Discurso do Papa aos catequistas na Jornada dos Catequistas no Vaticano,
por ocasião do Ano da Fé
Estou
feliz que no Ano da Fé haja este encontro para vocês: a catequese é um
pilar para a educação da fé, e precisamos de bons catequistas! Obrigada
por este serviço à Igreja e na Igreja. Mesmo se às vezes possa ser
difícil, trabalha-se tanto, empenha-se e não se veem os resultados
desejados, educar na fé é belo!
'Ser'
catequistas! Não trabalhar como catequistas – observou. Isso não serve!
Eu trabalho como catequista porque gosto de ensinar... Mas se você não é
catequista, não serve! Não será fecundo! Não será fecunda! "Catequista é
uma vocação: 'ser catequista', essa é a vocação; não trabalhar como
catequista. Vejam bem, não disse 'trabalhar como catequista, mas ser
catequista', porque envolve a vida. E assim se conduz ao encontro com
Jesus com as palavras e com a vida, com o testemunho".
Ajudar
as crianças, os jovens, os adultos a conhecer e a amar sempre mais o
Senhor é uma das aventuras educativas mais belas, constrói-se a Igreja!
“Ser” catequistas! Vejam bem, não disse “fazer” os catequistas, mas
“sê-lo”, porque envolve a vida. Conduz-se ao encontro com Jesus com as
palavras e com a vida, com o testemunho. E “ser” catequistas requer
amor, amor sempre mais forte por Cristo, amor pelo seu povo santo. E
este amor, necessariamente, parte de Cristo.
O que significa este partir de Cristo para um catequista, para vocês, também para mim, porque também eu sou um catequista?
1. Primeiro de tudo, partir de Cristo significa ter familiaridade com Ele.
Jesus utiliza a imagem da videira e dos ramos e diz: permaneçam no meu
amor, permaneçam ligados a mim, como o ramo está ligado à videira. Se
somos unidos a Ele, podemos dar frutos, e esta é a familiaridade com
Cristo.
A
primeira coisa, para um discípulo, é estar com o Mestre, escutá-lo,
aprender com Ele. E isto vale sempre, é um caminho que dura toda a vida!
Para mim, por exemplo, é muito importante permanecer diante do
Tabernáculo; é um estar na presença do Senhor, deixar-se olhar por Ele. E
isto aquece o coração, mantém aceso o fogo da amizade, faz sentir que
Ele verdadeiramente te olha, está próximo a você e te quer bem. Entendo
que para vocês não é assim simples: especialmente para quem é casado e
tem filhos, é difícil encontrar um tempo longo de calma. Mas, graças a
Deus, não é necessário fazer tudo do mesmo modo; na Igreja há variedade
de vocações e variedade de formas espirituais; o importante é encontrar o
modo adequado para estar com o Senhor; e isto se pode, é possível em
toda etapa da vida. Neste momento, cada um pode se perguntar: como vivo
este “estar” com Jesus? Tenho aqueles momentos em que permaneço na sua
presença, em silêncio, deixo-me guiar por Ele? Deixo que o seu fogo
aqueça o meu coração? Se no nosso coração não há o calor de Deus, do seu
amor, da sua ternura, como podemos nós, pobres pecadores, aquecer os
corações dos outros?
2. O segundo elemento é este: partir de Cristo significa imitá-Lo no sair de si e ir ao encontro do outro.
Esta é uma experiência bela, e um pouco paradoxal. Por que? Porque quem
coloca no centro da própria vida Cristo sai do centro! Mais se une a
Jesus e Ele se torna o centro da tua vida, mais Ele te faz sair de ti
mesmo, te descentraliza e te abre aos outros. Este é o verdadeiro
dinamismo do amor, este é o movimento do próprio Deus! Deus é o centro,
mas é sempre doação de si, relação, vida que se comunica... Assim nos
tornamos também nós se permanecemos unidos a Cristo, Ele nos faz entrar
neste dinamismo do amor. Onde há verdadeira vida em Cristo, há abertura
ao outro, há saída de si para ir ao encontro do outro em nome de Cristo.
O coração do
catequista vive sempre esse movimento de união com Jesus, encontro com o
outro. Se falta um destes dois movimentos não bate mais, não vive.
Recebe como dom o Kerigma, e por sua vez o oferece como dom. É esta a
natureza do próprio Kerigma: é um dom que gera missão, que impulsiona
sempre para fora de si mesmo. São Paulo dizia: “O amor de Cristo nos
impulsiona”, mas este “nos impulsiona”, pode se traduzir também em “nos
possui”. É assim: o amor te atrai e te envia, te toma e te doa aos
outros. Nesta tensão se move o coração do cristão, em particular o
coração do catequista: união com Jesus e encontro com o outro? Se
alimenta no relacionamento com Ele, mas para levá-Lo aos outros? Eu digo
uma coisa para vocês: eu não entendo como um catequista pode permanecer
parado, sem este movimento.
3. O terceiro elemento está sempre nessa linha: partir de Cristo significa não ter medo de ir com eles às periferias.
Me vem à mente a história de Jonas, uma figura verdadeiramente
interessante, especialmente nos nosso tempos de mudanças e incertezas.
Jonas é um homem piedoso, com um a vida tranquila e organizada, isso o
leva a ter os seus esquemas bem claros e a julgar tudo e todos com estes
esquemas, de modo rígido. Por isso, quando o Senhor o chama e lhe diz
para ir a Nínive, a grande cidade pagã, Jonas não quer ir. Nínive está
fora de seus esquemas, é a periferia de seu mundo. E então, ele escapa,
foge, embarca em um navio que vai para longe. O livro de Jonas é breve,
mas é uma palavra muito instrutiva, especialmente para nós que estamos
na Igreja.
Que
coisa nos ensina? Nos ensina a não ter medo de sair dos nosso esquemas
para seguir a Deus, porque Deus vai sempre além, Deus não tem medo das
periferias. Deus é sempre fiel e criativo, não é fechado e por isso
nunca é rígido, nos acolhe, vem ao encontro, nos compreende. Para ser
fiel, para ser criativo, é necessário saber mudar. Para permanecer com
Deus é necessário saber sair, não ter medo de sair. Se um catequista se
deixa dominar pelo medo, é um covarde; se um catequista está tranquilo
ele acaba sendo uma estátua de museu; se um catequista é rígido se torna
encarquilhado e estéril. Pergunto a vocês: alguém quer ser um covarde,
estátua de museu ou estéril?
Mas
atenção! Jesus não diz ide, e se virem. Não! Jesus disse: “Ide, eu
estou convosco!” Essa é a nossa beleza e a nossa força. Se nós partimos,
se saímos para levar o seu Evangelho com amor, com verdadeiro espírito
apostólico, Ele caminha conosco, nos precede, é o primeiro sempre. Vocês
aprenderam o sentido dessa palavra. E isso é fundamental para nós: Deus
sempre nos precede! Quando pensamos estar longe, em uma extrema
periferia, e talvez temos um pouco de temor, na verdade Ele já está lá.
Jesus nos espera no coração daquele irmão, em sua carne ferida, em sua
vida oprimida, em sua alma sem fé. Jesus está ali, naquele irmão. Ele
sempre nos precede.
Caros
catequistas, digo a vocês obrigado por aquilo que fazem, mas,
sobretudo, porque vocês estão na Igreja, no Povo de Deus em caminho.
Permaneçamos com Cristo, procuremos ser sempre uma só coisa com Ele;
Sigamos Jesus imitando-O em seu movimento de amor, no seu ir ao encontro
do homem; e saiamos, abramos as portas, tenhamos a audácia de trilhar
novas estradas para o anúncio do Evangelho!
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