É por isso que um irmão, quer pernoite numa casa ou esteja em viagem, não deve de modo nenhum aceitar para si, ou mandar que aceitem por sua conta, nem moedas de ouro nem moedas pequenas, nem para comprar vestuário ou livros, nem à laia de salário por qualquer trabalho, nem sob qualquer pretexto, excepto em caso de necessidade evidente para os irmãos enfermos.
Porque não devemos considerar o ouro e as moedas como sendo mais úteis ou preciosos que as pedras.
O diabo tenta cegar aqueles que cobiçam o dinheiro ou que lhe atribuem mais valor do que às pedras. Nós, que deixámos tudo, não vamos perder por tão pouca coisa o Reino dos Céus (Mc 10, 24.28).
Se por acaso encontrarmos alguma moeda, não lhe prestemos mais atenção do que à poeira que pisamos: pois isso é vaidade das vaidades, e tudo é vaidade (Ecl 1, 2). [...]
Todos os irmão se aplicarão a seguir a humildade e a pobreza de Nosso Senhor Jesus Cristo. [...]
Devem regozijar-se quando se encontram no meio de pessoas de baixa condição e desprezadas, entre os pobres e os enfermos, os doentes e os leprosos e os pedintes das ruas. Se for necessário, irão mendigar.
Que não se envergonhem: devem lembrar-se de que Nosso Senhor Jesus Cristo, o Filho de Deus vivo e todo-poderoso [...], foi pobre e sem abrigo e viveu de esmolas, tanto Ele como a bem aventurada Virgem Maria e os Seus discípulos.
São Francisco de Assis (1182-1226), fundador dos frades menores
Primeira Regra, §§ 8-9 (a partir da trad. Desbonnets et Vorreux, Documentos, pp. 62-64 rev.)
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