28º Domingo do Tempo Comum - Ano C
Como testemunhas da bondade e do
amor de Deus.
A liturgia deste domingo
mostra-nos, com exemplos concretos, como Deus tem um projeto de salvação para
oferecer a todos os homens, sem exceção;
reconhecer o dom de Deus,
acolhê-lo com amor e gratidão, é a condição para vencer a alienação, o
sofrimento, o afastamento de Deus e dos irmãos e chegar à vida plena.
A primeira leitura apresenta-nos a história de um leproso (o sírio
Naamã). O episódio revela que só Jahwéh oferece ao homem a vida e a salvação,
sem limites nem exceções; ao homem resta acolher o dom de Deus, reconhecê-l’O
como o único salvador e manifestar-Lhe gratidão.
O Evangelho apresenta-nos um grupo de leprosos que se encontram com
Jesus e que através de Jesus descobrem a misericórdia e o amor de Deus. Eles
representam toda a humanidade, envolvida pela miséria e pelo sofrimento, sobre
quem Deus derrama a sua bondade, o seu amor, a sua salvação. Também aqui se
chama a atenção para a resposta do homem ao dom de Deus: todos os que
experimentam a salvação que Deus oferece devem reconhecer o dom, acolhê-lo e
manifestar a Deus a sua gratidão.
A segunda leitura define a existência cristã como identificação com
Cristo. Quem acolhe o dom de Deus torna-se discípulo: identifica-se com Cristo,
vive no amor e na entrega aos irmãos e chega à vida nova da ressurreição.
LEITURA I – 2 Reis 5,14-17
A primeira leitura deste domingo
situa-nos no reino do Norte (Israel), durante o reinado de Jorão (853-842 a.C.). Os reis de Israel
– preocupados em fazer do seu país um estado moderno e em marcar o seu lugar no
xadrez político do antigo Médio Oriente – mantêm, por esta altura, um
intercâmbio muito vivo com os povos da zona. Em termos religiosos, essa
política traduz-se numa invasão de deuses, de cultos e de valores estrangeiros,
que ameaçam a integridade da fé jahwista. Apesar de Jorão ter tirado “as
estátuas que seu pai tinha erigido a Baal” (2 Re 3,2), é uma época em que os
deuses cananeus assumem um grande protagonismo e Baal substitui Jahwéh no
coração e na vida de muitos israelitas.
Nesta fase, o profeta Eliseu
assume-se como o grande defensor da fé jahwista continuando, aliás, a obra do
seu antecessor Elias. Eliseu fazia parte de uma comunidade de “filhos dos
profetas” (2 Re 2,3; 4,1)… Trata-se, provavelmente, de um círculo profético
cujos membros eram os seguidores incondicionais de Jahwéh e aqueles em quem o
Povo buscava apoio, face aos abusos dos poderosos.
No capítulo 5 do segundo Livro
dos Reis, os autores deuteronomistas contam-nos a história do general sírio
Naamã: considerado um dos heróis da Síria, era leproso; mas, informado por uma
serva de que em Israel havia um profeta que podia curá-lo do seu mal, veio ao
encontro de Eliseu, carregado de presentes. Eliseu mandou, apenas, que Naamã se
banhasse sete vezes no rio Jordão (cf. 2 Re 5,1-13).
A leitura que nos é proposta
descreve a cura do sírio Naamã e as reacções das várias personagens envolvidas;
mas, mais do que apresentar uma reportagem do acontecimento, os autores
deuteronomistas quiseram tecer algumas considerações de caráter teológico e
catequético, que ajudassem os israelitas (seduzidos pelo culto de Baal) a
redescobrir os fundamentos da sua fé.
Em primeiro lugar, os catequistas
de Israel quiseram deixar claro que Jahwéh é o Senhor da vida, que Ele tem um
projeto de libertação para o homem e que só Ele pode salvar aquele que parece
condenado à morte. Deus até Se pode servir de homens para atuar no mundo; mas é
d’Ele – e apenas d’Ele – que brotam a salvação e a vida; é preciso que os
israelitas reconheçam isto, como o sírio Naamã o reconheceu.
Em segundo lugar, os catequistas
de Israel quiseram mostrar que a intervenção salvadora de Jahwéh não é uma ação
meramente circunstancial, que apenas resolve os problemas externos, mas é uma
ação que atua a um nível profundo e que transforma radicalmente a vida do
homem… Naamã não ficou só curado de uma doença física que punha em risco a sua
vida; mas a intervenção de Deus saldou-se numa transformação espiritual que fez
do sírio Naamã um homem novo e o levou a deixar os ídolos para servir o
verdadeiro e único Deus… A expressão dessa mudança radical é a afirmação de
Naamã de que “não há outro Deus em toda a terra senão o de Israel” (vers. 15) e
que nunca mais irá “oferecer holocausto ou sacrifício a quaisquer outros
deuses, mas apenas ao Senhor, Deus de Israel” (vers. 17).
Em terceiro lugar, a história
deixa claro que a oferta da salvação não é um dom exclusivo, reservado a alguns
privilegiados ou a uma raça especial: Naamã é sírio e, portanto, um inimigo
tradicional do Povo de Deus… Mas Deus não faz distinção de pessoas e oferece a
todos, sem exceção, a sua graça. O que é decisivo é o acolher o dom de Deus e
aceitar deixar-se transformar por Ele.
Em quarto lugar, a catequese
deuteronomista sublinha a “gratidão” de Naamã. Liberto dos males que o
apoquentavam, ele quis agradecer a sua cura cumulando Eliseu de presentes; mas
depressa percebeu (por ação de Eliseu, que o ajudou a ver claro) que não era a
um homem que tinha de agradecer o dom da vida, mas sim a Deus… E a sua gratidão
manifestou-se numa adesão total a Jahwéh. Os catequistas de Israel sugerem que
é essa a resposta que Deus espera do homem.
Em quinto lugar, atente-se na
atitude de Eliseu que nunca manifestou qualquer vontade de se aproveitar da
intervenção de Deus em favor de Naamã para benefício próprio. Ao recusar
aceitar qualquer presente das mãos de Naamã, Eliseu dá a entender que não é a
ele mas a Jahwéh que o general sírio deve agradecer a cura. É provável que haja
aqui uma denúncia irônica da atitude dos líderes religiosos da época, sempre
preocupados em utilizar
Deus em benefício dos seus esquemas egoístas…
ATUALIZAÇÃO
A reflexão e partilha podem
fazer-se considerando os seguintes dados:
• A
leitura convida-nos, antes de mais, a tomar consciência de que é de Deus –
desse Deus que tem um projeto de salvação para o homem – que recebemos a vida
plena. A constatação desse fato atinge uma importância primordial, numa época
em que somos diariamente convidados a colocar a nossa esperança e a nossa
segurança em ídolos de pés de barro (para alguns, podem ser o “poderoso médium”
ou a “vidente/taróloga/espírita” que garantem a solução para o mau olhado, a
inveja, os males de amor, o insucesso nos negócios, etc.; para a maioria, são o
dinheiro, o poder, a moda, o comodismo, o êxito, a casa com piscina, o Ferrari
ou o último programa de televisão que faz ganhar vinte mil contos e abrir a
janela da fama…). É em Deus que eu coloco a minha esperança de vida plena, ou
há outros deuses que me seduzem, que dirigem a minha vida e que são a minha
esperança de realização e de felicidade?
• Convém
também não esquecer que a proposta de salvação que Deus faz se destina a todos
os homens e mulheres, sem exceção. O nosso Deus não é um Deus dos “bonzinhos”,
dos bem comportados, dos brancos, dos politicamente corretos ou dos que têm o
nome no livro de registros da paróquia… O nosso Deus é o Deus que oferece a
vida a todos e que a todos ama como filhos; o que é decisivo é aceitar a sua
oferta de salvação e acolher o seu dom. Daqui resultam duas coisas importantes:
a primeira é que não basta ser batizado (e depois prescindir d’Ele e viver à
margem das suas propostas); a segunda é que não podemos marginalizar ou excluir
qualquer irmão nosso.
• A
história do sírio Naamã levanta, ainda, a questão da gratidão… É preciso que
nos apercebamos que tudo é dom do amor de Deus e não uma conquista nossa ou a
recompensa pelos nossos méritos ou pelas nossas boas obras. Estou consciente de
que é de Deus que recebo tudo e manifesto-Lhe a minha gratidão pela sua
presença, pelos seus dons, pelo seu amor?
• Aqueles
que recebem de Deus carismas para pôr ao serviço dos irmãos: sentem-se apenas
instrumentos de Deus e procuram dirigir os olhares e a gratidão dos irmãos para
Deus, ou estão preocupados em sublinhar os seus méritos e em concentrar em si
próprios a gratidão que brota dos corações daqueles a quem servem?
SALMO RESPONSORIAL – Salmo 97 (98)
Refrão 1: O Senhor manifestou a salvação a todos os povos.
Refrão 2: Diante dos povos manifestou Deus a salvação.
Cantai ao Senhor um cântico novo
pelas maravilhas que Ele operou.
A sua mão e o seu santo braço
Lhe deram a vitória.
O Senhor deu a conhecer a
salvação,
revelou aos olhos das nações a
sua justiça.
Recordou-Se da sua bondade e
fidelidade
em favor da casa de Israel.
Os confins da terra puderam ver
a salvação do nosso Deus.
Aclamai o Senhor, terra inteira,
exultai de alegria e cantai.
LEITURA II – 2 Tim 2,8-13
Continuamos a ler a segunda Carta
a Timóteo… Para percebermos a mensagem que o texto nos propõe, convém recordar
que esta carta (escrita por um autor desconhecido que, no entanto, se identifica
com o apóstolo Paulo) nos coloca, provavelmente, no contexto dos finais do séc.
I ou inícios do séc. II, numa altura em as comunidades cristãs sentiam
arrefecido o entusiasmo dos inícios, conheciam a perseguição e estavam a ser
perturbadas pelas heresias e pelas falsas doutrinas. O autor exorta Timóteo (e,
na pessoa de Timóteo, todos os crentes, em geral) a perseverar na fé, a
conservar a sã doutrina recebida de Jesus e a dedicar-se totalmente ao serviço
do Evangelho.
Depois de exortar Timóteo a uma
dedicação total ao ministério (cf. 2 Tim 2,1-7), o autor da carta apresenta o
motivo supremo que justifica essa entrega: o exemplo de Cristo, que chegou à
glória da ressurreição pelo caminho da cruz e do dom da vida… O próprio Paulo
seguiu esse duro caminho e é por isso que está preso; mas não está preocupado,
pois o essencial é que a Palavra de Deus continue a transformar o mundo. Aliás,
é preciso que alguns entreguem a própria vida para que a proposta libertadora
de Jesus chegue a todos os homens… Vale a pena sofrer, a fim de que este
objectivo se concretize.
O parágrafo final (vers. 11-13)
corrobora e clarifica as afirmações precedentes. O cristão é chamado a
identificar-se com Cristo na entrega da vida e no serviço aos irmãos; essa
entrega não termina no fracasso e no sem sentido, mas – a exemplo de Cristo –
na ressurreição, na vida nova. O cristão não pode é recusar fazer da sua vida
um dom de amor, se quiser identificar-se com Cristo.
ATUALIZAÇÃO
Considerar os seguintes dados
para a reflexão e partilha:
• O
autor da Segunda Carta a Timóteo recorda, aqui, algo de central para a
experiência cristã: a essência do cristianismo é a identificação de cada crente
com Cristo. Isto traduz-se, concretamente, no entregar a própria vida em favor dos
irmãos, se necessário até ao dom total. Identifico-me de tal forma com Cristo
que sou capaz de O seguir no caminho do amor e da entrega?
• A
opinião pública do nosso tempo está convencida de que uma vida gasta no serviço
simples e humilde em favor dos irmãos é uma vida fracassada; mas o autor da
Segunda Carta a Timóteo garante que uma vida de amor e de serviço é uma vida
plenamente realizada, pois no final da caminhada espera-nos a ressurreição, a
vida plena (são os efeitos da nossa identificação com Cristo). O que é que,
para mim, faz mais sentido? No meu dia a dia domina o egoísmo e a
auto-suficiência, ou o amor, a partilha, o dom da vida?
ALELUIA – cf. 1Tes 5,18
Aleluia. Aleluia.
Em todo o tempo e lugar dai
graças a Deus,
porque esta é a sua vontade a
vosso respeito em Cristo
Jesus.
EVANGELHO – Lc 17,11-19
Mais uma vez Lucas apresenta um
episódio situado no “caminho de Jerusalém” (esse “caminho espiritual”, ao longo
do qual os discípulos vão aprendendo e interiorizando os valores e a realidade
do “Reino”).
No “caminho” de Jesus e dos
discípulos aparecem, portanto, dez leprosos. O leproso é, no tempo de Jesus, o
protótipo do marginalizado… Além de causar naturalmente repugnância pela sua
aparência e de infundir medo de contágio, o leproso é um impuro ritual (cf. Lev
13-14), a quem a teologia oficial atribuía pecados especialmente gravosos (a
lepra era o castigo de Deus para esses pecados); por isso, o leproso não podia
sequer entrar na cidade de Jerusalém, a fim de não despurificar a cidade santa.
Devia afastar-se de qualquer convívio humano para que não contaminasse os
outros com a sua impureza física e religiosa. Em caso de cura, devia
apresentar-se diante de um sacerdote, a fim de que ele comprovasse a cura e lhe
permitisse a reintegração na vida normal (cf. Lev 14). Podia, então, voltar a
participar nas celebrações do culto.
Um dos leprosos (precisamente
aquele que vai desempenhar o papel principal, neste episódio) é samaritano. Os
samaritanos eram desprezados pelos judeus de Jerusalém, por causa do seu
sincretismo religioso. A desconfiança religiosa dos judeus em relação aos
samaritanos começou quando, em 721
a.C. (após a queda do reino do Norte), os colonos
assírios invadiram a Samaria e começaram a misturar-se com a população local.
Para os judeus, os habitantes da Samaria começaram, então, a paganizar-se… Após
o regresso do exílio da Babilônia, os habitantes de Jerusalém recusaram
qualquer ajuda dos samaritanos na reconstrução do Templo e evitaram os
contactos com esses hereges, “raça misturada com pagãos”. A construção de um
santuário samaritano no monte Garizim consumou a separação e, na perspectiva
judaica, lançou definitivamente os samaritanos nos caminhos da infidelidade a Jahwéh.
Algumas picardias mútuas nos séculos seguintes consolidaram a inimizade entre
judeus e samaritanos. Na época de Jesus, a relação entre as duas comunidades
era marcada por uma grande hostilidade.
O episódio dos dez leprosos (que
é exclusivo de Lucas) insere-se perfeitamente na óptica teológica de um
evangelho cujo objetivo fundamental é apresentar Jesus como o Deus que Se fez
pessoa para trazer, com gestos concretos, a salvação/libertação a todos os
homens, particularmente aos oprimidos e marginalizados.
É esse o ponto de partida da
história que Lucas nos conta: ele mostra que Deus tem uma proposta de vida nova
e de libertação para oferecer a todos os homens. O número dez tem, certamente,
um significado simbólico: significa “totalidade” (o judaísmo considerava
necessário que pelo menos dez homens estivessem presentes, a fim de que a
oração comunitária pudesse ter lugar, porque o “dez” representa a totalidade da
comunidade). A presença de um samaritano no grupo indica, contudo, que essa
salvação oferecida por Deus, em Jesus, não se destina apenas à comunidade do
“Povo eleito”, mas se destina a todos os homens, sem exceção, mesmo àqueles que
o judaísmo oficial considerava definitivamente afastados da salvação.
Contudo, o acento do episódio de
hoje é posto – mais do que no episódio da cura em si – no fato de que, dos dez
leprosos curados, só um tenha voltado para trás para agradecer a Jesus e no fato
de este ser um samaritano. Lucas está interessado em mostrar que quem recebe a
salvação deve reconhecer o dom de Deus e deve estar agradecido… E avisa que,
com frequência, são os hereges, os marginais, os desprezados, aqueles que a
teologia oficial considera à margem da salvação, que estão mais atentos aos
dons de Deus. Haverá aqui, certamente, uma alusão à auto-suficiência dos judeus
que, por se sentirem “Povo eleito”, achavam natural que Deus os cumulasse dos
seus dons; no entanto, não reconheceram a proposta de salvação que, através de
Jesus, Deus lhes ofereceu… Certamente haverá aqui, também, um apelo aos
discípulos de Jesus, para que não ignorem o dom de Deus e saibam responder-Lhe
com a gratidão e a fé (entendida como adesão a Jesus e à sua proposta de
salvação).
ATUALIZAÇÃO
A reflexão e partilha podem tocar
as seguintes questões:
• A
“lepra” que rouba a vida a esses “dez” homens que a leitura de hoje nos
apresenta representa o infortúnio que atinge a totalidade da humanidade e que
gera exclusão, marginalidade, opressão, injustiça. É a condição de uma
humanidade marcada pelo sofrimento, pela miséria, pelo afastamento de Deus e
dos irmãos, que aqui nos é pintada… Lucas garante, no entanto, que Deus tem um projeto
de salvação para todos os homens, sem exceção; e que é em Jesus e através de
Jesus que esse projeto atinge todos os que se sentem “leprosos” e os faz
encontrar a vida plena, a reintegração total na família de Deus e na comunidade
humana.
• É
preciso ter uma resposta de gratidão e de adesão à proposta de salvação que
Deus faz. Atenção: muitas vezes são aqueles que parecem mais fora da órbita de
Deus que primeiro reconhecem o seu dom, que o acolhem e que aderem à proposta
de vida nova que lhes é feita. Às vezes, aqueles que lidam diariamente com o
mundo do sagrado estão demasiado cheios de autosuficiência e de orgulho para
acolherem com humildade e simplicidade os dons de Deus, para manifestarem
gratidão e para aceitarem ser transformados pela graça… Convém pensar na
atitude que, dia a dia, eu assumo diante de Deus: se é uma atitude de
autosuficiência, ou se é uma atitude de adesão humilde e de gratidão.
• Como
lidamos com aqueles que a sociedade de hoje considera “leprosos” e que, muitas
vezes, se encontram numa situação de exclusão e de marginalidade (os sem
abrigo, os drogados, os deficientes, os doentes terminais, os idosos abandonados
em lares, os analfabetos, os que vivem abaixo do limiar da pobreza, os que não
têm telemóvel nem internet, os que não vestem de acordo com a moda, os que não
pactuam com certos valores politicamente corretos, os que não consomem produtos
“light” e não têm uma silhueta moderna, os que não frequentam as festas sociais
nem aparecem nos programas televisivos de sucesso…): com desprezo, com
indiferença, com medo de ficar contaminados ou como testemunhas da bondade e do
amor de Deus?
• Curiosamente,
os dez “leprosos” não são curados imediatamente por Jesus, mas a “lepra”
desaparece “no caminho”, quando iam mostrar-se aos sacerdotes. Isto sugere que
a ação libertadora de Jesus não é uma ação mágica, caída repentinamente do
céu, mas um processo progressivo (o “caminho” define, neste contexto, a
caminhada cristã), no qual o crente vai descobrindo e interiorizando os valores
de Jesus, até à adesão plena às suas propostas e à efetiva transformação do
coração. Assim, a nossa “cura” não é um momento mágico que acontece quando
somos batizados, ou fazemos a primeira comunhão ou nos crismamos; mas é uma
caminhada progressiva, durante a qual descobrimos Cristo e nascemos para a vida
nova.
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