V Centenário
do Nascimento de Santa Teresa
1515-2015
Castelo Interior ou Moradas
Santa Teresa de Ávila: Uma Rápida Analise do Castelo Interior ou Moradas
Teresa
de Ávila, como ficou conhecida por sua cidade de nascimento Teresa de
Cepeda y Ahumada (1515-1582), escreveu, dentre outras obras, três
tratados místicos, de que o mais importante é O Castelo Interior,
no qual relata sua experiência iluminativa alcançada depois de rigorosa
disciplina espiritual que a fez viajar por seu mundo interior até os
mais profundos estados de consciência.
Mas
essa notável escritora e poetisa do período áureo da literatura
espanhola, o século de Cervantes, não foi uma intelectual de gabinete e
sim mulher de ação comprometida com o ideal de melhorar a humanidade.
Como freira carmelita, tomou a iniciativa de reformar a Ordem do
Carmelo, recuperando-lhe a vida de recolhimento e oração.
Correspondeu-se com os grandes de seu tempo, assim autoridades civis
como eclesiásticas, propondo as mudanças necessárias e fundou conventos
de monjas descalças em varias regiões da Espanha, com o que exerceu
relevante influência na Igreja e na sociedade. Se escreveu, em prosa e
em verso, obras tão belas que lhe garantem lugar de relevo nas letras
universais, não foi por pretensão literária - que não possuía de nenhum
modo -, mas para ensinar às suas irmãs de fé um padrão mais elevado de
vida, como convém aos que abraçam a religião.
S.
Teresa nasceu em 28.3.1515, em Ávila, região central da Espanha e
faleceu em 4.10.1582. Aos 20 anos, ingressou, contra a vontade do pai,
no convento carmelita da Encarnação e fez os votos, aos 22. Empenhou-se
na reforma do Carmelo, tendo a colaboração de S. João da Cruz. Criou a
Ordem dos Carmelitas Descalços (OCD), à qual propôs a pobreza, o
recolhimento e a oração. Em 1562, fundou o primeiro convento reformado,
em Ávila. Seguiram-se-lhe mais 31 até o fim de sua vida. Escreveu O
Livro das Fundações, Constituições, Livro da Vida, Caminho de
Perfeição, O Castelo Interior, Contas de Consciência e Meditações sobre
os Cantares, além de escritos menores, cartas e poesias. Eleita padroeira da Espanha em 1617, foi canonizada em 1622 e declarada doutora da Igreja em 1970. É conhecida como a Santa dos Êxtases por suas extraordinárias experiências místicas.
O Castelo Interior
foi redigido em 1577, no curto espaço de dois meses, numa espécie de
escrita automática, como se fosse recebido do Alto. É obra da maturidade
espiritual de S. Teresa, que contava então 62 anos e já havia entrado
em consciência cósmica, após uma sucessão de despertares que marcaram
sua existência terrena repleta de enfermidades, atribulações, trabalhos
constantes e mesmo perseguições por parte daqueles que não aceitavam
idéias reformistas. Como todos os escritos de S. Teresa, O Castelo
não se destinava à leitura do grande público, e sim à instrução das
carmelitas descalças, como um guia de espiritualidade. Tornou-se, no
entanto, sua mais conhecida obra, quer pela perfeição da narrativa,
"pela elegância despreocupada que deleita ao extremo", no dizer de Frei
Luis de León, quer, sobretudo pela acurada análise que faz da psique
humana, interessando, por isso, também à ciência psicológica, nesta
nossa época em que a expansão da consciência tem sido a proposta da mais
sã psicologia.
Teresa
parte da idéia de que a felicidade, que ela chama de Deus, está dentro
de cada um de nós e não pode ser encontrada em nenhum outro lugar, visto
ser um estado de consciência, cujo aflorar demanda o autoconhecimento,
pois o homem - afirma - não é a idéia que tem de si mesmo, mas uma alma
ou consciência com vários graus de perfeição que abriga no mais
recôndito o verdadeiro ser. A entrada nessa esfera de consciência, no
entanto, não depende de conhecimento intelectivo e sim de experiência
direta que caracteriza o saber místico, a verdadeira sabedoria. É pelo
autoconhecimento, lastreado na introspecção, que o ser humano consegue
compreender-se e se transformar, de ser psíquico em Eu superior,
ensejando a renovação da mente e o nascer para uma vida completamente
nova, fruto de aliança definitiva da personalidade com o homem interior,
o grande desconhecido.
Para
explicar essa experiência transformadora, pela qual ela própria
passara, Teresa vale-se da linguagem metafórica, que é a forma natural
de expressão mística, porquanto a linguagem usual é insuficiente para
expressar as realidades que transcendem. Duas são as principais imagens
adotadas pela autora: o castelo e o casamento que são símbolos
relacionados tradicionalmente com a necessidade que tem o homem em seu
crescimento pessoal de se libertar da imaturidade psíquica e das formas
limitadas de vida, com vistas na plena realização de suas
potencialidades. Teresa não inventou esses símbolos, nem foi a primeira
escritora que fez uso deles, visto que encontram suas raízes já no
próprio texto bíblico. O castelo representa a alma humana, ou a esfera
intima do ser, o centro individual de segurança, porque os castelos são
construções sólidas, de difícil acesso, erigidas geralmente em lugares
altos e isolados, nos campos ou nos bosques, longe da turba da cidade.
São protegidos contra as inundações e os ataques externos. Têm
geralmente torres elevadas que conotam a evolução ou ascensão, e
representam o elo entre a terra e o céu, como nas igrejas e nas
catedrais. Os castelos expressam, assim como os templos, o desejo de
aproximação com Deus e de canalização do poder divino para a Terra. Nos
contos de fada, os castelos abrigam jovens à espera de um príncipe, qual
a Bela Adormecida, ou um príncipe à procura de uma jovem para desposar,
como a Cinderela. Na psicanálise, usa-se a figura da casa, similar ao
castelo, para exemplificar o aparelho psíquico: o porão, geralmente
escuro, denota o inconsciente e seus instintos, ao passo que os cômodos
iluminados significam a consciência; entre luzes e sombras, há meios
tons. No que tange ao casamento, o simbolismo é bastante claro. Já no Cântico dos Cânticos,
ele traduz a experiência mais secreta da alma - uma relação pessoal e
intensa determinada pela necessidade vital de alteridade, a que se deve a
geração da vida. Sob o aspecto social, o casamento, disciplinado na
legislação dos povos, implica relação duradoura, constância, mútuo
interesse, comunhão de vida e de bens, auxilio recíproco, deveres e, até
há bem pouco tempo, indissolubilidade. Trata-se, na linguagem mística,
não de imagem sexual, como pode parecer aos menos avisados, nem de
sexualidade reprimida, como querem ver no texto teresiano alguns
críticos que desconhecem a base poética da psique, mas a representação
da união transformadora que produz a vida santificada.
Teresa
concebe a alma humana como um castelo de sete pavimentos ou andares que
são os vários graus de consciência pelos quais a pessoa tem de passar
até chegar ao topo e ao centro, onde se dá a plenitude iluminativa: "É
de considerar nossa alma como um castelo todo de diamante ou mui claro
cristal, onde há muitos aposentos, assim como no céu há muitas moradas.
Que se bem o considerarmos, não é outra coisa a alma do justo senão um
paraíso onde Ele disse ter suas delícias". Mas, para desfrutar desse
paraíso, faz-se necessária a introspecção a que nem todos estão
acostumados. É preciso, em primeiro lugar, entrar no castelo, porque as
pessoas, em sua maioria, ficam de fora, fascinadas com as coisas do
mundo exterior. Com o objetivo de não confundir o leitor, Teresa adverte
em tom pedagógico: "Parece que digo algum disparate: porque se este
castelo é a alma, claro que não se trata de entrar, pois se é ele mesmo,
pareceria desatino dizer a alguém que entrasse num aposento já estando
dentro". O paradoxo, no entanto, é só aparente, porque mesmo no espaço
físico há modos de estar. Há quem está mas não percebe e não tira nenhum
proveito da estada - vê, mas não enxerga, ouve, mas não escuta, porque o
pensamento está muito longe, e é como se não estivesse no local.
Sabe-se de longa data que a alma tem em si algo de terreno (inferior) e
de divino (superior): em geral, as pessoas comuns ficam com o terreno,
não tomando posse nunca do nível superior, íntimo. É, pois, preciso
entrar no castelo (voltar-se para o íntimo) e percorrer seus aposentos,
num movimento ascensional, até descobrir a própria identidade iluminada.
Não basta, portanto, ter a noção de "possuir uma alma". É imperioso
aprofundar-se em si mesmo para chegar aos patamares mais altos da
consciência e viver como um ser superior, ou divino. Enquanto a alma não
necessita de esforço para viver seu aspecto terreno, necessita de muito
esforço para viver superiormente, visto que é estreito o caminho que
conduz para cima. Assim, o centro da alma - que Teresa diz ser o
espírito - não é reconhecido facilmente pelo homem (diga-se, pela
própria alma), porque as ilusões turbam o entendimento. E é inútil o
homem saber que é uma alma, se não experimenta todos os aspectos dessa
alma. É, pois, somente esse conhecimento experimental, próprio dos
grandes sábios e místicos, que produz a compreensão e a iluminação. Essa
expansão da consciência cura as inquietações da alma, operando a
aliança do homem exterior com o homem interior, de modo que o primeiro
passe a ser comandado pelo segundo. À melhor parte da alma, só se
adentra com muito trabalho e esforço justificados pela necessidade de
superar a ignorância. "Não é pequena lástima e confusão - pergunta
Teresa - que por nossa culpa não nos entendamos a nós mesmos, nem
saibamos quem somos? Não seria grande ignorância que perguntassem a
alguém quem era e não conhecesse nem soubesse quem foi seu pai, nem sua
mãe, nem sua terra?". É, pois, imprescindível saber por experiência, o
grande bem que há na alma, o que se dá pela entrada em si. A introspecção é justamente o adentrar da alma em si. Isso
depende só do querer. A chave posta à disposição de quem quer entrar é,
segundo Teresa, dúplice: a oração e a reflexão. Não a oração decorada,
mera repetição de palavras, mas a oração reflexiva, com concentração do
pensamento e afastamento de todo e qualquer cogitar profano. Na oração,
ensina S. Teresa, não é importante o muito falar, mas o muito amar.
Trata-se da oração contemplativa, expressão de amor, que traz
contentamento grande e quieto da vontade, no dizer da escritora.
O
castelo da alma com sete andares e muitas moradas, imaginado por Teresa
de Ávila, não é como os castelos que estamos acostumados a ver. É
construído em forma de palmito, tendo em seu núcleo a parte saborosa
envolvida em muitas coberturas. Tampouco os cômodos ou moradas estão
dispostos linearmente, senão abaixo, acima e ao redor. As moradas são
graus de consciência e amor. Nesse castelo, os órgãos dos sentidos são
os serviçais que, no entanto, governam mal a casa e deixam entrar
animais peçonhentos (as paixões), descurando ademais da limpeza. Por
isso, se a chave da porta principal do castelo é a oração, as chaves das
várias moradas são a humildade e a devoção. Humildade para reconhecer
os pontos obscuros do castelo com vistas em eliminá-los; devoção ao grande ser que habita o centro do castelo.
Nas
três primeiras moradas, há muita impureza, porque, estando mais
próximas do solo, são mais vulneráveis às paixões, ao orgulho pessoal,
ao amor narcísico, à avidez e às vaidades. Ao tomar ciência dessa
poluição, quem entra nessas moradas, deve em primeiro lugar proceder à
faxina, penitenciando-se de suas falhas. Cuida-se de extirpar o apego ao
mundo, combater os maus pensamentos e sentimentos e de mudar o modo de
falar e de vestir. As quartas moradas oferecem um colírio para os olhos
da alma. Por estarem mais próximas da câmara real, são belas e
iluminadas. Nelas não entram animais repelentes e, mesmo que entrem, não
lhes fazem dano, porque a alma está purificada e fortalecida - já não
tem apegos e sente prazer no recolhimento interior - deixa de pensar e
passa a amar. É o início da vida iluminada, e uma força que parte do
centro e do alto do castelo, puxa a alma para mais perto da morada
central. Nas quintas moradas, a oração começa a produzir o fruto da
união. A alma torna-se compassiva, recebendo a marca do amor
incondicional, que é a característica divina do homem. Livre da
egoicidade, o homem se transforma (a lagarta se faz borboleta) e quer a
todo preço chegar ao centro. Foi neste estágio de sua ascensão que Santa
Teresa recebeu as visões e os êxtases, pelos quais ficou conhecida -
ela é chamada de a "Santa dos Êxtases". Na definição que a própria
autora nos oferece, esses êxtases são "vôos do espírito", ou saídas de
si, pelas quais a alma experimenta uma união fugaz com o divino e se
sente estimulada a prosseguir em sua subida espiritual e abandonar de
vez as conversações e confortos terrenos. Enquanto os êxtases são
arroubos da alma, as visões de Deus e de multidão de anjos, são
intuições da presença divina na alma, intuições que ela chama de visões
intelectuais, porque os olhos carnais, em verdade, nada vêem. A
consciência capta essa presença sem a intermediação dos órgãos dos
sentidos. Com tais experiências, Santa Teresa tomou conhecimento mais
perfeito da grandeza do ser que habita o castelo, aumentou o
autoconhecimento e a humildade, e confirmou uma vez mais a pequenez das
coisas terrenas. Vê-se assim que tanto os êxtases como as visões têm por
fim aumentar a capacidade de compreensão, que, ao lado da compaixão, é a
característica básica da consciência cósmica. "Em Deus - diz - vêem-se
todas as coisas, e Ele as tem todas em si mesmo". Mas, por causa desses
êxtases e dessas visões, teve a santa de enfrentar a incompreensão
alheia, sendo vítima de acusações e reprovações até de seus superiores
hierárquicos. As sextas moradas são ainda mais belas, porque
freqüentadas pelo senhor do castelo. Nelas a alma realiza os esponsais
com a divindade. As tribulações, todavia, continuam, porque as outras
pessoas com quem necessariamente ela convive, não a entendem (Santa
Teresa, como todo místico, destoa do grupo social) e a criticam e
desprezam. É a noite escura da alma que precede a plena e definitiva
transformação. Por fim, nas sétimas moradas, que são as mais ricas e
bonitas, a alma une-se, em casamento, com a divindade. Neste estágio, a
pessoa percebe a sutil divisão entre alma e espírito, o centrum securitatis.
O matrimônio espiritual nada mais é do que a divinização da alma que,
purificada, fortalecida e iluminada, passa a desfrutar da paz que excede
todo o entendimento. Neste mais alto patamar, a vontade de servir ao
próximo toma vulto, porque a alma se reconhece como instrumento cósmico
para servir às criaturas. Então, quem se havia afastado do mundo para
melhor compreender sua real identidade, estando já definitivamente livre
dos apegos e das ilusões, volta ao convívio social para trabalhar com
redobrado vigor em prol de todos os seres. A experiência mística só se
completa e se confirma pelo serviço desinteressado. É a faceta Marta
que se ativa na alma. Neste passo do livro, Santa Teresa reabilita a
figura evangélica de Marta, irmã de Maria. Em Lucas, 10:38-42, lemos que
Marta hospedou Jesus em sua casa, e sua irmã, Maria, quedou-se
assentada aos pés do Mestre a ouvir-lhe os ensinamentos, enquanto Marta
agitava-se de um lado para outro, fazendo os preparativos para bem
servir ao convidado ilustre, até que pediu ao Divino Mestre que
ordenasse à irmã fosse ajudá-la a pôr a mesa. Ao que Jesus respondeu:
"Marta! Marta! Andas inquieta e te preocupas com muitas coisas.
Entretanto, pouco é necessário ou mesmo uma só coisa; Maria, pois,
escolheu a boa parte, e esta não lhe será tirada". Pelo diálogo, tem-se a
impressão de que o Mestre reprovou Marta e elogiou Maria, vale dizer,
exaltou a contemplação e deu pouca importância ao trabalho. Teresa de
Ávila, no entanto, dá interpretação mais adequada à passagem bíblica:
Maria, a contemplativa, não é mais importante do que Marta, a
laborativa, porque no grande castelo da alma, "Marta e Maria hão de
andar juntas para bem hospedar o Senhor, e tê-lo sempre consigo".
Enfaticamente, pergunta a autora: Como Maria, assentada sempre aos pés
do Mestre, lhe poderia dar boa hospedagem se a irmã Marta não a
ajudasse? De fato, sem Marta, não há regalos, não há festa, não há boa
hospedaria. Marta e Maria são facetas de uma mesma pessoa. O verdadeiro
místico não se limita a contemplar, mas age e age sempre para o
melhoramento do mundo. Contemplação e trabalho se unem na personalidade
mística. Da mesma forma como a fé sem obras é morta, a contemplação sem a
ação perde muito de seu valor. Diz-se mesmo que a missão do místico é
trazer os céus à Terra para que esta se transforme em paraíso. Para
completar, portanto, ascensão da alma, é mister o serviço
desinteressado porque de nada vale represar o amor extraordinário que
existe na alma de todo ser humano. Além disso, a melhor parte, a que se
refere Jesus, vem depois de muito trabalho e mortificação. É notório
naqueles que atingem a iluminação o desejo de trabalhar para melhorar o
mundo. Foi assim com Sidarta Gautama que tendo-se afastado do mundo por
seis anos em disciplina ascética, voltou iluminado para ensinar a
humanidade a livrar-se do sofrimento, exercendo seu magistério durante
45 anos. Foi assim com Jesus que, iluminado nas águas do Jordão, não
deixou nenhum dia sequer de pregar, ensinar, curar os enfermos e
ressuscitar os mortos. Foi assim com Paulo de Tarso: depois da
conversão, não deixou de trabalhar, enfrentando perigos e tormentas para
pregar a boa nova, além de prover o próprio sustento como tecelão.
Assim também com o seráfico Francisco de Assis, que trabalhava
manualmente, consertando igrejas, além de ministrar a palavra de
conforto aos doentes e sofredores. E foi assim, também, com Santa
Teresa: após sua iluminação, em idade madura, não descansou um minuto
sequer, fundando e administrando conventos e atuando como reformadora e
mestra espiritual, para o que teve de realizar viagens em condições
precárias para diversos pontos da Espanha.
Deste
breve passeio que acabamos de fazer pelas moradas de Teresa de Ávila,
conclui-se que os ensinamentos dessa insuperável mestra de
espiritualidade continuam válidos hoje, decorridos mais de quatro
séculos, como continuarão sempre para aqueles que, no dizer de René
Fulop-Miller, "querem transcender a enfermidade do ego e do mundo, para
enveredar pelo caminho da perfeição até Deus".
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