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Os que seguem as máximas do mundo não são felizes .
O mundo chama bem-aventurados os que possuem riquezas e honras, que vivem alegremente, e que não tem ocasião de sofrer.
O desejo de satisfazer as paixões desordenadas é o que leva os homens para o inferno.
As riquezas são o meio mais próprio para a satisfação de todas as
paixões.
Por isso Jesus Cristo chamou bem-aventurados os pobres de
espírito.
Os pobres de espírito, segundo o Evangelho, são os que têm o
coração desapegado das riquezas; os que, si as possuem, fazem delas bom
uso; não as procuram, se não as tem, e, si forem delas privados, ficam
plenamente resignados.
Pode-se ser pobre de espírito e possuir muitas riquezas; e pode-se também, não possuir nada, e não ser pobre de espírito.
Os mansos que possuirão a terra são os que tratam com
brandura o próximo, sofrem com paciência seus defeitos e suportam sem
queixas e sentimentos de vingança, as injúrias que deles recebem.
Os que choram, e contudo se chamam bemaventurados, são os
que se afligem pelos pecados cometidos, pelos graves males e escândalos
que vêem no mundo, e pelo perigo em que se acham de perder o céu.
Os que têm fome e sede de jusitça são os que desejam adiantar-se sempre mais nos exercícios das boas obras e das virtudes e na posse da graça de Deus.
Assim:
Misericordiosos são os que amando em Deus e por Deus o
próximo, se compadecem de suas misérias espirituais e corporais e
procuram aliviá-las quanto lhes é possível.
Limpos de coração são os que nenhum afeto tem ao pecado; procuram com diligência evitá-lo, e principalmente evitam toda a espécie de impureza.
Os pacíficos são os que vivem em paz com o próximo e consigo mesmo, e procuram dá-la aos que vivem em discórdia.
Padecem perseguição por amor da justiça os que suportam com paciência os motejos, os insultos e perseguições por amor da fé, ou de qualquer outra virtude cristã.
As diversas recompensas prometidas por Jesus Cristo nas
Bemaventuradas significam, sob diversos nomes, a glória eterna do
paraíso.
As Bem-avenuturanças, não só, nos procuram a glória eterna, mas também
por elas, conseguimos, quanto é possível, a felicidade da vida
presente.
Os que seguem as Bemaventuranças, recebem já nesta vida alguma
recompensa, porque gozam de paz e consolação interior, que é um
princípio, bem que imperfeito, da bem-aventurança eterna.
A paz da conciência é a satisfação maior e mais pura que se possa gozar neste mundo.
Os que seguem as máximas do mundo não são felizes, porque não possuem
a verdadeira paz, nem a consolação interior, e correm grande risco de
se perderem mortalmente.
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