“Dá-me de beber”!
No nosso boletim do mês passado dizíamos que: “Certo é que todos nós
somos chamados e hão de chegar a beber da fonte, embora nem todos bebam da
mesma forma (uns bebem na fonte, outros nos riachos, outros em charquinhos de
água); mas há que empreender, sem medo, o caminho da determinada determinação
que leva a ela, esta fonte que é o próprio Deus e Senhor.
Jesus pede a samaritana “Dá-me
de beber”! este pedido é o verdadeiro paradoxo e é o verdadeiro mistério. É
a absoluta novidade. Aquele que transformou a água em melhor vinho (Jo 2,1-12)
está pedindo a água.
É o paradoxo de um Deus, que é capaz de tudo, se torna necessitado e
mendigo. É o mistério de um Deus que se torna ser humano, necessitado como
qualquer ser humano, para ter um pretexto de encontrá-lo e de dar-lhe a água
que apaga de vez a sua sede e de seus anseios profundos.
É o mistério de um Deus que pede para poder dar. É o grande paradoxo!
É a água que pede para ser bebida. É a nascente que tem sede de ser bebida.
Os Antigos diziam que Jesus era uma fonte que tinha sede de ser
bebida.
Santo Agostinho diz que “é Deus quem está fatigado em Jesus.
Esse caminho é o dos séculos, dos milênios… É Deus quem está em busca
de uma humanidade onde possa sentar-se. Deus está em busca do homem”.
Na origem de uma experiência espiritual, existe, muitas vezes, essa
descoberta que não somos nós que procuramos Deus, e sim é Deus quem nos
procura.
Mas como é difícil para um ser humano deixar-se encontrar, e deixar-se
amar. O caminho é longo para chegar a este ponto.
“Dá-me de beber”! Não somos nós que procuramos Deus, que procuramos a
verdade. É Deus, é a verdade que nos procura. É a Vida que nos procura. É a
Vida que busca dar-se a nós, através de nós.
Através do poço que somos. Nossa pergunta, neste momento, é a mesma
pergunta da samaritana: o que é que pode, verdadeiramente, acalmar meu desejo,
meus anseios profundos? De que, realmente, temos sede? O que é este cântaro de
onde pode jorrar a Água Viva?
Único conselho que os místicos e a Igreja nos ensina é e nos
aconselha: Faça o encontro profundo com Jesus! Dialogue longamente com Ele!
Ouça profundamente o que Ele diz a seu respeito! Encare o calor picante de sua
vida como a samaritana que encarou o sol do meio dia para conversar com Jesus,
pois diante de Jesus e com Jesus tudo se torna calmo e sereno, pois Ele é a
vida de nossas vidas, a Verdadeira Água que satisfaz para sempre nossa sede!
Pe. Emílio Carlos Mancini .
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