“Cuidar dos doentes”.
Todos nós vivemos ao lado de pessoas doentes. E o que o ensinamento cristão nos
diz a esse respeito? Que devemos cuidar dos doentes com todo o carinho e
paciência, como Cristo cuidava dos doentes.
Diz São Lucas, no seu Evangelho, que “Depois que o sol se pôs, todos os que
tinham enfermos de diversas moléstias traziam-nos à sua presença (à presença
de Cristo); e Ele, impondo as mãos sobre cada um, curava-os (Lucas 4, 10).
E São Marcos anota em outro momento: “Os doentes eram tão numerosos que toda a
cidade se acotovelou à sua porta (Marcos 1, 33).
O Evangelho de São Lucas anota este detalhe de Cristo: curou-os impondo as mãos
sobre cada um deles. Jesus olha atentamente para cada um dos doentes e
dedica-lhes toda a sua atenção, porque cada pessoa, e de modo especial cada
pessoa que sofre, é muito importante para Ele. A sua presença caracteriza-se
por pregar o Evangelho do Reino e curar todo o mal e toda a enfermidade (Mateus
9, 35); de sorte que o povo estava admirado ante o espetáculo dos mudos que
falavam, dos aleijados que ficavam curados, dos coxos que andavam, dos cegos
que viam; e todos glorificavam o Deus de Israel (Mateus 15, 31; 45) (Falar com
Deus, vol. II, 31).
O papa João Paulo II lembra-nos num documento que Cristo aproximou-se
incessantemente do mundo do sofrimento humano (...) e essa sua forma de agir
exercia-se principalmente com os doentes e com os que esperavam a sua ajuda.
Curava os doentes, consolava os aflitos (...) Era sensível a todo sofrimento
humano, tanto do corpo como da alma (João Paulo II, Carta Apost. Salvifici
doloris, 11-II-1984, 16).
Nós, que queremos ser bons discípulos de Cristo, devemos aprender com Jesus a
tratar e amar os doentes. Temos de nos aproximar deles com grande respeito,
carinho e misericórdia, alegrando-nos quando podemos prestar-lhes algum
serviço, visitando-os, fazendo-lhes companhia. Neles, de modo especial, vemos
Cristo. No trato com os que estão doentes e sofrem, tornam-se realidade as suas
palavras: “Todas as vezes que fizestes isto a um destes meus irmãos mais
pequeninos, foi a mim que o fizestes” (Mateus 25, 40).
Tenho tratado os doentes dessa forma?
Por vezes, nós é que ficamos doentes. Precisamos entender, como diz um autor,
que a doença, enfrentada por amor de Deus, é um meio de santificação; é um
modo excelente de participar na Cruz redentora do Senhor. A dor física, que tantas
vezes acompanha a vida do homem, pode ser um meio de que Deus se serve para
purificar as nossas culpas e imperfeições, para levar-nos a praticar e
fortalecer as virtudes, e uma oportunidade especial de nos unirmos aos
padecimentos de Cristo (Falar com Deus, vol. II, 31).
Continua este autor dizendo: Especialmente na doença, temos que estar perto
de Cristo (...) E, mais adiante, diz umas palavras muito bonitas: Se
adoecemos, devemos aprender a ser bons doentes. Em primeiro lugar, aceitando a
doença. “É necessário sofrer com paciência não só a doença, mas também a doença
que Deus quer, entre as pessoas que Ele quer, com as incomodidades que quer, e
a mesma coisa digo a respeito das outras tribulações” (São Francisco de Sales,
Introd. à vida devota, III, 3).
E ainda: Temos que pedir ajuda ao Senhor para enfrentar a doença com
galhardia, procurando não reclamar, obedecendo ao médico. Pois “enquanto
estamos doentes, podemos ser maçantes: ‘Não me atendem bem, ninguém se preocupa
comigo, não cuidam de mim como mereço, ninguém me compreende…’ O diabo, que
anda sempre à espreita, ataca por qualquer flanco; e, na doença, a sua tática
consiste em fomentar uma espécie de psicose que afaste de Deus, que azede o
ambiente ou que destrua esse tesouro de méritos que, para bem de todas as
almas, se alcança quando se assume com otimismo sobrenatural - quando se ama! -
a dor. Portanto, se é vontade de Deus que sejamos atingidos pela aflição,
encarai-o como sinal de que Ele nos considera amadurecidos para nos associar
mais estreitamente à sua Cruz redentora” (Josemaría Escrivá, Amigos de Deus, n.
124) (Falar com Deus, vol. II, 31).
Que essas palavras nos ajudem a cuidar com todo amor das pessoas que sofrem e a
saber padecer nossos sofrimentos, nossas doenças, com paz e serenidade, junto
de Deus.
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