Durante os 13 anos em que o cardeal Van Thuan estivera preso por ocasião da guerra do Vietnã, sua vida junto dos outros companheiros detentos não fora nada fácil. O cruel isolamento do mundo e a pouca expectativa acerca de uma vida futura e livre, era algo dilacerante, sem dúvida. As tentações ao desânimo não eram poucas, pois, como bem sabemos, a hora da dor e da solidão exige do homem o melhor de suas forças humanas e espirituais. Porém, como ele mesmo relata tal experiência no livro “Testemunhas da Esperança”, tão logo teve consciência de que, embora se sentisse um com outros na dor e no sofrimento, era um sacerdote e portava consigo o legítimo poder de dar àquelas pessoas o que mais necessitavam para que não desanimassem na fé e na esperança de que Deus estava com eles, a Eucaristia. Felizes aqueles que sabem reconhecer e saciar a sua sede deste manancial da nossa salvação. Nunca deveríamos nos demorar a estar a comungar do Corpo e Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo. O cardeal Van Thuan, como “padre”, jamais se permitiria cair na omissão ao seu mais sublime serviço à salvação: alimentar os homens, especialmente os que se encontravam em situações de extremo sofrimento, do próprio Corpo e Sangue de Cristo. Quisera Deus que os homens que creem tivessem a felicidade do encontro com um sacerdote e com a Eucaristia nas suas horas mais infelizes, sobretudo, na hora que a morte se aproxima.
Impressiona-nos a coragem do cardeal Van Thuan, os riscos e a criatividade para tornar o mistério da fé possível naquele ambiente. Utilizava-se do vinho que passava sempre pela fiscalização como remédio para o estômago e, após se somar a alguns poucos pedaços de pão, podia então celebrar a Santa Missa com a Igreja do mundo inteiro, mesmo encarcerado e em meio a tantas dores. Antes da Eucaristia o alimento se dava com a Palavra de Deus, a partir das anotações que havia feito em pedaços de papel de cigarros de todos os versículos que sabia decorado. Eis a grande diferença que faz um padre quando ama profundamente a eucaristia.
Bendito seja Deus pela vocação sacerdotal. Bendito seja Deus quando escolhe alguns do meio dos seus filhos, ainda que tão fracos, para trazerem o céu para dentro de nós e para nos introduzir no coração de Deus, através da Eucaristia. Rezemos pelos padres para que amem verdadeiramente a Eucaristia e peçamos a Deus a graça de não ficarmos distantes e indiferentes ao alimento que nos dá a vida eterna.
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