Como seus amores são belos,minha irmã, noiva minha. Seus amores são melhores do que o vinho, e mais fino que os outros aromas é o odor dos teus perfumes. Por isso Eu quero consumir meus dias, no seu amor! ══════ ღೋ♡✿♡ღೋ═══════

Ani Ledodi Vedodi Li


Mais do que qualquer outro motivo, esta é a razão pela qual quero fazer deste blog um caminho para amarmos mais a Deus, por isso seu nome: “Ani Ledodi Vedodi Li”

Para você entrar em nossos artigos click nas imagens nas laterais e encontrarás os lincks dos artigos postados.

Deus o Abençõe !

E que possas crescer com nossas postagens.

É algo louvável esconder o segredo dos Reis; mas há glória em publicar as obras de Deus!

A Igreja não tem pressa, porque ela possui a Eternidade. E se todas as outras instituições morrem nesta Terra, a Santa Igreja continua no Céu.

Não existem nem tempos nem lugares sem escolhas.

E eu sei quanto resisto a escolher-te.

"Quando sacralizamos alguém essa pessoa permanece viva para sempre!"

Sacralize cada instante de tua vida amando o Amado e no Amado os amados de Deus !


Pe.Emílio Carlos

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

BILHETE DE EVANGELHO 27º Domingo do Tempo Comum C


A fé não é da ordem da evidência, mas do crescimento.

O pedido “aumenta a nossa fé” que os Apóstolos fazem a Jesus é uma bela oração também para nós.
No Evangelho de Mateus, diz-se que, no momento da partida de Jesus, “alguns tiveram dúvidas”, enquanto Jesus lhes assegura que estará com eles todos os dias até ao fim dos tempos. Isto quer dizer que a fé não é da ordem da evidência, mas do crescimento: não somos crentes uma vez por todas, tornamo-nos crentes. E esta fé, precisa Jesus, manifesta-se humildemente, porque a confiança não suporta grandes declarações, verifica-se no quotidiano e nas pequenas coisas, pode mesmo operar grandes coisas, porque Deus Se deixa tocar pela confiança que n’Ele depositamos. Deus deixa-Se tocar pela humildade do servo, pois tal é a única e verdadeira atitude que espera daqueles que põem n’Ele a sua confiança.
O servo não procura, então, a glória, mas somente a alegria de ter feito o seu dever.

À ESCUTA DA PALAVRA.

“Aumenta a nossa fé!” Jesus já tinha ouvido uma súplica semelhante, quando o pai da criança epilética lhe havia suplicado: “Vem em ajuda da minha pouca fé!” A resposta de Jesus é surpreendente, até provocadora, sem dúvida: “Se tivésseis fé como um grão de mostarda, diríeis a esta amoreira: ‘arranca-te daí e vai plantar-te no mar’, e ela obedecer-vos-ia”. A sua resposta, na realidade, força-nos a ir para além do imediato e do sensacional. A fé é já um caminho humano. Quando duas pessoas se amam, sabem muito bem que o seu amor não se pode demonstrar cientificamente. O amor descobre-se como um dom gratuito, mas constrói-se na confiança. Posso dizer àquele ou àquela que amo “eu sei que te amo”, porque sei o que vibra dentro de mim.

Mas ao mesmo tempo não posso dizer-lhe “creio que tu me amas”, porque não estou na pele do outro. O amor implica, pois, um salto num certo desconhecido que, no plano das relações humanas, pode, sem dúvida, apoiar-se nas provas “tangíveis”, mas que são fracas.

Quando se trata da nossa relação com Deus, a fé é, sem dúvida, mais difícil, porque não tem, ou tem muito pouco, suporte “afetivo”. Mas o “princípio”, finalmente, é o mesmo. Sou convidado a ter confiança na Palavra de Deus, que se exprimiu plenamente em Jesus e foi transmitida pelos seus primeiros discípulos. Jesus dá-lhes como missão serem suas testemunhas autorizadas. Posso, sem dúvida, pôr em causa o seu testemunho, não aderir a Ele, exigindo provas convincentes. Mas posso igualmente comprometer-me noutro caminho, da relação amorosa com Jesus.

A fé só se pode viver numa relação de amor que nos faz ver para lá das aparências, porque os homens vêem com os olhos, mas Deus vê com o coração.

“Sim, Jesus, aumenta em mim a fé, para que eu possa amar-Te sempre cada vez mais”.

PALAVRA PARA O CAMINHO…

Levar a Palavra de Deus como luz para mais uma semana de trabalho, de estudo… Ao longo dos dias da semana que se segue, procurar rezar e meditar algumas frases da Palavra de Deus:
«Senhor, aumenta a nossa fé!»;

«Não te envergonhes de dar testemunho de Nosso Senhor…»;

«Exultemos de alegria no Senhor!»;

«Se hoje ouvirdes a voz do Senhor, não fecheis os vossos corações»

Procurar transformá-las em atitudes e em gestos de verdadeiro encontro com Deus e com os próximos que formos encontrando nos caminhos percorridos da vida…

com minha benção
Pe.Emílio Carlos+

27º DOMINGO DO TEMPO COMUM-ANO C

Mesmo sem entender, a nossa missão é continuar a dar testemunho

3 de Outubro de 2010

Na Palavra de Deus que hoje nos é proposta, cruzam-se vários temas (a fé, a salvação, a radicalidade do “caminho do Reino”, etc.); mas sobressai a reflexão sobre a atitude correta que o homem deve assumir face a Deus.

As leituras convidam-nos a reconhecer, com humildade, a nossa pequenez e finitude, a comprometer-nos com o “Reino” sem cálculos nem exigências, a acolher com gratidão os dons de Deus e a entregar-nos confiantes nas suas mãos.

Na primeira leitura, o profeta Habacuc interpela Deus, convoca-o para intervir no mundo e para pôr fim à violência, à injustiça, ao pecado… Deus, em resposta, confirma a sua intenção de atuar no mundo, no sentido de destruir a morte e a opressão; mas dá a entender que só o fará quando for o momento oportuno, de acordo com o seu projeto; ao homem, resta confiar e esperar pacientemente o “tempo de Deus”.

O Evangelho
convida os discípulos a aderir, com coragem e radicalidade, a esse projeto de vida que, em Jesus, Deus veio oferecer ao homem… A essa adesão chama-se “fé”; e dela depende a instauração do “Reino” no mundo. Os discípulos, comprometidos com a construção do “Reino” devem, no entanto, ter consciência de que não agem por si próprios; eles são, apenas, instrumentos através dos quais Deus realiza a salvação.
Resta-lhes cumprir o seu papel com humildade e gratuidade, como “servos que apenas fizeram o que deviam fazer”.

A segunda leitura
convida os discípulos a renovar cada dia o seu compromisso com Jesus Cristo e com o “Reino”. De forma especial, o autor exorta os animadores cristãos a que conduzam com fortaleza, com equilíbrio e com amor as comunidades que lhes foram confiadas e a que defendam sempre a verdade do Evangelho.

LEITURA I – Hab 1,2-3; 2,2-4

Sobre a vida e a personalidade de Habacuc, não sabemos nada: o título do livro não indica o lugar do nascimento do profeta, nem o tempo histórico em que o profeta viveu. A menção dos “caldeus” (Hab 1,6) parece situar a proclamação de Habacuc na época em que os babilônios, depois de desmembrarem o império assírio, procuravam impor o seu domínio aos povos de Canaan. Estaríamos, pois, nos finais do séc. VII a.C.…
O rei de Judá é, nesta altura, Joaquim (609-598 a.C.). Trata-se de um rei fraco, incompetente, que explora o povo, que deixa aumentar as injustiças e cavar um fosso cada vez maior entre ricos e pobres; além disso, o rei desenvolve uma política aventureirista de alianças com as super-potências da época… Apesar das simpatias pró-egípcias de Joaquim, Judá sente já o peso do imperialismo babilônio e vê-se obrigado a pagar um pesado tributo a Nabucodonosor. Prepara-se a queda de Jerusalém nas mãos dos babilônios, a morte de Joaquim, a deportação do seu filho e sucessor Joaquin (que reinou apenas três meses – cf. 2 Re 24,8) e a partida para o exílio de uma parte significativa da classe dirigente de Judá (primeira deportação: 597 a.C.).

O nosso texto começa por expor a queixa do profeta: “até quando, Senhor, clamarei sem que me escutes? Até quando gritarei ‘violência’, sem que me salves?” (Hab 1,2)… Habacuc grita a sua impaciência (e a impaciência do seu Povo), questionando a atitude complacente de Deus para com o pecado; ele não compreende que Deus contemple, impassível, as lutas e contendas do seu tempo… Habacuc sente-se interpelado pelo que o rodeia e não concebe que Deus (esse mesmo Deus que Se manifestou como libertador e salvador na história do Povo e que Se proclama fiel aos compromissos que assumiu para com os homens) não ponha fim a tantas grosseiras violações do seu projeto para o mundo. O profeta não se limita a escutar a Palavra de Jahwéh e a transmiti-la; mas ele próprio toma a iniciativa, pergunta a Deus, exige respostas. E, como uma sentinela vigilante, o profeta fica à espera que Deus Se justifique (cf. Hab 2,1).
Finalmente, Deus digna-Se responder. A mensagem é de esperança, pois a resposta de Deus deixa claro que Ele não fica indiferente diante do mal que desfeia o mundo e que o momento da vingança divina está para chegar; ao homem, resta esperar com paciência o tempo da ação de Deus (cf. Hab 2,2-5): nessa altura, o orgulhoso e o prepotente receberão o castigo e o justo triunfará.
Em conclusão: diante da injustiça e da opressão, Jahwéh parece, muitas vezes, indiferente e ausente; mas, de acordo com o seu plano (que o homem não conhece em pormenor), Ele encontrará o momento ideal para intervir, para castigar o imperialismo, o orgulho, a injustiça e a opressão.

ATUALIZAÇÃO

A reflexão e partilha podem fazer-se de acordo com as seguintes linhas:


• Com frequência encontramos pessoas que nos questionam acerca da relação entre Deus, a sua justiça e a situação do mundo: se Deus existe, como é que Ele pode pactuar com a injustiça e a opressão? Se Deus existe, porque é que há crianças a morrer de câncer ou de fome? Se Deus existe, porque é que os bons sofrem e os maus são compensados com glória, honras e triunfos? Se Deus existe, porquê o sofrimento inocente? Estas são as questões que, hoje, mais obstaculizam a crença em Deus… A nossa resposta tem de ser o reconhecimento humilde de que os projetos de Deus ultrapassam infinitamente a nossa pequenez e finitude e que nós nunca conseguiremos explicar e abarcar os esquemas de Deus…
• Sobretudo, importa perceber que os caminhos de Deus não são iguais aos nossos. Deus tem o seu próprio ritmo; e o ritmo de Deus não é o ritmo da nossa impaciência, da nossa correria, do nosso egoísmo, dos nossos interesses… Do ponto de vista de Deus, as coisas integram-se num “todo” que nós, na nossa pequenez, não podemos abarcar. Resta-nos respeitar – mesmo sem entender – o ritmo de Deus.
• Além disso, precisamos de aprender a confiar em Deus, a entregarmo-nos nas suas mãos, a sentir que Ele é um Pai que nos ama e que, aconteça o que acontecer, está a escrever a história por caminhos direitos (embora os caminhos pelos quais Deus conduz o mundo nos pareçam, tantas vezes, estranhos, misteriosos, enigmáticos, incompreensíveis). Há que confiar na bondade e na magnanimidade desse Deus que nos ama como filhos e que tudo fará, sempre, para nos oferecer vida e felicidade.
Mesmo sem entender, a nossa missão é continuar a dar testemunho… Deus chama-nos a denunciar tudo o que impede a realização plena do projeto de felicidade que Ele tem para o homem (a injustiça, a violência, a repressão, o egoísmo, o medo…); mas quanto ao tempo exato e aos moldes da intervenção salvadora e libertadora de Deus no mundo e na história pessoal de cada homem ou mulher, isso só a Deus diz respeito.

SALMO RESPONSORIAL – Salmo 94 (95)
Refrão: Se hoje ouvirdes a voz do Senhor,
não fecheis os vossos corações.
Vinde, exultemos de alegria no Senhor,
aclamemos a Deus, nosso Salvador.
Vamos à sua presença e dêmos graças,
ao som de cânticos aclamemos o Senhor.
Vinde, prostremo-nos em terra,
adoremos o Senhor que nos criou.
O Senhor é o nosso Deus
e nós o seu povo, as ovelhas do seu rebanho.
Quem dera ouvísseis hoje a sua voz:
«Não endureçais os vossos corações,
como em Meriba, como no dia de Massa no deserto,
onde vossos pais Me tentaram e provocaram,
apesar de terem visto as minhas obras».

LEITURA II – 2 Tim 1,6-8.13-14

A Segunda Carta a Timóteo contém, como a primeira, conselhos pastorais de Paulo para o seu grande colaborador e sucessor na animação das Igrejas da Ásia: esse Timóteo que acompanhou Paulo nas suas viagens missionárias e que, segundo a tradição, foi bispo de Éfeso.
Também aqui, é muito duvidoso que seja Paulo o autor deste texto. Os argumentos são os mesmos que vimos, a propósito da Primeira Carta a Timóteo: linguagem diferente da utilizada habitualmente por Paulo, estilo diferente, doutrinas diferentes e, sobretudo, um contexto eclesial que nos situa mais no final do séc. I ou princípios do séc. II do que na época de Paulo (o grande problema destas cartas já não é o anunciar o Evangelho, mas o “conservar a fé”, frente aos falsos mestres que se infiltram nas comunidades e que ensinam falsas doutrinas).
De qualquer forma, quem escreve a carta (e que se apresenta na pele de Paulo) diz encontrar-se na prisão e pressentir a proximidade da morte. Exorta insistentemente Timóteo a perseverar no ministério e a conservar a sã doutrina. É uma espécie de “testamento”, no qual Timóteo (que aqui representa todos os animadores das comunidades cristãs) é convidado a manter-se fiel ao ministério e à doutrina recebidos dos apóstolos.

O autor da carta começa por exortar Timóteo (e os animadores das comunidades cristãs, em geral) a que reanime o carisma que recebeu quando Paulo e o colégio dos anciãos lhe impuseram as mãos, consagrando-o para o ministério apostólico (vers. 6-8). É um pedido lógico: mesmo que a opção de doar a vida a Deus e aos irmãos já tenha sido tomada, essa decisão fundamental necessita, cada dia, de ser aprofundada e confirmada…

As desilusões, os fracassos, a monotonia, a fragilidade humana arrefecem o entusiasmo original; e é necessário, a cada instante, redescobrir o sentido das opções fundamentais que, um dia, o discípulo fez. Na sequência, são recordadas a Timóteo três das qualidades fundamentais que devem estar sempre presentes no apóstolo:

a fortaleza frente às dificuldades,

o amor que o impulsionará para uma entrega total a Cristo e aos homens

e a prudência (ou moderação) necessária para a animação e orientação da comunidade.

Na segunda parte do texto que nos é proposto (vers. 13-14), Timóteo é exortado a conservar-se fiel à sã doutrina recebida de Paulo. Estamos – como já dissemos atrás – numa época em que as heresias começam a infiltrar-se na comunidade cristã e a confundir os cristãos.

O animador da comunidade tem o dever de ensinar a doutrina verdadeira e de defender a comunidade de tudo aquilo que a afasta da verdade do Evangelho de Jesus, fielmente transmitido pelo testemunho apostólico.

ATUALIZAÇÃO

A reflexão e partilha podem partir dos seguintes dados:


• A interpelação do autor da Segunda Carta a Timóteo dirige-se, antes de mais, a todos aqueles que um dia aceitaram o Batismo e optaram por Cristo… Na verdade, o mundo que nos rodeia apresenta imensos desafios que, muitas vezes, nos desmobilizam do serviço do Evangelho e dos valores de Jesus. É por isso que é preciso redescobrir os fundamentos do nosso compromisso. Quais são os interesses que influenciam a minha vida e que condicionam as minhas opções: os meus gostos pessoais, as indicações da moda, as sugestões da sociedade, ou as exigências e os valores do Evangelho de Jesus?
• Como é que eu revitalizo, dia a dia, o meu compromisso com Cristo e com os irmãos? Há muitos caminhos para aí chegar… Mas a comunhão com Deus, a oração, a escuta e partilha da Palavra de Deus, os sacramentos são formas privilegiadas para redescobrir o sentido das minhas opções e do meu compromisso com Deus. Isto faz sentido, para mim? É este o caminho que venho procurando seguir? Mantenho com Deus esse diálogo necessário?
• O nosso texto interpela de forma direta os animadores das comunidades cristãs. Convida-os a redescobrir, cada dia, esse entusiasmo que lhes enchia o coração no dia em que optaram pela entrega da própria vida a Cristo e aos irmãos. Convida-os a despirem-se da preguiça, da inércia, do comodismo e a fazerem da sua vida, em cada dia, um dom corajoso ao “Reino”.

É isso que acontece comigo? Sou forte, corajoso, sem medo, quando se trata de vencer as dificuldades que me impedem de me dar a Cristo e aos outros? O que me impulsiona é o amor, ou são interesses próprios e egoístas? Sou uma pessoa moderada e de bom senso, que não trata os irmãos da comunidade de forma agressiva e prepotente?
• No texto há, ainda, um convite a conservar a doutrina verdadeira… O que é que isto significa: um conservar inalteradas as fórmulas e os ritos, ou um redescobrir cada dia o essencial, adaptando-o sempre às novas realidades e aos novos desafios que o mundo põe? Como é que sabemos se estamos em consonância com a proposta de Jesus?

ALELUIA – 1 Pedro 1,25
Aleluia. Aleluia
A palavra do Senhor permanece eternamente.
Esta é a palavra que vos foi anunciada.

EVANGEHO – LUCAS 17,5-10


Continuamos a percorrer o “caminho de Jerusalém” e a deparar com as “lições” que preparam os discípulos para o desafio de compreender e de dar testemunho do “Reino”. Desta vez, o nosso texto junta um “dito” de Jesus sobre a fé e uma parábola que convida à humildade.
Nas “etapas” anteriores, Jesus tinha avisado os discípulos da dificuldade de percorrer o “caminho do Reino” (disse-lhes que entrar no “Reino” é “entrar pela porta estreita” – Lc 13,24; convidou-os à humildade e à gratuidade – cf. Lc 14,7-14; avisou-os de que é preciso amar mais o “Reino” do que a própria família, os próprios interesses ou os próprios bens – cf. Lc 14,26-33; exigiu-lhes o perdão como atitude permanente – cf. Lc 17,5-6); agora, são os discípulos que, preocupados com a exigência do “Reino”, pedem mais “fé”.
O “dito” sobre a fé que ocupa a primeira parte do Evangelho que hoje nos é proposto aparece numa forma um pouco diferente em Mt 17,20 (um “dito” análogo lê-se também em Mc 11,23 e Mt 21,21, a propósito da figueira seca). No estado atual do texto, é muito difícil definir o contexto original do “dito” de Jesus, o seu enquadramento e o seu significado… Aqui, no entanto, ele serve a Lucas para manifestar a preocupação dos discípulos com a dificuldade em percorrer esse difícil “caminho do Reino”.

A primeira parte do nosso texto é, portanto, constituída por um “dito” sobre a fé (vers. 5-6). Depois das exigências que Jesus apresentou, quanto ao caminho que os discípulos devem percorrer para alcançar o “Reino”, a resposta lógica destes só pode ser: “aumenta-nos a fé”.

O que é que a fé tem a ver com a exigência do “Reino”?

No Novo Testamento em geral e nos sinóticos em particular, a fé não é, primordialmente, a adesão a dogmas ou a um conjunto de verdades abstratas sobre Deus; mas é a adesão a Jesus, à sua proposta, ao seu projeto – ou seja, ao projeto do “Reino”. No entanto, os discípulos têm consciência de que essa adesão não é um caminho cômodo e fácil, pois supõe um compromisso radical, a vitória sobre a própria fragilidade, a coragem de abandonar o comodismo e o egoísmo para seguir um caminho de exigência… Pedir a Jesus que lhes aumente a fé significa, portanto, pedir-Lhe que lhes aumente a coragem de optar pelo “Reino” e pela exigência que o “Reino” comporta; significa pedir que lhes dê a decisão para aderirem incondicionalmente à proposta de vida que Jesus lhes veio apresentar.
Jesus aproveita, na sequência, para recordar aos discípulos o resultado da “fé”.

A imagem utilizada por Jesus (a ordem dada à “amoreira” para se arrancar da terra e ir plantar-se a ela própria no mar) mostra que, com a “fé” tudo é possível: quando se adere a Jesus e ao “Reino” com coragem e determinação, isso implica uma transformação completa da pessoa do discípulo e, em consequência, uma transformação do mundo que o rodeia. Aderir ao “Reino” com radicalidade é ter na mão a chave para mudar a história, mesmo que essa transformação pareça impossível… O discípulo que adere ao “Reino” com coragem e determinação é capaz de autênticos “milagres”… E isto não é conversa fiada: quantas vezes a tenacidade e a coragem dos discípulos de Jesus transformam a morte em vida, o desespero em esperança, a escravidão em liberdade!
Na segunda parte do nosso texto (vers. 7-10), Lucas descreve a atitude que o homem deve assumir diante de Deus. Os fariseus estavam convencidos de que bastava cumprir os mandamentos da Torah para alcançar a salvação: se o homem cumprisse as regras, Deus não teria outro remédio senão salvá-lo… A salvação dependia, de acordo com esta perspectiva, dos méritos do homem. Deus seria, assim, apenas um contabilista, empenhado em fazer contas para ver se o homem tinha ou não direito à salvação…
Jesus coloca as coisas numa dimensão diferente. A atitude do discípulo – desse discípulo que adere a Jesus e ao “Reino”, que faz as “obras do Reino” e que constrói o “Reino” – frente a Deus não deve ser a atitude de quem sente que fez tudo muito bem feito e que, por isso, Deus lhe deve algo; mas deve ser a atitude de quem cumpre o seu papel com humildade, sentindo-se um servo que apenas fez o que lhe competia.
O que Jesus nos pede no Evangelho de hoje é que percorramos, com coragem e empenho, o “caminho do Reino”. Quando o discípulo aceita percorrer esse caminho, é capaz de operar coisas espantosas, milagres que transformam o mundo… E, cumprida a sua missão, resta ao discípulo sentir-se servo humilde de Deus, agradecer-Lhe pelos seus dons, entregar-se confiada e humildemente nas suas mãos.

ATUALIZAÇÃO

A reflexão pode fazer-se a partir das seguintes coordenadas:


• A “fé” é, antes de mais, a adesão à pessoa de Jesus Cristo e ao seu projeto. Posso dizer, de fato, que é a “fé” que conduz e que anima a minha vida? Jesus é o eixo central à volta do qual se constrói a minha existência? É Jesus que marca o ritmo e a cor das minhas opções e dos meus projetos?
• O “Reino” é uma realidade sempre “a fazer-se”; mas apresentam-se, com frequência, situações de injustiça, de violência, de egoísmo, de sofrimento, de morte, que impedem a concretização do “Reino”. Como é que eu – homem ou mulher de fé – ajo, nessas circunstâncias? A minha “fé” em Jesus conduz-me a um empenho concreto pelo “Reino” e entusiasma-me a lutar contra tudo o que impede a concretização do “Reino”? A minha “fé” nota-se nos meus gestos? Há algo de novo à minha volta pelo fato de eu ter aderido a Jesus e pelo fato de eu estar a percorrer o “caminho do Reino”? Quais são os “milagres” que a minha “fé” pode fazer?
• Nós, homens, somos, com frequência, muito ciosos dos nossos direitos, dos nossos créditos, daquilo que nos devem pelas nossas boas ações. Quando transportamos isto para a relação com Deus, construímos um deus que não é mais do que um contabilista, que escreve nos seus livros os nossos créditos e os nossos débitos, a fim de nos pagar religiosamente, de acordo com os nossos merecimentos… Na realidade – diz-nos o Evangelho de hoje – não podemos exigir nada de Deus: existimos para cumprir, humildemente, o papel que Ele nos confia, para acolher os seus dons e para O louvar pelo seu amor. É nesta atitude que o discípulo de Jesus deve estar sempre.
• De certas pessoas diz-se que “não dão ponto sem nó”, para descrever o seu egoísmo e as suas atitudes interesseiras. Porque é que fazemos as coisas? O que é que motiva as nossas ações e gestos: o amor desinteressado, ou o interesse pela retribuição?

XXVII DOMINGO COMUM – ANO C


Crer não é compreender tudo.

Dom, 03 de Outubro de 2010

Hab 1,2-3; 2,2-4
Sl 94
2Tm 1,6-8.13-14
Lc 17,5-10


Hoje, a Palavra de Deus nos coloca diante de um tema inquietante, o tema da fé. E o coloca com toda a dureza, nas palavras do profeta Habacuc. Ele viveu no final do século VII, início do século VI antes de Cristo. Reinava em Judá um rei iníqüo, Joaquim; o povo já não cultivava amor pelo Senhor; imperava a injustiça, a impiedade, a imoralidade, a violência do grande contra o pequeno... Diante desta situação tão triste, o profeta anunciava que os babilônios viriam e levariam o povo para o exílio. Seria a correção de Deus. Mas, aí, o profeta entra em crise: está certo que Judá merecia castigo; mas, por que Deus iria usar para castigar exatamente os babilônios, que eram um povo mais pecador que os judeus? O profeta angustia-se com esta incompreensível lógica do Senhor e, com dor e sinceridade sofrida, apresenta o seu protesto: “Senhor, até quando clamarei, sem me atenderes? Até quando devo gritar a ti: ‘Violência!’, sem me socorreres? Por que me fazes ver iniqüidades, quando tu mesmo vês a maldade? Destruições e prepotência estão à minha frente”. “Senhor, tu poderias resolver tudo! Tu poderias corrigir o teu povo de um modo mais lógico, mais compreensível! Por que, Senhor, ages deste modo?”

Crer não é compreender tudo. O profeta, que fala em nome de Deus, nem mesmo ele compreende totalmente o agir de Deus, e se angustia, e pergunta, e chora: “Senhor, por que ages assim? Por que teus caminhos nos escapam deste modo?” A verdade é que a fé não é uma realidade quieta e pacífica! O próprio Jesus adverte que somente os violentos conquistam o Reino dos céus (cf. Mt 11,12s); somente aqueles que lutam, que teimam em acreditar! A fé é uma realidade que sangra, sangra na dor de tantas perguntas sem resposta, sangra pelo sofrimento do inocente, pela vitória dos maus, pelo mal presente em tantas dimensões da nossa vida... E Deus parece calar-se! Um filósofo ateu do século passado chegou a dizer, escandalizado com o sofrimento no mundo: “Se Deus existe, o mundo é sua reserva de caça!” Jó, usou palavras parecidas: “Também hoje minha queixa é uma revolta, porque sua mão agrava os meus gemidos. Ele cobriu-me o rosto com a escuridão" (23,2.17). E, pesaroso, se queixa de Deus: “Clamo por ti, e não me respondes; insisto, e não te importas comigo. Tu te tornaste o meu carrasco e me atacas com teu braço musculoso!” (30,20s). Por que, Senhor? Por que te calas? Por que teus caminhos nos são escondidos? Por que parece que não te importas conosco? – Eis a dor que sangra das feridas dos crentes! A resposta de Deus a Habacuc não explica, mas convida a crer novamente, a abandonar-se novamente, a teimar na perseverança: “Quem não é correto, vai morrer, mas o justo viverá por sua fé!" Deus é assim: nunca nos explica, mas nos convida sempre à confiança renovada, ao abandono nas suas mãos. Quem não é correto, quem não se entrega nas mãos do Senhor, perderá a fé, morrerá na sua amizade com Deus... mas o justo, o amigo de Deus, viverá, permanecerá firme pela sua fé total e confiante. O justo vive da fé! É isto que é tão difícil para o homem de hoje, que tudo deseja enquadrar na sua razão e, quando não enquadra, se revolta e dá as costas a Deus e, assim, termina morrendo... porque viver sem Deus é a pior das mortes, o maior dos absurdos! O justo vive da fé, vive na fé, vive abandonado nas mãos do Senhor, como dizem as palavras da Antífona de Entrada, que o missal coloca para a liturgia de hoje: “Senhor, tudo está em vosso poder, e ninguém pode resistir à vossa vontade. Vós fizestes todas as coisas: o céu, a terra, e tudo o que eles contêm; sois o Deus do universo!” (Est 13,9.10-11).

Nunca esqueçamos: Deus não nos explica seu modo de agir!

Se o compreendêssemos, compreenderíamos o próprio Deus e, aí, já não seria o Deus verdadeiro, mas apenas um idolozinho!


Contudo, isso não significa que Deus não liga para nossa dor e para o nosso destino. Pelo contrário! Ele veio a nós, fez-se um de nós, viveu nossa vida, suportou nossas dores, experimentou nossa morte! Deus próximo, Deus de amor, Deus solidário! Por isso, podemos olhar para ele e, suplicantes, estender-lhe as mãos, como os discípulos do Evangelho, que pediam: “Aumenta a nossa fé!” E Jesus responde – a eles e a nós – “Se vós tivésseis fé (em mim), mesmo pequena como um grão de mostarda, poderíeis dizer a esta amoreira: ‘Arranca-te daqui e planta-te no mar’ e ela vos obedeceria”. Ou seja: se crermos de verdade naquele amor que se manifestou até a cruz, se crermos – aconteça o que acontecer – que Deus nos ama a ponto de entregar o seu Filho, teremos a força de enfrentar todas as noites com a sua luz, todos os pecados com a sua graça, todas as mortes com a sua vida! Mas, se não crermos, pereceremos... O que o Senhor espera dos seus servos é esta fé total, incondicional, pobre e amorosa! É o que o Senhor espera de nós. Mas, o que fazemos? Queremos recompensas, provas, certezas lógicas! E, os mais cultos, vamos atrás de filosofias e sabedorias humanas... e os mais incultos e tolos, vamos atrás de seitas, de descarregos, de exorcismos feitos por missionários de araques e pastores de si próprios, falsos profetas de um deus falso, feito de dízimos, moedas e gritarias...

O justo vive da fé! Como nos exorta a segunda leitura, reavivemos a chama do dom de Deus que recebemos! “Deus não nos deu um espírito de timidez, de frouxidão, de covardia e incerteza, mas de fortaleza, de amor e sobriedade”. Não nos envergonhemos do testemunho de nosso Senhor! Guardemos aquilo que aprendemos de nossos antepassados, conservemos o "preciosos depósito” da nossa fé católica e apostólica, “com a ajuda do Espírito Santo que habita em nós”. Não corramos atrás das ilusões, fruto das invenções humanas! É isto que o Senhor espera de nós, é este o nosso dever, é esta a nossa vocação, é esta a nossa glória. E, após termos agido assim, não achemos que temos algum direito diante de Deus. Humildemente, digamos: “Somos servos inúteis; fizemos o que devíamos fazer”.

Que o Senhor nos dê esta graça: a graça de viver e morrer na fé.

Que o Senhor nos conceda a recompensa dosa servos bons e fiéis! Amém!

ASCESE: EXERCÍCIO DO AMOR

ASCESE: EXERCÍCIO DO AMOR, COM O AMOR, NO AMOR E PARA O AMOR (I)

Me pediram para falar de ascese e lendo um texto de São Francisco de Sales comentando este versículo do Cântico dos Cânticos percebi que não havia texto melhor que esse para amparar-me nesta obra: “Atraí-me, correremos ao odor de vossos perfumes”.

Eis uma boa maneira de se definir ascese: os exercícios, o treinamento e a corrida, em resumo o esforço de um bom corredor.

Ora, a vida cristã no exílio deve ser uma corrida como nos mostra São Paulo: “correi pois de tal maneira que consigais o prêmio”, e ainda: “não pretendo dizer que já alcancei esta meta e que cheguei à perfeição, Não. Mas eu me empenho em conquistá-la...persigo o alvo, rumo ao prêmio celeste.” E é o mesmo São Paulo que nos mostra os exercícios dos corredores e dos cristãos: “Todos os atletas se impõe a si mesmos muitas privações; e o fazem para atingir uma coroa corruptível. Nós o fazemos por uma coroa incorruptível. Assim, eu corro, mas não sem rumo certo.”

A palavra “ascese” vem do grego e significa esforço, exercício, justamente no contexto do atletismo. Os padres da Igreja seguindo São Paulo empregam então este termo “ascese” para se referir aos esforços dos cristãos na sua corrida para a vida eterna.

Mas deve-se dizer que há muitas diferenças entre a “corrida” e o “atleta” no sentido alegórico cristão e o atleta na acepção comum. Isso porque a meta cristã não é apenas um pedaço de vil metal, um troféu ou coroa qualquer, o prêmio cristão é uma pessoa, é a Pessoa, ou melhor dizendo "As" Pessoas. A nossa coroa é união para sempre com nosso Deus, com a Santíssima Trindade. Nossa meta e alvo é pois o Amor: "Deus é Amor". E por ser corrida para o amor, nossa corrida é corrida de amor visto que só amor é proporcional ao amor. E sendo corrida de amor corremos não em busca do prestígio ou da honra mas sim em direção ao Amado que nos atraiu. Esta é a primeira diferença.

Também devemos considerar que nesta vida no exílio não podemos sair da corrida: ou corremos no rumo certo mencionado por São Paulo, ou corremos na direção contrária enganando-nos com prêmios falsos que no fim perdemos para sempre se continuarmos a buscá-los, perdendo ao fim também o único prêmio que merece nosso desejo. Pois bem: visto que não saímos da corrida nunca pois toda ação deve estar nela envolvida, então não há diferença entre exercícios preparatórios para a corrida e a corrida em si: eis a segunda diferença, qualquer esforço é não só preparo, mas a própria corrida.

E temos por fim uma última diferença fundamental: São Paulo nos fala que corremos com rumo certo, não corremos em vão. E isto porque corremos sendo atraídos. É este o rumo certo mencionado por São Paulo: nosso amor não é um amor vago, mas sim uma atração pelo Amado firmemente ancorada, ancorada nas divinas perfeições manifestadas pela fé em Cristo, olor dos perfumes mais excelsos. Cristo em seu mistério revelado nos atrai para as perfeições da Santíssima Trindade dando-nos sua graça pelo Espírito Santo através da Igreja por ele fundada e da qual fazemos parte. Somos “corpo místico”, esposa mística atraída pelos perfumes do amado.

Esta diferença com a corrida comum é de suma importância: “Nisto consiste o amor: não em termos nós amado a Deus, mas em ter-nos ele amado, e enviado o seu Filho para expiar os nossos pecados.” e ainda segundo São Paulo: “Assim, meus caríssimos, vós que sempre fostes obedientes, trabalhai na vossa salvação com temor e com tremor, não só como quando eu estava entre vós, mas muito mais agora na minha ausência.
Porque é Deus quem, segundo o seu beneplácito, realiza em vós o querer e o executar”.

Por Lincoln Haas Hein

Com minha benção

Pe.Emílio Carlos+

Pedi ao Senhor da colheita que mande trabalhadores para sua colheita


Hoje Jesus nos fala da missão apostólica.

Porém «escolheu outros setenta e dois e enviou-os, dois a dois» (Lc 10,1), a proclamação do Evangelho é uma tarefa «que não pode ser delegada a uns poucos especialistas»

João Paulo II: todos estamos chamados a essa tarefa e, todos vamos sentirmos responsáveis dela. Cada um desde seu lugar e condição. O dia do Batismo nos disseram: «Sois Sacerdote,

Profeta e Rei para a vida eterna».

Hoje mais que nunca, nosso mundo precisa do testemunho dos seguidores de Cristo.

«A colheita é grande, mas os trabalhadores são poucos» (Lc 10,2): É interessante esse sentido positivo da missão, pois o texto não diz: «Há muito para semear e poucos trabalhadores».

Tal vez, hoje teríamos que falar desse jeito, pelo grande desconhecimento de Jesus Cristo e sua Igreja em nossa sociedade.

Um olhar esperançado da missão gera otimismo e ilusão.

Não nos deixemos abater pela desilusão e a desesperança.

No inicio, a missão que nos espera é, ao mesmo tempo, apaixonante e difícil.

O anúncio da Verdade e da Vida, nossa missão, não pode nem deve pretender forçar a adesão, pelo contrário, deve suscitar uma livre adesão.

As idéias, devem se propor e não impor, nos lembra o Papa.

«Não leveis bolsa, nem sacola, nem sandálias...» (Lc 10,4): a única força do missionário deve ser Cristo. E para que ele encha sua vida, é preciso que o evangelizador se esvazie de tudo aquilo que não é Cristo.

A pobreza evangélica é um requisito importante e, ao mesmo tempo, o testemunho mais crível que o apóstolo pode dar, além de que só esse desprendimento nos fará livres.

O missionário anuncia a paz. É portador de paz, porque leva a Cristo, o Príncipe da Paz. Por isso,

«Em qualquer casa em que entrardes, dizei primeiro: A paz esteja nesta casa! Se ali morar um amigo da paz, a vossa paz repousará sobre ele; senão, ela retornará a vós» (Lc 10,5-6). Nosso mundo, nossas famílias, nosso Eu pessoal, têm necessidade de Paz.

Nossa missão é urgente e apaixonante.

com minha benção
Pe.Emílio Carlos+

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

A verdadeira libertação

Em uma era em que tanto se fala em libertação, em liberdade, em sanar as necessidades do corpo estando alheio as indigências da alma, uma sentença precisa ser revelada: não há libertação fora da Cruz. Não há liberdade se não em Cristo. Que não há felicidade que não na alma. Que não há paz senão em Deus.

A Cruz é a verdadeira teologia da libertação, porque nela Jesus se fez prisioneiro, prisioneiro do amor dos homens para assim nos libertar uma só vez e para todo sempre.

A cruz dividiu a história, entre a escravidão e a liberdade. Antes da Cruz o pecado, depois dela a graça. Antes da Cruz a dura sentença, depois dela a anistia e a misericórdia. Antes a morte, doravante a Cruz a vida, e eterna.

A imagem de uma cruz era capaz de amedrontar até as almas mais corajosas, sob a imagem da cruz li-se apenas a ignomínia, o medo, a dor, a morte, a tristeza, o sofrimento. Jesus, porém, indo de encontro a Cruz, e foi tão doce aquele encontro que não se pode dizer dos que estavam contemplando aquela bárbara cena, que ali era entregue o patíbulo ao condenado; o semblante já flagelado de Jesus não foi capaz de esconder o seu olhar amoroso ao mirar a Cruz. Que espanto para seus algozes, nunca viram nada assim, o condenado que agrada-se ao contemplar o instrumento de seus últimos tormentos. Mas era verdade, pois Jesus desejou ardentemente comer aquela páscoa com eles, onde Ele seria a vítima a ser ofertada. E assim, Jesus vai mudar a história, a Cruz que fora desde os tempos mais antigos o instrumento do medo, vira a fonte de toda a esperança, de toda a libertação.

Fomos comprados a preço do sangue de Deus, única moeda capaz de nos tirar do cárcere do pecado para conduzir-nos a verdadeira dignidade para qual fomos criados; Jesus colocou a Cruz em seus ombros como o pastor que conduz em júbilo a ovelha que andara perdida, e carregou-a em seus braços com a bondade do samaritano que socorre o peregrino assaltado por ladrões; assim também, na Cruz fomos encontrados quando pelo pecado nos escondíamos à face de Deus; e na Cruz fomos carregados, quando jazíamos enfermos e incapazes a beira do caminho. Jesus cuidou de nós, derramou azeite sobre nossas feridas, pagou ao estaleiro pelos nossos cuidados, nos devolveu a vida, a dignidade de filhos de Deus, pode haver maior libertação do que esta?

Hoje fala-se muito em igualdade social, mas a Igreja tem algo muito mais sublime para nos dar, ela nos dá uma dignidade que nenhuma fortuna neste mundo nos pode conceder; de sorte que contasse que uma vez o rei disse para criada, “não brigue com esta criança, não sabia que ela é filha do rei?” E a criada respondeu, “e o senhor não sabia que eu sou filha de Deus?”

Além do que, o igualitarismo social não transforma ricos em pobres, transforma todos em miseráveis (todos menos os que estão no poder, os tiranos) Vejamos no que se tornou a Rússia depois de anos de regime comunista, e Cuba, a China, Coréia do Norte. A China já é uma das maiores economias do mundo, mas qual a porcentagem do povo que vive abaixo da linha de pobreza? Cuba é tão “boa” que todos os anos milhares de cubanos morrem tentando atravessar o mar do Caribe clandestinamente para fugir do país.

A igualdade social é um contra-senso, o socialismo não foi feito para os pobres, ele usa dos pobres. Quem já viu uma foto de Lenin ou Stalin como uma machadinha na mão quebrando pedras? Poderiam dizer que eles eram autoridades e por tanto não caberia a eles uma coisas assim. Então eles vão contra seus próprios ensinamentos, todos têm de ser iguais, não é isto que diziam?

Uma construção não é feita só de operários, mas de engenheiros, eletricistas, de arquitetos; dispostos de forma hierárquica. Sem isto nem uma pequena casa pode ser erguida. E isto não é algo ruim, pelo contrário, é maravilhoso. A vida social disposta em classes não fere a dignidade humana, desde que até as classes mais humildes tenham condições de vida, respeitando os direitos básicos, não do cidadão, mas do ser humano. E se o operário quiser se tornar um engenheiro que ele lute para isto, não é proibido, antes, é saudável.

Entre os primeiros cristãos não havia necessitados, lemos isto no Ato dos Apóstolos; não porque fossem todos ricos, não, haviam pobres, ricos, comerciantes, lavradores, reis, plebeus, só que a caridade cristã não permitia que alguém passasse necessidades, um socorria o outro.

Estas doutrinas pseudo-católicas dizem-se seguidoras de Jesus, mas dão as costas aos seus ensinamentos e a sua vida pública. Jesus não era um agitador social, Jesus não era um revoltoso político, e quando posto em prova disse que dessem a Deus o que era de Deus e a César o que cabia a César. Jesus deixou claro nas suas pregações que o seu Reino não é deste mundo.

Hoje querem dizer que o homem só tem corpo, esqueceram da alma, falam de um “Jesus” que nunca existiu. O Jesus verdadeiro morreu na cruz não para libertar o seu povo do Império Romano, mas para libertar todos os povos da escravidão do pecado, porque esta sim pode nos tirar a felicidade eterna, e até mesmo felicidade temporal.

Hoje temos os estatuto dos direitos humanos, o estatuto de defesa da criança, do idoso, e tanto outros respaldos legais, e ainda assim quantos não morrem todos os dias de fome e de frio? Não precisaríamos de nada disto se todos tivessem o Evangelho por carta magna, e seria muito mais eficaz, porque o verdadeiro católico se preocupa com as necessidades do próximo. Em outras palavras, se todos amassem ao próximo como amam a si próprios como nos manda a doutrina católica, existiria a fome no mundo?

São Paulo é categórico ao dizer que quem diz que ama a Deus que não está vendo, mas não ama o próximo que vê, é mentiroso. O amor que temos a Deus passa pelo amor que temos pelas criaturas; nisto consiste a caridade. Caridade não significa dar esmola, caridade não denota sequer ajudar ao próximo, mas sim, ajudar ao próximo por amor de Deus; caridade é ver em cada necessitado a imagem do próprio Cristo. Por isso diz a Escritura que no juízo Jesus vai dizer que teve fome, que teve frio, que esteve preso; e por quê? Porque Jesus se configura com o menor dos seus.

O que vemos a Igreja nos ensinar no decorrer dos séculos é a dignidade com que devem ser tratados os filhos de Deus, o corpo deve ser tratado com respeito e dignidade porque ele é portador de uma alma imortal criada a imagem de Deus. Vejamos o zelo e respeito que sempre a Igreja teve pelo corpo dos falecidos, e porque? Por que ali viveu uma alma, que até que se prove o contrário, ali viveu uma alma santa.

Pelas escrituras sempre é nítido o cuidado para com as crianças, as viúvas, os órfãos, principalmente a partir de Nosso Senhor. Jesus chorou por Lázaro, Jesus respeitava as dores inerentes a condição humana. Mas este mesmo Jesus vai exortar Maria porque ela, e não Marta, escolheu a melhor parte. O espírito é a melhor parte de nós, e ele tem a prioridade sobre as coisas do mundo.

Jesus se compadeceu do povo faminto, e o quis alimentar; mas este mesmo Jesus vai aproveitar aquela realidade material do pão que sustenta a vida do corpo, para ensinar uma nova realidade, que é o pão da sua própria carne que alimenta a vida da alma. Com isto Ele nós dá duas lições: estejais atentos as necessidades temporais de seus irmãos, como eu também estive; mas jamais se esqueçam de subjugar estas necessidades da corpo ante as necessidades da alma. Em outras palavras, o que adiantaria o maná para livrar o povo Israel do deserto, se o Messias não os tivesse os livrado do deserto do pecado, da aridez da morte, para conduzi-los a Jerusalém Celeste?

Jesus curou os enfermos, não só porque se compadeceu deles, mas principalmente, para dizer àquele povo que Ele era o Messias, o Emanuel, que Ele era a libertação. È isso que a Igreja faz, e é isto que nós, como filhos de Cristo e da Igreja, sua Imaculada Esposa, devemos fazer: curar as feridas do corpo para beneficiar a alma. Mostrar ao mundo a face misericordiosa de Jesus para conduzi-los todos a Ele, reuni-los todos num único rebanho, numa única família.

Os primeiros cristãos arrebatavam multidões pelo exemplo, os pagãos diziam assombrados, - “vede como eles se amam”. É a este amor que nós convida a Igreja, à pescar almas para Nosso Senhor, e o que veremos nas redes quando retirarmo-nas das águas? Veremos que junto das almas veio o corpo; por isso o verdadeiro discípulo de Jesus deve observar estas duas realidades humanas, distintas, mas inseparáveis.

Por fim, tudo isto foi dito para concluir que não devemos seguir algumas correntes que se dizem cristãs, mas que de Cristo não tem nada, vivem em total dissonância dos princípios cristãos. Querem materializar o Evangelho, querem materializar a Igreja, materializar Jesus.

A Igreja por sua vez, não materializa o Evangelho, pois ele foi escrito para as coisas da alma. Ela porém, vale-se de um justo recurso: aplica os princípios do espírito para melhorar a realidade material, assim, o que é a Doutrina Social da Igreja? É a aplicação da caridade e dos valores morais na vida social, para que não seja a alma a ser subjugada as fraquezas da carne, mas a carne a ser dignificada pela superioridade da alma. De que modo que a sociedade humana seja tanto mais próxima da sociedade celeste.

Queridos católicos, temos água da fonte mais pura para beber, não devemos procurar beber de outra fonte que não Igreja, ela é sempre uma verdadeira mãe e mestra, sempre pode dar as resposta que precisamos e nunca nos desaponta.

Fernanda Carminati

com minha benção
Pe.Emílio Carlos +

Os Cristãos no Mundo

Na literatura cristã de começo do século III encontra-se uma carta, de autor desconhecido, destinada a certo Diogneto, na qual o escritor apresenta o que é o "ser cristão".

É peça notável, cujo teor merece ser recordado em nossos dias, pois conserva pleno significado.

O autor refere que os cristãos em nada diferem dos demais homens no plano biológico, social, econômico... Todavia em seu íntimo trazem uma vitalidade que transcende as leis da matéria: "Quando entregues à morte, são vivificados. Na pobreza enriquecem a muitos... São desprezados, mas, no meio de desonras, sentem-se glorificados". E finalmente: "Para resumir numa palavra: o que é a alma no corpo, são os cristãos no mundo".

Estas palavras não são totalmente novas na literatura cristã, pois já o Apóstolo afirmava: Vivemos "como punidos e, não obstante, livres da morte; ...como indigentes, e, não obstante, enriquecendo a muitos; como nada tendo, embora tudo possuamos" (2Cor 6,10).

Essa vitalidade rica do cristão não resulta de conquistas humanas, mas é dom de Deus.

É a participação na Páscoa de Cristo, que transfigurou a dor e a morte, colocando na própria ignomínia uma semente de glória.

A consciência deste tesouro há de ser constantemente reavivada no cristão, pois ele está sujeito às vicissitudes que afetam todos os homens.

Nas horas de tribulação e angústia, saiba assumir a atitude de quem vê o sentido transcendental das borrascas presentes. Procure ser fermento na massa, sal da terra, luz do mundo.

O Concílio do Vaticano II, referindo-se aos fiéis em geral exorta:

"Cada leigo individualmente deve ser perante o mundo uma testemunha da ressurreição e vida do Senhor Jesus e sinal do Deus vivo. Todos juntos, e cada um na medida das suas possibilidades, devem alimentar o mundo com frutos espirituais... Numa palavra: o que a alma é no corpo, isto sejam no mundo os cristãos" (Lumen Gentium nº 38).

É oportuno lembrar isto num momento importante como o que o Brasil está vivendo: critérios meramente naturais ou humanos, atitudes utilitárias pouco consentâneas com a escala de valores do Evangelho podem seduzir o cristão. Este há de procurar não trair sua missão de portador de novas perspectivas para os seus semelhantes; ele tem para com estes um débito de que o Senhor Deus lhe pedirá contas um dia: "O que a alma é no corpo, sejam os cristãos no mundo".

Desta santa ufania o cristão não pode abrir mão; antes, traduza-a em atos e vida!

in memoriam Dom. Estêvão Bettencourt, OSB
com minha benção Pe.Emílio Carlos+

Palavra eficaz e penetrante


(Hb 4,12)

O mês de setembro é o mês da Bíblia, ... da Bíblia que, de um lado, é tão recomendada pela Igreja e, de outro lado, tão difícil e árdua a muitos leitores.

Por que tão recomendada?

- Porque a Bíblia está em íntima relação com o mistério da Encarnação ou do Verbo feito carne, que é o mistério central do Cristianismo (cf. Jo 1,14). Já antes que o Verbo de Deus se fizesse carne do homem, Ele se fez palavra do homem, entrando no linguajar pobre e rude dos antigos orientais. Tal é o valor da Escritura Sagrada: é a palavra humana assumida pelo próprio Deus para exprimir o plano salvífico do Senhor. Assim entendida, a Bíblia é um sacramental, ou seja, uma mensagem que santifica o leitor não apenas na medida do que ele entende, mas também, e principalmente, na medida da fé e do amor com que ele lê; esse sacramental nos põe em comunhão com o próprio Deus, preparando e continuando a comunhão que se dá no sacramento da Eucaristia. Toda palavra é um mistério, porque implica um pouco da vida e da riqueza de quem fala: quem muito lê as obras de determinado escritor, põe-se a comungar com o modo de pensar e amar desse autor. Conseqüentemente, quem lê assiduamente a Palavra de Deus, não pode deixar de entrar em comunhão com o pensamento e o amor do próprio Deus.

Por que então essa Palavra é tão difícil para muitos leitores?

- Porque ela participa das notas da Encarnação do Verbo. Quem via Jesus caminhando pelas estradas da Palestina, sentindo cansaço, fome e sede..., quem o viu dilacerado pelos maus tratos da sua Paixão..., devia ter dificuldade para penetrar no mistério desse Divino Mestre, tão desfigurado pelo elemento humano que Ele assumira e que O cercava. – Assim também é a Palavra de Deus: revestida de roupagem humana, arcaica e, além do mais, dilacerado por copistas, tradutores, fragilidade de papiros e pergaminhos, essa Palavra pode parecer insignificante ou desprezível aos olhos do leitor despreparado. Todavia quem aceita considerá-la de mais perto, recolocando-a em seu ambiente de origem e procurando entendê-la segundo o Espírito que a inspirou, descobre nela um alimento precioso para o seu percurso de peregrino. É pela experiência que se comprova a teoria. Comece o leitor pelos Evangelhos; depois de lidos e relidos, passe aos Atos e à epístola dos Apóstolos; tendo compreendido um pouco do Novo Testamento, sentirá a necessidade de conhecer o Antigo Testamento, pois o Novo está latente no Antigo, como o Antigo está patente no Novo.

O Verbo feito carne na plenitude dos tempos, o Verbo feito palavra humana para o anunciar e comentar, o Verbo feito Pão consagrado, eis três dons inseparáveis que o Pai oferece a todo cristão. Feliz é quem os reconhece!

in memorian Dom. Estêvão Bettencourt, OSB

Para Você Refletir

EU ESCAPEI DO ABORTO


REZEM POR NÓS. NÃO VOTEM CONTRA NÓS!

DEIXEM VIR A MIM AS CRIANCINHAS, PORQUE DELAS É O REINO DOS CÉUS.

CONTROLAR A NATALIDADE É PRECISO. MATAR INOCENTES NÃO É PRECISO.
Com minha benção
Padre Emílio Carlos+

Cristais quebrados

2010: Cristais quebrados
*Carlos Vereza

Não é necessário ser profeta para revelar antecipadamente o que será o ano eleitoral de 2010.

Ou existe alguém com tamanha ingenuidade para acreditar que o “fascismo galopante” que aparelhou o estado brasileiro vá, pacificamente, entregar a um outro presidente que não seja do esquema lulista os cargos, as benesses, os fundos de pensão, o nepotismo, enfim, a mais deslavada corrupção jamais vista no Brasil?

Lula já declarou, que (sic) “2010 vai pegar fogo!”. Entenda-se, por mais esta delicadeza gramatical, golpes abaixo da cintura: dossiês falsos, PCC “em rebelião”, MST convulsionando o país… que a lei de Godwin me perdoe - mas assistiremos em versão tupiniquim, a Kristallnacht, A Noite dos Cristais que marcou em 1938 o trágico início do nazismo na Alemanha.

E os “judeus” serão todos os democratas, os meios de comunicação não cooptados (verificar mais uma tentativa de cercear a liberdade de expressão no país: em texto aprovado pelo diretório nacional do PT, é proposto o controle público dos meios de comunicação e mecanismos de sanção à imprensa). Tudo isso para a perpetuação no poder de um partido que traiu um discurso de ética e moralidade ao longo de mais de 25 anos e, gradativamente, impõe ao país um assustador viés autoritário. Não se surpreendam: Há todo um lobby nacional e internacional visando a manutenção de Lula no poder.

Prêmios, como por exemplo, o Chatham House, em Londres, que contou com “patrocínios” de estatais como Petrobras, BNDS e Banco do Brasil, sem, até agora, uma explicação convincente por parte dos “patrocinadores”; matérias em revistas estrangeiras, enaltecendo o “mantenedor da estabilidade na América Latina”. Ou seja: a montagem virtual de um grande estadista…

Na verdade, Lula é o Übermensch dos especuladores que lucram como “nunca na história deste país”.

Sendo assim, quem, em perfeito juízo, pode supor que este ególatra passará, democraticamente, a faixa presidencial para, por exemplo, José Serra , ou mesmo Aécio Neves, Marina Silva?

Pelo que já vimos de “inaugurações" de obras que sequer foram iniciadas, de desrespeito às leis eleitorais, do boicote às CPIs como a da Petrobras, do MST e tantos outros "deslizes", temos o suficiente para imaginar o que será a "disputa" eleitoral em 2010.

E tem mais: o PT está comprando, com o nosso dinheiro, políticos, intelectuais, juízes, militares, o povo humilde com bolsa esmola e formando milícias com o MST, PCC, Sindicatos, ONGS, traficantes e outros, que recebem milhões e milhões de reais, para apoiar o PT e as falcatruas do Governo Lula.

Não podemos nem pensar em colocar como Presidente do Brasil uma mulher TERRORISTA, que passou a vida assaltando bancos, assassinando pessoas inocentes, arrombando casas, roubando e matando. Só uma pessoa internada num manicômio seria capaz de votar numa BANDIDA para ser a presidente de um País.

Confiram.
Carlos Vereza
Ator e ex-petista

Violências islâmicas contra os católicos no Paquistão:

Violências islâmicas contra os católicos no Paquistão: “diálogo” não adianta

Bandos de fanáticos islâmicos vem semeado a morte e o terror nos bairros cristãos de Faisalabad, no Paquistão, contou à Agência Fides, o Pe. Pascal Paulus OP, pároco da Igreja do Santo Rosário.

“Eram grupos incontroláveis: devastaram estradas e lojas, atiraram, destruíram, saquearam e incendiaram”, disse o sacerdote.

Em julho, os jovens católicos Rashid e Sajid Emmanuel foram falsamente acusados e presos por “blasfêmia” contra o Corão.

A Justiça os inocentou e liberou, mas foram barbaramente assassinados na saída do tribunal.

De nada adiantaram as tentativas de “diálogo inter-religioso” com os líderes religiosos muçulmanos locais, reconheceu o Pe. Aftab James Paul, chefe da Comissão para o Diálogo da diocese.

No mundo islâmico, esse “diálogo” relativista é visto como um sinal de debilidade dos católicos, fato que os encoraja para novas violências.

Fonte: Luz de Cristo

Deus os abençõe
Pe.Emílio Carlos+

Mineiros soterrados no Chile receberão uma Virgem dos 33

A Pastoral Juvenil do Uruguai enviou uma imagem da Virgem dos Trinta e Três ao grupo de 33 mineiros chilenos soterrados na jazida San José de Atacama, para dar-lhes esperança “nestes momentos difíceis”.

A imagem foi entregue à delegação da Pastoral Juvenil chilena que participou do 3° Congresso Latino-americano de Jovens celebrado na Venezuela.

Na mensagem que acompanha a imagem, os jovens uruguaios explicam aos mineiros que “ela nasceu acompanhando os trinta e três homens que lutaram pela libertação de nosso país.

Rezamos por sua libertação e pedimos à Virgem que interceda ante seu filho e os dê ânimo e esperança para passar estes momentos difíceis”.

“Recebam nossa saudação e a segurança de nossa oração dos jovens uruguaios presentes no 3° Congresso Latino-americano de Pastoral Juvenil”, expressaram.

História da Virgem dos 33

Em virtude sobre um grupo de jovens católicos uruguaios ter enviado para o 33 mineiros soterrados no Chile, uma imagem da Virgem dos 33, muitos amigos entraram em contato querendo saber mais sobre esta devoção.

Eis abaixo um breve histórico:

A devoção à imagem que tomou o nome de “A Virgem dos Trinta e Três” teve início numa fazenda denominada “Virgem dos Desamparados”, de propriedade dos padres Jesuítas, e situada ao redor da cidade de nome Florida, no Uruguai.

A propriedade era cortada por um riacho chamado Arroyo de La Virgem e no cume da Serra Del Pintado, havia um oratório com uma imagem de Nossa Senhora, representando a Virgem subindo aos céus, levada pelos anjos (inspirada na “Assunção”, de Murillo).

Em 1767 os Padres Jesuítas foram expulsos da Espanha e também de toda a América Latina. O povoado, que era próspero, decaiu tanto que mais tarde, quando o novo pároco, Padre Santiago Figueiredo tomou posse, não restavam mais do que cinco famílias no local, em um terreno improdutivo e estéril.

O povo, porém, não esqueceu a milagrosa imagem, construindo uma rústica capela de palha e barro.

No dia 19 de abril de 1825, desembarcaram na praia da Agraciada, trinta e três homens comandados pelo general Antônio Lavalleja que pretendiam libertar a pátria, sob o lema: “Liberdade ou morte”.

Conquistaram Soriano, Colonia, San José, Guadalupe e Florida. Instalaram em junho um Governo provisório e, conforme o costume daqueles tempos, foram à Igreja para implorar o auxílio de Deus e de Sua Santíssima Mãe para a nova pátria uruguaia.

Na mesma cidade de Florida, no dia 25 de agosto de 1825, reuniu-se a Assembléia Nacional Constituinte da República Oriental do Uruguai para declarar a sua independência.

Depois de lida a ata, todos, governantes e povo, se dirigiram à Igreja e ajoelharam-se diante da pequena imagem da Virgem, colocando a pátria sob a sua maternal proteção.

Diante da imagem foi colocada uma bandeira tricolor. Comandantes e soldados dobraram reverentes os joelhos. O povo, que enchia a praça maior, o exército e o novo governo lotaram a Igreja para o solene canto do “Te Deum” (Ação de Graças) e o pároco deu a benção aos heróis e ao povo.

Quando algo nasce da espontaneidade, não se pode definir uma data certa; mas, com toda a certeza, foi a partir da instalação da Soberana Assembléia, ainda na casa de D. Ana Hernandez, ao lado da Igreja, que se começou a chamar aquela milagrosa imagem de “A Virgem dos Trinta e Três“.

No ano de 1857, o segundo chefe dos Trinta e Três, general Manuel Oribe, em agradecimento à “Virgem dos Trinta e Três”, ofereceu-lhe uma preciosa coroa que até hoje se conserva no tesouro da Catedral.

Diante da pequena imagem há uma lápide com a inscrição: “Diante desta imagem de Nossa Senhora de Luján del Pintado, os trinta e três inclinaram sua bandeira tricolor; a ela também invocaram os Convencionais da Independência“.

No dia 11 de novembro de 1961 a Santa Sé permitiu a coroação pontifícia da imagem e, no dia 21 de novembro de 1962, a Virgem dos Trinta e Três foi proclamada padroeira do Uruguai.

No segundo domingo de novembro de cada ano, milhares de peregrinos se reúnem para celebrar as festividades de sua Padroeira e pedir a sua proteção para os uruguaios.

Fonte: ACI Digital

com minha benção
Pe.Emílio Carlos+

terça-feira, 28 de setembro de 2010

A Mediação universal de Maria Santíssima


Nossa Senhora Medianeira

Antes de apresentarmos a Doutrina desta Mediação da Mãe, cumpre-nos explicar e expor o Ofício Medianeiro de CRISTO.

Ao falar da Mediação de CRISTO, santo Tomás de Aquino ensina: “O Ofício de Medianeiro entre DEUS, e os homens consiste em uni-los”. (Suma Teológica3, q.26, a.1). A essência, pois, e a finalidade da Mediação de CRISTO está em unir os homens com DEUS.

O Medianeiro, segundo Santo Tomás, apresenta a DEUS as orações dos homens, oferece o Sacrifício, que é o ato principal da virtude da religião, e distribui aos homens os Dons Divinos que santificam as almas.

Este Ofício de Medianeiro, elevado a suprema perfeição, cabe e pertence exclusivamente a CRISTO Homem-DEUS, o único que nos pode reconciliar com DEUS, oferecendo-LHE um Sacrifício de valor infinito, que é perpetuado substancialmente no Sacrifício da Santa Missa. Somente CRISTO, Cabeça da humanidade, nos conquistou, com direito de Justiça, todas as graças necessárias a nossa salvação. É precisamente neste sentido que São Paulo ensina:

“Há um só Medianeiro entre DEUS e os homens, o Homem JESUS CRISTO, que se deu a Si mesmo em Redenção por todos.” (1 Tm. 2, 5-6)

Com estas palavras o Apóstolo quer dizer que nenhuma outra pessoa, tem, em si mesma, autoridade própria, nem merecimentos próprios, para se apresentar diante de DEUS, como Medianeiro dos homens, e neste sentido, a Mediação de CRISTO é única e exclusiva.

Mas esta Mediação absolutamente necessária, superabundante e suficientíssima, e que não carece absolutamente do auxílio de quem quer que seja, não exclui medianeiros subalternos e dependentes de CRISTO.

Com diáfana clareza o Papa Leão XIII na Encíclica “Fidentem piumque” de 20 de setembro de 1896, nos prova esta asserção:

“Há quem ache ousada a grande confiança no patrocínio da Virgem e queira repreender-nos. Em verdade, somente a CRISTO compete o nome e partilha de Medianeiro, a CRISTO que é uma só pessoa DEUS e Homem, e assim restaurou o gênero humano na graça: “Há um só Medianeiro entre DEUS e os homens, o Homem JESUS CRISTO, que se deu a Si mesmo, em Redenção por todos.” ( 1 Tm. 2, 5-6)

Mas, como ensina o “Anjo da Escola”, nada se opõe a que também outros se designem medianeiros entre DEUS e os homens, enquanto como ministros e instrumentos, cooperam na união dos homens com DEUS (Suma Teológica 3, q. 26, a.1,2), como os Anjos e Santos do Céus, os profetas e sacerdotes de ambos os Testamentos.

Esta dignidade gloriosa cabe, em ponto mais elevado, à Santíssima VIRGEM. Pois não se pode imaginar uma só personalidade que operasse na reconciliação dos homens com DEUS como MARIA, ou pudesse jamais operar como ELA. Quando os homens tinham incorrido na eterna perdição, MARIA deu-nos o SALVADOR. Pois foi ELA quem, em lugar de todo o gênero humano deu o Seu consentimento, quando o Anjo anunciou o Mistério da Paz (Suma Teológica 3, q. 30, a. 1). É Dela que nasceu JESUS, e ELA é verdadeiramente SUA MÃE e, por esta causa, Digna e Legítima Medianeira do Medianeiro.

É, pois, este o pensamento do papa Leão XIII: “Há um só Medianeiro, e esse é JESUS CRISTO. Mas há junto de JESUS CRISTO, a Santíssima Virgem, MÃE de DEUS, que por sua íntima cooperação com a Obra da Redenção, foi constituída Medianeira, e nesta Sua posição central, MARIA supera a todos os Anjos e Santos; é Medianeira num sentido, como nenhum Anjo e Santo o pode ser”.

Mas, se de fato, a mediação de JESUS CRISTO foi suficientíssima, superabundante, não carecendo do auxílio de quem quer que fosse, para executa-la, qual a razão, então, de MARIA Santíssima cooperar intimamente nela e merecer o título de Medianeira?

MARIA Santíssima é Medianeira Universal, não porque DEUS dELA necessitasse, mas porque unicamente assim o quis.

DEUS, infinitamente livre, podia querer e não querer a Redenção. E querendo a Redenção, podia escolher aquele modo de remir os homens que mais LHE agradasse. Pois, infinitamente sábio, tinha a sua disposição infinitos planos redentores.

Entre os infinitos planos, então, escolheu e executou aquele em que MARIA Santíssima ocupa, junto ao Divino Redentor, a posição central de MÃE e Medianeira Universal.

Segundo esse plano, na hora estabelecida por DEUS, o VERBO Eterno assume a natureza humana,
por Obra do Divino ESPÍRITO SANTO; mas a assume no seio castíssimo da Virgem, e somente após ELA ter dado seu livre, espontâneo e pleno consentimento. A Virgem, portanto, por Sua própria vontade, torna-se MÃE do Salvador, fornecendo-LHE o Sangue Preciosíssimo a ser derramado e o corpo Santíssimo a ser imolado no Santo Sacrifício da Cruz.

Durante os anos que levou a preparação do Santo Sacrifício, MARIA Santíssima vive com o FILHO em perfeita, ininterrupta e íntima comunhão de sentimentos e dores.

Na Sexta Feira Santa, no alto do Calvário, MARIA Santíssima apresenta a DEUS a Vítima Divina. MÃE e FILHO entrelaçados num só sentimento, numa só vontade, oferecem o Sacrifício Redentor à Justiça Divina. Eis, pois, JESUS, o Redentor do gênero humano, satisfazendo plenamente pelos pecados dos homens, e eis a Seu lado a Santíssima MÃE a Co-Redentora, que por Seus sofrimentos, se torna MÃE de todos os remidos.

E agora perguntamos: A missão da Santíssima Virgem estará concluída com a morte do Redentor ou continuará ELA pela distribuição das Graças, conquistadas com Sua cooperação, na dolorosa Obra da Redenção?

A mesma Vontade Santíssima que escolheu a Virgem para MÃE do Redentor, que LHE pediu assistência Maternal para os 33 anos de vida e para a hora do Sacrifício Supremo, esta mesma Vontade quer e determina que ELA seja, junto do FILHO, a Dispensadora de todas as Graças. Pois, o Plano Redentor, abrange não só a conquista de todas as Graças, realizadas aqui na Terra, mas também a distribuição das mesmas que se faz nos Céus.

Seria até de estranhar, se Deus convidasse a Virgem para acompanhar o SALVADOR na Sua crudelíssima jornada, começada na Encarnação e concluída no Calvário, e não A associasse a CRISTO nas alegrias da distribuição de todas as graças, fruto preciosíssimo também do sofrimento da MÃE Celeste.

Portanto, a Santíssima Virgem, unida a CRISTO, aqui na Terra nos sofrimentos cruéis da Redenção, está agora unida a CRISTO nos Céus, na distribuição dos frutos da Redenção.

Como vemos, aqui temos enfeixado, em poucas palavras, o Plano da Redenção do gênero humano, e neste Plano está contida a Mediação da Santíssima Virgem. Distinguimos duas fases da Mediação Universal de MARIA Santíssima:

A primeira compreende a participação de MARIA SANTÍSSIMA nos mistérios da salvação humana: a começar da Encarnação do VERBO, por ELA livremente aceita, continuada durante os 33 anos da Vida do SENHOR e concluída com o Sacrifício da Cruz. Esta primeira parte da Mediação confere a MARIA Santíssima o glorioso título de Co-Redentora do gênero humano, e disso tratará as três próximas partes.

A segunda fase da Mediação universal de MARIA Santíssima diz respeito à distribuição de todas as Graças, iniciada no Dia da Gloriosa Assunção da Santíssima Virgem e a perpetuar-se até o fim do mundo, e que Lhe dá o consolador título de Dispensadora de Todas as Graças. Fatos que abordaremos a partir da quinta parte. Pois, enquanto a aquisição das Graças pela Mediação da Virgem é um fato já realizado e consumado, a Distribuição das mesmas é um fato a consumar-se diariamente, até o Juízo Final.

Mais adiante falaremos ainda da devoção que devemos ter à Medianeira de Todas as Graças e de exemplos Marianos, onde poderemos admirar as infinitas maneiras pelas quais a Santíssima Virgem exerce Sua missão Celestial de Medianeira do Medianeiro.

Com minha benção
Pe.Emílio Carlos+

O caminho para Jerusalém



















O peso da nossa fragilidade faz-nos pender para as realidades deste mundo; o fogo do Teu amor, Senhor, eleva-nos e transporta-nos para as realidades do alto, para as quais ascendemos pelo impulso do coração, cantando os salmos das subidas e ardendo com o fogo da Tua bondade, que nos transporta.

Para onde nos fazes ascender assim?

Para a paz da Jerusalém celeste.

«Alegrei-me quando me disseram: Vamos para a casa do Senhor» (Sl 121, 1).

Só o desejo de aí morar para sempre nos permitirá lá chegar.

Enquanto estamos neste corpo, encaminhamo-nos para Ti.

Não temos aqui em baixo cidade permanente, procuramos sem cessar a nossa morada na cidade futura (Heb 13, 14).

Que a Tua graça me conduza, Senhor, ao fundo do meu coração, para aí cantar o Teu amor, meu Rei e meu Deus. [...]

E, recordando-me desta Jerusalém celeste, o meu coração ascenderá para Jerusalém, a minha verdadeira pátria, Jerusalém, a minha verdadeira mãe (Gl 4, 26), da qual Tu és rei, luz, defensor, protetor e pastor, da qual és a inalterável alegria, e a Tua bondade é a fonte de todos os seus inefáveis bens.

Tu, meu Deus e minha misericórdia divina.


Santo Agostinho (354-430), Bispo de Hipona (Africa do Norte) e Doutor da Igreja
Meditações, cap.18

Com minha benção
Pe.Emílio Carlos+

DÁ LIBERDADE AO PAI, PARA QUE ELE MESMO CONDUZA A TRAMA DOS TEUS DIAS

Tome o texto indicado e faça seu momento de oração :

Gal 5, 1

Contemplar o início de um novo dia cheio de significados.

Enigmas a serem decifrados, mistérios que são a própria vida.

Novo dia também porque o faremos assim.

Sem hesitações, sem tropeços, sem violações. Sem o peso do que não fizemos ontem e sem a ânsia do que faremos amanhã.

Novo porque totalmente concentrado no presente, no que está acontecendo agora, que é o resumo da vida passada e presente, e a construção da eternidade. Tudo tem peso para eternidade.

Não querer transgredir a lei do tempo, mas simplesmente viver.

Retenhamos na afirmação de Jesus: “Quem tiver lançado as mãos ao arado e olhar para trás não serve para o reino de Deus”.

Mas olhar para trás pode ser útil, mesmo necessário: parar para fazer o ponto da situação, fazer o balanço, saber onde se está, reconhecer os erros cometidos, mas também os progressos realizados, para poder recomeçar melhor.

É também dar graças pelas amizades, pelas experiências enriquecedoras. É tirar lições positivas dos fracassos. Tudo isso é bom e Jesus não pode condenar ou proibir isso.

Mas há outra maneira de olhar para trás: é querer voltar para trás, manter em si uma vã nostalgia, como quando dizemos, por exemplo, que “antigamente, é que era bom, era melhor que agora!”. Lamentamos o tempo em que, pensamos nós, havia o respeito dos verdadeiros valores, onde havia referências seguras, que pensávamos imutáveis.

Lembramo-nos das igrejas cheias, das missas em latim. “Nessa altura, sim, havia fé!”, dizemos, enquanto que, hoje, só há dinheiro, violência, sexo, divórcios, droga! E suspiramos: “No meu tempo, não era assim!” Ora, esquecemos simplesmente que o “meu tempo” é o tempo que me é dado hoje.

Não é mais ontem, não é ainda amanhã, é hoje. Mais ainda, quando acreditamos que Jesus ressuscitou, referimo-nos a um acontecimento que se passou há dois mil e dez anos. E pensamos, por vezes, que para nos juntarmos a Jesus, é preciso voltar atrás. Isso é um grande erro.

Pela sua ressurreição, Jesus saiu do nosso tempo, tornou-Se o contemporâneo de cada momento do tempo.

Jesus conhece-me, encontra-me, dá-me a sua presença hoje, em cada instante da minha vida. Jesus pede-me para não voltar atrás, porque me diz: “É agora que te amo, é agora que quero encontrar-te, estar contigo”. Se aceito isso, então sou “feito para o Reino!”

Assim aceita as surpresas que transtornam teus planos, derrubam teus sonhos, dão rumo totalmente diverso ao teu dia e quem sabe, à tua vida. Não há acaso.

Dá liberdade ao Pai, para que Ele mesmo conduza a trama dos teus dias.


Pe. Emílio Carlos +
grãozinho de areia.

As Três Peneiras da Sabedoria

Meia noite em ponto.

Mais uma jornada na construção do templo terminara.

Cansado por mais um dia, Mestre Hiram recostou-se sob o frescor do Ébano para o tão merecido descanso.

Eis que subindo em sua direção, aproxima-se seu mestre construtor predileto, que lhe diz:

- Mestre Hiram... vou lhe contar o que disseram do segundo mestre construtor...

Hiram, com sua infinita sabedoria, responde:

- Calma, meu mestre predileto; antes de me contares algo que possa ter relevância, já fizeste passar as informações pelas “Três Peneiras da Sabedoria”?

- Peneiras da Sabedoria???

Não me foram mostradas. Respondeu o predileto.

- Sim... meu mestre predileto! Só não te ensinei, porque não era chegado o momento; porém, escuta-me com atenção.

Tudo quanto te disserem de outrem, passe antes pelas peneiras da sabedoria e na primeira que é a da Verdade, eu te pergunto:

Tens certeza de que o que te contaram é realmente a verdade?!

Meio sem jeito o mestre responde:

- Bom, não tenho certeza realmente, só sei que me contaram...

Hiram continua:

- Então se não tens certeza, a informação vazou pelos furos da primeira peneira e repousa na segunda, que é a da Bondade. E eu te pergunto:

É alguma coisa que gostarias que dissessem de ti?!

- De maneira alguma mestre Hiram! ... Claro que não!

- Então a tua estória acaba de passar pelos furos da segunda peneira e caiu nas cruzetas da terceira e última, e te faço a derradeira pergunta:

Achas mesmo necessário passar adiante essa estória sobre teu irmão e companheiro?!

- Realmente mestre Hiram, pensando com a luz da razão, não há necessidade...

- Então ela acaba de vazar os furos da terceira peneira, perdendo-se na imensa terra. Não sobrou nada para contar.

- Entendi poderoso mestre Hiram. Doravante somente as boas palavras terão caminho em minha boca.

- És agora um mestre completo. Volta a teu posto e constrói teus templos, pois terminastes teu aprendizado. Porém, lembra-te sempre:

As abelhas construtoras do Universo, nas imundícies dos charcos, buscam apenas as flores para suas laboriosas obras, enquanto as nojentas moscas, buscam em corpos sadios as chagas e feridas para se manterem vivas.

Em resumo: procure fazer, pensar, sentir e falar aos outros aquilo que gostaria que fosse feito, pensado, sentido e falado a você, ou de você.

Procure não fazer, pensar, sentir ou falar aos outros, ou dos outros, aquilo que não gostaria que fosse feito, pensado, sentido e falado a você, ou de você.

Cuidado com os boatos.

( Autor desconhecido- alguns dizem que Sócrates utilizou esta estoria a seu discípulo)

VAMOS REFLETIR COM A PALAVRA DE DEUS- A BÍBLIA

LEMBRE-SE:

" O que contamina o homem não é o que entra pela boca, mas o que dela sai, isso é o que contamina o homem." ( Mateus 15, 11 )

" Quarda tua língua do mal, e os teus lábios de falarem enganosamente. Aparta-te do mal e faz o bem; Procure a Paz, e segue-a." ( Salmo 34, 13-14 )

com minha benção
Pe.Emílio Carlos+

Orientações Sobre Política e Eleições


Prezado leitor:

Prepare-se para votar conscientemente.


Não perca, não deixe de ler esta excelente matéria!

É um discurso muito longo.

Sugerimos ler uma parte por dia.


PODEMOS E DEVEMOS FAZER O CONTROLE DE NATALIDADE SEM MATAR INOCENTES! PENSE, DEPOIS VOTE.

Caríssimos sacerdotes e fiéis da nossa Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney.

Embora não tenha nenhum partido político nem faça campanha partidária, a Igreja pode e deve orientar os seus fiéis sobre a importância de seu voto consciente.

“A Igreja não pode nem deve tomar nas suas próprias mãos a batalha política… não pode nem deve se colocar no lugar do Estado. Mas também não pode nem deve ficar à margem na luta pela justiça. Deve inserir-se nela pela via da argumentação racional e deve despertar as forças espirituais, sem as quais a justiça… não poderá firmar-se nem prosperar” (Papa Bento XVI, Deus caritas est, n. 28).

Com a proximidade das eleições, pois, venho alertá-los para o grave dever de votar corretamente, com consciência cristã, escolhendo o melhor candidato, segundo os critérios que passamos a apresentar.


1. GRAVIDADE DA SITUAÇÃO POLÍTICA ATUAL

A situação política atual é de fato decadente. Parece estar falando de nosso tempo o notável Eça de Queirós, que, em 1871, escrevera com sua verve inconfundível: “Estamos perdidos há muito tempo… O país perdeu a inteligência e a consciência moral. Os costumes estão dissolvidos, as consciências em debandada. Os caracteres corrompidos. A prática da vida tem por única direção a conveniência. Não há princípio que não seja desmentido. Não há instituição que não seja escarnecida. Ninguém se respeita… Ninguém crê na honestidade dos homens públicos… A classe média abate-se progressivamente na imbecilidade e na inércia. O povo está na miséria. Os serviços públicos são abandonados a uma rotina dormente. O Estado é considerado na sua ação fiscal como um ladrão e tratado como um inimigo. A certeza deste rebaixamento invadiu todas as consciências. Diz-se por toda a parte, o país está perdido! Algum opositor do atual governo? Não!”

E, parece que a crise vem de longe, nesse nosso país, desde que trocaram o nome cristão de “Terra de Santa Cruz” pelo de Brasil, como escreveu o historiador Simão de Vasconcelos: “…Terra de Santa Cruz, título que depois converteu a cobiça dos homens em Brasil, contentes do nome de outra madeira bem diferente do da cruz e de efeitos bem diversos”.

Infelizmente, a corrupção eleitoral ainda é um problema enraizado na mentalidade do nosso povo. Muitos acham natural a troca do voto por algum favor do candidato. É preciso instalar uma nova consciência política e mudar a situação com o nosso voto. Voto não se vende. “Voto não tem preço, tem conseqüências”. Não vote apenas levado pela propaganda, pela maioria, pelo interesse financeiro pessoal ou por pressão. Cada um é responsável pelo seu voto e suas conseqüências.

E a corrupção econômica não é a única nem a mais importante. Pior ainda é a corrupção dos costumes, da moral e, sobretudo, das idéias, com a implantação do relativismo, do materialismo e do ateísmo. Como cristãos, nós sabemos que a base da moral e da ética é a lei de Deus, natural e positiva, traduzida na conduta pelo que se chama o santo temor de Deus, ou a consciência reta e timorata. Uma vez perdido o santo temor de Deus, perde-se a retidão da consciência, que passa a ser regida pelas paixões.

É importante conhecer e divulgar informações a respeito dos candidatos: quem são eles, que é que já realizaram em prol da população, qual é a sua história, quais são suas propostas, suas idéias, a quem apóiam e estão ligados, sua origem política, seu partido e qual a linha ideológica do seu partido.

É fundamental discernir o perfil ético e as verdadeiras motivações dos que se apresentam como candidatos. É necessário também examinar o programa do partido ao qual está filiado o candidato. Não vote em candidatos despreparados e sem metas claras, incapazes de uma política consistente: eles serão facilmente manobrados por outros. Desconfie de candidatos oportunistas, dos que praticam a compra de votos, prometendo favores. É bom desconfiar de candidatos sustentados por campanhas financeiras vultosas que facilitam a compra de votos, pois eles podem tentar recuperar, de alguma forma, o investimento realizado, utilizando-se dos privilégios adquiridos no exercício da função publica. E não vote em partidos cujo programa contenha princípios contra a lei natural e cristã.


2. A POLÍTICA E O BEM COMUM

A palavra “política” vem do grego “pólis”, que significa “cidade”. Os gregos estavam organizados em cidades-estado. Por extensão, poderia significar tanto cidade-Estado quanto sociedade, comunidade e coletividade. O termo “política” indicava todos os procedimentos relativos à “polis”ou cidade-Estado. Segundo Aristóteles, Política é a ciência que tem por objeto a felicidade humana e divide-se em ética (que se preocupa com a felicidade individual do homem na “polis-cidade”) e na política propriamente dita (que se preocupa com a felicidade coletiva da “polis”). O objetivo de Aristóteles com sua Política é justamente investigar as formas de governo e as instituições capazes de assegurar uma vida feliz ao cidadão.

Segundo Aristóteles, “o homem é por natureza um animal político, destinado a viver em sociedade” (Política, I, 1,9). E, continua Aristóteles, “toda a cidade é evidentemente uma associação, e toda a associação só se forma para algum bem, dado que os homens, sejam eles quais forem, tudo fazem para o fim do que lhes parece ser bom”. E Santo Tomás de Aquino cunhou o termo bem comum, ou bem público, que é o bem de toda a sociedade, dando-o como finalidade do Estado.

“A comunidade política existe… em vista do bem comum; nele encontra a sua completa justificação e significado e dele deriva o seu direito natural e próprio. Quanto ao bem comum, ele compreende o conjunto das condições de vida social que permitem aos indivíduos, famílias e associações alcançar mais plena e facilmente a própria perfeição” (Gaudium et Spes).

Daí se conclui que a cidade – o Estado – exige um governo que a dirija para o bem comum. Por isso não se pode separar a política do poder.

Assim sendo, a política é de interesse e responsabilidade de todos os cidadãos. Todos têm essa grave responsabilidade na escolha daqueles que vão deter o poder e no acompanhamento das administrações públicas, pois é o bem comum que está em jogo.

Quando o exercício do poder, executivo ou legislativo, ao invés da procura do bem comum, se transforma em instrumento para se obter benefícios particulares, quando o poder legislativo não se propõe fiscalizar mas ser conivente com os desmandos do executivo, quando, nas eleições, já se antevê o jogo da corrupção e os candidatos apostando mais na força do dinheiro do que na força da persuasão de suas propostas administrativas, então as previsões não são de uma política sadia para o bem de todos os concidadãos.


3. AS FORMAS DE GOVERNO
Discute-se muito qual seria a melhor forma de governo. Para a maioria dos sociólogos cristãos a melhor forma de governo seria a monarquia. Para Winston Churchil, a democracia é a pior forma de governo, com exceção de todas as outras! Para Santo Tomás de Aquino, a melhor forma de governo seria a monarquia, temperada com a aristocracia e a democracia. Ou seja, uma só cabeça, que, seguindo os conselhos dos melhores e ouvido o povo, governasse harmonicamente a sociedade.

O Papa Leão XIII solucionou essa discussão dizendo que qualquer forma de governo, desde que correta, poderia se enquadrar dentro dos princípios cristãos e ser apoiada pelos católicos.

O mal são os abusos e as deteriorizações. A corrupção da monarquia é a tirania, o absolutismo, o despotismo. A corrupção da aristocracia é a oligarquia, o governo das “mafias”, das “panelinhas”. E a corrupção da democracia é a demagogia, o populismo.

Assim como a melhor forma de governo seria a união do que há de melhor nas tres modalidades, monarquia, aristocracia e democracia, assim também a pior forma de governo seria a união das deteriorizações e abusos das três formas de governo.

Já imaginaram um governo demagógico, ao mesmo tempo tirânico e mafioso?

A demagogia é anárquica: na ânsia de querer agradar a todos, acaba por agradar somente aos maus, aos marginais, aos desordeiros, enquanto que os cidadãos de bem ficam acuados e indefesos. O populismo agrada à massa e prejudica o povo.

As “panelinhas” e grupos mafiosos são fáceis parasitas de governos populistas e demagógicos, que, para ganhar as eleições, tiveram que se apoiar neles.

E, uma vez tomado o poder, a tirania se exercerá sobre quem não se alinhar ou não concordar. E os castigos e represálias não se farão esperar.

Os frutos desse desgoverno serão a insegurança, a perseguição, o pânico, o triunfo da marginalidade, a corrupção das instituições, a anarquia, o caos social. Afinal, o povo não tem o governo que merece? Será que estamos fazendo por merecer isso?


4. LIBERDADE RESPONSÁVEL

“O desenvolvimento humano integral supõe a liberdade responsável da pessoa e dos povos, pois nenhuma estrutura pode garantir tal desenvolvimento fora e acima da responsabilidade humana” (Bento XVI, Enc. Caritas in veritate).

“Tomar a sério a política, nos seus diversos níveis – local, regional, nacional e mundial -, é afirmar o dever do homem, de todos os homens de reconhecerem a realidade concreta e o valor da liberdade de escolha que lhes é proporcionada para procurarem realizar juntos o bem da cidade, da nação e da humanidade. A política é uma maneira exigente – não a única – de viver o compromisso cristão ao serviço dos outros” (Paulo VI, Octogésima Adveniens 46).

Como a palavra “liberdade” está sujeita a muitas interpretações errôneas, a Igreja, no seu Catecismo, faz questão de nos ensinar o seu correto significado:

“O exercício da liberdade não implica o direito de dizer e fazer tudo. Fugindo da lei moral, o homem prejudica sua própria liberdade, acorrenta-se a si mesmo, rompe a fraternidade com seus semelhantes e rebela-se contra a verdade divina. O direito ao exercício da liberdade é uma exigência inseparável da dignidade do homem, sobretudo em matéria religiosa e moral. Mas o exercício da liberdade não implica o suposto direito de tudo dizer e fazer. ‘É para a liberdade que Cristo nos libertou’ (Gl 5,1).”

“Todos os homens estão obrigados a procurar a verdade, sobretudo naquilo que diz respeito a Deus e à sua Igreja e, depois de conhecê-la, a abraçá-la e praticá-la. Este dever decorre da própria natureza dos homens e não contraria um respeito sincero para com as diversas religiões que re­fletem lampejos daquela verdade que ilumina a todos os ho­mens, nem a exigência da caridade que insta os cristãos a tratar com amor, prudência e paciência os homens que vivem no erro ou na ignorância acerca da fé.”

“O dever de prestar a Deus um culto autêntico diz respeito ao homem individual e socialmente. Esta é a doutrina católica tra­dicional sobre o dever moral dos homens e das sociedades em relação à verdadeira religião e à única Igreja de Cristo. Evan­gelizando sem cessar os homens, a Igreja trabalha para que estes possam penetrar de espírito cristão as mentalidades e os costumes, as leis e as estruturas da comunidade em que vivem. O dever social dos cristãos é respeitar e despertar em cada homem o amor da verdade e do bem. Os cristãos são chamados a ser a luz do mundo. Assim, a Igreja manifesta a realeza de Cristo sobre toda a criação e particularmente sobre as sociedades humanas. O direito à liberdade religiosa não significa nem a per­missão moral de aderir ao erro nem um suposto direito ao erro, mas um direito natural da pessoa humana à liberdade civil, quer dizer, à imunidade de coação externa nos justos limites, em matéria religiosa, da parte do poder político.”

“A Igreja convida os poderes políticos a referir seu julgamento e suas decisões a esta inspiração da verdade sobre Deus e sobre o homem: ‘As sociedades que ignoram esta inspiração ou a recusam em nome de sua independência em relação a Deus são levadas a procurar em si mesmas ou a tomar de uma ideologia os seus referenciais e os seu objetivos e, não admitindo que se defenda um critério objetivo do bem e do mal, arrogam a si, sobre o homem e sobre seu destino, um poder totalitário, declarado ou dissimulado, como mostra a história’ (João Paulo II, encíclica Centesimus Annus).”

“A tal propósito, convém recordar uma verdade que hoje nem sempre é bem entendida ou formulada com exatidão na opinião pública corrente; a de que o direito à liberdade de consciência e, de modo especial, à liberdade religiosa, proclamado pela Declaração Dignitatis humanae do Concílio Vaticano II, está fundado sobre a dignidade ontológica da pessoa humana e, de maneira nenhuma, sobre uma inexistente igualdade entre as religiões e os sistemas culturais humanos”.

“Nesta linha, o Papa Paulo VI afirmou que “o Concílio, de modo nenhum, funda um tal direito à liberdade religiosa sobre o fato de que todas as religiões e todas as doutrinas, mesmo errôneas, tenham um valor mais ou menos igual; funda-o, invés, sobre a dignidade da pessoa humana, que exige que não se a submeta a constrições exteriores, tendentes a oprimir a consciência na procura da verdadeira religião e na adesão à mesma”.

“A afirmação da liberdade de consciência e da liberdade religiosa não está, portanto, de modo nenhum em contradição com a condenação que a doutrina católica faz do indiferentismo e do relativismo religioso; pelo contrário, é plenamente coerente com ela” (CDF, Nota Doutrinal citada).

5. A VERDADEIRA LIBERTAÇÃO

“É para que sejamos homens livres que Cristo nos libertou… Vós, irmãos, fostes chamados à liberdade. Não abuseis, porém, da liberdade…” (Gal 5, 1,13). É a grande tese de São Paulo aos Gálatas. “Liberdade” é realmente uma palavra sedutora. Por isso há que compreendê-la no correto sentido, como nos explica a Instrução da Congregação para a Doutrina da Fé sobre alguns aspectos da “Teologia da Libertação”.

O Evangelho de Jesus Cristo é mensagem de liberdade e força de libertação. Mas a libertação é antes de tudo e principalmente libertação da escravidão radical do pecado. Seu objetivo e seu termo é a liberdade dos filhos de Deus, que é dom da graça. Ela exige, por uma conseqüência lógica, a libertação de muitas outras escravidões, de ordem cultural, econômica, social e política, que, em última análise, derivam todas do pecado e constituem outros tantos obstáculos que impedem os homens de viver segundo a própria dignidade. Discernir com clareza o que é fundamental e o que faz parte das conseqüências é condição indispensável para uma reflexão teológica sobre a libertação.

Na verdade, diante da urgência dos problemas, alguns são levados a acentuar unilateralmente a libertação das escravidões de ordem terrena e temporal, dando a impressão de relegar ao segundo plano a libertação do pecado e, portanto, de não atribuir-lhe praticamente a importância primordial que lhe compete. A apresentação dos problemas por eles proposta torna-se, por isso, confusa e ambígua. Pior ainda são certas formas da teologia da libertação que usam, de maneira insuficientemente crítica, conceitos assumidos de diversas correntes do pensamento marxista.

É sempre bom recordar a profissão de Fé do povo de Deus, do Papa Paulo VI: “Confessamos que o Reino de Deus, começado aqui na terra na Igreja de Cristo, ‘não é deste mundo’ (cf. Jo 18,36), ‘cuja figura passa’ (cf. 1Cor 7,31), e também que o seu crescimento próprio não pode ser confundido com o progresso da cultura humana ou das ciências e artes técnicas; mas consiste em conhecer, cada vez mais profundamente, as riquezas insondáveis de Cristo, em esperar sempre com maior firmeza os bens eternos, em responder mais ardentemente ao amor de Deus, enfim em difundir-se cada vez mais largamente a graça e a santidade entre os homens. Mas com o mesmo amor, a Igreja é impelida a interessar-se continuamente pelo verdadeiro bem temporal dos homens. Pois, não cessando de advertir a todos os seus filhos que eles “não possuem aqui na terra uma morada permanente” (cf. Hb 13,14), estimula-os também a que contribuam, segundo as condições e os recursos de cada um, para o desenvolvimento da própria sociedade humana; promovam a justiça, a paz e a união fraterna entre os homens; e prestem ajuda a seus irmãos, sobretudo aos mais pobres e mais infelizes…”.

6. A IGREJA E A POLÍTICA

Na doutrina social da Igreja, Política é “uma prudente solicitude pelo bem comum” (João Paulo II, Laborem exercens, 20). A Igreja está ao serviço do Reino de Deus, anunciando o Evangelho e seus valores e “não se confunde com a comunidade política nem está ligada a nenhum sistema político” (Gaudium et Spes, 76). Mas os cristãos participam na vida pública como cidadãos. “Os fiéis leigos não podem de maneira nenhuma abdicar de participar na ‘política’, ou seja, na multíplice e variada ação econômica, social, legislativa, administrativa e cultural, destinada a promover de forma orgânica e institucional o bem comum” (João Paulo II, Christifideles laici, 42).

Por isso, “os que são ou podem tornar-se aptos para exercer a difícil e muito nobre arte da política preparem-se para ela; e procurem exercê-la sem pensar no interesse próprio ou em vantagens materiais” (Gaudium et Spes, 75 f).

A certeza da vida eterna não inibe o empenho pela construção de uma sociedade justa, fraterna, mais cristã e humana nem suprime a exigência do cumprimento dos deveres de ordem temporal. Quem se torna cristão sente-se no dever de contribuir para melhorar as condições da vida temporal e ver aumentar a sua eficácia nos trabalhos cotidianos (cf. Mater et Magistra, Gaudium et Spes, Solicitudo Rei Socialis, Centesimus Annus, passim).

“É preciso ter em grande consideração o bem comum… É o bem daquele « nós-todos », formado por indivíduos, famílias e grupos intermédios que se unem em comunidade social… Querer o bem comum e trabalhar por ele é exigência de justiça e de caridade. Comprometer-se pelo bem comum é, por um lado, cuidar e, por outro, valer-se daquele conjunto de instituições que estruturam jurídica, civil, política e culturalmente a vida social, que deste modo toma a forma de pólis, cidade… Todo o cristão é chamado a esta caridade, conforme a sua vocação e segundo as possibilidades que tem de incidência na pólis… Quando o empenho pelo bem comum é animado pela caridade, tem uma valência superior à do empenho simplesmente secular e político” (Bento XVI, Caritas in Veritate, 7).

7. LAICIDADE E LAICISMO

Para a doutrina moral católica, a sadia laicidade, entendida como autonomia da esfera civil e política da religiosa e eclesiástica – mas não da moral – é um valor adquirido e reconhecido pela Igreja, no mundo atual. “No domínio próprio de cada uma, comunidade política e Igreja são independentes e autônomas” (Gaudium et Spes, 76). “Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus”, explica Nosso Senhor (Mt 22,21). Laicidade seria um legítimo “laicismo”, que é a independência dos poderes da Igreja e do Estado, que não isenta a “César” do dever de dar a Deus o que é de Deus.

Laicismo, ao contrário, como é entendido hoje, seria uma autonomia da esfera civil em relação a Deus, à Lei Natural e à moral, equiparando-se assim ao indiferentismo e ao relativismo religioso, terminando no ateísmo prático e teórico: “uma economia sem Deus, um direito sem Deus, uma política sem Deus”.

É assim que nos adverte a Congregação para a Doutrina da Fé, na sua “Nota Doutrinal sobre algumas questões relativas à participação e comportamento dos católicos na vida política”: “Graves perigos atuais, que penetram nas legislações e comportamentos: relativismo cultural, pluralismo ético, decadência e dissolução da razão e dos princípios da lei moral natural. Reivindica-se a autonomia para as escolhas morais. Leis que prescindem dos princípios da ética natural, deixando-se levar exclusivamente pela condescendência com certas orientações culturais ou morais transitórias, como se todas as concepções possíveis da vida tivessem o mesmo valor”.

“Tal concepção relativista do pluralismo nada tem a ver com a legítima liberdade dos cidadãos católicos de escolherem, entre as opiniões políticas compatíveis com a fé e a lei moral natural, a que, segundo o próprio critério, melhor se coaduna com as exigências do bem comum. A liberdade política não é nem pode ser fundada sobre a idéia relativista, segundo a qual, todas as concepções do bem do homem têm a mesma verdade e o mesmo valor”.

O Papa João Paulo II, na linha do perene ensinamento da Igreja, afirmou repetidas vezes que quantos se encontram diretamente empenhados nas esferas da representação legislativa têm a “clara obrigação de se opor” a qualquer lei que represente um atentado à vida humana.

“Neste contexto, há que acrescentar que a consciência cristã bem formada não permite a ninguém favorecer, com o próprio voto, a atuação de um programa político ou de uma só lei, onde os conteúdos fundamentais da fé e da moral sejam subvertidos com a apresentação de propostas alternativas ou contrárias aos mesmos. Uma vez que a fé constitui como que uma unidade indivisível, não é lógico isolar um só dos seus conteúdos em prejuízo da totalidade da doutrina católica. Não basta o empenho político em favor de um aspecto isolado da doutrina social da Igreja para esgotar a responsabilidade pelo bem comum. Nem um católico pode pensar em delegar a outros o empenho que, como cristão, lhe vem do evangelho de Jesus Cristo de anunciar e realizar a verdade sobre o homem e o mundo” (Congregação para a Doutrina da Fé, Nota Doutrinal sobre algumas questões relativas à participação e comportamento dos católicos na vida política, de 24 de novembro de 2002).

8. PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS

Na política, o católico deve estar bem ciente dos princípios fundamentais da doutrina social da Igreja, que devem servir de pauta à sociedade, baseados na lei natural e na busca do bem comum, e ver se os seus candidatos adotam esses princípios (cf. Compêndio da Doutrina Social da Igreja do Pontifício Conselho “Justiça e Paz” e Dicionário de Doutrina Social da Igreja, Luiz Carlos Lessa, Editora LTr).


1º. Subordinação da ordem social à ordem moral estabelecida por Deus:

“O aspecto mais sinistramente típico da época moderna consiste na tentativa absurda de se querer construir uma ordem temporal sólida e fecunda prescindindo de Deus, fundamento único sobre o qual ela poderá subsistir” (João XXIII, Mater et Magistra 214).

“Não há justiça onde não haja Deus” (Rui Barbosa)

“A solução dos graves problemas nacionais e internacionais não é apenas uma questão de produção econômica ou de uma organização jurídica ou social, mas requer valores ético-religiosos específicos, bem como mudanças de mentalidade, de comportamento e de estruturas” (João Paulo II, Centesimus annus 60).

“Hoje se propõe escolher entre caminhos que conduzem à vida ou caminhos que conduzem à morte (cf. Dt 30, 15). Caminhos de morte são os que levam a dilapidar os bens que recebemos de Deus através daqueles que nos precederam na fé. São caminhos que traçam uma cultura sem Deus e sem seus mandamentos ou inclusive contra Deus, animada pelos ídolos do poder, da riqueza e do prazer efêmero, a qual termina sendo uma cultura contra o ser humano e contra o bem dos povos latino-americanos” (Documento de Aparecida, 13).

“Aqui está precisamente o grande erro das tendências dominantes do último século, erro destrutivo, como demonstram os resultados tanto dos sistemas marxistas como inclusive dos capitalistas. Falsificam o conceito de realidade com a amputação da realidade fundante, e por isso decisiva, que é Deus. Quem exclui Deus de seu horizonte, falsifica o conceito de ‘realidade’ e, em conseqüência, só pode terminar em caminhos equivocados e com receitas destrutivas” (Bento XVI, Discurso inicial em Aparecida, 3).


2º. Dignidade da Pessoa Humana:

Antes do cristianismo, havia uma desigualdade discriminatória visceral na sociedade, onde seres humanos eram considerados coisas, e continua a haver, quando o verdadeiro cristianismo está ausente. À luz da doutrina cristã, todos são pessoas, porque igualmente criados à imagem e semelhança de Deus e remidos pelo sacrifício de Jesus Cristo: qualquer ser humano passou a ser pessoa através das idéias cristãs do amor fraterno e da igualdade perante Deus. “A dignidade da pessoa humana se fundamenta em sua criação à imagem e semelhança de Deus” (Catecismo da Igreja Católica, 1700).

Depois de Jesus Cristo, “já não há judeu nem grego, nem escravo nem livre, nem homem nem mulher, pois todos vós sois um em Cristo Jesus” (Gal 3,28).

3º. Solidariedade:

Solidariedade aqui é sinônimo de “amizade” (Leão XIII), “caridade social” (Pio XI) e “civilização do amor” (Paulo VI).

“O homem deve contribuir, com seus semelhantes, para o bem comum da sociedade, em todos os seus níveis. Sob este ângulo, a doutrina da Igreja opõe-se a todas as formas de individualismo social ou político” (CDF, Nota Doutrinal acima citada)


4º. A busca do bem comum, ou seja, “o conjunto das condições da vida social que permitem, tanto aos grupos como a cada membro, alcançar mais plena e facilmente a própria perfeição” (Gaudium et Spes, 26).

“A realização do bem comum constitui a total razão de ser dos poderes públicos” (João XXIII, Pacem in terris 54).

5º. A opção preferencial pelos pobres:

“O Estado, na proteção dos direitos particulares, deve preocupar-se, de maneira especial, dos fracos e dos indigentes. A classe rica tem menos necessidade da tutela pública. A classe indigente, ao contrário, sem riquezas que a ponham a coberto das injustiças, conta principalmente com a proteção do Estado. Que o Estado se faça, pois, sob um particularíssimo título, a providência dos trabalhadores, que em geral pertencem à classe pobre” (Leão XIII, Rerum Novarum 20).

6º. Não ao império do dinheiro, à tendência de “converter o lucro em valor supremo” (Bento XVI, Discurso inicial em Aparecida, 2), posto acima da moral. Não, portanto, ao “capitalismo selvagem”. Sim ao capitalismo sadio: sistema econômico que reconhece o papel fundamental e positivo da empresa, do mercado, da propriedade privada, da responsabilidade pelos meios de produção, da livre criatividade humana: economia de mercado.

7º. Não ao socialismo.

“Os cristãos, hoje em dia, sentem-se atraídos pelas correntes socialistas e pelas suas diversas evoluções… contudo, tal corrente foi e continua a ser, em muitos casos, inspirada por ideologias incompatíveis com a fé cristã” (Paulo VI, Octogesima Adveniens, 31).

“Podem resumir sua teoria nesta fórmula única: a abolição da propriedade privada” (Manifesto do Partido Comunista, pp 62 e 38 – Marx e Engels).

“O socialismo, como doutrina ou fato histórico ou ação, se é verdadeiro socialismo, não pode conciliar-se com a doutrina católica, pois concebe a sociedade de modo completamente avesso à verdade cristã” (Pio XI, Quadragesimo Anno, 117).


8º SIM À SOCIALIZAÇÃO.

Entendida no sentido de crescimento e interação de relações sociais, crescente desenvolvimento de formas associativas no campo econômico e social, com a finalidade de resolver as necessidades sociais dos indivíduos e dos grupos, sem se precisar recorrer ao Estado. (cf. João XXIII, Mater et Magistra).


9º Subsidiariedade ou ação subsidiária do Estado, que não absorva a iniciativa das famílias e dos indivíduos.

Baseado no princípio de que o homem é anterior ao Estado e que a sociedade doméstica tem sobre a sociedade civil uma prioridade lógica e uma prioridade real, Pio XI ensina: “Assim como é injusto subtrair aos indivíduos o que eles podem fazer com a própria iniciativa para confiá-lo à coletividade, do mesmo modo passar para uma sociedade maior e mais elevada o que sociedades menores e inferiores poderiam conseguir é uma injustiça, um grave dano e perturbação da boa ordem social”.

“Não é justo que o indivíduo ou a família sejam absorvidos pelo Estado” (Leão XIII, Rerum Novarum, 52). Que as famílias possam ter iniciativa privada, por exemplo, para construir creches e escolas, sem que o Estado possa interferir, mas sim, subsidiar. Que haja, pois, da parte do Estado, incentivo e subsídio à iniciativa privada na geração de empregos e na educação.

Nem, portanto, o Estado gigante do socialismo, nem o Estado raquítico do liberalismo econômico. Nem o Estado onipresente, nem o Estado omisso. Nem o Estado absorvente, nem o Estado passivo. A expressão “Estado forte” pode muitas vezes clamufar o significado de um Estado gigante, que não adota o princípio da subsidiariedade. Governos, tanto federais, como estaduais e municipais, que detêm a maioria dos empregos na sociedade, onde a maioria vive em função do governo e dele dependente, são realmente Estados gigantes que não adotam o princípio da subsidiariedade.

10º Prioridade do trabalho sobre o capital.

“Ambos têm necessidade um do outro: não pode haver capital sem trabalho, nem trabalho sem capital” (Leão XIII, Rerum Novarum, 28).

“O trabalho é causa eficiente primária, o capital é um instrumento ou causa instrumental” (João Paulo II, Laborem exercens, 12).

“É preciso acentuar o primado do homem no processo de produção, o primado do homem em relação às coisas” (João Paulo II, Laborem exercens, 12f).


11º. Destinação universal dos bens, sem prejuízo do direito de propriedade privada.

“O direito à propriedade privada está subordinado ao direito ao uso comum, subordinado à destinação universal dos bens” (João Paulo II, Laborem exercens, 19).

12º. O justo salário:

“Acima dos acordos e das vontades, está uma lei de justiça natural, mais elevada e mais antiga, que o salário não deve ser insuficiente para assegurar a subsistência do operário sóbrio e honrado” (Leão XIII, Rerum novarum 63).


9. “DIREITOS HUMANOS”: um programa.

O atual governo elaborou um plano ou proposta de ação para agora e para o futuro, uma carta de intenções, que tem provocado justas reações adversas, pois contraria princípios da lei natural e divino-positiva, bem como normas da verdadeira democracia. Chama-se “Programa nacional de Direitos Humanos 3 – PNDH-3”.

A propósito desse Programa, a CNBB, Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, fez sua declaração, na qual, entre outras afirmações, se lê:

“A Igreja Católica considera o movimento rumo à identificação e à proclamação dos direitos humanos como um dos mais relevantes esforços para responder de modo eficaz às exigências imprescindíveis da dignidade humana (cf. Concílio Vaticano II, Declaração Dignitatis Humanae, 1). O Papa João Paulo II, em seu Discurso à Assembléia Geral das Nações Unidas, em 21 de outubro de 1979, definiu a Declaração Universal dos Diretos Humanos como “uma pedra miliária no caminho do progresso moral da humanidade”.

“O Brasil foi uma das 171 nações signatárias da Declaração de Viena, fruto da Conferência Mundial sobre Direitos Humanos, em 1993, sob o signo da indissociabilidade entre Democracia, Desenvolvimento Econômico e Direitos Humanos”.

“No entanto, em sua defesa dos Direitos Humanos, a Igreja se baseia na concepção de Pessoa Humana que lhe advém da fé e da razão natural. Diante de tantos reducionismos que consideram apenas alguns aspectos ou dimensões do ser humano, é missão da Igreja anunciar uma antropologia integral, uma visão de pessoa humana criada à imagem e semelhança de Deus e chamada, em Cristo, a uma comunhão de vida eterna com o seu Criador. A pessoa humana é, assim, sagrada, desde o momento de sua concepção até o seu fim natural. A raiz dos direitos humanos há de ser buscada na dignidade que pertence a cada ser humano (cf. Concílio Vaticano II, Constituição Pastoral Gaudium et Spes, 27). ‘A fonte última dos direitos humanos não se situa na mera vontade dos seres humanos, na realidade do Estado, nos poderes públicos, mas no próprio ser humano e em Deus seu Criador’ (Compêndio de Doutrina Social da Igreja, 153). Tais direitos são ‘universais, invioláveis e inalienáveis’ (JOÃO XXIII, Pacem in Terris, 9)”.

“Diante destas convicções, a CNBB tem, ao longo de sua história, se manifestado sobre vários temas contidos no atual Programa Nacional de Direitos Humanos. Nele há elementos de consenso que podem e devem ser implementados imediatamente. Entretanto, ele contém elementos de dissenso que requerem tempo para o exercício do diálogo, sem o qual não se construirá a sonhada democracia participativa, onde os direitos sejam respeitados e os deveres observados”.

“A CNBB reafirma sua posição, muitas vezes manifestada, em defesa da vida e da família, e contrária à descriminalização do aborto, ao casamento entre pessoas do mesmo sexo e o direito de adoção de crianças por casais homoafetivos. Rejeita, também, a criação de ‘mecanismos para impedir a ostentação de símbolos religiosos em estabelecimentos públicos da União’, pois considera que tal medida intolerante pretende ignorar nossas raízes históricas”.

A Comissão Episcopal Pastoral para a Vida e a Família emitiu nota, assinada por Dom Orlando Brandes, Arcebispo de Londrina, PR, dizendo que “manifesta sua discordância, indignação ética e repúdio às propostas do Programa Nacional de Direitos Humanos. A sociedade brasileira já se manifestou a respeito do retrocesso democrático e do caráter autoritário destas propostas governamentais. A dimensão ética defendida pelo Programa impõe a ditadura da laicidade, não respeita a nação brasileira que é religiosa, fere a lei natural, manipula a autêntica visão dos Direitos Humanos, transformando-os em direitos arbitrários. Repudiamos toda lei ou doutrina que em nome dos Direitos Humanos, defende o aborto, destrói a família, desrespeita o direito natural e impõe o pensamento de uma minoria. O povo brasileiro já se manifestou em sérias pesquisas contrário ao aborto, ao casamento de pessoas homossexuais e elegeu a família como o maior bem social. A democracia e a ética foram gravemente lesadas neste lamentável episódio… O que deve ser revista é a ética laicista e contrária à vida, ao matrimônio e à família, defendida neste Programa. Não se pode em nome dos Direitos Humanos defender o direito de matar e de destruir o matrimônio e a família”.

Dom Aldo de Cillo Pagotto, Arcebispo da Paraíba, PB, ressalta ademais que “o decreto reflete a ideologia marxista, inspirando a libertação do povo. Assim desde os anos 70 apregoam os fautores da esquerda festiva. Notemos duas mudanças anticonstitucionais no texto do tal decreto. Primeira: a desestabilização do legítimo direito de propriedade, ao fomentar invasões de propriedades pelos movimentos e organizações populares (leia-se MST, congêneres). Segunda: praticamente legitima a invasão e a tomada de propriedades, pelo exercício de mediação entre invasores e vítimas de invasão, antecedendo uma eventual decretação de reintegração de posse, por parte do juiz. Pela Constituição, invasão é crime. Pelo novo decreto, invasores adquirem status legal dos antigos proprietários. Essas propostas açodam a insegurança no campo. Não se trata de ocupar terras devolutas, mas invadir propriedades produtivas… A grande aberração do documento é manipular os Direitos Humanos, transformados em panacéia de ideologia. Vejam só! O decreto estabeleceria a profissão para prostitutas. Ora, as pessoas que se tornaram vítimas da difícil ‘vida fácil’, por certo gostariam de se libertar dessa triste condição vexatória. O decreto estatui a prostituição, a promiscuidade…”.

Sobre o assunto, a nossa Administração Apostólica também publicou a seguinte nota: “A Cúria da nossa Administração Apostólica e seu Bispo, S. Exa. Dom Fernando Arêas Rifan, aproveitam a oportunidade para, até em defesa dos verdadeiros direitos humanos, corretamente sempre defendidos e apoiados pela Igreja, expressar seu total repúdio ao PNDH 3 (Plano Nacional de Direitos Humanos 3) do atual governo, pois, embora contenham boas proposições, que reconhecemos, no entanto sua linha de princípios e grande parte de suas diretrizes, metas e sugestões, expressa ou veladamente, contradizem a moral natural e cristã, especialmente quando pretendem, entre outras posições errôneas, adotar o aborto, a união civil entre pessoas do mesmo sexo, a adoção por casais homoafetivos, a regulamentação profissional da prostituição, a proibição dos símbolos religiosos nos estabelecimentos públicos e a proteção aos invasores de propriedades”.

As reações da Igreja se juntam às reações dos militares, dos produtores rurais, da imprensa e do povo brasileiro em geral, atingidos nos seus legítimos direitos e princípios.

Ademais, há que se ressaltar a nota de intolerância desse Plano Nacional de Direitos Humanos.

Diz o “Plano Nacional” que um dos seus objetivos é o de “desenvolver mecanismos para impedir a ostentação de símbolos religiosos em estabelecimentos públicos da União”.

Sobre este ponto, é muito pertinente o comentário de Dom Orani João Tempesta, arcebispo metropolitano do Rio de Janeiro, em artigo no Globo de 15/1/2010, sob o título “A intolerância anunciada”, do qual citamos alguns trechos.

“A decisão de não ter símbolos já é uma opção por um dos segmentos religiosos. Um país laico é aquele que respeita todas as religiões e sabe acolher a cultura de seu povo. Ditaduras intolerantes são aquelas que impõem ou uma única religião ou apenas o ateísmo. Na democracia todos podem se manifestar e são chamados a respeitar as idéias dos outros”.

“A cultura cristã e católica integra a história de nosso país. Temos nomes de cidades, ruas, locais e até mesmo em nossa bandeira idéias e símbolos ligados a diversos grupos que fazem parte de nossa nacionalidade”.

“Trata-se, antes de tudo, de uma questão de preservação da memória de nossa história e das raízes culturais da nossa identidade brasileira. Querer coibir a ostentação dos símbolos da cultura que berçou e construiu a nossa história é, isto sim, um verdadeiro sinal de intolerância”.

“O papel do Estado não é o de promover uma ideologia laicista, como se o laicismo não fosse também uma forma de religião. A função do Estado laico, longe de ser a de provocar o desenraizamento cultural e religioso ou coibir a manifestação pública de símbolos religiosos é a de garantir a liberdade religiosa à sociedade e a seus membros, em suas múltiplas manifestações, preservados a justa ordem pública e o respeito devido à diversidade”.

“A Igreja sempre procurou e procura estar em defesa dos direitos e valores humanos, porém, os dúbios caminhos ora escolhidos são realmente comprometedores e não ajudarão na construção de uma nação mais justa e solidária, que é o sonho comum de todos nós”.

“A estátua do Cristo Redentor, que, do cume do Corcovado, é um símbolo não só do Rio de Janeiro, mas do Brasil, que a ninguém ofende, seja para todos nós um anúncio de alegre acolhimento na construção da paz e da fraternidade e que dá a todos as boas-vindas de um povo, feliz, livre e que quer viver e construir a paz!”.

As cidades de São Paulo e São Luiz, os Estados de São Paulo e Santa Catarina, os acidentes geográficos batizados com nomes de santos católicos, tais como o Rio São Francisco, a baía de Todos os Santos, são exemplos, entre muitos, das nossas raízes e nossa cultura cristã. Teriam eles que mudar de nome, por causa da religião do ateísmo que se pretenderia implantar?

Embutido também no espírito desse Plano Nacional (PNDH-3), sob o equivocado pretexto de que o Estado é laico, está programado o combate ao ensino religioso confessional nas escolas públicas, pretendendo difundir assim a religião atéia e agnóstica. Na verdade, o que querem é banir a religião do espaço público, relegando-a apenas à vida particular de cada um.

10. A DEFESA DA VIDA

São graves e oportunas as palavras de João Paulo II na Carta Encíclica “Evangelium Vitae” (Sobre Valor e a Inviolabilidade da Vida Humana): “Com o tempo, as ameaças contra a vida não diminuíram. Elas, ao contrário, assumem dimensões enormes. Não se trata apenas de ameaças vindas do exterior, de forças da natureza ou dos ‘Cains’ que assassinaram os ‘Abéis’; não, trata-se de ameaças programadas de maneira científica e sistemática. O século XX ficará considerado uma época de ataques maciços contra a vida, uma série infindável de guerras e um massacre permanente de vidas humanas inocentes….Estamos perante uma objetiva conjura contra a vida que vê também implicadas Instituições Internacionais, empenhadas em encorajar e programar verdadeiras e próprias campanhas para difundir a contracepção, a esterilização e o aborto.”

João Paulo II, na linha do perene ensinamento da Igreja, afirmou repetidas vezes que quantos se encontram diretamente empenhados nas esferas da representação legislativa têm a “clara obrigação de se opor” a qualquer lei que represente um atentado à vida humana.

Por conseguinte, candidatos que são a favor do aborto não podem, de modo algum, receber voto de um católico. Nem partidos que, em seus estatutos e programas, defendem o aborto.

Há que se ter em mente que o voto hoje pertence ao partido, mais que ao candidato. Daí ser necessário, além de considerarmos as qualidades de cada candidato, termos em conta o programa de cada partido, para não apoiarmos o erro e, com o nosso voto, estarmos elegendo esse programa de ação, ao qual estarão sujeitos os candidatos, sob pena de perderem seu mandato.

Bem alertou Dom Antônio Augusto Dias Duarte: “As ideologias assumidas por alguns partidos muitas vezes obrigam seus membros de um modo tão impositivo e coercitivo que até impedem o exercício da liberdade das consciências, tendo que agir no Congresso a favor de projetos de lei que violam direitos fundamentais dos cidadãos e cláusulas pétreas da Constituição Brasileira, e o pior de tudo é que essas ideologias partidárias estão comprometidas com organismos não governamentais e instituições financeiras internacionais que vem reinterpretando a Declaração Universal dos Direitos Humanos a fim de satisfazer interesses particulares de grupos minoritários” (Eleições 2010 – Visão Limpa, Zenit, 15/8/2010).

11. HOMOFOBIA E CULTURA HOMOSSEXUAL

Na linha de Santo Agostinho, que dizia que Deus odeia o pecado, mas ama o pecador, adotamos, nesse assunto, a posição do Catecismo da Igreja Católica (2357-2359), que nos ensina que as pessoas que apresentam inclinação homossexual, objetivamente desordenada, devem ser acolhidas com respeito e compaixão, evitando-se para com elas todo sinal de discriminação injusta. Elas também são chamadas à virtude e à santidade, que podem alcançar com o autodomínio e a graça de Deus. Somos, portanto, contra a homofobia.

Diferente disso, está a atual cultura homossexual, com propagandas, passeatas e promoções de todo o tipo, incentivando, clara ou sublinarmente, que os atos objetivos de homossexualidade seriam algo normal e de acordo com a moral, sendo apenas uma questão de opção sexual, o que é um grave erro.

São Paulo, apóstolo, fala “com lágrimas”, que muitos “se gloriam daquilo de que se deveriam envergonhar” (Epístola aos Filipenses 3,19). E, referindo-se aos pecados e perversidade dos pagãos, o mesmo apóstolo nos recorda a moral natural: “Por isso, Deus os abandonou aos desejos dos seus corações, à imundície, de modo que desonraram entre si os próprios corpos. Trocaram a verdade de Deus pela mentira, e adoraram e serviram à criatura em vez do Criador… Por isso, Deus os entregou a paixões vergonhosas: as suas mulheres mudaram as relações naturais em relações contra a natureza. Do mesmo modo também os homens, deixando o uso natural da mulher, arderam em desejos uns para com os outros, cometendo homens com homens a torpeza, e recebendo em seus corpos a paga devida ao seu desvario” (Epístola aos Romanos 1, 24-27).

Aliás, já no Antigo Testamento, Deus já havia condenado os atos homossexuais: “Se um homem dormir com outro homem, como se fosse mulher, ambos cometerão uma coisa abominável” (Levítico 20, 13).

Por isso, São Paulo, desejoso de nossa salvação, nos adverte: “Não vos enganeis: nem os impuros, nem os idólatras, nem os adúlteros, nem os efeminados, nem os homossexuais (em latim ‘molles’ e ‘masculorum concubitores’), nem os ladrões, nem os avarentos, nem os bêbados, nem os difamadores, nem os assaltantes hão de possuir o Reino de Deus” (I Epístola aos Coríntios 6, 9-10).

Como essas palavras não são minhas, mas apenas citações da Sagrada Escritura, quaisquer acusações de homofobia ou discriminação devem ser dirigidas ao seu próprio autor principal, isto é, a Deus!

É claro que candidatos que intencionam favorecer leis que, nessa matéria, são contra a Palavra de Deus e o Magistério da Igreja, não podem receber o voto dos católicos.

12. O PROBLEMA DA TERRA

A) A QUESTÃO AGRÁRIA

Nessa polêmica questão, há que, inicialmente, recordar o princípio dado pelo Papa Leão XIII, o Papa da questão social, de que não há solução para os problemas sociais e econômicos sem o concurso das virtudes morais e religiosas. Os problemas econômicos em geral não são só econômicos; são sobretudo morais. Daí a necessidade de soluções morais.

E a Igreja intervém nessa questão como guarda da Lei Natural e da Lei Positiva de Deus, da Moral e da Paz entre os povos, lembrada do seu fim sobrenatural e da missão que lhe foi confiada por seu Divino Fundador de encaminhar todos os povos à salvação.

Assim, a Igreja prega o desapego dos bens materiais, combate a ganância e a ambição, mas defende o direito de propriedade, pois o 7o Mandamento da Lei de Deus, ‘Não furtar’, supõe evidentemente que cada um tenha o direito de possuir o que é seu, verdade reafirmada no 10o Mandamento, ‘Não cobiçar as coisas alheias’.

E não se resolve a questão social com doutrinas fundadas no puro materialismo e na cobiça desenfreada dos bens terrenos, prescindindo do nosso fim último ultra-terreno.

Ademais, a doutrina cristã ensina que a paz não virá da igualdade absoluta de uma sociedade sem classes, mas da cooperação fraternalmente cristã de classes sociais dispostas hierarquicamente de modo proporcional e harmônico, sob os ditames da justiça e da caridade, que assim diminuirão a distância entre essas classes.

Vale recordar o que já dizia Abraham Lincoln no Congresso dos EUA em 1860: “Não se pode criar prosperidade desencorajando a poupança; fortalecer o fraco enfraquecendo o forte; ajudar o assalariado destruindo o patrão; favorecer a fraternidade humana encorajando a luta de classes; ajudar os pobres arruinando os ricos; evitar aborrecimentos gastando mais do que se ganha; ajudar os homens fazendo por eles o que eles próprios podem fazer”.


B) A REFORMA AGRÁRIA

É claro que a Igreja é a favor de uma justa distribuição das terras, no respeito ao direito de propriedade. Mas, apresentar a Reforma Agrária simplesmente como solução para os problemas sociais pode ser ilusão. O meio universal de prover às necessidades da vida é o trabalho, quer se exerça em terreno próprio quer no alheio. Por isso a Igreja advoga que haja, para todos, trabalho digno remunerado com justiça.

E a Reforma Agrária compulsória e fragmentadora, de estilo socialista e confiscatório, não encontra respaldo na doutrina cristã e na Lei de Deus.

Torna-se necessária, sim, uma política agrária que promova uma reforma agrícola, baseada na função subsidiária do Estado e na livre iniciativa, fundada no direito de propriedade, tudo impregnado da verdadeira justiça e fraternidade cristãs.

“A Igreja não tem soluções técnicas para oferecer e não pretende de modo algum imiscuir-se na política dos Estados, mas tem uma missão ao serviço da verdade para cumprir, em todo o tempo e contingência, a favor de uma sociedade à medida do homem, da sua dignidade, da sua vocação… A fidelidade ao homem exige a fidelidade à verdade, a única que é garantia de liberdade (cf. Jo 8, 32) e da possibilidade dum desenvolvimento humano integral. É por isso que a Igreja a procura, anuncia incansavelmente e reconhece em todo o lado onde a mesma se apresente… Aberta à verdade, qualquer que seja o saber donde provenha, a doutrina social da Igreja acolhe-a, compõe numa unidade os fragmentos em que freqüentemente a encontra, e serve-lhe de medianeira na vida sempre nova da sociedade dos homens e dos povos” (Bento XVI, Caritas in Veritate, 9).


C) A INVASÃO DE TERRAS

Sobre esse polêmico tema, não nos devemos guiar pelo que dizem, acham ou agem estes ou aqueles membros da Igreja. Ouçamos o que nos ensinou, sobre o assunto, o Papa venerável João Paulo II:

“Ocorre a colaboração esclarecida e permanente com o poder público a quem cabe a condução do processo para a implementação de uma nova política fundiária que melhore a distribuição de terras e crie condições efetivas de um trabalho produtivo e compensador para o produtor rural e o homem do campo. Por outro lado, é necessário recordar a doutrina tradicional de que a posse da terra ‘é ilegítima quando não é valorizada ou quando serve para impedir o trabalho dos outros, visando somente obter um ganho que não provém da expansão global do trabalho humano e da riqueza social, mas antes de sua repressão, da exploração ilícita, da especulação e da ruptura da solidariedade no mundo do trabalho’ (Centesimus annus, 43)”.Mas recordo igualmente, as palavras do meu predecessor Leão XIII quando ensina que ‘nem a justiça, nem o bem comum consentem danificar alguém ou invadir a sua propriedade sob nenhum pretexto’ (Rerum Novarum, 55)”. “A Igreja não pode estimular, inspirar ou apoiar as iniciativas ou movimentos de ocupação de terras, quer por invasões pelo uso da força, quer pela penetração sorrateira das propriedades agrícolas” (Discurso aos Bispos do Regional Sul 1 da CNBB, na sua visita “ad limina”, março de 1996).

Assim, o Papa é a favor de uma nova política fundiária que melhore as condições do homem do campo, mas é contrário tanto à utilização da posse da terra apenas como meio de especulação e exploração ilícitas como também às invasões da propriedade alheia.


13. POLÍTICA E COERÊNCIA CRISTÃ:

“O Concílio exorta os cristãos, cidadãos de ambas as cidades [terrena e celeste], a que procurem cumprir fielmente os seus deveres terrenos, guiados pelo espírito do Evangelho. Afastam-se da verdade os que, sabendo que não temos aqui na terra uma cidade permanente, mas que vamos em demanda da futura, pensam que podem por isso descuidar os seus deveres terrenos, sem atenderem a que a própria fé ainda os obriga mais a cumpri-los, segundo a vocação própria de cada um. Mas não menos erram os que, pelo contrário, opinam poder entregar-se às ocupações terrenas, como se estas fossem inteiramente alheias à vida religiosa, a qual pensam consistir apenas no cumprimento dos atos de culto e de certos deveres morais. Este divórcio entre a fé que professam e o comportamento quotidiano de muitos deve ser contado entre os mais graves erros do nosso tempo” (Gaudium et Spes, 43).

O ensinamento social da Igreja não é uma intromissão no governo de cada País. Não há dúvida, porém, que põe um dever moral de coerência aos fiéis leigos, no interior da sua consciência, que é única e unitária. “Não pode haver, na sua vida, dois caminhos paralelos: de um lado, a chamada vida ‘espiritual’, com os seus valores e exigências, e, do outro, a chamada vida ‘secular’, ou seja, a vida de família, de trabalho, das relações sociais, do empenho político e da cultura” (João Paulo II, Christif. Laici).

“Reconhecendo muito embora a autonomia da realidade política, deverão se esforçar os cristãos solicitados a entrarem na ação política por encontrar uma coerência entre as suas opções e o Evangelho” (Paulo VI, Octogésima Adveniens, 46).

“Também para o cristão é válido que, se ele quiser viver a sua fé numa ação política, concebida como um serviço, não pode, sem se contradizer a si mesmo, aderir a sistemas ideológicos ou políticos que se oponham radicalmente, ou então nos pontos essenciais, à sua mesma fé e à sua concepção do homem…” (cf. Paulo VI, Octogésima Adveniens, 26).

A Igreja proclamou São Tomás Moro padroeiro dos Governantes e dos Políticos, exatamente porque soube ser coerente com sua posição católica até ao martírio.

Tomás More era ativo na vida política. Fora eleito duas vezes para o Parlamento, Representante da Coroa, Juiz, Cavaleiro, Presidente da Câmara dos Comuns e Chanceler do Reino da Inglaterra. Não querendo dar o seu apoio ao plano de Henrique VIII que desejava assumir o controle da Igreja na Inglaterra e dissolver o próprio casamento para se casar com outra mulher, São Tomás Moro opôs-se duramente a esse cisma e ao divórcio, pedindo demissão do seu cargo. Retirou-se da vida pública, resignando-se a sofrer, com a sua família, a pobreza e o abandono de muitos que, na prova, se revelaram falsos amigos. Aos que o pressionavam dizia: “Se tivesse duas almas, poderia arriscar uma delas, mas como só tenho uma, preciso salvá-la”. Foi condenado por alta traição e decapitado. Antes de morrer disse ao povo: “Morro leal a Deus e ao Rei, mas a Deus antes de tudo”. O célebre filme da sua vida, vencedor de seis Oscar, tem o título: “O homem que não vendeu a sua alma”.

Nesse clima de corrupção e venalidade que invadiu o nosso sistema político, eleitoral e governamental, possa o exemplo de Santo Tomás More ensinar aos nossos governantes e políticos, atuais e futuros, que o homem não pode se separar de Deus, nem a política da moral, e que a consciência não se vende por nenhum preço, mesmo que isto nos custe caro e até a própria vida.


14. POLÍTICA E VIRTUDES CRISTÃS

O exercício da política, não como administração correta e honesta da coisa pública, mas transformada em politicagem, constitui-se no oposto das virtudes cristãs, que são a base da verdadeira civilização. E é isso o que leva muita gente a não ter esperança na política como solução para os problemas sociais nem nos políticos como leais condutores do povo. Daí a indecisão na hora de escolher um bom candidato.

Basta analisar algumas das virtudes cristãs. A virtude da humildade, por exemplo, essencial ao cristianismo e à pacífica convivência humana, é a que menos se vê na política. A humildade consiste no esquecimento de si mesmo, na ausência de egoísmo, no desprendimento, na modéstia com relação a si próprio. E o que se vê comumente no exercício da política é o contrário, é o império do “EU”: “porque os outros são isso ou aquilo, mas EU não…”; “porque os outros não fizeram, mas EU fiz, Eu faço, EU farei, etc.”… Exatamente o linguajar do fariseu do Evangelho, que foi reprovado por Deus: “Graças vos dou, ó Senhor, porque não sou como os outros homens… EU…”.

A virtude da pobreza, isto é, do desprendimento, do desapego dos bens materiais e do dinheiro: sua ausência dispensa demonstração. Qual é hoje o político realmente despreocupado com o próprio bolso, que deseja trabalhar exclusivamente em benefício do seu próximo? Quem entrasse na política, que de si é um exercício de altruísmo e caridade, deveria sair do cargo que lhe foi confiado com a mesma condição financeira com que entrou. Conhece o leitor algum raro político dessa espécie?

E as virtudes da honestidade, da não acepção de pessoas, da caridade desinteressada, do comedimento nas palavras, do respeito para com o próximo, do amor pela verdade, da convicção religiosa, da constância, da fidelidade nas promessas, do cumprimento da palavra dada?


15. BEM-AVENTURADO O POLÍTICO…

Na intenção de contribuir um pouco na escolha dos melhores candidatos, publicando algumas reflexões sobre o perfil moral do político, feitas pelo Cardeal Van Thuân, presidente do Pontifício Conselho da Justiça e da Paz. São as “bem-aventuranças do político”:

1º – Bem-aventurado o político que tem consciência do próprio papel.

2º – Bem-aventurado o político de quem se respeita a honorabilidade.

3º – Bem-aventurado o político que trabalha para o bem comum e não para o próprio bem.

4º -Bem-aventurado o político que se considera fielmente coerente e respeita as promessas eleitorais.

5º – Bem-aventurado o político que constrói a unidade e, fazendo de Jesus o seu centro, a defende.

6º – Bem-aventurado o político que sabe escutar o povo antes, durante e depois das eleições.

7º – Bem-aventurado o político que não tem medo, sobretudo da verdade.

8º – Bem-aventurado o político que não tem medo da mídia, porque no momento do julgamento deverá responder somente a Deus.

Bem, o contrário de bem-aventurado é maldito. Poderíamos fazer a lista de maldições. Por exemplo: Maldito o político que trabalha para o seu próprio bolso e não para o bem comum; maldito o político que só escuta o povo antes e depois o esquece completamente, quer dizer, durante a campanha nos abraça e depois, nem nos conhece; maldito o político que não tem temor de Deus, e assim por diante.

Você deve votar nos bem-aventurados e não nos malditos, porque felicidade e maldição são contagiosas.

Você vai usar esse critério na sua escolha, ou vai votar por interesse do seu próprio bolso ou sem critério algum?! Nesse caso, é você que mereceria o adjetivo antônimo de bem-aventurado.


16. QUEM VENCE AS ELEIÇÕES?

Nem sempre vence as eleições quem merece nem quem deveria vencer. Por quê?

Muitos consideram as eleições como expressão da verdadeira vontade popular, manifestada pela maioria. Chegam mesmo a dizer: “vox populi, vox Dei”, “a voz do povo é a voz de Deus”. Mas será mesmo assim? Será que realmente ganham os melhores os mais preparados para o cargo? Vence a eleição quem tem mais sabedoria, prudência, competência, honestidade, ou vence quem grita mais, quem foi melhor apresentado pelos marqueteiros e formadores de opinião, criadores de sonhos no imaginário popular?!

É a grande discussão sociológica e filosófica sobre a verdadeira representatividade? Já foi dito com propriedade: “sufrágio universal, mentira universal!”. Sim, porque muitas vezes o povo vota influenciado pela propaganda, pelos formadores de opinião, pelas pesquisas, sem muita reflexão e conhecimento pleno do que significa o seu voto.

Jesus foi condenado à morte, a pedido da maioria da população. Na eleição proposta pelo governador romano, Pôncio Pilatos, entre Barrrabás e Jesus, este último foi fragorosamente derrotado, porque o povo sufragou Barrabás, revolucionário e homicida, condenando o inocente à morte. Certamente as pesquisas de opinião já davam a vitória a Barrabás!

Mas, por que Jesus perdeu essa eleição? A morte de Jesus foi realmente o desejo da maioria do povo? Jesus, tão querido por todos, cercado pelas multidões, aclamado pela população ao entrar em Jerusalém, foi condenado por esse mesmo povo, cinco dias depois?! Ou será que esse povo foi manobrado por uma minoria ruim, mas muito hábil? O Evangelho diz que os chefes, os manipuladores de opinião, influenciaram o povo a que pedisse Barrabás e condenasse Jesus. Ele mesmo, ao morrer na cruz, pediu por eles perdão ao Pai, dizendo que eles não sabiam o que faziam. Já não eram mais povo; tinham se tornado massa.

Quando deixamos de raciocinar, nos tornamos como animais, fáceis de conduzir irracionalmente. A civilização se torna barbárie. O povo se torna massa. O povo pensa, a massa não. O povo decide, a massa é conduzida e manobrada. Nem sempre podemos dizer que a eleição seja expressão da vontade do povo. Talvez seja só da massa. Não é sem razão que os meios de comunicação, rádio, jornal, televisão, são apelidados de meios de comunicação de massa, “mass media”. E os revolucionários são chamados de agitadores das massas.

Quem definiu magistralmente a diferença entre povo e massa foi o Papa Pio XII na sua célebre alocução de Natal de 1944, antiga mas sempre atual: “Povo e multidão amorfa, ou como se costuma dizer, massa, são dois conceitos diversos. O povo vive e se move por vida própria; a massa é por si mesma inerte e não pode ser movida senão do exterior. O povo vive da plenitude da vida dos homens que o compõem, cada um dos quais – em sua própria posição e segundo seu modo próprio – é uma pessoa cônscia das respectivas responsabilidades e convicções. A massa, pelo contrário, espera o impulso do exterior, fácil joguete nas mãos de quem quer que lhe explore os instintos e as impressões, pronta a seguir, alternadamente, hoje esta bandeira e amanhã aquela. Da exuberância de vida de um verdadeiro povo a vida se difunde abundante no Estado e em todos os seus organismos…”

Uma ocasião para se perceber a diferença entre povo e massa são as eleições. Quem vota em quem grita mais, dá mais dinheiro, agrada mais, é povo ou massa? Quem vota sem refletir ou raciocinar, quem é levado só pela propaganda e não pela verdade e pela razão, é povo ou massa? É homem ou irracional? Votemos como povo e não como massa.


17. Orientações e Critérios para as Próximas Eleições

(DOS BISPOS DO ESTADO DO RIO DO REGIONAL LESTE 1 DA CNBB)

O Brasil está vivendo um momento peculiar – oportunidades e dificuldades – na sua história. De um lado, por seu crescimento interno e pelo seu destaque no cenário internacional, por outro pela continuidade de desigualdades sociais perversas, e pela corrupção que corrói e abrange todas as estruturas e instituições, prejudicando seriamente a credibilidade da classe política.

A Igreja, comprometida com o bem comum e a defesa irrestrita da dignidade e dos direitos humanos, apóia as iniciativas que contribuam para garanti-los a todos e denuncia distorções inaceitáveis presentes em vários programas, que como veremos ferem os princípios que norteiam a doutrina social cristã. O que está em jogo é uma visão da pessoa humana e da sociedade, solidária com a dignidade de todos, a favor da vida e aberta ao transcendente.

Para iluminar este processo eleitoral, a comunidade eclesial – que pela sua universalidade não pode se identificar com interesses particulares, partidários ou de determinado candidato/a – busca oferecer critérios de escolha e discernimento para as pessoas de boa vontade e cidadãos responsáveis. Também deseja que sejam votados candidatos coerentes com a defesa dos princípios éticos e cristãos.

Em consonância com estes mesmos princípios apresentamos as seguintes orientações e critérios:

Antes de tudo, é necessário “valorizar o voto” que decide a vida pública do nosso País e dos nossos Estados nos próximos anos. O meu voto é precioso! Não se compra! Nele se manifesta a minha liberdade e a minha decisão. Recentemente obtivemos a vitória do projeto de lei denominado “Ficha Limpa” que por decisão do TSE se aplicará nestas eleições. Cabe agora vigiar e cuidar para eliminar do pleito aqueles candidatos corruptos que contaminam o cenário político e destroem a democracia.

1. O primeiro critério para votar em um candidato é a defesa da dignidade da Pessoa Humana e da Vida em todas as suas manifestações, desde a sua concepção até o seu fim natural com a morte. Rejeitamos veementemente toda forma de violência, bem como qualquer tipo de aborto, de exploração e mercado de menores, de eutanásia e qualquer forma de manipulação genética.

2. O segundo critério é a defesa da Família na qual a pessoa cresce e se realiza. Por isso devem ser votados aqueles candidatos que incentivam, com propostas concretas, o desenvolvimento da família segundo o plano de Deus. Opõem-se ao casamento entre pessoas do mesmo sexo, à adoção de crianças por casais homoafetivos, à legalização da prostituição, das drogas e ao tráfico de mulheres.

3. O terceiro critério é a liberdade de Educação pela qual os pais têm o direito de educar os filhos segundo a visão de vida que eles julguem mais adequada. Isso comporta uma luta pela qualidade da escola pública e pela defesa da escola particular, defendendo o ensino religioso confessional e plural, de acordo com o princípio constitucional da liberdade religiosa, reconhecido também no recente Acordo entre Brasil e Santa Sé.

4. O quarto critério é o princípio da solidariedade, segundo o qual o Estado e as famílias devem ter uma particular atenção preferencial pelos pobres, àqueles que são excluídos e marginalizados. Deve-se garantir uma cidadania plena para todos/as, assegurando o pleno exercício dos direitos sociais: trabalho, moradia, saúde, educação e segurança.

5. O quinto critério é o princípio de subsidiariedade, ou seja, haja autonomia e ação direta participativa dos grupos, associações e famílias fazendo o que podem realizar, sem interferências ou intromissões do Estado. Este deve apoiar e subsidiar, nunca abafar ou sufocar as liberdades e a criatividade das pessoas. Assim elas poderão exercer uma cidadania ativa e gestora.

6. Enfim, diante de uma situação de violência generalizada, os candidatos devem, de forma concreta e decidida, comprometer-se na construção de uma Cultura da Paz em todos os níveis, particularmente na educação e na defesa da infância e da adolescência.

Do ponto de vista prático nas paróquias e em nossas associações e movimentos, se dê grande importância a este momento eleitoral e se realizem debates sempre com vários candidatos de vários partidos, em vista da realização do bem comum. Durante os eventos promovidos pela diocese ou pelas paróquias nunca devem aparecer faixas, cartazes ou outro tipo de sinais que identifiquem e apóiem os candidatos.

O trabalho político, ao qual todos somos chamados, cada um segundo a sua maneira de ser, é uma forma de mostrar a incidência do Evangelho na vida concreta, visando à construção de uma sociedade justa, fraterna e equitativa. Em conseqüência haverá uma esperança real para tantas pessoas céticas, desnorteadas e confusas com a política atual. É uma grande oportunidade que os católicos e todas as pessoas de boa vontade não podem perder.

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Com essas orientações, você já sabe em quem votar ou, pelo menos, em quem não votar e impedir sua vitória com seu voto.

Que Deus nos abençoe e Nossa Senhora Aparecida proteja o nosso Brasil

Campos dos Goytacazes, RJ, 15 de agosto de 2010

Festa da Assunção de Nossa Senhora.

+ Dom Fernando Arêas Rifan
Bispo – Administrador Apostólico.