24º DOMINGO TEMPO COMUM
– ANO B
16 DE SETEMBRO DE 2012
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“Se alguém me
quer seguir, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e me siga” (Mc 8,34)
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Leituras:
Isaías 50, 5-9a;
Salmo 114 (115);
Tiago 2, 14-18;
Marcos 8, 27-35.
COR LITÚRGICA: Verde
Jesus é um messias diferente, pois anuncia a sua
Paixão. Confia totalmente no seu Pai, por isso enfrenta todos os desafios de
sua missão: incompreensão, perseguição, solidão e morte. Assim quem se
comprometer com Jesus entra no caminho da vida no qual está presente a morte e
a ressurreição.
1. Situando-nos
brevemente
O mês da Bíblia que estamos trilhando, instituído em
1971, tem como meta instruirmos fiéis sobre a Palavra de Deus e difundir o
conhecimento das Sagradas Escrituras. Já dizia São Jerônimo que ignorar as
Escrituras é ignorar o próprio Cristo.
A implantação desse mês temático colaborou na aproximação
do Povo de Deus com a Bíblia. Cresce a consciência e o esforço para a
necessária animação bíblica de toda a pastoral. Propondo o estudo e a reflexão
do Evangelho de Marcos para este mês, a Igreja deseja reforçar a formação e a
espiritualidade de seus agentes e fiéis, no seguimento de Jesus Cristo.
Na caminhada litúrgica que fazemos, nos reunimos para
celebrar a Eucaristia no 24º domingo do Tempo Comum, em que os discípulos de
Jesus são interrogados pelo Mestre sobre quem dizem que ele é. Pedro responde
categoricamente: “Tu és o Messias!” A partir do contato que estamos tendo com o
Evangelho de Marcos, o que podemos afirmar da identidade de Jesus? Certamente
já temos respostas muito oportunas.
2. Recordando a
Palavra
No evangelho de hoje, Jesus, saindo
para além das fronteiras da Galileia, ao norte, realiza com os discípulos um
levantamento de como está a compreensão das pessoas e dos discípulos a respeito
dele mesmo. Ouve as respostas, mas proíbe-lhes severamente de falarem a alguém
a seu respeito. Eis um episódio no mínino curioso. Depois fala abertamente a
respeito de sua paixão, morte e ressurreição.
Pedro reage tomando Jesus à parte
para repreendê-lo. Jesus, voltando-se, olha para os discípulos e repreende
Pedro: “Vai para longe de mim, Satanás! Tu não pensas como Deus, e sim como os
homens”. Em seguida, reúne a multidão
juntamente com os discípulos e lhes diz: “Se alguém me quer seguir, renuncie a
si mesmo, tome a sua cruz e me siga”. A renúncia de si mesmo, a cruz e o
seguimento integram a vida e a missão dos discípulos missionários de Jesus
Cristo.
Como Jesus pôs em prática sua
missão? Assumiu-a com confiança no Pai. Assim como o “servo de Javé”, assumiu-a
com docilidade e obediência. Confiante em seu Auxiliador, o “servo de Javé”,
resiste, não desanima, porque ao seu lado está o Senhor Deus, Aquele que o
justifica.
A fé, nos lembra São Tiago, se não
se traduz em obras, por si só está morta. O que cremos, celebramos e rezamos
precisa ser comprovado na prática. Nossas atitudes, nossos gestos e realizações
expressam a maturidade de nossa fé.
3. Atualizando a
Palavra
Na semana que passou, celebramos a Festa da Exaltação da
Santa Cruz e a Festa de Nossa Senhora das Dores. O sofrimento é uma coisa que
os homens e mulheres de nosso tempo procuram, de muitos modos, diminuir,
abreviar e até eliminar. O que dizer então do luto? Abreviam-se, em geral, cada
mais o tempo dos velórios, misturam-se elementos diversos para tornar esses
momentos o menos traumático possível.
O salmo 114 (115) expressa a confiança em Deus que é
amor-compaixão. O senhor liberta a vida da morte, enxuga dos olhos o pranto e
os pés do tropeço. Qual o limite de nossa confiança em Deus? Além das palavras
do salmista, a liturgia deste domingo nos apresenta as palavras do “servo de
Javé” e o primeiro anúncio da Paixão feito por Jesus.
O Evangelho que hoje ouvimos constitui a parte central
do Evangelho de Marcos. Jesus, no caminho, interroga os discípulos para saber o
que o povo e eles mesmos conseguiram entender a seu respeito. Depois de ouvir
aquilo que é opinião do povo, dirige-se diretamente a eles. Pouco antes, Jesus
os repreendera porque estavam como que cegos, que “tem olhos, mas não vêem”
(8,18), e seus corações endurecidos não lhes permitem entender sua verdadeira
identidade.
Pedro é muito exato em sua resposta: “Tu és o Messias”.
A imposição do silêncio por parte de Jesus se deve, certamente, à idéia
distorcida que Pedro e os demais discípulos têm a seu respeito, o que se
comprova mais adiante na outra reação de Pedro.
Jesus, anunciando sua Paixão, o modo como o Pai
realizará N’Ele sua obra salvífica, deseja eliminar todo mal-entendido. Vejamos
se também nós, ao basearmos o crescimento do Reino de Deus em fama, triunfo,
aplausos alcançados, templos cheios, não estamos seguindo os critérios dos
homens.
Quais seriam as palavras de Jesus para nós, seus
discípulos hoje?
4. Ligando a Palavra com
a Ação Eucarística
Sob o olhar misericordioso de Deus, criador de todas as
coisas, experimentamos constantemente em nós a sua proteção. A ação de seu amor
é mais profundamente sentida, quando o servimos de todo o coração em nossos
irmãos e irmãs.
Nossa fé, como a dos discípulos, é fraca, mas Jesus não
desiste. A cada domingo, ele nos reúne junto dele, comunica-nos sua Palavra e
nos torna, como seus seguidores, companheiros de caminhada em direção à cidade
de Jerusalém, onde o mistério da cruz será revelado em todo o esplendor, de tal
forma que podemos cantar: “Caminhamos na estrada de Jesus”!
Celebrando a memória de seu sofrimento, morte e ressurreição,
Jesus nos associa à sua cruz redentora, apesar de nossas cegueiras e
fragilidades na prática das obras da fé. Hoje, torna-se cada vez mais pesada a
cruz do testemunho autêntico de fé e do seguimento.
Em muitos ambientes sociais, é pesada a cruz do
testemunho autêntico de fé e de seguimento. Em muitos ambientes sociais, é
pesada a cruz da identidade da fé católica; a cruz dos conflitos familiares; a
cruz das intrigas entre lideranças; cruz da incerteza e da carência de dignas
condições de vida; a cruz da fome, do desemprego, da falta de saúde, da
exclusão.
Na ceia eucarística, tomamos parte na ceia do Cordeiro
que, morrendo, destruiu a morte e, ressurgindo , deu vida nova a todos. Jesus,
conduzido ao matadouro, é o Messias não violento. A assembléia que se reúne
para celebrar a Eucaristia é, ela mesma, a reunião do povo que, por força da
fé, se empenha nas causas da não violência e da concórdia entre as pessoas. É o
povo que o Cristo resgatou quando, por sua morte, destruiu o muro que separava o
povo pagão e o povo judeu e assim estabeleceu a concórdia (cf. Ef 2, 14-18).
Participar da mesa, comer do pão e beber do cálice,
Corpo e sangue do Senhor, entregue por nós, é participar de seu destino: do
sofrimento, da morte na cruz e da glória da ressurreição. “O cálice da benção
pelo qual damos graças é a comunhão no Sangue de Cristo; e o pão que partimos é
a comunhão no Corpo do Senhor” (Antífona da comunhão).
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