“...de
mim te cansaste (enfadaste), ó Israel...me deste trabalho com os teus pecados e
me cansaste com as tuas iniquidades...” (Isaías 43,22- 24) .
O profeta Malaquias
sofre com a situação trágica da casa de Deus nos seus dias. O povo de Deus
estava entediado, e a adoração tinha ficado monótona e mercenária - “E dizeis
ainda: Que canseira! E me desprezais, diz o Senhor dos Exércitos...” (Malaquias
1,13).
Em outras palavras, “O
meu povo se enjoou de Mim. Por isso fica se arrastando num culto monótono no
altar.” Os filhos de Deus caíram na rotina. Seus corações não estavam mais lá!
Levavam ofertas para o altar com má vontade: sacrificavam animais doentes,
fracos, aleijados. Os sacerdotes não faziam nada se não recebessem pagamento,
nem mesmo fechar a porta do templo ou acender o fogo do altar. Usavam o ministério para cobrir de penas o
próprio ninho. “
Que situação triste!
Ministros religiosos cheios de ganância que nada mais eram do que prestadores
de serviços! A adoração do templo era uma farsa! Como eram lentos, que caras
aborrecidas tinham! Não havia vida, entusiasmo, nem alegria ou prazer. O coro,
os músicos, e tanto os sacerdotes quanto o povo estavam num jogo perigoso de
hipocrisia!
Era uma rotina
religiosa. Cantavam hinos com o coração dividido, davam ofertas com o coração
dividido, ouviam uma palavra dividida vinda de um ministro dividido - e se alegravam com a idéia de acabar cedo.
Eles se apressavam para o amém final e rapidamente saíam da casa de Deus.
Eram pessoas tristes
e entediadas por haverem se entregado a um sentimento de futilidade e
impotência!
“Vós dizeis: Inútil é
servir a Deus; que nos aproveitou termos cuidado em guardar os seus preceitos e
em andar de luto diante do Senhor dos Exércitos?” (Malaquias 3,14).
Para usar uma
terminologia nossa, eles estavam dizendo: “Do que adianta isto? Para que serve
se aplicar tanto para agradar a Deus e fazer o certo, se parece que isso não
vale a pena? Por que praticar sacrifícios, jejuar, e orar; por que ser tão
rígido e religioso? Não adianta nada - é chato! Nada muda. Minhas orações
ninguém responde...E continuo atolado em problemas.”
Como não havia vida na
casa de Deus, e o altar era tão monótono, o povo simplesmente desistiu!
Continuavam na rotina só porque temiam a ira de Deus. Continuavam indo à igreja
só porque tinham de ir. E tinham pavor de cada minuto que ficavam lá.
Que
retrato da situação de hoje!
Do país inteiro as pessoas falando da triste
situação de suas igrejas. Falam de pastores sem apreensão (pela obra), que não
pregam. Queixam-se dos cultos de adoração mortos, áridos, monótonos e tediosos.
Suas igrejas morreram. Mesmo assim se mantêm na rotina! Pingam um dinheirinho
nas ofertas! O coro vai cantando monótono.
A
igreja funciona e a programação continua se arrastando. Mas não há alegria, não
há entusiasmo, não há regozijo. Inexiste um grito de vitória!
Creio que uma das coisas
mais raras no mundo de hoje é uma igreja alegre e incandescente tendo um homem
no púlpito com algo que valha à pena ser dito. Tantas vezes ouço isto: “Desisti
de achar uma igreja que realmente cuide das minhas necessidades e de minha
família. Todo domingo me levanto apavorado de pensar em me sentar para mais uma
missa chata”.
Aonde, ó aonde, vou achar uma igreja que esteja em chamas?”
E disso você pode ter
certeza: em qualquer lugar que houver uma igreja com a alegria e a liberdade do
Espírito, Satanás estará ocupado tentando levar esta igreja e o sacerdote para
algum tipo de escravidão legalista e triste. Satanás gostaria muito de chegar
nesta igreja e acabar com a alegria e a felicidade!
Ou qualquer igrejinha que cante com mais
fervor, que grite mais alto, que fale de cura, milagres e prodígios, lá estará
um crente, um católico apostólico romano dizendo : “ encontrei Jesus”
Tão importante quanto o
papel da igreja, servir o Senhor com alegria e júbilo é uma responsabilidade
pessoal!
“E não nos cansemos de fazer
o bem...” (Gálatas 6,9). Deus não vai permitir que nenhum de nós ponha a culpa
da nossa perda de alegria e de júbilo, num sacerdote enfadonho ou numa igreja
fraca. São privilégio e responsabilidade nossos ter e conservar a alegria do
Senhor através de nosso próprio comportamento diante d’Ele. Deus não aceitará
desculpas nesta área!
Paulo muitas vezes teve de
se posicionar sozinho. Escrevendo à Timóteo, diz: “Na minha primeira defesa,
ninguém foi a meu favor; antes, todos me abandonaram. Que isto não lhes seja
posto em conta! Mas o Senhor me assistiu e me revestiu de força...” (2 Timóteo
4,16-17).
A Bíblia mostra inúmeras
histórias gloriosas de pessoas que mantiveram alegria e regozijo em todas as
provações - mesmo quando todos os demais tinham desistido! Israel inteiro
estava murmurando e reclamando, exceto dois homens de Deus: Josué e Calebe.
Eles jamais hesitaram na fé e na alegria, apesar de todos os demais em derredor
estarem se entregando ao desespero e à desolação.
Quando os líderes de todas
as nações, juntos com os líderes das igreja e suas congregações estavam se
curvando diante da imagem de ouro do rei Nabucodonozor, Daniel e os três jovens
hebreus alegravam-se no Senhor, inabaláveis na fé! Sidrac, Misac, e Abedênago(
Dan 3) saltavam de alegria na fornalha de fogo!
Outros poderiam ficar
choramingando, dizendo: “Não dá para enfrentar o sistema, não dá para resistir
ao espírito deste mundo.” Mas não estes jovens!
“Quanto a nós,” declararam,
“serviremos nosso Deus com confiança, alegria, e júbilo!” Para eles inexistia
tédio ou monotonia!
Ainda hoje Deus possui um povo que não
se curvará! Eles levantam suas cabeças, em meio à todas tribulações e testes, e
se glorificam no Senhor! Brilham como belos exemplos de como a alegria do
Senhor é possível em meio à qualquer provação. São os melhores testemunhos da
fidelidade de Deus.
Deus diz o seguinte em relação à eles:
“Confiam em Mim; por isso têm tanta alegria e júbilo.”
A nossa alegria e o nosso
júbilo devem ser resultado de uma grande verdade básica: estamos sob as asas
protetoras de Deus!
“Porque tu me tens sido auxílio;
à sombra das tuas asas, eu canto jubiloso..” (Salmo 62,8).
Não é de se admirar que Paulo
diga: “...sinto-me...transbordante de júbilo em toda a nossa tribulação” (2
Coríntios 7,4) !
Como poderá alguém sob as asas protetoras de
Deus permitir que a alegria e o júbilo se desvaneçam?
É uma afronta contra Deus, um
insulto à Sua fidelidade.
E é só porque não confiamos mais
em Sua proteção e no Seu cuidado, que deixamos que o desespero e a tristeza
ocupem o lugar da alegria e da paz.
Padre
Emílio Carlos Mancini +
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