Deus, infinitamente bom, criou o homem para a felicidade e
quer que ele seja feliz na terra e na eternidade. Por que motivo, pois, sofremos tanto neste
mundo?
A religião cristã, e só ela, dá-nos a chave desse mistério.
Enquanto era inocente, o homem não conheceu o sabor amargo
do sofrimento: era plenamente feliz no paraíso terrestre. Por esta razão o
sofrimento é apenas consequência do pecado, o homem sofre porque se tornou
pecador.
Como a sombra acompanha o corpo, assim o sofrimento
acompanha o pecado. Nem sempre o acompanha imediatamente, às vezes
até parece ser-lhe remitido neste mundo, porém, cedo ou tarde virá.
O sofrimento entrou no mundo pela porta do pecado e aqui
permanecerá enquanto este reinar, a saber, até o juízo final.
Cumpre compreender isto de uma vez por todas e não atribuir
a Deus o que d’Ele não procede.
Deus não é o autor do sofrimento, das desgraças, das lágrimas,
como não é o autor do pecado.
Foi o homem, o próprio pecador que se reduzia a tão triste
condição. E é porque descendemos do homem pecador, do homem decaído, que
jazemos no estado de miséria e de decadência em que ele se despenhou.
Em suma, somos condenados neste mundo ao sofrimento porque
somos pecadores.
Assim, pois, quando sofremos, não nos queixemos de Deus:
imputemos o sofrimento só ao pecado, aos maus, que são homens de pecado, ao
demônio, instigador do pecado, enfim, a nós mesmo que o cometemos.
Mons. Louis-Gaston Adrien de Ségur
(1820-1881) bispo
francês
Nenhum comentário:
Postar um comentário