27º Domingo do Tempo Comum - Ano C
“Servos que apenas fizeram o que deviam fazer”.
Na Palavra de Deus que hoje nos é proposta, cruzam-se vários temas (a
fé, a salvação, a radicalidade do “caminho do Reino”, etc.); mas sobressai a
reflexão sobre a atitude correta que o homem deve assumir face a Deus.
As leituras convidam-nos a
reconhecer, com humildade, a nossa pequenez e finitude, a comprometer-nos com o
“Reino” sem cálculos nem exigências, a acolher com gratidão os dons de Deus e a
entregar-nos confiantes nas suas mãos.
Na primeira leitura, o profeta Habacuc interpela Deus, convoca-o para
intervir no mundo e para pôr fim à violência, à injustiça, ao pecado… Deus, em
resposta, confirma a sua intenção de atuar no mundo, no sentido de destruir a
morte e a opressão; mas dá a entender que só o fará quando for o momento
oportuno, de acordo com o seu projeto; ao homem, resta confiar e esperar
pacientemente o “tempo de Deus”.
O Evangelho convida os discípulos a aderir, com coragem e
radicalidade, a esse projeto de vida que, em Jesus, Deus veio oferecer ao
homem… A essa adesão chama-se “fé”; e dela depende a instauração do “Reino” no
mundo. Os discípulos, comprometidos com a construção do “Reino” devem, no
entanto, ter consciência de que não agem por si próprios; eles são, apenas,
instrumentos através dos quais Deus realiza a salvação. Resta-lhes cumprir o
seu papel com humildade e gratuidade, como “servos que apenas fizeram o que
deviam fazer”.
A segunda leitura convida os discípulos a renovar cada dia o seu
compromisso com Jesus Cristo e com o “Reino”. De forma especial, o autor exorta
os animadores cristãos a que conduzam com fortaleza, com equilíbrio e com amor
as comunidades que lhes foram confiadas e a que defendam sempre a verdade do
Evangelho.
LEITURA I – Hab 1,2-3; 2,2-4
Sobre a vida e a personalidade de
Habacuc, não sabemos nada: o título do livro não indica o lugar do nascimento
do profeta, nem o tempo histórico em que o profeta viveu. A menção dos
“caldeus” (Hab 1,6) parece situar a proclamação de Habacuc na época em que os babilônios,
depois de desmembrarem o império assírio, procuravam impor o seu domínio aos
povos de Canaan. Estaríamos, pois, nos finais do séc. VII a.C.…
O rei de Judá é, nesta altura,
Joaquim (609-598 a.C.).
Trata-se de um rei fraco, incompetente, que explora o povo, que deixa aumentar
as injustiças e cavar um fosso cada vez maior entre ricos e pobres; além disso,
o rei desenvolve uma política aventureirista de alianças com as super-potências
da época… Apesar das simpatias pró-egípcias de Joaquim, Judá sente já o peso do
imperialismo babilônio e vê-se obrigado a pagar um pesado tributo a
Nabucodonosor. Prepara-se a queda de Jerusalém nas mãos dos babilônios, a morte
de Joaquim, a deportação do seu filho e sucessor Joaquin (que reinou apenas
três meses – cf. 2 Re 24,8) e a partida para o exílio de uma parte
significativa da classe dirigente de Judá (primeira deportação: 597 a.C.).
O nosso texto começa por expor a
queixa do profeta: “até quando, Senhor, clamarei sem que me escutes? Até quando
gritarei ‘violência’, sem que me salves?” (Hab 1,2)… Habacuc grita a sua
impaciência (e a impaciência do seu Povo), questionando a atitude complacente
de Deus para com o pecado; ele não compreende que Deus contemple, impassível,
as lutas e contendas do seu tempo… Habacuc sente-se interpelado pelo que o
rodeia e não concebe que Deus (esse mesmo Deus que Se manifestou como libertador
e salvador na história do Povo e que Se proclama fiel aos compromissos que
assumiu para com os homens) não ponha fim a tantas grosseiras violações do seu projeto
para o mundo. O profeta não se limita a escutar a Palavra de Jahwéh e a
transmiti-la; mas ele próprio toma a iniciativa, pergunta a Deus, exige
respostas. E, como uma sentinela vigilante, o profeta fica à espera que Deus Se
justifique (cf. Hab 2,1).
Finalmente, Deus digna-Se
responder. A mensagem é de esperança, pois a resposta de Deus deixa claro que
Ele não fica indiferente diante do mal que desfeia o mundo e que o momento da
vingança divina está para chegar; ao homem, resta esperar com paciência o tempo
da ação de Deus (cf. Hab 2,2-5): nessa altura, o orgulhoso e o prepotente
receberão o castigo e o justo triunfará.
Em conclusão: diante da injustiça
e da opressão, Jahwéh parece, muitas vezes, indiferente e ausente; mas, de
acordo com o seu plano (que o homem não conhece em pormenor), Ele encontrará o
momento ideal para intervir, para castigar o imperialismo, o orgulho, a
injustiça e a opressão.
ATUALIZAÇÃO
A reflexão e partilha podem
fazer-se de acordo com as seguintes linhas:
¨ Com frequência encontramos
pessoas que nos questionam acerca da relação entre Deus, a sua justiça e a
situação do mundo: se Deus existe, como é que Ele pode pactuar com a injustiça
e a opressão? Se Deus existe, porque é que há crianças a morrer de cancro ou de
fome? Se Deus existe, porque é que os bons sofrem e os maus são compensados com
glória, honras e triunfos? Se Deus existe, porquê o sofrimento inocente? Estas
são as questões que, hoje, mais obstaculizam a crença em Deus… A nossa resposta
tem de ser o reconhecimento humilde de que os projetos de Deus ultrapassam
infinitamente a nossa pequenez e finitude e que nós nunca conseguiremos
explicar e abarcar os esquemas de Deus…
¨ Sobretudo, importa perceber que
os caminhos de Deus não são iguais aos nossos. Deus tem o seu próprio ritmo; e
o ritmo de Deus não é o ritmo da nossa impaciência, da nossa correria, do nosso
egoísmo, dos nossos interesses… Do ponto de vista de Deus, as coisas
integram-se num “todo” que nós, na nossa pequenez, não podemos abarcar.
Resta-nos respeitar – mesmo sem entender – o ritmo de Deus.
¨ Além disso, precisamos de
aprender a confiar em Deus, a entregarmo-nos nas suas mãos, a sentir que Ele é
um Pai que nos ama e que, aconteça o que acontecer, está a escrever a história
por caminhos direitos (embora os caminhos pelos quais Deus conduz o mundo nos
pareçam, tantas vezes, estranhos, misteriosos, enigmáticos, incompreensíveis).
Há que confiar na bondade e na magnanimidade desse Deus que nos ama como filhos
e que tudo fará, sempre, para nos oferecer vida e felicidade.
¨ Mesmo sem entender, a nossa
missão é continuar a dar testemunho… Deus chama-nos a denunciar tudo o que
impede a realização plena do projeto de felicidade que Ele tem para o homem (a
injustiça, a violência, a repressão, o egoísmo, o medo…); mas quanto ao tempo
exato e aos moldes da intervenção salvadora e libertadora de Deus no mundo e na
história pessoal de cada homem ou mulher, isso só a Deus diz respeito.
SALMO RESPONSORIAL – Salmo 94 (95)
Refrão: Se hoje ouvirdes a voz do
Senhor,
não fecheis os vossos corações.
Vinde, exultemos de alegria no
Senhor,
aclamemos a Deus, nosso Salvador.
Vamos à sua presença e dêmos
graças,
ao som de cânticos aclamemos o
Senhor.
Vinde, prostremo-nos em terra,
adoremos o Senhor que nos criou.
O Senhor é o nosso Deus
e nós o seu povo, as ovelhas do
seu rebanho.
Quem dera ouvísseis hoje a sua
voz:
«Não endureçais os vossos
corações,
como em Meriba, como no dia de
Massa no deserto,
onde vossos pais Me tentaram e
provocaram,
apesar de terem visto as minhas
obras».
LEITURA II – 2 Tim 1,6-8.13-14
A Segunda Carta a Timóteo contém,
como a primeira, conselhos pastorais de Paulo para o seu grande colaborador e
sucessor na animação das Igrejas da Ásia: esse Timóteo que acompanhou Paulo nas
suas viagens missionárias e que, segundo a tradição, foi bispo de Éfeso.
Também aqui, é muito duvidoso que
seja Paulo o autor deste texto. Os argumentos são os mesmos que vimos, a
propósito da Primeira Carta a Timóteo: linguagem diferente da utilizada
habitualmente por Paulo, estilo diferente, doutrinas diferentes e, sobretudo,
um contexto eclesial que nos situa mais no final do séc. I ou princípios do
séc. II do que na época de Paulo (o grande problema destas cartas já não é o
anunciar o Evangelho, mas o “conservar a fé”, frente aos falsos mestres que se
infiltram nas comunidades e que ensinam falsas doutrinas).
De qualquer forma, quem escreve a
carta (e que se apresenta na pele de Paulo) diz encontrar-se na prisão e
pressentir a proximidade da morte. Exorta insistentemente Timóteo a perseverar
no ministério e a conservar a sã doutrina. É uma espécie de “testamento”, no
qual Timóteo (que aqui representa todos os animadores das comunidades cristãs)
é convidado a manter-se fiel ao ministério e à doutrina recebidos dos
apóstolos.
O autor da carta começa por
exortar Timóteo (e os animadores das comunidades cristãs, em geral) a que
reanime o carisma que recebeu quando Paulo e o colégio dos anciãos lhe impuseram
as mãos, consagrando-o para o ministério apostólico (vers. 6-8). É um pedido
lógico: mesmo que a opção de doar a vida a Deus e aos irmãos já tenha sido
tomada, essa decisão fundamental necessita, cada dia, de ser aprofundada e
confirmada… As desilusões, os fracassos, a monotonia, a fragilidade humana
arrefecem o entusiasmo original; e é necessário, a cada instante, redescobrir o
sentido das opções fundamentais que, um dia, o discípulo fez. Na sequência, são
recordadas a Timóteo três das qualidades fundamentais que devem estar sempre
presentes no apóstolo: a fortaleza frente às dificuldades, o amor que o
impulsionará para uma entrega total a Cristo e aos homens e a prudência (ou
moderação) necessária para a animação e orientação da comunidade.
Na segunda parte do texto que nos
é proposto (vers. 13-14), Timóteo é exortado a conservar-se fiel à sã doutrina
recebida de Paulo. Estamos – como já dissemos atrás – numa época em que as
heresias começam a infiltrar-se na comunidade cristã e a confundir os cristãos.
O animador da comunidade tem o dever de ensinar a doutrina verdadeira e de
defender a comunidade de tudo aquilo que a afasta da verdade do Evangelho de
Jesus, fielmente transmitido pelo testemunho apostólico.
ATUALIZAÇÃO
A reflexão e partilha podem partir
dos seguintes dados:
¨ A interpelação do autor da
Segunda Carta a Timóteo dirige-se, antes de mais, a todos aqueles que um dia
aceitaram o Batismo e optaram por Cristo… Na verdade, o mundo que nos rodeia
apresenta imensos desafios que, muitas vezes, nos desmobilizam do serviço do
Evangelho e dos valores de Jesus. É por isso que é preciso redescobrir os
fundamentos do nosso compromisso. Quais são os interesses que influenciam a
minha vida e que condicionam as minhas opções: os meus gostos pessoais, as
indicações da moda, as sugestões da sociedade, ou as exigências e os valores do
Evangelho de Jesus?
¨ Como é que eu revitalizo, dia a
dia, o meu compromisso com Cristo e com os irmãos? Há muitos caminhos para aí
chegar… Mas a comunhão com Deus, a oração, a escuta e partilha da Palavra de
Deus, os sacramentos são formas privilegiadas para redescobrir o sentido das
minhas opções e do meu compromisso com Deus. Isto faz sentido, para mim? É este
o caminho que venho procurando seguir? Mantenho com Deus esse diálogo
necessário?
¨ O nosso texto interpela de
forma direta os animadores das comunidades cristãs. Convida-os a redescobrir,
cada dia, esse entusiasmo que lhes enchia o coração no dia em que optaram pela
entrega da própria vida a Cristo e aos irmãos. Convida-os a despirem-se da
preguiça, da inércia, do comodismo e a fazerem da sua vida, em cada dia, um dom
corajoso ao “Reino”. É isso que acontece comigo? Sou forte, corajoso, sem medo,
quando se trata de vencer as dificuldades que me impedem de me dar a Cristo e
aos outros? O que me impulsiona é o amor, ou são interesses próprios e
egoístas? Sou uma pessoa moderada e de bom senso, que não trata os irmãos da
comunidade de forma agressiva e prepotente?
¨ No texto há, ainda, um convite
a conservar a doutrina verdadeira… O que é que isto significa: um conservar
inalteradas as fórmulas e os ritos, ou um redescobrir cada dia o essencial,
adaptando-o sempre às novas realidades e aos novos desafios que o mundo põe?
Como é que sabemos se estamos em consonância com a proposta de Jesus?
ALELUIA – 1 Pedro 1,25
Aleluia. Aleluia
A palavra do Senhor permanece
eternamente.
Esta é a palavra que vos foi
anunciada.
EVANGEHO – LUCAS 17,5-10
Continuamos a percorrer o
“caminho de Jerusalém” e a deparar com as “lições” que preparam os discípulos
para o desafio de compreender e de dar testemunho do “Reino”. Desta vez, o
nosso texto junta um “dito” de Jesus sobre a fé e uma parábola que convida à
humildade.
Nas “etapas” anteriores, Jesus
tinha avisado os discípulos da dificuldade de percorrer o “caminho do Reino”
(disse-lhes que entrar no “Reino” é “entrar pela porta estreita” – Lc 13,24;
convidou-os à humildade e à gratuidade – cf. Lc 14,7-14; avisou-os de que é
preciso amar mais o “Reino” do que a própria família, os próprios interesses ou
os próprios bens – cf. Lc 14,26-33; exigiu-lhes o perdão como atitude
permanente – cf. Lc 17,5-6); agora, são os discípulos que, preocupados com a
exigência do “Reino”, pedem mais “fé”.
O “dito” sobre a fé que ocupa a
primeira parte do Evangelho que hoje nos é proposto aparece numa forma um pouco
diferente em Mt 17,20 (um “dito” análogo lê-se também em Mc 11,23 e Mt 21,21, a
propósito da figueira seca). No estado actual do texto, é muito difícil definir
o contexto original do “dito” de Jesus, o seu enquadramento e o seu significado…
Aqui, no entanto, ele serve a Lucas para manifestar a preocupação dos
discípulos com a dificuldade em percorrer esse difícil “caminho do Reino”.
A primeira parte do nosso texto
é, portanto, constituída por um “dito” sobre a fé (vers. 5-6). Depois das
exigências que Jesus apresentou, quanto ao caminho que os discípulos devem
percorrer para alcançar o “Reino”, a resposta lógica destes só pode ser:
“aumenta-nos a fé”. O que é que a fé tem a ver com a exigência do “Reino”?
No Novo Testamento em geral e nos
sinópticos em particular, a fé não é, primordialmente, a adesão a dogmas ou a
um conjunto de verdades abstratas sobre Deus; mas é a adesão a Jesus, à sua
proposta, ao seu projeto – ou seja, ao projeto do “Reino”. No entanto, os
discípulos têm consciência de que essa adesão não é um caminho cômodo e fácil,
pois supõe um compromisso radical, a vitória sobre a própria fragilidade, a
coragem de abandonar o comodismo e o egoísmo para seguir um caminho de
exigência… Pedir a Jesus que lhes aumente a fé significa, portanto, pedir-Lhe
que lhes aumente a coragem de optar pelo “Reino” e pela exigência que o “Reino”
comporta; significa pedir que lhes dê a decisão para aderirem
incondicionalmente à proposta de vida que Jesus lhes veio apresentar.
Jesus aproveita, na sequência,
para recordar aos discípulos o resultado da “fé”. A imagem utilizada por Jesus
(a ordem dada à “amoreira” para se arrancar da terra e ir plantar-se a ela
própria no mar) mostra que, com a “fé” tudo é possível: quando se adere a Jesus
e ao “Reino” com coragem e determinação, isso implica uma transformação
completa da pessoa do discípulo e, em consequência, uma transformação do mundo
que o rodeia. Aderir ao “Reino” com radicalidade é ter na mão a chave para
mudar a história, mesmo que essa transformação pareça impossível… O discípulo
que adere ao “Reino” com coragem e determinação é capaz de autênticos
“milagres”… E isto não é conversa fiada: quantas vezes a tenacidade e a coragem
dos discípulos de Jesus transformam a morte em vida, o desespero em esperança,
a escravidão em liberdade!
Na segunda parte do nosso texto
(vers. 7-10), Lucas descreve a atitude que o homem deve assumir diante de Deus.
Os fariseus estavam convencidos de que bastava cumprir os mandamentos da Torah
para alcançar a salvação: se o homem cumprisse as regras, Deus não teria outro
remédio senão salvá-lo… A salvação dependia, de acordo com esta perspectiva,
dos méritos do homem. Deus seria, assim, apenas um contabilista, empenhado em
fazer contas para ver se o homem tinha ou não direito à salvação…
Jesus coloca as coisas numa
dimensão diferente. A atitude do discípulo – desse discípulo que adere a Jesus
e ao “Reino”, que faz as “obras do Reino” e que constrói o “Reino” – frente a
Deus não deve ser a atitude de quem sente que fez tudo muito bem feito e que,
por isso, Deus lhe deve algo; mas deve ser a atitude de quem cumpre o seu papel
com humildade, sentindo-se um servo que apenas fez o que lhe competia.
O que Jesus nos pede no Evangelho
de hoje é que percorramos, com coragem e empenho, o “caminho do Reino”. Quando
o discípulo aceita percorrer esse caminho, é capaz de operar coisas espantosas,
milagres que transformam o mundo… E, cumprida a sua missão, resta ao discípulo
sentir-se servo humilde de Deus, agradecer-Lhe pelos seus dons, entregar-se
confiada e humildemente nas suas mãos.
ATUALIZAÇÃO
A reflexão pode fazer-se a partir
das seguintes coordenadas:
¨ A “fé” é, antes de mais, a
adesão à pessoa de Jesus Cristo e ao seu projeto. Posso dizer, de fato, que é a
“fé” que conduz e que anima a minha vida? Jesus é o eixo central à volta do
qual se constrói a minha existência? É Jesus que marca o ritmo e a cor das
minhas opções e dos meus projetos?
¨ O “Reino” é uma realidade
sempre “a fazer-se”; mas apresentam-se, com frequência, situações de injustiça,
de violência, de egoísmo, de sofrimento, de morte, que impedem a concretização
do “Reino”. Como é que eu – homem ou mulher de fé – ajo, nessas circunstâncias?
A minha “fé” em Jesus conduz-me a um empenho concreto pelo “Reino” e
entusiasma-me a lutar contra tudo o que impede a concretização do “Reino”? A
minha “fé” nota-se nos meus gestos? Há algo de novo à minha volta pelo fato de
eu ter aderido a Jesus e pelo fato de eu estar a percorrer o “caminho do
Reino”? Quais são os “milagres” que a minha “fé” pode fazer?
¨ Nós, homens, somos, com
frequência, muito ciosos dos nossos direitos, dos nossos créditos, daquilo que
nos devem pelas nossas boas ações. Quando transportamos isto para a relação com
Deus, construímos um deus que não é mais do que um contabilista, que escreve
nos seus livros os nossos créditos e os nossos débitos, a fim de nos pagar
religiosamente, de acordo com os nossos merecimentos… Na realidade – diz-nos o
Evangelho de hoje – não podemos exigir nada de Deus: existimos para cumprir,
humildemente, o papel que Ele nos confia, para acolher os seus dons e para O
louvar pelo seu amor. É nesta atitude que o discípulo de Jesus deve estar sempre.
¨ De certas pessoas diz-se que
“não dão ponto sem nó”, para descrever o seu egoísmo e as suas atitudes
interesseiras. Porque é que fazemos as coisas? O que é que motiva as nossas ações
e gestos: o amor desinteressado, ou o interesse pela retribuição?
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