Como seus amores são belos,minha irmã, noiva minha. Seus amores são melhores do que o vinho, e mais fino que os outros aromas é o odor dos teus perfumes. Por isso Eu quero consumir meus dias, no seu amor! ══════ ღೋ♡✿♡ღೋ═══════

Ani Ledodi Vedodi Li


Mais do que qualquer outro motivo, esta é a razão pela qual quero fazer deste blog um caminho para amarmos mais a Deus, por isso seu nome: “Ani Ledodi Vedodi Li”

Para você entrar em nossos artigos click nas imagens nas laterais e encontrarás os lincks dos artigos postados.

Deus o Abençõe !

E que possas crescer com nossas postagens.

É algo louvável esconder o segredo dos Reis; mas há glória em publicar as obras de Deus!

A Igreja não tem pressa, porque ela possui a Eternidade. E se todas as outras instituições morrem nesta Terra, a Santa Igreja continua no Céu.

Não existem nem tempos nem lugares sem escolhas.

E eu sei quanto resisto a escolher-te.

"Quando sacralizamos alguém essa pessoa permanece viva para sempre!"

Sacralize cada instante de tua vida amando o Amado e no Amado os amados de Deus !


Pe.Emílio Carlos

sábado, 31 de março de 2018

Sábado-Santo da Espera e da Esperança

                                     “Eles tomaram o corpo de Jesus e o envolveram em panos de linho com aromas...

e o depositaram no sepulcro” (Jo 19,40)

Podemos começar este dia recordando outra experiência muito humana: imaginemos o regresso do enterro de uma pessoa querida, depois de uma longa temporada de lutas e temores, com um tratamento pesado, com momentos de otimismo, momentos de frustração, etc..., até o instante último em que dizemos em nosso interior: “descansou”. Quem não regressou alguma vez do cemitério com esta sensação?

Partindo desta experiência, contemplemos um momento como descem do Gólgota Maria, o discípulo amado e algumas mulheres que estavam junto à Cruz, com a horrível sensação de que tudo acabara. Nós nos identificamos com aquele pequeno grupo que volta triste para casa; nossa vida cristã se situa neste tempo intermédio entre a morte de Jesus e sua posterior ressurreição. Por isso, o teólogo Uns von Balthasar nos diz que a vida cristã precisa de uma boa teologia do Sábado Santo: uma reflexão profunda sobre essa situação que nos constitui: o Senhor se foi e ainda não temos o Ressuscitado...

É preciso aceitar essa ausência, depois de examiná-la em muitos momentos de nossa vida. Mas, ao mesmo tempo é preciso reconstruir a esperança porque sabemos que a Páscoa de amanhã ilumina a Cruz, embora não a elimina. E essa esperança é dupla: é a esperança de uma vitória sobre o mal e a injustiça; é também uma vitória sobre a morte.

Sábado Santo, portanto, é tempo não só de espera mas de esperança, é deixar que o grão de trigo morto comece a dar fruto, é tempo de um inverno que tornará possível as flores da primavera, é tempo de imaginar, de criar, de abrir-se a algo novo e inesperado, de sonhar um mundo melhor e uma Igreja nazarena. O Sábado Santo é ao mesmo tempo sepulcro e mãe, como diziam os Pais da Igreja, ao falar do batismo.

É o sábado para acompanhar Maria meditando em seu coração à espera da Páscoa. É o sábado no qual a Mãe não espera junto ao sepulcro mas em seu coração. Sábado da ausência; é um dia vazio, sentimos que falta algo no mundo; a liturgia guarda silêncio; as igrejas estão fechadas...

Sábado do silêncio; cala a palavra mas fala o coração; cala a palavra mas o coração sente a voz daquele que já está no silêncio do sepulcro. É o silêncio do coração que espera o momento, que escuta o mistério por dentro; é o silêncio do coração que medita e guarda dentro o mistério, que espera a nova palavra pascal. É o sábado das esperanças que começam a verdejar.

Este espaço de silêncio não é de morte senão de vida germinal, é noite que aponta à aurora, são as noites escuras da vida cristã que desembocam na alegria da alvorada; é tempo de fé e de esperança, é momento de semear ainda que não vejamos os resultados, é tempo de crer que o Espírito do Senhor, criador e doador de vida, está fecundando a história e a terra para seu amadurecimento pascal e escatológico, para a terra nova e o céu novo. O Espírito também não abandona os seguidores do Crucificado, dá-lhes vida, porque é o mesmo Espírito que ressuscitou Jesus no meio dos mortos e que se derramou em Pentecostes sobre a Igreja nascente e sobre toda a humanidade.

Abre-se aqui um horizonte de esperança, de justiça, de paz, de cuidado da criação. Por isso se diz com forte convicção que “outro mundo é possível”.

Nós cristãos temos muito que dizer e compartilhar com nossos contemporâneos a respeito da esperança. O cristianismo é esperança, olhar e orientar-se para frente; e é também, por isso mesmo, abertura e transformação do presente. Nossa fé no Deus da história se transforma em esperança: “a fé que mais amo é a esperança” (Charles Péguy). Esta é a herança que temos recebido: o Evangelho da esperança.

A esperança é uma virtude teologal, ou seja, é como uma “patía” (paixão) que se apodera de nós e nos determina. É uma “teopatia” (paixão por Deus) que nos faz participar do amor fiel e dinâmico do Deus da Aliança.

Esta teopatia nos dá a certeza de que Deus cumprirá todas as suas promessas e que o Reino de Deus se realizará. O causante desta teopatia da esperança e o Espírito Santo, derramado em nossos corações, que geme pela manifestação da Glória de Deus, em nós e na criação inteira.

Esta teopatia, dom que é preciso acolher e cultivar, modifica nossas atitudes vitais, eleva nossa tensão, ativa todo nosso ser, elimina nossos medos e nos envolve no compromisso; ela nos faz criativos, inovadores, impacientes antecipadores daquilo que esperamos.

Ao mesmo tempo que é paixão criadora, a teopatia da esperança é paixão-sofrimento. A esperança inclui também uma tremenda dose de sofrimento: foi assim que Jesus experimentou a esperança na sexta-feira santa. É a esperança que grita a Deus e que se atreve a exclamar: “Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste”. Na celebração da Sexta-feira Santa a Igreja se atreve a cantar: “Ave Crux, spes única!”.

O Sábado Santo, ao fazer memória de Jesus no sepulcro, torna-se “memória da esperança”. Por ela, tantos outros a atravessaram anteriormente; nela, experimentaram a distância de Deus e seu maior sofrimento foi, precisamente, essa distancia.

Esta é a esperança que brota da dor do Sábado; esta é a esperança que o Espírito concede àquele que é pobre, que chora, que é perseguido por causa da justiça, que tem limpo o coração, que responde com ternura à violência. É a esperança das bem-aventuranças de Jesus. É a esperança daqueles que sofrem com os outros e pelos outros.

A virtude teologal da esperança tem, portanto, uma face luminosa e outra face escura: é paixão criadora e é paixão-sofrimento. É tensão criativa para o futuro e resistência dolorida diante das contradições do presente. Na vida cristã também experimentamos as duas faces da esperança: sua noite e sua luz.  A esperança – como luz e noite – rejuvenesce a vida cristã. A esperança suscita perguntas, novas perspectivas, lança para frente, abre futuro.

A teopatia da esperança nos leva ao Sábado Santo. O sábado santo foi o dia do silêncio de Deus Pai e o dia da descida de Jesus, morto e sepultado, “aos infernos”. Foi o dia do Espírito Santo que não tinha “onde repousar” e fica como sem alento.

Normalmente o Sábado Santo não merece maior reflexão de nossa parte; acabada a Sexta-feira Santa já pensamos no Domingo da Ressurreição. No entanto, o Sábado Santo reivindica uma intensa experiência.
O Sábado Santo é um dia de penumbra: entre a sombra da Sexta-feira e a luz do Domingo. É o dia da ambiguidade, do luto e da possível boa notícia, da espera e da esperança.

Texto bíblico:  Jo 19,38-42

Na oração: depois de um dia de luto, de silêncio e ausência...  os sinos voltarão a soar, o glória voltará a ser cantado, o aleluia ressoará pelos espaços. Em meio às sombras da noite, o Círio Pascal começará a iluminar. E cada um de nós poderá acender em sua chama a vela de nossas vidas.

Com voz forte, gritaremos: “Ressuscitou!” e tudo ressuscitará em nós. É a alegria pascal. Novamente a primavera se fará presente em nossos corações ; o que parecia ausência, agora se fará presença; o que parecia fracasso, agora se fará esperança; o que parecia morte, agora se fará vida; o que parecia ser o final de tudo, agora tudo se fará começo.

MEDITAÇÃO SABADO SANTO:





UTILIDADE DA DESCIDA DE CRISTO AOS INFERNOS.

Da descida de Cristo aos infernos podemos tirar quatro ensinamentos para nossa instrução.

1. — Primeiro, uma firme esperança em Deus, pois quando quer que o homem esteja em aflição, deve sempre esperar do auxílio divino e nele confiar. Nada há de mais sério do que cair no inferno. Se portanto Cristo libertou os que estavam nos infernos, cada um, se é de fato amigo de Deus, deve muito confiar para que Ele o liberte de qualquer angústia. Lê-se: "Esta (isto é, a sabedoria) não abandonou o justo que foi vencido (...) desceu com ele na fossa, e na prisão o não abandonou" (Sb 10, 13-14). Como Deus auxilia aos seus servos de um modo todo especial, aquele que O serve deve estar sempre muito seguro. Lê-se: "O que teme ao Senhor por nada trepidará e nada temerá por que Ele é a sua esperança" (Ecl 39, 16).

2. — Segundo, devemos despertar em nós o temor, e de nós afastar a presunção. Pois, apesar de Cristo ter suportado a paixão pelos pecadores, e ter descido aos infernos, não libertou a todos, mas somente àqueles que estavam sem pecado mortal, como acima foi dito. Aqueles que morreram em pecado mortal, deixou-os abandonados. Por isso, ninguém que desça de lá com pecado mortal espere perdão. Mas ficarão no inferno o tempo em que os Santos Patriarcas estiverem no Paraíso, isto é, para toda a eternidade. Lê-se em São Mateus: "Irão os malditos para o suplício eterno, os justos, porém, para o Paraíso" (Mt 25, 46).

3. —Terceiro, devemos viver atentos, porque se Cristo desceu aos infernos para a nossa salvação, também nós devemos com solicitude lá descer em espírito, meditando sobre às penas nele existentes, imitando o Santo Ezequias, que dizia: "Irão os malditos para o suplício eterno, os justos, porém, para o Paraíso" (Is 38, 10). Desse modo, aquele que em vida vai lá pela meditação, não descerá facilmente para o inferno na morte, porque essa meditação afasta do pecado. Aos vermos como os homens deste mundo evitam as más ações por temor das penas temporais, como não deveriam eles muito mais se resguardarem do pecado por causa das penas do inferno, que são muito mais longas, mais cruéis e mais numerosas? Eis porque lê-se nas Escrituras: "Lembra-te dos teus últimos dias, e não pecarás para sempre" (Ecl 7, 40). 


4. — O quarto ensinamento tirado da descida de Cristo aos infernos, é nos ter Ele oferecido um exemplo de amor. Cristo desceu aos infernos para libertar os seus. Devemos também nós lá descer pela meditação, para auxiliar os nossos. Eles, por si mesmos, nada podem conseguir. Nós é que devemos ir em socorro dos que estão no purgatório. Se alguém não quisesse socorrer um ente querido que estivesse na prisão, como isso nos pareceria cruel! No entanto, seria muito mais cruel aquele que não viesse em socorro do amigo que está no purgatório, pois não há comparação entre as penas deste mundo e aquelas. Lê-se a esse respeito: "Tende piedade de mim, tende piedade de mim, pelo menos vós, ó meus amigos, porque a mão de Deus me socorre" (Jo 19, 21). —

"É santo e salutar o pensamento de orar pelos defuntos para que sejam livres dos pecados" (Mc 19, 46). São auxiliados os que estão no purgatório principalmente por três atos, conforme disse Agostinho: pelas Missas, pelas orações e pelas esmolas.

Gregório acrescenta um quarto: o jejum. Não deve causar admiração que assim seja, porque também neste mundo o amigo pode satisfazer pelo amigo.
A mesma coisa acontece com os que estão no purgatório.

sexta-feira, 30 de março de 2018

A morte de Nosso Senhor!

Uma meditação que todos devem fazer na Sexta-feira Santa. 

 

Sexta-Feira Santa! O dia da Morte de Cristo.
Sexta-Feira Santa! O dia da Morte de Cristo.

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“O povo judaico gemia porque o Messias não vinha. Mas quando veio, se pôs a persegui-Lo. Ele praticou milagres, entusiasmou o povo.
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A
classe sacerdotal, a classe alta política, teve medo: ‘Quem é este homem que leva atrás de Si as multidões? 


O que restará do nosso poder? 
Ele é perigoso para nós!’.

A perseguição começou à maneira muito moderna: por uma guerra de calúnias e perguntas retorcidas, cheias de ciladas, montadas nos laboratórios da insinceridade.

A resposta divina era simples, direta, luminosa e pulverizadora!

Pôncio Pilatos só O condenou devido a uma jogada política dos sacerdotes. Disseram eles:‘Se tu não condenares Cristo à morte, tu não és amigo de César!’ (Jo 19,12).
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E Pilatos, mole e de maneira vil, diante da ideia de perder o cargo de governador da Judéia, mandou matá-Lo.
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Pilatos começou parlamentando com a populaça, e propôs: ‘Quem desejais que seja solto: Jesus ou Barrabás?’ (Mt 27,17). 

Barrabás era o chefe de um bando sedicioso.

Era o pináculo da infâmia e do malfazejo. 

Jesus era símbolo da dignidade do povo judeu. 

Ele era o descendente de David, a figura mais eminente do Antigo Testamento.

Nosso Senhor após sua flagelação ficou com o corpo todo dilacerado.

Só tinha passado pela Terra fazendo o bem.
Pilatos, sempre centrista, achou que os judeus não seriam tão maus que chegassem a preferir Barrabás a Jesus.

Ele não compreendia que, quando os homens não seguem a Jesus, escolhem quase necessariamente Barrabás.

A primeira e a maior revolução de todos os tempos explodiu na Semana Santa.

A revolução é, por definição, uma revolta dos que devem estar em baixo, e devem amar e obedecer aqueles que estão acima.
Nosso Senhor possuía todos os graus possíveis de superioridade sobre todo o gênero humano.
A missão dos judeus era reconhecê-Lo como Homem-Deus e submeter-se a seu doce império.
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Fizeram o contrário. Não O reconheceram e não Lhe tributaram nem admiração nem obediência, por maldade, por inveja.
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Não quiseram a sua Lei, porque eram corrompidos e Nosso Senhor ensinava a austeridade. Revoltaram-se e mataram-No.


Foi a maior das revoluções, porque nunca se praticará tanta infâmia contra uma tão alta autoridade.
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Que a consideração de nosso Rei enxovalhado encha-nos de adoração e compaixão para com Ele e de indignação para com a revolução que O crucificou”.


“Nossa Senho­ra das Dores tem uma chaga no coração. 

Nunca a alma de uma mãe carregou ferida igual. Ela é feita de todas as chagas de Nosso Senhor Jesus Cristo.
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O Coração Imaculado de Maria, traspassado pela espada, é a porta por onde nós chegamos às chagas de Nosso Senhor Jesus Cristo.
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Nossa Senhora das Dores apela aos transeuntes de todos os séculos e países: ‘Ó vós todos, que passais pelo caminho, parai e vede se há dor igual à minha’.

Hoje é a Igreja que nos diz: ‘Ó vós todos que passais pelo caminho, parai e vede se há uma dor igual à minha dor’.
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A Semana Santa é o momento de parar, de suspender a  absorvente preocupação conosco, com nossa vidinha, e ver se há uma dor igual à dor da Igreja Católica”.
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“Nosso Senhor exânime - o aparente fracassado está no colo de sua Mãe virginal. 

Nossa Senhora é a ‘dona’ daquele cadáver e de todos os méritos infinitos d’Ele.
Ela é a dispensadora de todas as graças da Redenção. 
Tudo passa por meio d’Ela, e por mais extraordinário que seja o valor das divinas chagas, se não for por meio d’Ela, não obtemos nada.

Nossa Senhora chorando com Seu filho Jesus Cristo nos braços.

A pungente cena fala-nos da grande pena que Ela teve de seu Divino Filho.
Considerando a insondável tristeza de Nossa Senhora segurando o Corpo sem vida de Nosso Senhor, peçamos a graça do senso da Paixão de Jesus Cristo.

Muitos meditam sobre a Paixão com indiferença: ‘O que eu tenho a ver com isso?’. 
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Minha Mãe, fazei que as dores de Cristo sejam as minhas, e dai-me a graça de ter constantemente diante de meus olhos a paixão tremenda que atravessa hoje a Santa Igreja Católica”.

O Corpo de Nosso Senhor está lívido no sepulcro, completamente isolado. Fato tremendo e admirável é a solidão de Nossa Senhora. Quase sem amigos, Ela está sozinha e na angústia.
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Há ocasiões também em que a Santa Igreja pode parecer morta. Mas Ela não morre nunca, e ressurge de todas as suas derrotas e humilhações.
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Por mais conspurcada que pareça estar hoje, Ela ressurgirá, e depois do reinado da Revolução virá o Reino de Maria.


Presenciando as alterações, as falsificações e as imposturas que desfiguram a Santa Igreja aos olhos dos homens, compreendemos que Ela segue as pegadas de Jesus Cristo.

Quem entra em certas igrejas e vê, por exemplo, um pastor protestante oficiando junto com um padre católico, a imoralidade dos trajes, a impureza da doutrina, a extravagância das inovações arbitrárias, pode dizer: ‘Nossa Igreja está irreconhecível’.
Na hora em que a causa católica encontra-se como que em estado cadavérico no sepulcro, peçamos que Nossa Senhora nos infunda uma confiança inabalável de que veremos o triunfo do Reino d’Ela”.
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No fim da Sexta-feira Santa, tem lugar a Procissão Geral da Semana Santa.
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Todas as confrarias, com seus andores, estandartes, cortejos, trombetas e tambores, saem desde a igreja de Santa Maria de los Reales Alcázares.

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A pompa e o esplendor — trágico e grandioso, sublime e cheio de Fé — dominam as ruas da cidade, num clima de compunção e piedade.
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Nosso Senhor subia, seguindo sua Via Sacra, quando encontrou Nossa Senhora. 

Ele foi o mais amoroso dos filhos e Ela foi a mais perfeita das mães.

Como Ela há de ter chorado, vendo-O nessa deplorável situação! Como Ele há de ter chorado, vendo-A presenciar o seu infortúnio tremendo!

Nosso Senhor é ajudado por Simão o Cirineu a carregar sua Cruz!

Cada um de nós tem uma cruz a carregar.

Cada um desejaria ser algo que não é, ter algo que não tem, poder algo que não pode, fazer algo que não faz.
É preciso nossa renúncia, para sermos e fazermos o que não queremos, mas que está no sentido da nossa vocação.

Que Nosso Senhor nos dê o amor à nossa cruz, como o que Ele teve à sua Cruz.
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Em vez de tomar o Santo Lenho com horror, o Redentor abraçou-o e beijou-o, porque com ele cumpriria a sua missão na Terra.


Nossa cruz consiste em cumprirmos nossa missão. 

Abracemo-la com muitas lágrimas e carinho, dizendo: ‘À força de rezar e de pedir, eu levarei esta minha cruz até o alto de meu calvário!’.

Nossa Senhora acompanhar-me-á, como acompanhou Nosso Senhor, abençoando o meu martírio interior, porque Ela deseja que todos os seus filhos passem por onde passou o seu Filho adorável”.
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“Nosso Senhor assumiu todas as formas e graus de dor como um rei que vai para a coroação. Com passo digno, sereno, firme, sem hesitação!
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Com uma probidade e uma integridade que lembram o ‘Ecce Ancilla Domini, fiat mihi secundum verbum tuum’ [Eis aqui a escrava do Senhor, faça-se em mim segundo a vossa palavra], a frase pronunciada por Nossa Senhora.


Nada Lhe foi poupado, quer física, quer espiritualmente.

Ele ingressou no abismo mais profundo do sofrimento com passo de herói, e apresentou-Se resplandecente de dor ante a justiça do Padre Eterno. Assim salvou o gênero humano.

Como isto é útil para vencer a minha moleza! No caminho oposto àquilo para o que eu tendo, encontra-se toda a sublimidade, beleza e santidade de Nosso Senhor Jesus Cristo!
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Em cada passo, aconteceu-Lhe o pior possível. Ele aceitou isso por inteiro, sem um minuto de adiamento.
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Jamais pediu que tivessem pena d’Ele, ou que adiassem algo. 

Caiu debaixo da Cruz, porque suas forças não suportaram o sofrimento. 

Mas, logo que pôde, levantou-Se e continuou”.
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quinta-feira, 29 de março de 2018

JESUS LAVA OS PÉS DOS DISCÍPULOS - Jo 13,1-15





A Páscoa é o centro da vida e da fé dos cristãos. 

Trata-se da passagem da morte para a vida, da ausência para a presença, do Amor em plenitude.

Para nós cristãos, a celebração da “Páscoa” constitui-se num tríduo celebrativo, isto é, a “páscoa celebrada em três dias”.

O tríduo se fundamenta na unidade do mistério pascal de Jesus Cristo, que compreende sua paixão, morte e ressurreição. Segundo o Missal Romano, “o Tríduo pascal, começa com a Missa vespertina da Ceia do Senhor, possui seu centro na Vigília Pascal e encerra-se com as Vésperas do domingo da Ressurreição”. Deste modo, celebramos de quinta para sexta-feira a “Paixão”, de sexta-feira para sábado a “Morte”, e de sábado para domingo a “Ressurreição”.

Hoje, Quinta Feira Santa, na celebração da “Última Ceia” Jesus revelou o seu “Amor em Plenitude” lavando os pés dos discípulos e repartindo com eles o pão. O amor torna-se presente nas mãos que lava os pés e no pão que é repartido.

Estamos diante de um Jesus que manifesta um gesto de serviço e profunda humildade. Mas, sobretudo, é um gesto de verdadeiro Amor: Sabendo Jesus que chegava a hora de passar deste mundo ao Pai, depois de ter amado os seus do mundo, amou-os até o extremo.

As mãos simbolizam ação, dinamismo. Através das mãos recebemos e doamos.
 
João afirma, no Evangelho, que Jesus é consciente de que o Pai entregou em suas mãos o verdadeiro Amor e, antes de voltar ao Pai, precisa doar com suas próprias mãos este Amor aos seus discípulos: “…sabendo que o Pai havia posto tudo em suas mãos, que tinha saído de Deus e voltava a Deus, se levanta da mesa, tira o manto e, tomando uma toalha, cinge-a. A seguir, põe água numa bacia e começa a lavar os pés dos discípulos e a secá-los com a toalha que tinha cingido” (Jo 13,3-5).

Analisando o contexto histórico constatamos que oferecer ao hóspede água para lavar os pés da poeira do caminho era um gesto de cortesia muito comum. 

Normalmente esse gesto era feito por um servo ou por um discípulo dedicado ao seu mestre. Jesus inverte os papéis e surpreende a todos. 

O mestre torna-se servo. A lição de serviço, humildade e Amor é testemunhada.

Cristo mostra-se servidor, abraçando uma tarefa humilde, conforme aquilo do Evangelho (Mt 20, 28): "o Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir".

Três coisas fazem o bom servidor:

1. Que seja seja atencioso, acautelado- que olha em torno de si, para enxergar tudo o que seu serviço demanda. Isso certamente não se daria se o servidor estivesse sentado ou deitado. A atitude própria do servidor é a de permanecer de pé, por isso Cristo "levantou-se da ceia". "Qual é o maior, o que está à mesa, ou o que serve?" (Lc 22, 27)

2. Que se desembarace de tudo, afim de poder cumprir apropriadamente o seu serviço, o que seria muito dificultado pela multidão do vestuário. É por isso que o Senhor depôs o seu manto. Isso está figurado no livro do Gênesis (17) quando Abraão escolhe os escravos mais desimpedidos.

3. Que esteja pronto a servir, ou seja, que tenha tudo o que é necessário para o seu serviço.

De Marta lemos no Evangelho (Lc 10, 40),afadigava-se muito na continua lida da casa. Por isso o Senhor pegando numa toalha, cingiu-se com ela, para estar pronto, não somente para lavar os pés, mas para secá-los. Que nós saibamos calcar os pés sobre nosso orgulho, pois aquele que veio de Deus e a ele vai, lavou os pés.

Em primeiro lugar devemos sentir este “Amor Pleno” que nos é doado através das mãos de Jesus.

Mãos que lava, acaricia e enxuga, com ternura, os pés de cada um dos discípulos, de cada um de nós…  

Em segundo lugar, a ação de Jesus quer ensinar aos discípulos, e também a nós, que é preciso fazer o mesmo: “Depois de lhes ter lavado os pés, pôs o manto, reclinou-se e lhes disse: ‘Entendeis o que vos fiz? Vós me chamais mestre e senhor, e dizeis bem. Portanto, se eu, que sou mestre e senhor, vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés uns dos outros. Eu vos dei o exemplo, para que façais o que eu fiz’” (Jo 13,12-15).

A atitude de serviço, humildade e expressão de Amor, simbolizada no lava-pés, foi uma preparação para celebrar com mais dignidade a “Ceia”, conforme disse o próprio Jesus a Pedro: “Se não te lavar, não terás parte comigo”.

Ninguém pode ser co-herdeiro de Cristo e participar da herança eterna sem se purificar espiritualmente, como está dito nas Escrituras: (Ap 21, 27), "não entrará nela coisa alguma contaminada" e "quem estará no seu lugar santo? O inocente de mãos e limpo de coração" (Sl 23, 3-4).

É como se Nosso Senhor dissesse: Se eu não os lavar, não estarás puro, e se não estiveres puro, não terás parte comigo.

Celebrando a “Ceia” com os seus amigos Jesus inaugura a “Nova Páscoa”, isto é, dá um novo sentido para a “Páscoa” que, em seu contexto histórico, era a maior festa do ano para os judeus. Mantendo seu ritual como no AT (Ex 12), Israel celebrava a Páscoa para fazer memória da “antiga libertação do Egito” e atualizar “os benefícios de Deus” para com os seus filhos.

Na carta aos coríntios, Paulo transmite o novo e definitivo sentido da Páscoa. Afirma o apóstolo: “O Senhor, na noite em que era entregue, tomou o pão, dando graças o partiu, e disse: ‘Isto é o meu corpo que se entrega por vós. Fazei isto em memória de mim’” (ICor 11,23-24).

No pão repartido Jesus entrega seu corpo aos discípulos. Trata-se de uma doação total. No pão está presente o “Amor em Plenitude”. Este Amor que se doa provoca transformação. Agora não é apenas uma transformação social, mas uma libertação do pecado, resgate para uma vida nova.

Quando repartimos o pão na celebração da eucaristia, devemos sentir o Amor de Jesus que se doa em plenitude. Amor que alimenta e revigora a nossa vida. Amor que nos compromete com os irmãos e irmãs. Amor que nos faz ser fiéis à vontade do Pai.

Jesus pede aos discípulos: “Fazei isto em memória de mim” (ICor 11,24b.25b). O pedido de Jesus aos discípulos estende-se também a todos nós. Portanto, hoje celebramos o Amor presente no pão que se reparte e nos comprometemos em vivê-lo plenamente.

“Fazei isto em memória de mim”- Não é repetir gestos da ceia , mas é o fazer memorial ´fazer o que ele fez e faz...lavar os pés, tornar-se pão partido e repartido, ser comunhão.

A liturgia da Quinta-feira Santa é um convite a aprofundar concretamente no mistério da Paixão de Cristo, já que quem deseja seguí-lo deve sentar-se à sua mesa e, com o máximo recolhimento, acolher tudo não como mero ser espectador de tudo o que aconteceu na noite em que iam entregá-lo, mas tornar-se um com ele sendo e fazendo como Ele dando-se em alimento, o alimento significa ser sustento para o outro.

E por outro lado, o mesmo Senhor Jesus nos da um testemunho maduro da vocação ao serviço do mundo e da Igreja que temos todos os fiéis quando decide lavar os pés dos seus discípulos.

A Santa Missa é então a celebração da Ceia do Senhor na qual Jesus, um dia como hoje, na véspera da Sua paixão, “enquanto ceiava com seus discípulos tomou pão…” . Ele quis que, como em sua última Ceia, seus discípulos nos reuníssemos e nos recordássemos d’Ele abençoando o pão e o vinho: “Fazei isto em memória de mim” .

Assim podemos afirmar que a Eucaristia é o memorial não tanto da Última Ceia, e sim da Morte Paixão e Ressurreição de Jesus Cristo nosso Senhor!

Poderíamos dizer que a alegria é por nós e a dor por Ele. Entretanto predomina o gozo porque no amor nunca podemos falar estritamente de tristeza, porque aquele que dá e se entrega com amor e por amor, o faz com alegria e para dar alegria.

Podemos dizer que hoje celebramos com a liturgia (1a. Leitura) a Páscoa. Porém a da Noite do Êxodo (Ex 12) e não a da chegada à Terra Prometida (Js 5, 10-ss).
Hoje inicia a festa da “crise pascoal”, isto é, da luta entre a morte e a vida, já que a vida nunca foi absorvida pela morte, mas sim combatida por ela. 

A noite do sábado de Glória é o canto à vitória, porém tingida de sangue, e hoje é o hino à luta, mas de quem vence, porque sua arma é o amor em plenitude do Deus Todo-Poderoso.

quarta-feira, 28 de março de 2018

Meditação -


QUARTA -FEIRA SANTA:

TRÊS ENSINAMENTOS MÍSTICOS NO LAVA -PÉS.



"Depois lançou água numa bacia, e começou a lavar os pés dos discípulos, e a limpar-lhos com a toalha com que estava cingido" (Jo 13, 5) Nesta passagem podemos tirar três ensinamentos místicos:

1. A água que lançou numa bacia significa a efusão de seu sangue na terra. Com efeito, o sangue de Jesus pode ser chamado água, pois tem poder para lavar. E foi por isso que, na cruz, saiu de seu lado traspassado sangue e água, para dar a compreender que seu sangue tem poder para lavar os pecados. Também podemos compreender, pela água, a Paixão de Cristo. "lançou água numa bacia", i. é, imprimiu a memória da sua Paixão nas almas dos fiéis pela fé e pela devoção. "Lembra-te da minha pobreza e tribulação - absinto e fel que me fazem beber" (Lm 3, 19).

2. Ao dizer "começou a lavar os pés dos discípulos", faz alusão à imperfeição humana; pois os Apóstolos, depois de Cristo, eram os mais perfeitos e, no entanto, precisavam ser purificados, pois tinham algumas impurezas. Isso nos mostra que o homem, por melhor que seja, tem necessidade de se aperfeiçoar; e que contrai algumas manchas, conforme aquilo dos Provérbios (20, 9): "Quem pode dizer: O meu coração está puro, estou limpo do pecado?".
Contudo, estão sujos apenas nos pés.
Outros, ao contrário, não estão sujos apenas nos pés, estão totalmente sujos.
Ora, os que jazem no chão sujam-se totalmente com as imundices da terra. Do mesmo modo, sujam-se totalmente os que se apegam totalmente às coisas da terra, já pelo sentimento, já pelos sentidos.
Mas os que estão de pé, ou seja, os que buscam as coisas céu com o espírito e o coração, estão sujos apenas nos pés.
Ora, assim como o homem de pé precisa ao menos tocar a terra com os pés para sustentar-se, nós, enquanto vivermos nessa vida mortal, que precisa das coisas terrestres para o sustento do corpo, contraímos algumas manchas, ao menos pelos sentidos.
Por isso o Senhor recomenda aos discípulos sacudir o pó dos seus pés (Lc 9, 5). Diz o Evangelho: "começou a lavar", pois a ablução dos afetos terrenos começa aqui embaixo, e é consumada no futuro.
Assim, a efusão de seu sangue é significada pelo ter vertido a água numa bacia; e a ablução de nossos pecados, pelo ter começado a lavar os pés dos discípulos.

3. Finalmente, vê-se a aceitação de nossas penas sobre ele mesmo. Cristo não apenas limpou nossas manchas, mas tomou sobre si mesmo as penas incorridas pelas nossas faltas.
Nossas penas e nossa penitência seriam insuficientes, se não tivessem por fundamento o mérito e a eficácia da Paixão de Cristo. O que é significado pelo ter secado os pés dos discípulos com um linho, i. é, o linho de seu corpo.