Ao meditar sobre o
texto evangélico que a liturgia hoje nos oferece, de Maria que ungi os pés de
Jesus com perfume caríssimo começa por nos convidar a contemplar Maria que
«traz aos pés de Jesus o perfume simbólico do seu amor e da sua reparação».
É belo deter-nos nesta
cena, tão cheia de afeto e de amizade, numa página carregada de presságios e
interrogações.
O nosso seguimento de
Jesus pode desenrolar-se como caminho da morte à vida, como aconteceu a Lázaro,
ou como solicitude atenta e cuidadosa no serviço ao Mestre e aos seus, como
aconteceu com Marta; mas pode também assemelhar-se a um caminho de amor
adorante, como aconteceu com Maria, ou a um caminho de resistências e de
calculismos, que acabam por sufocar quem os segue, como aconteceu com Judas.
É importante estar
com Jesus, escutar a sua Palavra, partilhar a sua vida. Mas, mais importante
ainda, é reconhecer e acolher o amor que Ele tem por nós, o amor que Ele é.
Judas não o soube
acolher. Por isso, condenou o «desperdício» de Maria, e fez cálculos, a
pretexto de ajudar os pobres.
Maria, pelo
contrário, fez desse amor a sua vida. O Pobre, por excelência, é Jesus, que nos
dá tudo quanto possui, tudo quanto é. Por isso, só Ele deve ser o centro da
nossa vida, sem qualquer espécie de cálculos.
O Mestre dá-nos tudo!
Há que dar-lhe tudo, sem cálculos nem reservas. A nossa entrega total a Cristo
acaba por beneficiar toda a Igreja: «a casa encheu-se com a fragrância do
perfume...{v. 3) .
Maria estava longe de
se aperceber da profundidade do seu gesto.
Mas Jesus
encarregou-Se de lha revelar: era já uma homenagem pelo sacrifício que estava
para realizar: «Deixa que ela o tenha guardado para o dia da minha sepultura!»
(v. 7).
Jesus está para dar a
sua vida, para derramar o seu sangue: «Isto é o meu corpo entregue … este é o
meu sangue derramado por VÓS (cf. Mt 26, 26s.).
Era justo que Maria
honrasse esse corpo oferecido, derramando sobre ele o perfume precioso.
Participemos nessa homenagem de Maria. Vivamos esta semana em grande espírito
de gratidão, de recolhimento, na emoção de sermos amados, e amados até à morte.
Sejamos generosos com o Senhor que deu tudo e Se deu todo por nós.
Correspondamos ao seu amor. Deixemo-nos amar. Tornemo-nos, cada vez mais,
profetas desse amor.
Maria é o modelo de
um amor sincero e verdadeiro, saído do mais perfeito arrependimento. Desde o
momento da sua conversão, é generosa. Ela lança-se aos pés de Nosso Senhor,
derrama abundantes lágrimas, afronta o respeito humano, consagra a Nosso Senhor
perfumes de um grande preço. É já uma alma amante. Dá-se sem reservas a Nosso
Senhor, e doravante o seguirá, fielmente o servirá.
Nosso Senhor é tudo
para ela. Mantém-se aos seus pés e é tudo. Em Betânia, não se agita para servir
Nosso Senhor, contempla-o, escuta-o. Quem tem Jesus tem tudo.
Quando Lázaro morre,
que fé e que confiança ela testemunha! Marta agita-se ainda e Maria diz
somente: «Mestre, se aqui tivésseis estado, e/e não estaria mortos, Marta e
Maria são ambas amantes, mas testemunham o seu amor de um modo diferente: Marta
é ativa e Maria é contemplativa. Ambas são nossos modelos, devemos todos unir a
contemplação à ação.
Repete frequentemente
e vive hoje a palavra: «A fé opera por meio da caridade» (cf. Gal 5,6).
Oração:-
Senhor Jesus,
concede-me a graça de viver estes dias da tua Paixão perto de Ti, de ser
excessivamente generoso contigo, como foi Maria que «desperdiçou» um perfume
tão precioso para Te honrar. Que jamais ceda à tentação de pensar que, aquilo
que faço por Ti, podia ser útil para outros fins mais ou menos «piedosos» …
Dáme a graça de compreender, quanto é possível neste mundo, o teu amor por
mim. Então compreenderei também que, tudo quanto faço por Ti, é pouco, ainda
que pareça muito. Como Maria, e como o teu servo, quero procurar-te assídua e
fielmente, colocando-me na tua presença no começo de cada ação, vivendo junto
de Ti e para Ti. Dá-me, Senhor, esta assiduidade que será alegria para o teu
Coração, que será a minha santificação. Amém.
Nenhum comentário:
Postar um comentário