A minha alma glorifica o Senhor e o meu
espírito exulta em Deus meu Salvador. Com
estas palavras Maria reconhece, em primeiro lugar, os dons singulares que Lhe
foram concedidos e enumera depois os benefícios universais com que Deus
favorece continuamente o gênero humano. [...]
Porque fez em mim grandes coisas o
Todo-poderoso, e santo é o seu nome. Maria
nada atribui aos seus méritos, mas reconhece toda a sua grandeza como dom
d’Aquele que, sendo por essência poderoso e grande, costuma transformar os
seus fiéis, pequenos e fracos, em fortes e grandes. Logo acrescentou: E santo é o seu nome,
para fazer notar aos que a ouviam e mesmo para ensinar a quantos viessem a
conhecer as suas palavras, que, pela fé em Deus e pela invocação do seu nome,
também eles poderiam participar da santidade divina e da verdadeira salvação,
segundo a palavra do Profeta: E acontecerá que todo aquele que invocar o nome
do Senhor será salvo. É precisamente o nome a que Maria se refere ao dizer: E
o meu espírito exulta em Deus meu Salvador.
Por isso se introduziu na liturgia da santa Igreja o
costume, belo e salutar, de cantarem todos este hino de Maria na salmodia
vespertina, para que o espírito dos fiéis, ao recordar assiduamente o mistério
da Encarnação do Senhor, se entregue com generosidade ao serviço divino e,
lembrando-se constantemente dos exemplos da Mãe de Deus, se confirme na
verdadeira santidade. E pareceu muito oportuno que isto se fizesse na hora de
Vésperas, para que a nossa mente, fatigada e distraída ao longo do dia com
pensamentos diversos, encontre o recolhimento e a paz de espírito ao
aproximar-se o tempo de descanso.
Das homilias de São Beda
Venerável, presbítero
(L. I, 4: CCL 122, 25-26. 30)
(Sec VIII)
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