Como seus amores são belos,minha irmã, noiva minha. Seus amores são melhores do que o vinho, e mais fino que os outros aromas é o odor dos teus perfumes. Por isso Eu quero consumir meus dias, no seu amor! ══════ ღೋ♡✿♡ღೋ═══════

Ani Ledodi Vedodi Li


Mais do que qualquer outro motivo, esta é a razão pela qual quero fazer deste blog um caminho para amarmos mais a Deus, por isso seu nome: “Ani Ledodi Vedodi Li”

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Deus o Abençõe !

E que possas crescer com nossas postagens.

É algo louvável esconder o segredo dos Reis; mas há glória em publicar as obras de Deus!

A Igreja não tem pressa, porque ela possui a Eternidade. E se todas as outras instituições morrem nesta Terra, a Santa Igreja continua no Céu.

Não existem nem tempos nem lugares sem escolhas.

E eu sei quanto resisto a escolher-te.

"Quando sacralizamos alguém essa pessoa permanece viva para sempre!"

Sacralize cada instante de tua vida amando o Amado e no Amado os amados de Deus !


Pe.Emílio Carlos

segunda-feira, 12 de fevereiro de 2018

A palavra e o sentido





Temos  enaltecido  a força  da  Palavra.  Agora é  preciso acrescentar:  uma  vez  que  a  Palavra  viva  de  Deus  assumiu  corpo  na  história  e  foi  entregue  ao  tempo  na  Escritura poderosa, uma vez que a Palavra entrou no tempo humano  e  encarnou  numa  história  humana,  exige  ser  interpretada.  

A  sua  força  não  reside  em  palavras  soltas, desligadas  umas  de  outras:  está  no  contexto  que  geram dentro  de  uma  narrativa  com  conteúdo,  gerado  também  ele pela articulação das palavras num todo que faz sentido, segundo as convenções literárias da época em que vivia o autor bíblico (desde o séc. X a.C. até ao princípio do séc. II d.C.).

A narrativa bíblica faz sentido ao elevar a vida humana para a transcendência, para a  bondade,  para  o  belo  sem  limites.
Numa narração figurativa, aquilo que o seu autor quis dizer  através daquilo que disse/contou não resulta de cada palavra (por exemplo, «estejam os vossos rins cingidos», Lc 12,35-38) mas do sentido metafórico delas: ‘tende uma atitude de disponibilidade e de vigilância’, semelhante à  dos  servos  “que  esperam  o  seu  senhor  no  regresso  da  boda, para lhe abrirem a porta quando chegar e bater”.

O sentido bíblico de uma narração não implica necessariamente que os fatos narrados tenham sucedido à letra, pois estão interpretados pela fé: o autor quis transmitir o sentido dos fatos mais do que os seus pormenores, recorrendo  amiúde  a  palavras  de  carga  imaginativa  ou  imagem ética,  simbólica.  O sentido  do  narrado  é  uma  visão  espiritual dos fatos, que supera a história e quer dar sentido à história dos sucessivos leitores. Esta visão da fé não falsifica o fato histórico: projeta luz num certo aspecto dele, que é a sua dimensão transcendente, e fecunda a vida das pessoas que a ele se queiram ligar.

Repassando um texto, percebemos melhor a função impressiva e performativa  da  palavra  (que realiza  o  que  significa).

A narrativa da crucifixão e morte de Jesus (Mt  27,32-54)  foi  um  acontecimento  histórico  e  contém  elementos  objetivos.  Isso, porém, não significa que se passou tal como está contado.
Vários pormenores enfrentam dificuldades para ser considerados fatuais e sugerem que não sucederam à letra: as contradições da hora a que  aconteceu e o lugar certo onde aconteceu a crucifixão de Jesus  segundo  os  diversos  evangelistas,  o  papel  preciso  das  instituições  judaicas  (Sinédrio,  sumos-sacerdotes...),  o  eclipse  do  sol  sobre  toda  a  terra  durante  três  horas,  a  cortina  do  templo  a  rasgar-se,  o  terramoto,  as  pedras  a  racharem-se, os sepulcros a abrirem-se... 
Não é a palavra da historiografia. É palavra de gênero apocalíptico, simbólica, que aponta para a relação desse fato com o mundo divino e  visa  sublinhar  a  carga  salvífica  daquela  morte, aceita por amor aos que a quisessem contemplar em vez de    a  considerarem  como  fato  histórico  entre  outras crucifixões que aconteciam e que também são relatadas...; morte aceita como manifestação suprema do amor do Pai aos filhos e do Filho aos irmãos.

A  narrativa  evangélica,  dando  ao  fato  histórico  um  tom  espiritual por meio da fé, não desfigurava a história: transfigurava-a,  fixava  a  irrenunciável  dimensão  religiosa  do fato, fazendo incidir o foco principal no interesse que ele tinha para a sociedade que se quisesse deixar impressionar e ‘banhar’ por ele.

A historiografia equipararia a crucifixão de Jesus à de outros condenados que sofreram morte obscena e ignominiosa. 
A narração evangélica conta-a do ponto  de  vista  de  Deus  e  de  Jesus,  como  um  «acontecimento de Deus», não no sentido de que Deus o quisesse, mas  no  sentido  de  que  o  crime  perpetrado  pelos  humanos  foi  atendido  por  Deus  na  sua  própria  perspectiva, que  também  era  a  de  Jesus:  a  de  um  ato  de  amor  aos  humanos.

A perspectiva da fé que é a da narração abre o leitor à contemplação dessa crucifixão e a deixar-se salvar por ela. Enquanto a sua visão profana reage com escárnio para com o condenado, como a soldadesca romana, a sua visão Espiritual  leva  a  reagir  como  “o  centurião  e  os  que  com  ele  estavam  a  guardar  Jesus:  verdadeiramente,  este  era filho de Deus” (Mt 27,54).

A palavra historiográfica fixa o sucedido num momento do passado; a história sagrada narrada  pela  palavra  simbólica  da    dá-lhe  carácter  de  sentido perpétuo, estendendo a sua eficácia ao presente do leitor. A historiografia relataria a violência de um assassinato na cruz (como pretendem alguns filmes sobre A paixão  de  Cristo).   

Os  evangelhos  preocupam-se  com  a inocência  de  Jesus:  “pelo  contrário,  este  não  fez  nada  de  mau” (Lc 23,41). Sublinham que o cristianismo nasceu de um  ato  de  violência  contra  um  ser  humano  (“Filho  do  homem”)  para  sugerir  que  dali  em  diante    não  deveria haver  mais  violência  humana.  Portanto,  o  que  tem  maior  impacto existencial e dá poder salvífico ao acontecimento histórico da crucifixão de Jesus não seria um relato historiográfico objetivo e neutral, mas a narrativa da fé, que com a palavra conotativa e representativa mostra presente e ativo o amor de Deus entre os humanos. 


É por isso que a recitação (por exemplo, na sexta-feira santa) do «acontecido de uma vez para sempre» torna sempre atual a sua força redentora para os que o celebram na liturgia.

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