2º domingo da quaresma
Ano A - São Mateus
Texto: Mt 17,1-9
“Seis dias depois, Jesus tomou consigo Pedro, Tiago e João, seu irmão, e conduziu-os à parte a uma alta montanha.
Lá se transfigurou na presença deles: seu rosto brilhou como o sol, suas vestes tornaram-se resplandecentes de brancura.
E eis que apareceram Moisés e Elias conversando com ele.
Pedro tomou então a palavra e disse-lhe: Senhor é bom estarmos aqui. Se quiseres, farei aqui três tendas: uma para ti, uma para Moisés e outra para Elias. Falava ele ainda, quando veio uma nuvem luminosa e os envolveu. E daquela nuvem fez-se ouvir uma voz que dizia: Eis o meu Filho muito amado, em quem pus toda minha afeição; ouvi-o.
Ouvindo esta voz, os discípulos caíram com a face por terra e tiveram medo.
Mas Jesus aproximou-se deles e tocou-os, dizendo: Levantai-vos e não temais.
Eles levantaram os olhos e não viram mais ninguém, senão unicamente Jesus.
“E quando desciam Jesus lhes fez esta proibição: não conteis a ninguém o que viste, até que o Filho do Homem ressuscite dos mortos”.
Contexto:
O texto que acabamos de ler é o inicio do capítulo 17, no entanto o texto evangélico que o antecede é a interrogação de Jesus a seus discípulos (Mt 16,13-23), que vai exigir dos discípulos que são fiéis ao seguimento a Cristo uma verdadeira resposta que implicará até as ultimas conseqüências.
No texto de hoje nos coloca diante de três atitudes: 1. Jesus em chamar três discípulos; 2. A subida ao monte e por fim 3. A proibição ao final.
A cena da transfiguração é a revelação permanente que nos alcança quanto mais próximos de Deus nos mantemos superando o nosso deserto (1º domingo quaresma).
Perspectiva:
A abordagem evangélica nos remete a cena do monte: Monte Carmelo, Elias; Monte Horebe Moisés e por fim o Monte Tabor ( trasnfiguração) que por sinal é prelúdio do Monte das Oliveiras, mas o que nos parece a relação Cristo a montes, a resposta é muito simples em Jesus encerra-se a Lei trazida por Moisés do Monte Horebe e a plenitude da profecia, a realização que acontece em Cristo Jesus de modo geral, a realidade do monte é a intensa comunhão que os homens de Deus tem com o seu Senhor.
Por outro lado a perspectiva do evento da transfiguração parte de uma exigência jurídica, ou seja, o fato de ter na cena os discípulos Pedro, Tiago e João nos remete as exigências do número legal de testemunhas para que se tenha validade alguma decisão; A subida ao monte ressalta aos nossos olhos a visão profética com a qual o evangelista Mateus desenvolve o seu Evangelho, pois outra cena que coloca Jesus sobre o monte é as “Bem-aventuranças”, ou seja um novo Moisés e por fim traz já no segundo domingo quaresma a perspectiva da sua subida para Jerusalém e conseqüentemente a sua ida ao alto da Oliveiras; e por fim a proibição final por parte do Mestre, isso manifesta uma dimensão prematura por parte dos discípulos, visto que a sua experiência no discipulado não tenha sido plena, para que a mensagem de Cristo seja plenamente testemunhada deve ter fundamento na experiência de vida, pois será base para o desenvolver da Igreja nos decênios futuros pelo testemunho de vida e pelo anúncio oral.
Resposta:
A transfiguração de Jesus mostra particularidades de sua missão: plenificar em si a Lei e a Profecia, figurar a sua divindade unida a sua humanidade ambas nuas, ou seja, brancas, sem manchas, sem pecado, a passagem da morte para a vida, pois Cristo enquanto ressuscitado transfigura nossa condição de vida, que ainda estão fortente arraigados aos rebaixamentos que nos proporciona a natureza humana decaída, visto que isso é algo ontológico no ser humano, assim como os animais tem seus instintos o homem racional tem suas deficiências nele mesmo, ou seja, dentro de si.
Como sempre o tempo quaresmal é o período de conversão, da retomada de consciência para podermos recomeçar o plano de Deus em nossa vida, cabe-nos somente diante daquilo que Deus é e nos proporciona diante da fé, da busca da vontade de Deus ou mesmo a esperança de entendermos as realidades futura para as quais tende todo homem.
Neste domingo devemos ter como mestre para a nossa semana a pessoa de Pedro que mesmo sem saber o que estava acontecendo lança mão de si e oferece seu serviço: “. Se queres, farei aqui três tendas: uma para ti, uma para Moisés e outra para Elias.
Pedro abismado pela visão teofanica não quer mais sair da presença de Deus, pois isso causa muita alegria aqueles que são chamados viver a sua fé de forma, mais intensa. Ora isso nos reme para o outro lado da moeda, ao real nos chama colocar os pés no chão devemos descer do monte e sairmos da visão teofanica e continuar a nossa vida, isso nos causa tristeza. Sendo assim a transfiguração é um grande paradoxo entre a alegria de estarmos diante de Deus e a tristeza dês estarmos no mundo diante de tanto pecado.
O cristão encontra sua realização no ato de valorizar a sua vida na vida se seu próximo, esse é o exemplo que Jesus nos deixou no relato da Última Ceia.
Oração:
“Senhor nosso Deus temos a cada dia a oportunidade de nos renovarmos diante da vida que tens nos dado. Vida que muitas vezes nos coloca diante do dinamismo do mundo, dê-nos, porém, sentirmos a vossa presença transfigurada em cada ato que a vossa misericórdia nos providencia, na pessoa dos irmãos, na alegria e na tristeza”...
Jean Franco de Toledo
Filosofo.
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