De
uns tempos pra cá tenho me feito essa pergunta. Isso porque, em muitos
momentos, vi-me atirado de um lado para o outro em meio ao turbilhão de
correria que caracteriza a sociedade de nosso tempo.
Por falar
nele, desde que cunharam a “célebre” frase “tempo é dinheiro”,
parece-nos que uma verdadeira patologia tomou conta da humanidade. E ela
tem um nome bem conhecido: pressa.
Quem nunca
se viu apressado nesse mundo? Ela já começa fincando suas garras em nós
no momento em que acordamos: o alarme de nossos despertadores com suas
“doces melodias” altissonantes nos acordam abruptamente, recordando-nos
que o tempo urge.
Tomamos
nosso café-da-manhã às pressas. Dirigimos para nossos empregos em muitos
momentos de forma temerária. Por que? Porque estamos… com pressa! Se
nos encontramos dentro de um transporte público como ônibus, trem ou
metrô, como que um simples engarrafamento ou atraso no horário é capaz
de nos tirar do sério e roubar nosso equilíbrio emocional. Afinal de
contas, estamos com pressa…
Almoçamos de
olho nos ponteiros do relógio. Engolimos a comida de supetão sem nem ao
menos mastigá-la como devemos. Tudo porque o dever clama por nossa
atenção.
Andamos em
ritmo frenético pelas calçadas dos grandes centros urbanos, quase que
numa marcha militar robótica, sob os açoites implacáveis dos ponteiros
do relógio. É claro! O próximo compromisso da agenda já se encontra às
portas…e não podemos nos atrasar. Estamos com pressa.
E assim
caminhamos dia após dia tendo a pressa como sombra em nosso encalço.
Junto com ela vêm suas irmãs siamesas agitação, inquietação e
ansiedade.
Como fruto
disso ficamos com nossa alma fragmentada. Com aquela sensação ruim de
incompletude, insuficiência e acabamos por mergulhar num poço fundo de
frustração e apatia. Temos a impressão que mesmo com todo o nosso
corre-corre nunca há tempo suficiente para fazermos tudo o que temos de
fazer no dia. Pelo menos, não de uma forma bem feita ou do jeito que
gostaríamos de tê-lo feito.
A pressa
também nos conduz à superficialidade nos relacionamentos interpessoais.
Já que temos tão pouco tempo, em decorrência de nossas agendas lotadas
de compromissos, acabamos nos resignando a ter “amizades” virtuais.
Relacionamo-nos com monitores de computador e ao invés de um parente ou
amigo querido, preferimos visitar redes sociais e frequentar chats de
bate-papo on line.
Outro
malefício da correria de nossos dias é o viver distraído. Vivemos em um
planeta belo, de riquezas de detalhes abundantes. A natureza é uma
verdadeira poesia composta pelo coração amoroso de Deus. Estamos
cercados de glória e bondade. No entanto, andamos tão apressados que
simplesmente não mais paramos para contemplar as pinceladas da aquarela
divina presentes em toda a criação, pequenos milagres do cotidiano.
Ainda vemos, mas, já não mais investimos tempo para observar e, por
consequência, não conseguimos enxergar que há mais por baixo da
superfície das coisas do que podemos se quer imaginar. A distração anda
de mãos dadas com a pressa.
E ainda de
quebra como resultado desse quadro que descrevemos acima colhemos os
frutos amargos das doenças psico-somáticas como o estresse e a síndrome
do pânico que nos apontam que a estrutura humana não foi feita para
viver desse modo. Não aguentamos. Não somos máquinas. Somos seres
humanos. Não temos apenas ossos e músculos. Temos um alma que precisa de
seus cuidados.
Mas, o que
Deus deseja que você eu fiquemos sabendo é que as coisas não precisam
ser desse jeito. É possível sim vencer a pressa. Como? Através de
disciplina e estabelecendo algumas metas pessoais. Aí vão algumas dicas
para diminuirmos um pouco o ritmo:
- Você
não precisa acordar esbaforido em meio a uma taquicardia em função do
alarme do relógio e do tempo apertado. Escolha um som ou melodia que
seja mais tranquila para o seu despertador (lembre-se que você está no
seu quarto e não no quartel de Bombeiros).
- Coloque o relógio para despertar
15, 20 ou meia hora antes do horário comum. Isso o ajudará a acordar com
menos pressa. Levante-se tranquilo.Faça uma prece agradecendo a Deus
por um novo dia. Entregue o dia nas mãos de Deus e peça sua ajuda,
cuidado e direção para você e os seus. Isso também te possibilitará a
desfrutar de um café da manhã em paz.
- Saia mais cedo para o trabalho.
Dirija mais tranquilamente. Lembre-se que você está adiantado em relação
ao horário que deveria chagar no emprego. Vá desfrutando do caminho.
Coloque uma música que facilite a calma e serenidade.
- Aumente
o tempo entre uma garfada e outra durante as refeições. Mastigue sem
pressa o alimento. Mastigue-o bem. Os especialistas dizem que são
necessárias 31 mastigadas para que o alimento seja corretamente
assimilado por nosso organismo (quem sabe aquele seu problema com a má
digestão “milagrosamente” será solucionado). Sinta o sabor de cada um
deles. Desfrute dos aromas. E seja grato a Deus não apenas pela provisão
do alimento em si, mas também pelo prazer que o desfrute dos sabores
concede a você.
- Faça
caminhadas frequentes se você mora em uma região bem arborizada. Se não,
tente fazer uma visita a um parque ou floresta. Nesses momentos caminhe
com ritmo, mas, sem pressa. Olhe a natureza ao seu redor. Pare em
alguns momentos para observar a textura das folhas, a riqueza
multicolorida das flores e os hábitos curiosos dos animaizinhos. São
ministros da natureza que nos anunciam a grandeza de Seu Criador.
- Faça
uma varredura estilo “pente-fino” em seus compromissos e obrigações
agendados. Talvez você terá a surpresa de perceber que muitos deles são
desnecessários e prescindíveis e que nada mais eram do que “encher
linguiça”. Insira o que realmente é importante: agende um passeio ou
viagem com a família; uma visita a um parente ou amigo que a tanto tempo
você não vê. Invista em relacionamentos reais e não apenas virtuais.
- Diminua
a frequência com que você utiliza mídias (TV, rádio, Facebook etc.).
Combine com sua família um “jejum de mídia”, um dia inteiro sem acessar
nada. Nesse dia invistam no relacionamento, em momentos lúdicos. Com
isso perceberemos que a vida é muito mais do que essa grosseira capa
sintética e artificial que a tecnologia tem nos imposto.
Acredito que muitas outras metas podem
ser estabelecidas além dessas para nos ajudar não só a diminuirmos o
ritmo da vida mas também a investir no que realmente é necessário. Fique
à vontade. A criatividade é o limite!
Que Deus nos abençoe.
Paz e bem!
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