O cultivo da vocação.
A vocação é um lindo presente de
Deus para nós, pobres homens indignos de Sua misericórdia. Percebo que aqueles
que são vocacionados trazem esta semente em seu coração desde todo sempre.
A partir da experiência do
cultivo é que esta semente germinará ou não.
Gosto de pensar nas vocações como
um jardim belíssimo que quanto mais zelado, mais belo fica e mais beleza
produz.
Para mim, a vivência da vocação
talvez seja um constante cultivo.
Sabemos que não existe beleza no
jardim se não houver, antes todo um preparo, cuidado para acolher a semente.
A meu ver, assim é o processo de
discernimento vocacional. Gosto de fazer esta comparação, pois é assim que vou
assimilando o que Deus fez em minha história e poderá fazer na vossa se abrir
largamente o seu coração para o que Deus tem preparado para você desde
toda eternidade.
Compreendo o fato de a terra ser
a mesma, o sol e a água também os mesmos, mas cada flor trazer sua identidade
própria quando nasce, pois o bom Deus tem para cada um de nós seu desígnio de
amor. Daquela terra comum a todas, nascem flores, rosas, vermelhas, brancas e azuis.
Como questionou o saudoso padre
Léo, fico também analisando: “Quem colocou tinta na terra para que, do mesmo
lugar, nasçam flores diferentes? Acaso a terra possui uma tinta especial que as
colore? A resposta é óbvia. Já na essência da flor está determinado o tamanho
que terá, qual cor a embelezará e quanto tempo existirá.
Além da flor temos outros
exemplos, outras formas de ver o cultivo. Olhemos o coentro. Recordo-me com
saudades de uma época em que meu único ofício era estudar. Era aula de
horticultura e havíamos preparado leiras para plantarmos o coentro. Eu, animado,
saí semeando aquelas bolinhas, mas havia feito algo errado, porque, antes de
plantar o coentro, era necessário quebrar a semente para que ela nascesse mais
rápido.
“Gosto de pensar nas vocações como um
jardim belíssimo que, quanto mais zelado, mais belo fica”
Foi um aprendizado simples,
vivido há mais de 10 anos, período de
minha vida de seminarista mas ele permanece vivo em mim, talvez porque tivesse
algo mais importante para me ensinar sobre a vida.
Hoje, vejo que a vida traz muito disso,
pois ela quebra as nossas cascas. Percebo minha vida de vocacionado desta
forma.
Assim acontece a essência da
flor, assim acontece com a semente do coentro quando se revela em sua
totalidade. Os passos certos vão desde a
escolha da semente até o preparo do terreno.
Olhe o exemplo da roseira que
produz belas rosas. Em determinado momento, é necessário que aconteçam podas,
porque novas mudas de roseiras são feitas a partir de galhos quebrados
colocados em outros lugares.
Que coisa bela é produzir beleza!
Assim acontece com flores, hortaliças e mudas. Assim também acontece com as
vocações na Igreja.
Há pessoas que precisam se deixar
podar, deixar-se cortar, precisam ser “quebradas” para chegar à totalidade do
que Deus quer de suas vidas.
As vocações são a beleza da
Igreja. O que falar quando nos lembramos de uma Teresa de Calcutá , uma vocação
dentro de uma vocação, do querido beato João Paulo II ou de Irmã Dulce? Como
não dizer que eles cumpriram seu papel, foram fiéis à sua missão?
Pois bem, esta crônica serve
apenas para questionar você sobre a missão que lhe foi confiada. Você tem
desempenhado bem sua vocação?
O cantor Eugênio Jorge disse, há
muitos anos, que somente os frutos recompensam a dor da poda.
Pense nisso
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