BILHETE DE EVANGELHO.
À ESCUTA DA PALAVRA.
A vista é a vida. A vista não tem preço.
Jesus encontrou obstáculos na sua vida pública: incompreensões dos
chefes dos sacerdotes, ciladas colocadas pelos fariseus. Na saída de
Jericó, a multidão faz obstáculo à atenção de Jesus, procura fazer calar
um mendigo cego. Felizmente, Jesus escuta o grito deste homem e pede
aos seus próximos para serem o trampolim entre Ele e o doente:
"Chamai-o!. .. Eu quero ter necessidade de vós". Então temos estas três
palavras, as palavras da Igreja que tem por missão levar os homens a
Cristo: "confiança ... não tenhas medo, Ele vai certamente fazer-te bem.
Levanta-te ... Ele respeita demasiado a tua liberdade, faz tu mesmo o
caminho. Ele chama-te ... é Ele que toma a iniciativa e, se Ele te
chama, é para te salvar". Jesus não pede ao homem para se calar. Pelo
contrário, dá-lhe a palavra, e esta palavra torna-se para Jesus acto de
fé, uma fé que salva. O homem é de tal modo salvo que não somente vê,
mas segue Jesus no caminho, tal é a sua dupla cura.
A vista é a vida. A vista não tem preço. É o caminho do cego à
procura de Jesus, da vista, da vida ... Filho de David, chama ele Jesus.
Para os Judeus, só o Messias há tanto esperado podia ser assim chamado.
Evocar David e a sua descendência era proclamar a fidelidade de Deus
para com o seu povo. A multidão chamava a Jesus "Jesus de Nazaré". O
cego chama Jesus "Filho de David". Reconhece em Jesus o Messias. O cego,
na sua cegueira física, vê mais longe, mais profundamente, com o olhar
interior da fé. Ele recuperou a luz exterior, mas é sobretudo a luz
interior, a luz da fé, que vai iluminar o caminho da sua vida. Ele quer
seguir e estar com aquele que disse: "Eu sou a Luz da Vida". E nós?
Ficamo-nos muitas vezes pela superfície das coisas, num olhar
superficial que nos faz passar ao lado da profundidade dos outros. Daí
nascem os preconceitos, as tensões, as recusas. É o olhar da multidão
sobre o cego: um mendigo sem interesse, que era necessário calar.
Bartimeu recorda-nos que há um outro olhar, o olhar de Deus sobre nós,
sobre os outros, sobre os acontecimentos. Cabe a nós perguntarmo-nos
qual é o nosso verdadeiro olhar. "Senhor, faz que eu veja!".
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