Conferência Nacional dos Bispos do Brasil
Eleições
Municipais 2012 -
Voto consciente e limpo
O Conselho Episcopal Pastoral
da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil-CNBB, reunido em Brasília de 25 a 27 de setembro,
considerando as eleições municipais do próximo mês de outubro, vem reforçar a
importância desse momento para o fortalecimento da democracia brasileira. Estas
eleições têm característica própria por desencadear um processo de maior
participação em que os candidatos são mais próximos dos eleitores e também por
debater questões que atingem de forma direta o cotidiano da vida do povo.
A Igreja louva e aprecia o
trabalho de quantos se dedicam ao bem da nação e tomam sobre si o peso de tal
cargo, em serviço de todas as pessoas (cf. GS 75). Saudamos, portanto, os
candidatos e candidatas que, nesta ótica, apresentam seu nome para concorrer a
um cargo eleitoral. Nascido da consciência e do desejo de servir com vistas à
construção do bem comum, este gesto corrobora o verdadeiro sentido da atividade
política.
Estimulamos os eleitores/as,
inclusive os que não têm a obrigação de votar, a comparecerem às urnas no dia
das eleições para aí depositar seu voto limpo. O voto, mais que um direito, é
um dever do cidadão e expressa sua corresponsabilidade na construção de uma
sociedade justa e igualitária. Todos os cidadãos se lembrem do direito e
simultaneamente do dever que têm de fazer uso do seu voto livre em vista da
promoção do bem comum (cf. GS 75).
A lei que combate a compra de
votos (9840/1999) e a lei da Ficha Limpa (135/2010), ambas nascidas da
mobilização popular, são instrumentos que têm mostrado sua eficácia na tarefa
de impedir os corruptos de ocuparem cargos públicos. A esses instrumentos deve
associar-se a consciência de cada eleitor tanto na hora de votar, escolhendo bem
seu candidato, quanto na aplicação destas leis, denunciando candidatos,
partidos, militantes cuja prática se enquadre no que elas prescrevem.
A vigilância por eleições
limpas e transparentes é tarefa de todos, porém, têm especial responsabilidade
instituições como a Justiça Eleitoral, nos níveis Federal, Estadual e
Municipal, bem como o Ministério Público. Destas instâncias espera-se a plena
aplicação das leis que combatem a corrupção eleitoral, fruto do anseio popular.
O resgate da ética na política e o fim da corrupção eleitoral merecem nossa
permanente atenção.
O político deve cumprir seu
mandato, no Executivo ou no Legislativo, para todos, independente das opções
ideológicas, partidárias ou qualquer outra legítima opção que cada eleitor
possa fazer. Incentivamos a sociedade organizada e cada eleitor em particular,
passadas as eleições, a acompanharem a gestão dos eleitos, mantendo o controle
social sobre seus mandatos e cobrando deles o cumprimento das propostas
apresentadas durante a campanha. Quanto mais se intensifica a participação
popular na gestão pública, tanto mais se assegura a construção de uma sociedade
democrática.
As eleições são uma festa da
democracia que nasce da paixão política. O recurso à violência, que marca a
campanha eleitoral em muitos municípios, é inadmissível: candidatos são
adversários, não inimigos. A divisão, alimentada pelo ódio e pela vingança,
contradiz o principio evangélico do amor ao próximo e do perdão, fere a
dignidade humana e desrespeita as normas básicas da sadia convivência civil,
que deve orientar toda militância política. Do contrário, como buscar o bem
comum, princípio definidor da política?
A Deus elevemos nossas preces
a fim de que as eleições reanimem a esperança do povo brasileiro e que, candidatos e eleitores, juntos, sonhem
um país melhor, humano e fraterno, com justiça social.
Nossa Senhora Aparecida,
padroeira do Brasil, abençoe nossa Pátria!
Brasília,
27 de setembro de 2012
Cardeal Raymundo
Damasceno Assis
Arcebispo de
Aparecida
Presidente da CNBB
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Dom José Belisário da
Silva
Arcebispo de São
Luís
Vice-presidente da
CNBB
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Dom Leonardo Ulrich
Steiner
Bispo Auxiliar de
Brasília
Secretário Geral da
CNBB
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