V DOMINGO DA QUARESMA
B 2018
Na liturgia do 5º
Domingo Comum ecoa, com insistência, a preocupação de Deus no sentido de
apontar ao homem o caminho da salvação e da vida definitiva. A Palavra de Deus
garante-nos que a salvação passa por uma vida vivida na escuta atenta dos projetos
de Deus e na doação total aos irmãos.
O Evangelho
convida-nos a olhar para Jesus, a aprender com Ele, a segui-l’O no caminho do
amor radical, do dom da vida, da entrega total a Deus e aos irmãos.
O caminho
da cruz parece, aos olhos do mundo, um caminho de fracasso e de morte; mas é
desse caminho de amor e de doação que brota a vida verdadeira e eterna que Deus
nos quer oferecer.
“Fora
da Cruz não há outra escada por onde se suba ao céu” (Santa Rosa de Lima)!
E Jesus manifesta-o
claramente quando identifica a Hora perturbadora e humilhante da Sua Cruz com a
Hora grande da Sua glorificação; quando nos fala em ser elevado deste mundo,
precisamente no momento em que o Seu Corpo, como o grão de trigo lançado à
terra, desce ao túmulo.
A quem O quer ver, Jesus manifesta-Se,
escondendo-Se da multidão (cf. Jo
12,29.34).
A quem procura as vanglórias
deste mundo, Jesus garante a honra do Pai concedida aos que O servirem e
seguirem pelo caminho da Cruz.
Quem se
ama a si mesmo perde-se; quem sai de si mesmo para servir o outro, alcança a
vida verdadeira. Este é o mistério da Cruz, este é o paradoxo
da vida cristã.
Este é o caminho do amor, esta é a escada da Cruz, pela
qual se sobe descendo e se desce subindo.
Este mistério
escondido da Vida que é dada pelo preço da morte, da exaltação na Cruz, da
elevação no abaixamento, da glorificação na humilhação, é-nos apresentado na bela
imagem do grão de trigo que morre para frutificar (Jo 12,24).
Esta imagem não
se explica nem se justifica por nenhuma lógica que não seja a do amor: a do
amor que anima a Sua vida e vivifica a Sua morte; a lógica do amor que não
procura estar na vitrina, mas se faz invisível aos olhos alheios; daquele amor
que não é arrogante nem orgulhoso (1 Cor 13,4), mas é humilde, porque não fala
de si mesmo, não incha nem se engrandece diante dos outros; pelo contrário, o
amor verdadeiro, como, por exemplo, o amor de um pai ou de uma mãe, não procura
dominar, controlar, aparecer, mas trabalha sem procurar aplauso, serve às
escondidas; o amor verdadeiro esforça-se por dar a vida e não pretende
preservá-la ou possuí-la para si.
A vida, como Deus a quer para nós, é sempre
saída de si ao encontro do outro, no serviço aos demais.
Olhemos um pouco para
a nossa vida e verifiquemos como nela se desenha a parábola do grão de trigo:
as nossas alegrias nascem na dor; os maiores sucessos têm sempre o alto preço
das nossas entregas escondidas; os nossos êxitos são feitos de sacrifício
ocultos.
Na verdade – e bem vistas às coisas – nenhum fruto, nenhuma coisa boa
da nossa vida que ainda permaneça nos foram dados sem trazerem consigo o sinal
da Cruz, sem terem esta marca do esquecimento, da negação, da humilhação, da
morte de nós próprios: seja o filho que tivemos, a casa que construímos, o
curso que fizemos, o casamento que vivemos.
“É preciso morrer e nascer de novo; semear no pó e voltar a colher; há
que ser trigo, depois ser restolho; há que penar para aprender a viver (…) A
vida é feita em cada entrega alucinada, para receber daquilo que aumenta o
coração”. Na verdade, o amor não incha de vaidade, não se importa de perder
o que é seu, para ganhar o outro! Este é o caminho do amor, esta é a escada da
Cruz, pela qual se sobe descendo e se desce subindo.
Estamos a passos
largos da Semana Santa, dessa Hora infamante e gloriosa de Jesus.
Em casal, em
família, ou a sós, diante do Senhor, diante da Cruz, deixemo-nos examinar pelo
amor, A cruz de Cristo é fecunda. Com efeito, a morte de Jesus é uma fonte
inesgotável de vida nova, porque traz em si a força regeneradora do amor de
Deus.
Imergidos neste amor pelo Batismo, os cristãos podem tornar-se «grãos de
trigo» e dar muito fruto se, como Jesus, «perderem a própria vida» por amor de
Deus e dos irmãos (cf. 25).
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