O evangelista João refere-nos que, quando Jesus vê Natanael
aproximar-se, exclama: «Aí vem um verdadeiro Israelita, em quem não há
fingimento» (Jo 1,47). Trata-se de um elogio que recorda o texto de um
Salmo: «Feliz o homem a quem o Senhor não acusa de iniquidade e em cujo
espírito não há engano» (Sl 32,2), mas que suscita a curiosidade de
Natanael, o qual responde com admiração: «Donde me conheces?» (Jo 1,48).
Nela é dado um primeiro e importante passo no percurso de adesão a Jesus. As palavras de Natanael sublinham um aspecto duplo e complementar da identidade de Jesus: Ele é reconhecido, quer na sua relação especial com Deus Pai, do qual é Filho Unigênito, quer na relação com o povo de Israel, do qual é proclamado rei, qualificação própria do Messias esperado. Nunca devemos perder de vista nenhuma destas duas componentes; porque, se proclamarmos apenas a dimensão celeste de Jesus, corremos o risco de O transformar num ser sublime e evanescente, e se, ao contrário, reconhecermos apenas a sua situação concreta na história, acabamos por negligenciar a dimensão divina que propriamente O qualifica.
Bento XVI, papa de 2005 a 2013
Audiência geral de 04/10/2006 (© Libreria Editrice Vaticana; rev)

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