“Amai-vos
uns aos outros” este mandamento antigo já éramos para
observar amando uns aos outros como amamos a nós mesmos...(Jo 15, 17).
Jesus já tinha afirmado que há dois mandamentos: o
mandamento de amar a Deus com todo o coração e o mandamento de amar o próximo
como a nós mesmos. Repetia o Antigo Testamento (cf. Dt 6, 5; Lv 19, 18).
Aqui, Jesus vai mais longe: «Amai-vos uns aos outros como Eu
vos amei» Eis a qualidade do amor ...não é quantidade:- a Medida do amor é amar
sem medidas ( santo Agostinho) e sem medidas é amar como Ele nos amou dando-se
, entregando-se inteiramente.
«Como eu vos amei». Amar o próximo como a nós mesmos é já
muito difícil. Mas, amar o próximo como Jesus nos ama, é muito mais. É o amor
cristão.
Como é que Jesus nos ama? Ama-nos com
delicadeza e com força.
Este amor delicado é
também muito forte: «Ninguém tem mais amor do que quem dá a vida pelos seus
amigos» (Jo 15, 13). O modelo do amor cristão é um homem-Deus crucificado e
ressuscitado, que nos amou até ao sacrifício de Si mesmo.
Se somos “filhos”
desse Deus que é amor, “amemo-nos uns aos outros” com um amor igual ao de Deus
– amor incondicional, gratuito, desinteressado. Um crente não pode passar a
vida a olhar para o céu, ignorando as dores, as necessidades e as lutas dos
irmãos que caminham pela vida ao seu lado… Também não pode fechar-se no seu
egoísmo e comodismo e ignorar os dramas dos pobres, dos oprimidos, dos
marginalizados…
Não pode, tampouco,
ser seletivo e amar só alguns, excluindo os outros… A vida de Deus que enche os
corações dos crentes deve manifestar-se em gestos concretos de solidariedade,
de serviço, de dom, em benefício de todos os irmãos.
O amor é aqui
concebido como um dom e um testamento: o Ressuscitado nos ama e nos confia à
missão de multiplicar seu amor.
Hoje, o Senhor convida-nos ao amor
fraterno: «Amai-vos uns aos outros, assim como eu vos amei» (Jo 15,12), ou
seja, como havemos de ter visto ele O fazer a nós e como ainda o havemos de ver
a fazer.
Jesus fala-nos como a um amigo, diz-nos
que o Pai nós chama, que quer que sejamos apostolo, e que devemos dar fruto, um
fruto que se manifesta no amor.
São João Crisóstomo afirma: « Se o amor estivesse espalhado
por todos os lados, nasceria dele ao nosso redor uma infinidade de bens pois
amar é dar a vida ». Amar é dar a vida.
Jesus convida-nos a perder a nossa
vida, a que a entreguemos a Ele sem medo, a morrermos para nós mesmos para
podermos amar o nosso irmão com o amor de Cristo, com o amor sobrenatural. Jesus
convida-nos a atingir um amor operante, benfeitor e concreto; Chama-nos amigos, porque nos faz entrar na
sua intimidade. Não nos trata como servos, mas como amigos.
Servo e escravo tem relacionamento de obrigação na espera do
soldo do salário final.
Amigo é intimidade gratuidade.
Jesus trata-nos como amigos conta-nos segredos da sua
família: «Dei-vos a conhecer tudo o que ouvi do meu Pai» (v. 15).
A relação que Jesus tem com os membros
dessa comunidade não é uma relação de “senhor” e de “servos”, mas uma relação
de “amigos”, pois o amor colocou Jesus e os discípulos ao mesmo nível. Jesus
continua a ser o centro do grupo, mas não se põe acima do grupo.
Estes “amigos” colaboram todos numa
tarefa comum. Têm todos a mesma missão testemunhar, através do amor, a salvação
de Deus.
É aqui que reside a “identidade” dos
discípulos de Jesus…Os cristãos são
aqueles que testemunham diante do mundo, com palavras e com gestos, que o mundo
novo que Deus quer oferecer aos homens, se constrói através de atos concretos
de amor.
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