Ninguém
passa em vão, perto de Jesus, mudanças profundas acontecem na vida de quem toca
e se deixa por Ele ser tocado!
Um
leproso – isto é, um homem doente, marginalizado da
comunidade santa do Povo de Deus, considerado pecador e maldito – vem “ter com
Jesus”. Provavelmente tinham chegado até
ele ecos do anúncio do “Reino” e a pregação de Jesus tinha-lhe aberto um
horizonte de esperança. O desejo de sair da situação de miséria e de
marginalidade em que estava mergulhado vence o medo de infringir a Lei e ele aproxima-se
de Jesus, sem respeitar as distâncias que um leproso devia manter das pessoas
sãs.
O
leproso dá conta do seu desespero e mostra a sua decisão em mudar a sua triste
situação. Queres? Com essa palavrinha foram resolvidos
os problemas do leproso (cf. Mc 1,40-41). Também nós podemos perguntar a Jesus:
queres? Procuremos escutar a resposta.
Mas será que pode ser
que ele não queira o que eu estou pedindo e que me parece tão importante? É
possível. Aquilo que julgamos bom para nós e pedimos insistentemente, Deus, na sua
onisciência, poderia não estar de acordo.
Desta
maneira, não nos concederá determinada coisa ou talvez atrase a concessão da
mesma.
Uma vez diante de Jesus, o
leproso é humilde, mas insistente (“prostrou-se de joelhos e suplicou-lhe”
– vers. 40), pois o encontro com Jesus é
uma oportunidade de libertação que ele não pode desperdiçar.
O
leproso não impõe e nada exige e nem coloca a sua vontade como fator
determinante, mas abandona-se à vontade de Deus: “Senhor, se queres...”.
Que comovedora profissão de fé, para o homem arrogante e presunçoso de nossos
tempos! Homem que a exemplo dos nossos primeiros pais, ousa ocupar o lugar que
é de Deus.
Quero.
No caso do leproso de hoje, Jesus quis a sua cura. Por quê?
Ora, naquele homem enfermo, Jesus Cristo viu um “projeto de apóstolo”.
Jesus
também poderia perguntar a você: Queres?
Queres
seguir-me de verdade? Queres buscar-me de verdade ou será que queres tão
somente aquilo que eu posso te oferecer? As
perguntas entram numa clara lógica de conversão.
A cura do leproso não
foi apenas uma cura do corpo, mas principalmente da alma:
ele tornou-se uma testemunha do Senhor. Jesus quis curá-lo, mas ele – o leproso
– também quis seguir o Senhor de verdade.
Conta-se
que certa vez a irmã de Santo Tomás de Aquino perguntou-lhe qual era o segredo
da santidade. O santo respondeu sem hesitar: – querer!
Caso
nós percebemos que não vamos para frente na extirpação de tal ou qual vício ou
no progresso em determinada virtude, perguntemo-nos a nós mesmos: será que eu
quero?
O que ele pretende de
Jesus não é apenas ser curado, mas ser “purificado” dessa
enfermidade que o torna impuro e indigno de pertencer à comunidade de Deus e à
comunidade dos homens.
“sê purificado”.
É
possível entrever na lepra um símbolo do pecado, que é a verdadeira impureza do
coração, capaz de nos afastar de Deus.
Não
é de fato a doença física da lepra, como previam as normas antigas, que nos
separa d’Ele, mas a culpa, o mal espiritual e moral.
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