Mansidão na correção -
Algumas vezes é necessário corrigir um insolente com
palavras ásperas. Diz a Sagrada Escritura: “Irai-vos,
mas sem pecar”. Às vezes é lícito
ficar irado, mas sem pecar e aí é que está a dificuldade.
Teoricamente falando, pode parecer em certos momentos
conveniente falar ou responder com aspereza para fazer alguém entrar em si. Na
prática é muito difícil conseguir isto sem uma falta nossa.
O caminho seguro é chamar a atenção ou responder com
brandura e estar atento para não se deixar levar pela raiva. Dizia
São Francisco de Sales: “Eu nunca me deixei conduzir pela ira sem que
logo me tenha arrependido”.
Quando nos sentimos ainda perturbados, como disse acima, o
caminho mais seguro é calar, reservando a resposta ou admoestação para um
momento mais oportuno, quando o coração estiver mais sossegado.
Devemos especialmente praticar a mansidão ao sermos
corrigidos por nossos superiores ou amigos. Escreve São Francisco de Sales: “Aceitar de bom grado as
repreensões é sinal que amamos as virtudes contrárias aos defeitos de que somos
corrigidos. É um grande sinal de progresso na perfeição”.
É preciso também usar de mansidão para convosco mesmos. O
demônio mostra-nos como coisa louvável o ficar com raiva de nós mesmos quando
cometemos uma falta. Mas não; isso é tentação dele que se esforça para nos
inquietar a fim de que não possamos fazer nenhum bem.
Dizia São Francisco de Sales: “Tende
por certo de que todos os pensamentos, que nos trazem inquietação, não vêm de
Deus, príncipe da paz. Eles vêm ou do demônio ou do amor próprio ou da estima
desregrada que temos de nós mesmos”.
São essas três fontes de onde brotam todas as nossas
perturbações. Por isso, quando aparecem pensamentos que nos inquietam, é
necessário rejeitá-los e desprezá-los logo”.
A mansidão também nos é
muito necessária
quando temos que
repreender os outros.
Admoestações feitas com zelo amargo causam
frequentemente mais prejuízo do que proveito, principalmente estando
perturbada a pessoa a ser corrigida. Deve-se então retardar a correção e
esperar a oportunidade em que esteja acalmado o fogo da raiva.
Deixemos, ainda, de
corrigir os outros, quando estamos de mau humor. Nesse estado, a admoestação
será sempre feita com aspereza. A pessoa, vendo-se repreendida desse modo, fará
pouco caso da admoestação, por ser feita sem paixão.
Isso vale tratando-se do bem do próximo. No que se refere ao
nosso proveito, mostremos que amamos a Jesus Cristo, suportando com paz e
alegria os maus tratos, as injúrias e os desprezos.
Santo Afonso de Ligório
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