Quatro formas simples nas quais os leigos podem praticar a virtude do silêncio
O silêncio é um dos elementos da vida espiritual -e natural- mais escassos na atualidade para muitas pessoas. Desde a proliferação do ruído nas cidades e nos lares até as inumeráveis distrações da vida cotidiana, parece que os seres humanos estiveram em uma guerra declarada contra o silêncio. No entanto, a plataforma web para homens 'The Catholic Gentleman' dedicou um artigo para recordar sua importância na vida espiritual e várias formas simples nas quais os leigos podem praticar o controle dos impulsos da comunicação.
O mundo contra o silêncio
O silêncio "é uma palavra às vezes
atrativa e terrorífica", afirmou a plataforma. Apesar de algumas pessoas
o buscarem, o certo é que a maioria o acha incômodo. Além da estranheza
externa de permanecer calados em um lugar sem ruído, a causa da
inquietação diante do silêncio pode estar dentro. "Quando nos
confrontamos com a verdadeira quietude, começamos a ouvir a avalanche
enlouquecida e caótica dos pensamentos que enchem nossas mentes. As
ansiedades, os desejos profundos, as perguntas dolorosas parecem
ascender borbulhando na superfície de nossa consciência", descreveu.
A resposta ordinária é encher o vazio de
ruído com o rádio, a televisão e outros recursos aos quais não
prestamos sequer atenção, mas que se converteram em um "ruído de fundo"
que busca devolver-nos à comodidade. E os momentos intermediários são a
oportunidade precipitada de revisar os dispositivos móveis. "Qualquer
coisa menos o silêncio", concluiu.
O silêncio e a Fé
No entanto, a vida espiritual requer
silêncio, e esta é uma opinião consistente dos Santos. "O silêncio é
necessário, inclusive absolutamente indispensável", afirmava São
Maximiliano Maria Kolbe, citado por 'The Catholic Gentleman'. "Se falta o
silêncio falta a graça". Por sua vez São Doroteu de Gaza recomendava
"guardar-se contra o falar muito, porque põem em fuga os pensamentos
devotos e o recolhimento em Deus". O silêncio é um dos elementos
fundamentais da vida consagrada, resguardado com zelo em numerosas
regras das congregações, algumas das quais, como os Cistercienses, levam
sua prática à excelência.
"É importante entender que o silêncio,
como todas as ferramentas da vida espiritual, não é um fim em si mesmo",
recordou a plataforma. "É um meio, um método para conhecer a Jesus
Cristo. O silêncio é necessário porque nosso intelecto está ferido e
fraturado pela queda". O pecado original, ao alterar a condição do homem
perdeu a comunicação natural e fácil com Deus e sua consciência
permanente de Sua presença. Em seu novo estado, "é agora uma tormenta
caótica de pensamentos sentimentos e emoções", e poder se dar conta
desta realidade é um primeiro passo necessário para avançar.
Em meio ao ruído constante da vida, "o
silêncio é necessário para escutar as inspirações do Espírito Santo e
para receber e preservar a graça", recordou 'The Catholic Gentleman'.
"Deus não grita. Ele fala suave e caladamente", como testemunha a
Sagrada Escritura, e ordinariamente se requer silêncio e quietude de
coração para atender seu chamado. O silêncio contribui também para
dominar o afã de comunicar e sermos prudentes para não perdermos a graça
de Deus e os dons espirituais recebidos.
Conselhos para praticar o silêncio
Na vida dos leigos, buscar o silêncio
tem grandes desafios. Ao não existir um ambiente isolado, um ambiente
religioso nas ruas, nos escritórios e nas numerosas obrigações pessoais e
familiares, o silêncio pode converter-se em apenas um desejo distante.
Algumas sugestões práticas podem ajudar a devolver um pouco de silêncio à
vida em meio do mundo e cultivar a prudência no uso das palavras.
Um primeiro conselho para os leigos é o
de "abster-se das conversas frívolas", as quais são ocasião frequente de
erros e imprudências. "Isto é, não falar só por falar". Um exemplo
atual desta tendência é proposto nas redes sociais, onde frequentemente
as pessoas publicam numerosas atualizações irrelevantes, que parecem
refletir simplesmente a necessidade de atenção. "Se você está tentando
envolver-se nesta classe de conversa, não o faça. Fale somente quando
tenha algo valioso para dizer", propôs.
Uma segunda recomendação é "controlar
nossas línguas quando desejamos queixar-nos". O artigo descreveu as
queixas como "o oposto da gratidão" e um impulso no qual é muito fácil
cair, que dificilmente contribui realmente para melhorar a situação.
Uma
terceira sugestão é "refrear-nos de compartilhar nossa opinião em todos
os temas imagináveis", já que com frequência buscamos aparecer em todas
as conversas, com conhecimento ou sem ele. Inclusive as realidades mais
complexas atraem nossa atenção, "mas a verdade é que muitos de nós não
entendem esses eventos muito bem (como os acontecimentos políticos ou as
crises econômicas) e o mundo não necessita de mais opiniões".
"Finalmente, podemos manter nosso
silêncio quando desejamos criticar os outros", recomendou a plataforma.
Apesar de ser muito fácil notar os erros dos demais e é mais fácil ainda
comentá-los -ainda quando não se sabe se são certos-, esta tendência é
altamente daninha... "manter o silêncio quando sentimos a urgência de
criticar é difícil, mas também é algo que dá vida". As palavras têm eco
na eternidade, recordou o artigo, que concluiu reiterando seu convite a
viver o silêncio segundo nosso estado de vida e controlar nossas
palavras para dar espaço à voz de Deus em nosso interior.
Nenhum comentário:
Postar um comentário