Em virtude de celebrarmos finados escrevo este texto para você:
MORTE, O INÍCIO DA VIDA ETERNA.
Na morte a vida não nos é tirada, mas transformada.
Ali fechamos os olhos para enxergar melhor...
Na verdade, veja bem, você não “perdeu” sua mãe,
seu pai, seu irmão, um ente querido, um amigo... Você sabe onde estão: o corpo
(o acidental) no cemitério
( Campo Santo) e a alma (a essência) na Casa do
Pai.
Na verdade, medo da morte é medo de Deus. Entendo
que quem tem medo da morte é porque não esta vivendo bem, consigo com os outros
e com Deus.
A fé nos ensina que Deus é amor, paz, salvação e
acolhida... Ora, se temos a certeza que a morte é um encontro, não temos porque
temê-la. Não acha?
O verdadeiro cristão, vivendo no centro da vontade
de Deus, não precisa ter medo da morte.
Ele sabe que Deus tem um propósito para o seu
viver, e que a morte, quando ela vier, é simplesmente o fim da sua missão terrena,
e o início de uma vida mais gloriosa com Cristo. Assim Paulo vê a vida: “Porque
para mim o viver é Cristo, e o morrer é ganho” (Fp 1.21). Paulo quando escreve
esse texto, não anseia pela morte, mas por uma presença mais próxima de Cristo
que a morte trará. Enquanto isso, ele tem uma forte sensação de que deve
permanecer entre eles para que aqueles cristãos cresçam e amadureçam na fé.
Para o cristão, a morte não é o fim da vida, mas o
início de uma plena, sublime e eterna comunhão com Deus.
Na continuidade do texto de Fp 1, Paulo utiliza uma
expressão em referência à morte – o termo partir – que também é usada para
tirar pequenas estacas de barracas ou âncora de um barco; com isso, Paulo nos
ensina que a morte significa apenas levantar acampamento e continuar, ou içar
as velas para outro porto.
Não estamos acostumados a ouvir ensinos acerca da
morte, muito menos sobre como enfrentar uma situação de perca de algum ente
querido; não nos arriscamos a falar de um tema tão triste e acabamos deixando
esse assunto de lado e, o que é pior, substituindo-o por coisas triviais e
terrenas como se jamais fôssemos enfrentar este momento. Todo homem, quer crente
(entende-se de fé ou não), está sujeito à morte, contudo, o cristão encara a
morte de modo diferente, pois para nós, ela não é o fim da vida, mas um novo
começo, como nos inspira Paulo, é um levantar acampamento e partir para uma
vida mais plena, é ser liberto de todas as aflições deste mundo para ser
revestido da vida e glória celestiais (II Cor 5,1-5). Esperança, apesar do
luto. “[...] quem crê em mim, ainda que esteja morto, viverá” (Jo 11,25). O cristão
não teme a morte. Assim como se expressou o salmista, dizemos: "Ainda que
eu andasse pelo vale da sombra da morte, não temeria mal algum … (Sl 23,5);
temos convicção de que a morte não é o fim de tudo. O homem não morre como a
besta do campo e o cristão morre como alguém sem esperança. Pela graça ele crê
que Deus lhe deu a vida eterna, e que a morte é o meio pelo qual ele passa para
uma experiência mais gloriosa dessa vida: "Tragada foi a morte na
vitória" (1Co 15.54). Embora seu corpo retorne ao pó, o mesmo não
permanecerá nessa corrupção. Ele será levantado dentre os mortos. O corruptível
se vestirá de incorrupção, e o mortal de imortalidade. "Porque o mesmo
Senhor descerá do céu com alarido, e com voz de arcanjo, e com a trombeta de
Deus; e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro" (1Ts 4,16).
Nós cristãos não acreditamos na morte, mas sim na
vida que passando pela morte alcançamos. Não ficamos no calvário, mas
vislumbramos o túmulo com a pedra rolada e a voz que nos diz: “Não está aqui
ressuscitou como disse!”
A morte é o desfrutar da vida eterna. O livro de
Eclesiastes, atribuído tradicionalmente ao rei Salomão, afirma que o dia da
morte do cristão é melhor do que o dia do seu nascimento: “Melhor é a boa fama
do que o melhor ungüento, e o dia da morte, do que o dia do nascimento de
alguém” (Ecle 7,1). Todos os dias do cristão sobre a terra são bons, mas estar
com Cristo na glória eterna será ainda melhor. No dizer de Paulo, o apogeu da
bênção seria partir para estar com Cristo na glória.
Para os santos a morte é apenas um translado para o
Eterno convívio. A morte, para todo cristão, deixa de ser um inimigo, pois
Cristo, por meio de sua morte e ressurreição, destruiu o poder da morte. Para o
cristão, morrer é lucro, pois implica em descansar na presença do Eterno. Saímos
do Tempo para o Tempo que não tem Tempo.
As Escrituras falam da morte do cristão de um modo
bastante consolador. É na morte de Cristo que o cristão é solicitado a
transformar sua morte num lugar privilegiado do encontro derradeiro com o Pai,
numa decisão de amor pessoal e de decisão definitiva acerca de seu destino.
Viver e morrer para o cristão significa aceitar a
passagem pascal, onde a doação a Cristo e aos irmãos não se realiza sem
dificuldades e desilusões, sem passar pelas inúmeras mortes cotidianas até a
morte física, etapa obrigatória criada pelo ato redentor de suprema doação de
Cristo que morre por amor e ressuscita para que nós possamos ressuscitar com
Ele.
Agora vivemos uma vida nova, porque aquele que
ressuscitou a Cristo Jesus dentre os mortos, dará a vida também aos nossos corpos
mortais (Rm 8,11).
N’Ele, que me garante: "Pela graça sois
salvos, por meio da fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus.” (Ef 2,8)
Pe.Emílio Carlos Mancini+
Reitor Seminário Menor e Propedêutico
em Nosso Boletim .
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