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28º DOMINGO DO TEMPO COMUM
1. Situando-nos brevemente
Diante de nós, os convidados de Deus neste domingo, está a parábola do rei que preparou a celebração de casamento do seu filho. A primeira reação que temos é a seguinte: bem, é apenas uma parábola de Jesus e encerra um ensinamento bem concreto. Mas na prática não é uma mensagem. Trata-se de um julgamento e avaliação dos que são convidados para a festa.
Temos tantas ocupações, atividades e coisas importantes na vida e não nos damos conta que a participação na festa de casamento do filho do rei é o que de fato conta e dá sentido para a nosso existir.
Mas o que é esse casamento?
Por que recebemos o convite?
E outra pergunta se levanta: o que faz merecer o convite para a festa?
Não podemos ser moralistas nem fundamentalistas e muito menos imediatistas.
A liturgia de hoje vai revelar-nos o segredo e introduzir no espírito da festa.
A participação na festa exige uma preparação.
Para quem e com quem preparamos a festa da comunidade (as celebrações)?
Lembramos dos últimos da sociedade e que se encontram nas encruzilhadas do mundo?
Com quem gostaríamos de participar dessa festa?
2. Recordando a Palavra
O profeta Isaías anuncia a grande festa, preparada por Deus para todas as nações, na colina do monte Sião, lugar das romarias sagradas e santas do povo. Agora será o lugar onde todos os povos vão se encontrar no banquete delicioso e rico, preparado por Deus para a festa de casamento de seu Filho com a humanidade.
Deus mesmo prepara e serve o banquete. E o motivo do banquete é este: as lágrimas e sofrimentos vão acabar, o luto e a tristeza desaparecerão para que o povo, na unidade da fraternidade, possa celebrar o banquete da vida. E o presente mais importante para todos é a destruição para sempre da morte, pois, essa era a maldição que pesava desde o início da criação sobre toda a humanidade.
O Salmo 23 (22) é de confiança e entrega. Uma pessoa expressa sua absoluta confiança no Senhor. Uma das imagens mais bonitas de Deus no Antigo Testamento é a que o mostra como pastor. Um inocente que foge dos que pretendem matá-lo sente-se protegido pelo Senhor como a ovelha que, à noite, caminha sob a proteção do bastão e do cajado do pastor.
Com esse tipo de pastor, nada falta a quem confia nele. De fato, a grande ação de Deus pastor foi ter tirado seu rebanho do curral do Egito e tê-lo conduzido pelo deserto, introduzindo-o na terra prometida, onde ocorrem leite e mel.
Na Carta aos Filipenses, estando na prisão, Paulo fala do banquete da solidariedade. Lembra que aprendeu o segredo de viver. Para ele, nem a pobreza nem a riqueza são capazes de mudar as suas convicções, pois, a força que o sustenta em todos os momentos é Deus: “Tudo posso naquele que me dá força” (4,13). Paulo jamais aceitou qualquer remuneração das comunidades, exceto da Igreja de Filipos. Ele se alegra pela solidariedade e partilha, sinais de que a comunidade entendeu o significado do evangelho por ele anunciado.
Deus prepara o casamento de Jesus, ou seja, a aliança de seu Filho com a humanidade.
Participar dessa festa é comprometer-se com a justiça do Reino. Os convidados que recusam o convite são as lideranças do povo. Os empregados são os profetas ou os mensageiros que ao longo da história mostraram as injustiças e as tramóias das lideranças. Lideranças que deveriam ser as primeiras responsáveis pela sociedade justa e fraterna.
A parábola é muito severa na sentença: “Indignado, o rei mandou suas tropas, que mataram aqueles assassinos e puseram fogo na cidade deles”. Pois, as elites se excluíram do Reino de Deus e sua justiça. Desprezaram em bloco o convite e se mostraram grosseiras e violentas, inclusive, agarraram os empregados, bateram neles e os mataram.
E o banquete que Deus oferece é a possibilidade de uma sociedade baseada na justiça do Reino.
As elites, pelo contrário, buscam privilégios e lucros pessoais.
Mas o Reino da justiça não fracassa por causa das elites que exploram e matam o povo. Deus não desiste em construir uma sociedade justa e fraterna. Envia os empregados às encruzilhadas dos caminhos. Eles convidam para a festa todos os que encontram, maus e bons, de modo que a sala fique cheia de convidados.
O rei passa entre os convidados e encontra alguém sem a veste nupcial. Dizem que essa veste se refere à justiça do Reino. O compromisso com a justiça do Reino é a única resposta coerente que podemos dar ao chamado gratuito de Deus no banquete de casamento com a humanidade.
A noiva do filho do rei da parábola somos nós, desde que vistamos a roupa da justiça.
3. Atualizando a Palavra
O grande rei é Deus que organiza a festa de núpcias do seu Filho. A esposa é a humanidade ou a Igreja, que em seus membros é santa e pecadora, fiel e prostituta, livre e presa aos esquemas do poder. Entretanto, Cristo a ama como sua esposa. Ele sabe que o seu amor terá o poder para transformá-la, para deixá-la bonita e atraente. O banquete representa a felicidade dos tempos messiânicos. Quem acolhe a proposta do Evangelho começa a fazer parte do Reino de Deus e experimenta a alegria mais pura e profunda.
Os convidados recolhidos ao longo dos caminhos e pelas praças, bons e maus, limpos ou sujos, são os homens do mundo inteiro. Isso nos leva a abrir o coração e as portas das nossas comunidades a qualquer tipo de pessoa, aos pobres, aos marginalizados, a quem é rejeitado por todos.
Os primeiros convidados não entram na festa. Recusam porque não querem largar os próprios interesses. Não precisam de ninguém que lhes ofereça um banquete: possuem tudo o que lhes pode garantir uma vida sem problemas. Estão satisfeitos. Os que não são pobres, os que não querem abandonar as próprias garantias materiais, os que não têm fome e sede de um mundo novo, não entrarão jamais no Reino de Deus.
O Evangelho nos faz um convite forte a nos posicionarmos a favor da justiça do Reino, que é liberdade e vida para todos. A comunidade dos que seguem a Jesus só será esposa do Cordeiro quando vestir o traje da justiça.
E o Evangelho é um convite a nos posicionar a favor da justiça do Reino que se chama de liberdade e vida para todos. Paulo na, sua carta, nos chama a ser gratuitos e solidários com os empobrecidos.
Jesus no Evangelho nos faz refletir e entender a nossa atuação política na sociedade. Não podemos ser manipulados e enganados por falsas promessas.
Acolhendo as palavras de Jesus e fazendo parte da festa de casamento que um grande rei fez para o seu filho, ficamos com a certeza de que o reino é para os pequenos e marginalizados.
Sintonizados e unidos a Jesus, o esposo da nova humanidade e da Igreja, somos chamados a crescer na aliança com ele e com todos os pobres e excluídos da terra.
4. Ligando a Palavra com ação litúrgica
A celebração da Eucaristia é momento de grande catequese, espaço de conversão e louvor. Na celebração experimentamos Deus como partilha de tudo com todos. E se confiarmos na solidariedade, tudo podemos naquele que nos dá força. Expressamos isso na preparação da mesa
e na participação do pão único. Corpo e Sangue de Cristo, doado e entregue para a nossa salvação.
A eucaristia é o banquete da nova amizade que reúne os homens a Deus. Aqui já saboreamos a ceia eterna em que Deus estará sempre conosco. O Pai convida todos a entrarem na sala do banquete. Jesus nos faz participar de seu corpo e seu sangue. O Espírito nos transforma para que nossa comunhão seja plena.
A primeira leitura e o evangelho estão unidos pelo tema do banquete, símbolo de felicidade e da alegria do Reino de Deus. A primeira leitura nos apresenta a promessa e o evangelho a realização.
A†Ω
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