Eucaristia, o constante multiplicar-se na Igreja do Pão da vida nova
A instituição da Eucaristia, o sacrifício de Melquisedec e a
multiplicação dos pães: é este o sugestivo tríptico que nos é apresentado pela
liturgia da Palavra na hodierna solenidade do Corpus Domini.
O Livro do Gênesis fala-nos de Melquisedec, "rei de
Salém" e "sacerdote do Deus altíssimo", o qual abençoou Abrão e
"ofereceu pão e vinho" (Gn 14, 18).
A esta passagem faz referência o Salmo 109, que atribui ao Rei-Messias um
singular carácter sacerdotal por direta investidura de Deus: "Tu és
sacerdote para sempre / segundo a ordem de Melquisedec". Na vigília da sua
morte na cruz, Cristo instituiu a Eucaristia. Também Ele ofereceu pão e vinho,
que "nas suas mãos santas e veneráveis" (Cânone
Romano) se tornaram o seu Corpo e o seu Sangue, oferecidos em
sacrifício. Deste modo, Ele cumpria a profecia da antiga aliança, ligada à
oferenda sacrifical de Melquisedec. Precisamente por isso recorda a Carta aos
Hebreus "Ele... tornou-Se para todos os que Lhe obedecem fonte de
salvação eterna, tendo sido proclamado por Deus Sumo Sacerdote, segundo a ordem
de Melquisedec" (5,7-10).
A narração evangélica da multiplicação dos pães ajuda-nos a
compreender melhor o dom e o mistério da Eucaristia. Jesus tomou os cinco pães
e os dois peixes, elevou os olhos ao céu, abençoou-os, partiu-os e deu-os aos
Apóstolos, para que os distribuíssem ao povo (cf.
Lc 9,16). Todos comeram e ficaram saciados e ainda se encheram dozes
cestos de fragmentos que sobraram. Trata-se dum prodígio surpreendente, que
constitui como que o início de um longo processo histórico: o
constante multiplicar-se na Igreja do Pão da vida nova para os homens de toda a
raça e cultura. Este ministério sacramental foi confiado aos
Apóstolos e aos seus sucessores. E eles, fiéis à recomendação do divino Mestre,
não cessam de partir e de distribuir o Pão eucarístico de geração em geração.
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