativeiro”

 2 Reis 25, 1-12

Foi um tempo marcante para o povo de Israel e por mais que eles tentassem fugir do cerco de Nabucodonosor mais ele impunha o seu poderio. 
Jerusalém chega ao extremo da perseguição! O povo já não tinha forças para lutar e Nabucodonosor completava a sua ação levando ao cativeiro quase todo o resto da povoação, deixando apenas os vinhateiros e os agricultores. 
Até o templo de Jerusalém foi incendiado e o palácio do rei foi entregue às chamas e, praticamente, eles perderam tudo. Hoje, para acolher a mensagem desta palavra nós podemos nos colocar no lugar de Jerusalém e refletir sobre os momentos da nossa vida em que somos de alguma forma, acossados (as), perseguidos (as), pelas coisas, pessoas e acontecimentos, que aparentemente exercem influência sobre a nossa sorte. 
Perdemos o que de mais caro possuíamos e ficamos praticamente no nosso corpo.  Porém, como em Jerusalém foram deixados apenas os vinhateiros e os agricultores,  dentro de nós restam também  os nossos dons, os nossos talentos, a capacidade que está inserida na nossa alma e que ninguém pode usurpar.
Mas, principalmente, restam-nos a fé, a esperança e o grande dom de Deus, o Espírito Santo. 
Hoje nós sabemos que o tempo do cativeiro foi um tempo rico para o povo de Israel. 
Por isso, estamos seguros de que crescemos no tempo do exílio quando pomos em prática e testamos a nossa fé e a nossa confiança Naquele que pode derrotar o  “Nabucodonosor” da nossa vida.
  • - Você também já perdeu algo que você não valorizou e que hoje lembra com saudade?
  •  – Como você reage quanto a isto diante do Senhor: com humildade ou com revolta? 
  • – Mesmo assim você tem exercitado os dons que você possui?
  
«Quem dizem os homens que é o Filho do Homem?»

S. Mateus 16,13-19.
Naquele tempo, ao chegar à região de Cesareia de Filipe, Jesus fez a seguinte pergunta aos seus discípulos: «Quem dizem os homens que é o Filho do Homem?»
Eles responderam: «Uns dizem que é João Batista; outros, que é Elias; e outros, que é Jeremias ou algum dos profetas.»

Perguntou-lhes de novo: «E vós, quem dizeis que Eu sou?»
Tomando a palavra, Simão Pedro respondeu: «Tu és o Messias, o Filho de Deus vivo.»
Jesus disse-lhe em resposta: «És feliz, Simão, filho de Jonas, porque não foi a carne nem o sangue que to revelou, mas o meu Pai que está no Céu.
Também Eu te digo: Tu és Pedro, e sobre esta Pedra edificarei a minha Igreja, e as portas do Abismo nada poderão contra ela.
Dar-te ei as chaves do Reino do Céu; tudo o que ligares na terra ficará ligado no Céu e tudo o que desligares na terra será desligado no Céu.»
 
Comentário

«Fiz-me tudo para todos, para salvar alguns a qualquer custo. Não procurando o meu próprio interesse mas o do maior número, a fim de que eles sejam salvos.» (1Cor 9,22; 10,33)

«Os atos dos homens misericordiosos não caem no esquecimento; os bens que deixaram para a sua posteridade permanecerão para sempre» (liturgia latina; Si 44,10-11). Celebramos, bem-amados, o dia do nascimento dos apóstolos Pedro e Paulo; e é conveniente [...] que semelhante morte seja chamada nascimento, uma vez que gera a vida. [...] Eis onde chegam os santos: por essa morte que dá a vida, deixam esta vida que conduz à morte, para chegarem à vida vivificante que está na mão d'Aquele que «tem a vida em Si mesmo», o Pai, como disse Cristo (Jo 5,26). [...]

Há três tipos de homens misericordiosos. 
Os primeiros dão os seus bens [...] para complementar, com o que lhes é supérfluo, a penúria dos outros. [...] 
Os segundos distribuem todos os seus bens e, para eles, daí por diante, [...] tudo fica em comum com os outros. [...]  
Quanto aos terceiros, não somente dão tudo, como também «se dão a si mesmos totalmente» (cf. 2Co 12,15) e entregam-se pessoalmente aos perigos da prisão, do exílio e da morte, para tirar os outros do perigo em que estão a suas almas. 
São pródigos de si mesmos, porque são ávidos dos outros. Receberão a recompensa desse amor: «Ninguém tem mais amor do que quem dá a vida pelos seus amigos» (Jo 15,13). [...] Tais são esses príncipes gloriosos da terra e servidores do céu de quem hoje ─ depois de longas privações «da fome, da sede, do frio e da nudez», de muito duras penas e perigos pelos «seus compatriotas, pagãos e falsos irmãos» (cf 2Co 11,26-27) ─ celebramos a morte magnificamente vitoriosa. A tais homens aplica-se bem esta frase: «Os seus feitos não serão esquecidos», porque eles não se esqueceram da misericórdia. [...] Sim, aos misericordiosos «na partilha foram destinados lugares aprazíveis e é preciosa a herança que lhes coube» (cf Sl 15,6).
 
Isaac de l'Étoile (?-c. 1171), monge cisterciense
Sermão 49, 1º para a festa dos santos Pedro e Paulo; SC 339