27º
Domingo do Tempo Comum
06 de outubro de 2013
Leituras:
Habacuc 1, 2-3; 2, 2-4;
Salmo 94 (95), 1-2.6-7.8-9 (R. 8);
Segunda Carta a
Timóteo 1, 6-8;13-14;
Lucas 17, 5-10.
COR LITÚRGICA: VERDE
Nesta Páscoa Eucaristia que celebramos, Jesus vai nos
mostrar e nos explicar o que é ter fé e o quanto ela é potente. Fé não é
quantidade, mas qualidade. A qualidade da fé está em seu conteúdo, que é uma
atitude de vida diante de Deus. E uma vida do coração. Por isso nossa fé
torna-se amor gratuito e serviçal no dia a dia. A fé é um dom divino e que dura
para sempre.
1. Situando-nos
brevemente
É Cristo que nos chama. É nossa fé
que responde e nos move ao encontro com Ele e com os irmãos.
Somos, mais uma vez, convidados a
tomar parte na Ceia do Senhor. Buscando nosso aperfeiçoamento, somos chamados a
encontrar, no Pão da vida eterna, força e alimento para nossa vida de fé. Na
escuta da Palavra de Deus, confiamos a Ele nossas aflições e dificuldades, na
certeza de sua presença junto a nós.
Estamos iniciando o mês de outubro,
mês missionários e também dedicado a Nossa Senhora e à recitação do Rosário. O
testemunho de fé de Maria, junto à cruz, nos mostra o real valor da fé para
aquele que crê. Sua esperança nos mostra o verdadeiro significado da espera e
da confiança naquele que nos chama à vida em plenitude.
Em sintonia com a Campanha da
Fraternidade (CF 2013) e a Jornada Mundial da Juventude (JMJ 2013), o tema da
Campanha Missionária deste ano é “Juventude em Missão”. A juventude representa
dinamismo e ousadia na tarefa missionária que precisa contar com todas as forças.
O lema tirado do profeta Jeremias
“A quem eu te enviar, irás” (Cf. Jr 1, 7b) recorda-nos que Deus continua a
chamar e enviar pessoas para anunciar a Boa-Nova de Jesus a todos os povos.
Aproximando-nos da conclusão do Ano
da Fé (será no dia 24 de novembro, festa de Cristo Rei), a Liturgia da Palavra
deste Domingo nos ajudará a entendermos um pouco melhor este dom que recebemos.
Ouçamos, com atenção, a Palavra que
será proclamada. Fiquemos atentos à revelação de Deus, outrora para seu povo
escolhido, e hoje, aqui e agora, a cada um de nós que, atentos a seu chamado,
buscamos o verdadeiro significado de sermos denominados cristãos.
2.
Recordando a Palavra
Depois de ouvirmos a Palavra de
Deus proclamada e anunciada, somos agora convidados a refletir sobre ela. O que
nos ensina? Como nos ajuda a viver nossa fé e testemunhá-la no dia-a-dia?
Na primeira leitura temos um
diálogo entre Deus e o profeta. Este se queixa porque a impiedade está
vencendo. O direito e a própria pessoa justa estão sendo pisados. O Senhor
responde ao profeta pedindo que fique tranqüilo, porque só sucumbirão os que
não forem retos, enquanto o justo viverá pela fé.
Na segunda leitura temos uma
espécie de testamento deixado por Paulo aos dirigentes da comunidade. Mais do
que isso, trata-se, de um verdadeiro e completo testemunho de encorajamento que
Paulo dá na iminência de sua morte.
Ao lermos a passagem do evangelho
de hoje, nos deparamos com o pedido dos discípulos: “aumentai a nossa fé!”.
Para melhor entendermos o evangelho
de hoje, é bom lembrarmos que estamos no contexto da viagem de Jesus para
Jerusalém. Jesus havia dado o ensinamento sobre a misericórdia (cf. 16, 1.13),
sobre a pobreza e a riqueza (cf. 16, 19-31). Agora Ele trata brevemente de
questões diversas, que terminam com um ensinamento sobre a fé e sobre a
humildade.
Em primeiro lugar, a fé (v.5-6). Os
apóstolos pedem ao Senhor que lhes aumente a fé. Sentem medo diante de tantos
desafios. Querem seguir Jesus, mas ainda não sabem o que fazer de concreto para
isso. Seu pedido vem em resposta à sua ânsia de poderem realizar aquilo que de
Jesus aprenderam. Sentem que, em uma fé doada por Jesus, poderiam realizar tudo
aquilo de que eram testemunhas nas ações de Jesus Cristo. Querem que Jesus dê
condições para poderem viver em plenitude.
A resposta de Jesus dá a entender
que não é uma questão de quantidade, mas de qualidade: um “grãozinho” de fé
autêntica seria suficiente para realizar prodígios. O segundo ensinamento do
Mestre (v.7-10) diz respeito os modos e ao sentido do serviço do discípulo: em
nítido contraste com uma mentalidade jurídica, muito espalhada no ambiente
judaico, e não só de alguém ser gratificado pelas obras feitas, graças às quais
poderia ter direito à recompensa divina (Cf. Lc 18, 9-14).
Jesus afirma que somos “servos
inúteis” e como tais nos devemos considerar. Precisamos colocar de lado a
autossuficiência e deixarmos que a graça divina se manifeste em nós. O servo
está aí para fazer seu serviço. Deve cumpri-lo fielmente, até os últimos
detalhes e responsabilidades.
3.
Atualizando a Palavra
Os ensinamentos que da Palavra de
Deus recebemos, neste domingo, devem ser levados e considerados com máxima
atenção. Uma vez mais Jesus fala da fé a seus discípulos, de sua importância,
mas também e principalmente da forma como devemos tratá-la em nossa vida.
A fé não é um conjunto de verdades
abstratas em que devemos simplesmente acreditar, com “os olhos fechados”. A fé
é, antes de tudo, uma atitude fundamental diante de Deus e das situações da
vida e da história.
Para falarmos sobre a fé, tem um
significado particular o célebre texto de Habacuc (primeira leitura), que
apresenta a fé como resposta misteriosa e, no entanto, a única em que se pode
confiar perante as injustiças e as violências do mundo, assim como face ao
aparente silêncio de Deus. Só quem continua a ter fé pode viver e esperar, ao
passo que quem não tem confiança nem retidão cai na ruína.
Também a segunda leitura convida a
tornar a fé operativa, “reanimando o dom de Deus” recebido, dando “testemunho”
corajoso do Senhor Jesus e “sofrendo pelo Evangelho”, com a “força” que vem do
Senhor.
No Evangelho de Lucas, a fé, antes
de ser uma palavra de Jesus, é um pedido explícito apresentado pelos apóstolos.
E o pedido é dirigido ao “Senhor”, título solene atribuído a Jesus ressuscitado
e que Lucas aplica com antecedência a Jesus pré-pascal.
Os Apóstolos pedem, por isso, ao
Senhor que lhes aumente a fé, sem a qual não estão em condições de seguir o
Mestre e de cumprir os seus preceitos. Aqui não se trata, porém, de “aumentar a
fé”, mas de começar de verdade a crer, de não se limitar à fé genérica e
ineficaz, mas de confiar em Deus de uma forma total e incondicional. “Então, de
verdade, tudo será possível”.
Aqui pode nos ajudar o Salmo 94,
nosso Salmo Responsorial de hoje. Sem fé não se podem compreender os desígnios
do Senhor sobre a nossa vida e sobre a história. Então não é preciso “tentar” a
Deus como fizeram os antepassados em Massa e em Meriba no deserto, os quais,
embora tenham sido espectadores de tantos prodígios, por falta de fé não
puderam alcançar as promessas.
Recebemos de Deus a fé como dom,
mas como lidamos com ela? Exigindo o agir de Deus em nossas dificuldades?
Esperando ações concretas de Deus em nosso meio?
Devemos olhar a parábola não em vista
da satisfação do amor ou da justa recompensa do servo, mas escutá-la e
compreendê-la sob a ótica da fé e da graça concedida por Deus.
“Somos servos inúteis, fizemos o
que devíamos fazer”. Somos chamados a viver a plenitude do Reino, no entanto,
queremos, muitas vezes, nos satisfazer com a mediocridade de grandes e visíveis
ações. O chamado de Jesus é para que saibamos encontrar força na graça, dom de
Deus, mas muito, além disso, para buscarmos viver de forma a cooperar com Deus
na construção do Reino do amor.
Recebemos hoje, portanto, uma
mensagem para valorizar a fé. Mas nossa fé não é uma espécie de “fundo de
garantia” para que Deus nos atenda. Assim como ele não precisa prestar contas,
também não é forçado pela nossa fé. Nossa fé é necessária para nós mesmos, para
ficarmos firmes na adesão a Deus em Jesus Cristo. Deus mesmo, porém, é
soberano, e soberanamente nos dá mais do que ousamos pedir.
4.
Ligando a Palavra com ação litúrgica
A Palavra de Deus deste domingo nos
convida a refletir sobre a forma como vivemos nossa fé. Como a colocamos em
prática? Que testemunho damos em nossa vida frente à graça concedida por Deus?
Encontramos o sentido de nossa vida
no encontro de Deus. É à santidade que Ele nos convoca. É na força eficaz de
sua graça que nos concede a força e a vitalidade necessárias à realização de
nossa vocação maior.
Na entrega de seu Filho Jesus
Cristo, Deus nos dá a maior prova de sua fidelidade para com seu povo. Leva a
termo sua promessa, ainda que isso signifique enviar seu Filho a morrer pelo
perdão de seu povo.
Somos chamados, hoje, a viver esse
grandioso momento de nossa fé. Participar do banquete em que o próprio Cristo
entrega-se por cada um de nós. É do seu Corpo e Sangue, oferecida como
sacrifício, que vamos receber a energia que nos move a buscar a plenitude de
nossa vida.
Não só poucos os que acham estranha
a conclusão do evangelho de hoje: “somos servos inúteis; fizemos o que devíamos
fazer”, Na oração do dia, podemos encontrar uma resposta que aponta para a
maneira como Deus nos trata: “nos concedeis no vosso imenso amor de Pai mais do
que merecemos e pedimos”. É um Pai que inclusive “dá mais do que ousamos
pedir”.
Vamos, nessa celebração, viver a
plenitude de nossa fé. Vamos participar do banquete em busca do alimento que
nos nutre na vivência do amor a Deus e aos irmãos. Sejamos transformados
naquele que recebemos na comunhão (oração após a comunhão).
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