“Carência afetiva”.
Um campo importante da nossa
personalidade é a afetividade.
Costumo dizer que a nossa
personalidade é formada por quatro pilares, como as quatro pernas de uma mesa:
o
campo espiritual, o campo humano, o campo profissional e o campo afetivo.
Se qualquer uma dessas pernas
estiver num tamanho menor ou maior do que as outras, a mesa, nossa
personalidade, ficará necessariamente desequilibrada.
O campo afetivo pode ser
entendido como o campo do amor: amar e ser amado. E nesse campo podemos ter
carência de “amar” e carência de “ser amados”. Normalmente, quando falamos de
carência afetiva, costumamos falar desse segundo aspecto. E é sobre esse
aspecto que vamos refletir.
A carência afetiva, no segundo
aspecto, surge quando sentimos falta de “ser amados” por pessoas importantes em
nossa vida: pelo nosso pai, pela nossa mãe, pelos nossos parentes e amigos e,
quando atingimos certa idade, por um rapaz ou uma moça etc.
Vamos pensar em duas situações
que costumam ocorrer: a carência afetiva normal e a excessiva.
a) a carência afetiva normal
Nada mais compreensivo do que
tê-la quando objetivamente não somos amados por pessoas importantes de nossa
vida.
O que devemos fazer nessa
situação?
Em primeiro lugar, pensar que
somos amados pela pessoa mais importante que existe: Deus. Viemos à existência
marcados pelo amor. Entre milhões de pessoas possíveis de ser criadas, Deus
olhou para nós, apaixonou-se e nos trouxe à existência. Quantas pessoas há na
mente de Deus que Ele nunca criará! No entanto, movido pelo amor, nos trouxe à
existência.
E Deus é a pessoa mais
maravilhosa que existe: sumamente encantador, amável, gentil, delicado,
compreensivo, inteligente, simpático, alegre etc. Seu amor é infinito e é
fidelíssimo. Que mais queremos?
Quem compreende essa verdade terá
um grande estofo para as suas carências afetivas, lembrando aquilo que dizia
Santa Teresa: “Quem a Deus tem nada lhe falta, só Deus basta!”. Mas, é lógico,
como somos humanos, sempre sentiremos falta de ser amados por amores humanos.
Em segundo lugar, se a carência
se refere a um familiar, um parente, devemos entregar nas mãos de Deus. Depois,
nunca desistir de dar amor a essa pessoa, pois é amando que facilitamos o
caminho para as pessoas nos amarem, se elas têm alguma dificuldade.
Se o que nos está faltando é o amor
de um rapaz, de uma moça, começar por rezar e entregar nas mãos de Deus.
Depois, lançar mão dos meios razoáveis para conhecer boas pessoas.
b) carência afetiva excessiva
A carência excessiva ocorre
quando somos muito inseguros, quando temos uma personalidade muito voltada para
nós mesmos.
O que temos de fazer portanto é
sanar de alguma maneira essas deficiências. Com relação à insegurança: crescer
na fé, na confiança em Deus e, se necessário, fazer uma terapia com um bom
profissional se possível alguém cristão. É preciso descobrir a raiz dessa
insegurança.
Com relação a estarmos muito voltados
para nós mesmos, é sinal de que estamos padecendo de outro mal: a carência “de
amar”. Para isso, nada melhor do que dar mais tempo a nossos amigos ou fazer um
trabalho social.
Creio que poucos podem dizer que
nunca sentiram carência afetiva. Sentir falta de um abraço, uma palavra de
carinho, um apoio do chefe faz parte da condição humana. O sofrimento surge
quando não percebemos a possibilidade desse contato caloroso com outras
pessoas. Este é o momento de questionar-se: Será que você não tem pessoas
calorosas por perto ou será que elas até estão por perto, mas você as está
afastando?
O que caracteriza o imaturo e o
carente é a necessidade de receber amor. Eles buscam, procuram, pedem,
mendigam, reclamam, querem comprar, exigem amor, amor e mais amor. São sedentos
constantes de amor. Famintos de amor. Por vezes, a fome e a sede de amor
crescem na medida em que passam os anos e não o recebem suficientemente.
O que caracteriza o “maduro
afetivo” é a vontade alegre, a naturalidade e até a necessidade de dar, de
oferecer, de transbordar amor, de forma gratuita, feliz.
Todo ser humano passa – deveria
passar – pelas duas fases da formação do coração afetivo. Passar pela fase
receptiva, e desta para a fase oblativa. Receptiva é a fase etária de receber
amor efetivo e afetivo. Oblativa é a fase de oferecer, dar amor efetivo e afetivo.
Pe.Emílio Carlos +
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