Estamos na quaresma, período que, dentre outras coisas, inclina-nos à oração e ao sacrifício. As celebrações são diferentes, especialmente na liturgia da palavra, que nos convida sem cessar à conversão. Os nossos olhos são presenteados de roxo e ausência de enfeites. Tudo na Igreja nos convida a oração pela contrição do coração. Mas, dentre todos os sinais externos que nos convidam a rezar, o incenso é um dos que tem mais significado e menos compreensão entre os católicos. Não é difícil ver em uma missa, fiéis torcendo o nariz por causa do incenso. Isso se deve, principalmente, a não se entender o que o incenso significa. É muito mais fácil rezar em uma igreja do que em uma boate.
O ambiente pode nos ajudar ou atrapalhar a rezar. Os nossos sentidos respondem aos estímulos exteriores, modificando o nosso comportamento, por isso, entre os símbolos litúrgicos o incenso queimado no turíbulo merece destaque. Ele incita os nossos sentidos para a oração. A visão pela nuvem de fumaça formada, que nos dá a impressão de mistério, de sublime. A audição, pelo cintilar das correntes do turíbulo, que (como na introdução da música Sacramento da Comunhão) nos remete ao sagrado. E, por fim, não menos importante, o olfato, pelo cheiro que nos imerge na celebração.
Na quaresma muitos fazem o propósito de rezar mais. Porém, talvez o que realmente precisemos é nos esforçar para rezar melhor, colocando mais o coração nas orações, participando melhor das santas missas. O salmo 140 nos diz: "Que minha oração suba até vós como a fumaça do incenso, que minhas mãos estendidas para vós sejam como a oferenda da tarde". Nós estamos oferecendo a nossa vida ao Senhor? De que forma? O salmista pede a Deus que ao estender as mãos isso seja uma oferenda ao Senhor. Precisamos rezar pedindo que o Senhor ilumine a nossa oração, para que ela suba ao céu como a fumaça do incenso. O incenso nos ensina uma lição simples, consumindo-nos em sacrifício, alcançamos o céu. Adoração, louvor, oração, honra... tudo que o incenso representa, nós precisamos trazer para a nossa oração cotidiana.
Que nesta quaresma nos esforcemos para que a nossa oração e nossos sacrifícios tenham a sublimidade que o nosso coração precisa para alcançar o céu. Não com algumas repetições e cultos que não agradam o Senhor. "Que me importam o incenso de Sabá e as canas aromáticas de longínquos países? Não me agradam vossos holocaustos, nem me comprazem os sacrifícios"(Jr 6,20). Mas sim com muitas repetições sublimes dotadas de muito significado. "Adiantou-se outro anjo e pôs-se junto ao altar, com um turíbulo de ouro na mão. Foram-lhe dados muitos perfumes, para que os oferecesse com as orações de todos os santos no altar de ouro, que está adiante do trono". Ap 8,3. Que junto com os anjos e santos de Deus, adoremos o Senhor, consumindo-nos para que a nossa oração suba até o céu, como um perfume suave que seja agradável a Deus.
Renan, servo do Rei.
Renan Carlos Dourado , 24 anos, licenciado em Matemática (UnB), servidor público, e é cerimoniário do santuário São Francisco de Assis, faz parte do ministério de música Ruah e da RCC.
Nenhum comentário:
Postar um comentário