Intercessão dos santos, o que a Bíblia ensina
Nosso Senhor Jesus Cristo é o único Salvador. Não
porém o único intercessor.
Quando São Paulo diz que Nosso Senhor ”é o único
mediador entre Deus e os homens” (1Tm 2,5-6), ele quer dizer que Ele é o único
Salvador e não o único intercessor. Na verdade, existem muitos intercessores.
No Novo Testamento há inúmeras passagens que nos exortam a interceder uns pelos
outros, inclusive, a que precede o versículo citado acima: “Acima de tudo, recomendo que se
façam preces, orações, súplicas, ações de graça por todos os homens (...). Isto
é bom e agradável diante de Deus, nosso Salvador” (1Tm 2,1-3) “Orai uns pelos outros para serdes curados” (Tg
5,16b) Logo, Nosso Senhor Jesus Cristo não pode ser o único intercessor. No
entanto, todo e qualquer intercessor, sempre ora e obtém a graça em nome de
Nosso Senhor Jesus Cristo, e não em seu próprio nome. Pois é somente através de
Jesus Cristo que temos acesso ao Pai Celeste.
Quanto mais santo o intercessor, mais eficaz é a
intercessão.
Diz ainda a Bíblia Sagrada, que quanto mais santo o
intercessor, maior a eficácia da oração: “A oração do justo tem grande eficácia” (Tg
5,16c). Ora, se a oração de um justo tem grande eficácia, não há dúvida que é
melhor pedir a intercessão de um justo do que de um pecador. E, como não
existem homens neste mundo mais santificados do que aqueles que já estão no
Céu, obviamente, é melhor pedir a intercessão de um santo do Céu do que de um
homem que ainda vive neste mundo.
Os santos do Céu estão vivos. Porém: “Como podem
interceder se estão mortos e inconscientes?”
As pessoas que se salvaram estão vivas diante do
Trono de Deus, porque o nosso Deus não é Deus de mortos, mas de vivos: “Moises chamou ao Senhor: Deus
de Abraão, Deus de Isaac, Deus de Jacó. Ora Deus não é Deus dos mortos, mas dos
vivos porque todos vivem para Ele.” (Lc 20,37-38) Portanto, os
santos falecidos (como Abraão, Isaac e Jacó) estão vivos na Presença de Deus.
Não estão mortos, nem inconscientes! O livro do Apocalipse também ensina que os
santos falecidos não estão adormecidos, mas mesmo antes da ressurreição, suas
almas se comunicam e intercedem junto a Deus: “Vi sob o altar as almas dos homens imolados por
amor de Deus e por causa do testemunho que dele tinham prestado. E clamaram em
alta voz: Até quando ó Senhor, Santo e Verdadeiro, dilatas tu o fazer justiça e
vingar o nosso sangue dos que habitam sobre a terra? E foram dados a cada um
deles vestidos brancos; e foi-lhes dito que repousassem ainda um pouco de
tempo, até que se completasse o número dos seus conservos e irmãos, que haviam
de padecer, como eles, a morte.” (Apc 6,9-11) Como se vê, as
almas dos santos falecidos clamam a Deus para que apresse o Dia do Juízo Final.
Não estão “adormecidas”, mas “falam” com Deus. Elas clamam ansiosas pelo Dia do
Juízo Final, que será também o dia da ressurreição da carne. Deus lhes dá uma
veste branca (símbolo da santidade) e diz que aguardem mais um pouco.
E, enquanto aguardam, o que fazem estas almas
santas?
“Então um dos anciões, tomando a palavra, disse-me: Esses, que estão
revestidos de vestiduras brancas, quem são? e de onde vieram? E eu disse-lhe:
Meu Senhor, tu o sabes. E ele disse-me: Estes são aqueles que vieram da grande
tribulação, e lavaram os seus vestidos, e os embranqueceram no sangue do Cordeiro.
Por isso estão diante do trono de Deus, e o servem de dia e de noite no seu
templo.” (Apc 7,13-15) Portanto, esta é a situação das
almas enquanto aguardam o dia do Juízo Final e da ressurreição da carne, quando
finalmente “O que está sentado sobre o trono
habitará sobre eles; não terão mais fome nem sede, nem cairá sobre eles o sol,
nem calor algum; porque o Cordeiro que está no meio do trono os guardará e os
levará às fontes das águas da vida, e Deus enxugará toda a lágrima dos seus
olhos.” (Apc 7,15-17).
Estas almas (os santos, pois estavam com vestes
brancas, símbolo da santidade), intercedem diante do Trono de Deus: “E
veio outro anjo, e parou diante do altar, tendo um turíbulo de ouro; e
foram-lhe dados muitos perfumes, a fim de que oferecesse as orações de todos os
santos sobre o altar de ouro, que está diante do trono de Deus.”
(Apc 8,3-4)
Está é uma passagem bíblica que mostra a
intercessão dos santos, e que agora estão diante do Trono de Deus. São
oferecidas a Deus as orações de TODOS os santos. Tanto as orações dos santos da
terra (católicos que levam vida de autêntica piedade) quanto dos santos do Céu
(que estão vestidos de branco diante do Trono de Deus).
Um exemplo destas orações de santos falecidos,
encontra-se em Macabeus. Nela, Judas Macabeus relata uma visão que teve de
Onias e Jeremias, já falecidos, intercedendo pelo povo: “Onias
(…) estava com as mãos estendidas, INTERCEDENDO por toda a comunidade dos
judeus. Apareceu a seguir um homem notável (…) Esse é aquele que MUITO ORA pelo
povo e por toda cidade santa, é Jeremias, o Profeta de Deus.” (2Mac
15,12-14)
Os santos do Céu tomam conhecimento de nossas
preces.
Somente Deus é Onipresente. No entanto, os
anjos e os santos que estão no Céu têm uma união íntima com Deus. Por isso eles
têm conhecimento de tudo quanto se passa na terra e, portanto, tomam
conhecimento das preces que lhes são dirigidas.
Eis como Dom Estevão Bettencourt explica esta
questão: “Os bem-aventurados têm
conhecimento das preces que neste mundo lhes são dirigidas, pois Deus, que fez
os homens solidários entre si, não permite que essa comunhão seja dissolvida
pela morte. Por isso pedimos aos santos que intercedam por nós no Céu, e Deus
lhes dá a conhecer nossas orações para que, de fato, eles rezem por nós ao
Pai.”
A esse propósito disse Nosso Senhor: ”Pedi e recebereis, para que a
vossa alegria seja completa.” (Jo 16,24) Interceder por alguém é
um ato de amor entre os filhos de Deus: “Nesse dia pedireis, em meu nome, e já não vos digo
que hei de rogar ao Pai por vós, porque o mesmo Pai vos ama, porque vós me
amastes e crestes que eu sai do Pai.“ (Jo 16,26-27)
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